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segunda-feira, dezembro 04, 2006

A crítica e os críticos

.


Penso seriamente em adotar uma postura sobre críticas: reproduzi-las aqui, para apreciação de todos. É que há inúmeros comentários sobre meus textos, quase todos favoráveis. Elogios, ainda que agradem, não nos aperfeiçoam. Gosto muito de comentários, desses que entram no tema e acrescentam, e ilustram. Mas, às vezes, recebo alguma crítica, e sempre procuro publicá-la.

Desta feita, porém, não foi comentário sobre texto do blogue, mas, sim, de um poema do meu livro “As uvas, teus mamilos tenros” (obviamente, de poesia erótica). Uma poetisa, escorada em décadas de amizade, achou que podia me dizer desaforos e qualificou o poema “Lábios, túrgidos lábios”(*) de “macarrônico e pornográfico”.

Bem, pornográfico todos sabem o que é: algo relativo à pornografia; e pornografia, é:


- “PORNOGRAFIA s.f. Tudo o que se relaciona à devassidão sexual; obscenidade, licenciosidade; indecência. / Caráter imoral de publicações, gravuras, pinturas, cenas, gestos, linguagem. (2002 Enciclopédia Koogan-Houaiss Digital);

E a outra palavra:


MACARRÔNICO adj. Fig. Diz-se da língua mal falada ou de composição literária mal executada: latim macarrônico, poesia macarrônica (segundo o mesmo dicionário).

O meu livro, está nos créditos, teve revisão de três professoras universitárias de Literatura, todas são também autoras literárias e mães de filhos e filhas; esse livro não é unanimidade, mas tem sido bem aceito em todos os locais aonde chegou. E justo uma velha amiga me dá essa “qualidade”!

Vou simplificar: A qualidade de texto, cuido dela desde a minha infância. Fui aluno de professores exigentes e aprendi a distinguir um texto fraco ou medíocre de um bom texto. E sei bem separar o que é pornográfico do que é erótico ou sensual. Portanto, rechaço com dignidade os epítetos que a amiga (?) me atribui. Omito seu nome, porque não darei fama a quem me agride; pela minha lavra, letra de forma só a quem realmente a merece. E concluo:

Macarrônico, cara senhora, é o seu texto, não o meu. Quanto à pornografia, entendo que é assim que você vê o sexo. Eu o vejo com amor.


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(*) Eis o poema em questão:



Lábios, túrgidos lábios
.


Eu te caço, Loba,
pelas sendas da noite quente
e me asseguro de que o sol
não se anuncie tão cedo!

Eu te quero, Loba,
e nos teremos plenos
de volúpia e pêlos.

Inquieta-me o instante,
o agora em que toco teus lábios
com meus lábios e recebes minha língua,
e tenho a tua. Sorver tua saliva e sentir
teus seios a me ferir o peito.

Minhas mãos, sem pedir licença,
abrem-te os laços, os fechos, os botões.
Eu te toco com intimidade,
tateio tuas costas, sinto o volume
de tuas nádegas e o calor que elas abrigam.

Ah! O alimentar-me de tua pele eriçada,
a têmpera exata do forjar de Baco
quando nossos corpos, na efervescência de hormônios,
desejam-se plenos e prometem prazeres sonhados,
desejados, felizes...

Eu te quero,
esguia e clara como te vejo e tenho,
e sentirei teu úmido sexo
a festejar com o meu
a primavera da carne.

Com o cuidado de porcelanas,
beijarei teu corpo
com a delicadeza das sacristias.
E de joelhos, venerarei teus pés,
procurando a idolatrada,
amada mulher!

Tocarei teus cabelos e teus pêlos
com o toque dos mágicos e farei verter
de tuas entranhas
o mel de me saciar,
porque o beberei de tua virilha,
buscarei fruir dos pequenos lábios
essa seiva enérgica, doce e acre,
para untar-me a boca...

Meus dedos passearão tua pele
buscando entradas.
Sutis, entrarão em tua boca, ouvidos e narinas.
Explorarão o declive do teu colo,
as colinas dos teus seios e os picos,
bicos túmidos, sensíveis e sensuais.

Descobrirão teu umbigo,
cingirão tua cintura, farão pouso
em tuas nádegas suaves e excitantes,
e entrarão entre elas
à busca ávida do olho pulsante.

"Tuas nádegas abrem-se para receber meus dedos... E me delicio com tuas contrações sistemáticas que fazem brotar ainda mais o mel que te desce nos pêlos pubianos, encharcando os pequenos lábios, umedecendo os grandes e vertendo para os meus”.

A cabeça, erguida em prece,
vislumbra a fêmea, ereta e dócil
a acolher-me terna.

Genuflexo, enlaço-te as nádegas
e inebria-me o perfume
de teu ventre pleno
da volúpia ardente, ansiada
e finalmente vindoura!


A língua busca teu néctar.
Bocas que buscam prazeres e licores...
Adoro sentir-me lambendo tua virilha,
deliciando-me com teus pêlos.

Mãos que adoram seios e costas,
mamilos e nádegas e entre as nádegas!
E te bebo toda!
Sinto-te vibrando em minha boca!
Contorcendo, estertorando... goza!
Meus dedos te adentram, atrás...

Brinco com a língua, o clitóris.
Deslizo mais: pequenos lábios
(beijo-os, e minha língua encontra a gruta
gostosa e úmida e quente...).
Beijo-te costas, desliso a língua
em tuas nádegas, exploro-as,
penetro.
Beijo-te as coxas. Beijo-te o sexo.


Delícias ao acariciar-te os mamilos
e beijar-te devagar e quente; e ao morder teus lábios
como se morde uma cereja.
Sugá-los, como sugo morangos maduros.

Ah, nossos pés que se tocam nus,
peles que eriçam simultâneas!

Beijinhos e lambidinhas,
suaves, ternas, sacanas... Quero entrar em ti
com intimidade e conforto...

Viver todas as chances
de gozar.
Penetrar-te.
Abraçar-te por trás,
ter teus seios em minhas mãos,
entrar.

Absorver teu cheiro, e te pôr o meu.
Sentir teu corpo na leveza
de minha língua andarilha
que não se cansa de te saber sabores.
E tuas mãos, quero-as no meu corpo:
exploradoras, passeantes e desinibidas.
Porque as minhas
exploram-te também e sabem
onde parar, onde indagar,
onde entrar...

Mãos de amparo e de toque,
de espera e carícias...
Dedos que tateiam a pele
e percorrem dorsos,
descobrem vales e grotas.

Aceita a intimidade de minha língua
que desce por teu corpo
como a água do teu banho,
escorre, corre e
alcança tuas partes íntimas
e se deleita...

E tua língua na minha...
Salivas cúmplices!

Vou beijar-te: costas e nádegas,
mordiscá-las...
Demorar nos mamilos,
deixá-los túmidos e excitados...
Descer devagar,
brincar nos pêlos...

Acolho o cheiro de teu púbis,
a essência de teu sexo,
a pressão de tuas coxas
e a carícia de tuas nádegas.

Ah, mas preciso antes beber teu néctar mais íntimo! Sentir o pulsar do teu clitóris nos meus lábios, o roçar de teus pêlos no meu rosto, o calor de tuas entranhas nos meus dedos. Mulher, eu te quero! Eu te beijo o sexo e me molho de teu molho, eu te entro, então, com volúpia e amor, e te beijo a boca... Teu cheiro doce em minha boca... Tuas coxas em meus quadris... E molhas-me a virilha e me beijas a boca...

... e te convido
para gozar comigo,
e te espero, e me esperas,
e te sinto convulsiva em mim,
e te exploro feliz,
e te sinto a me descobrir
no êxtase do gozo pleno!



22 comentários:

Anônimo disse...

Luiz querido
Gostei realmente do que você respondeu. Falou tudo que devia e com classe. Minha admiração é muito grande por você e me revolto com o que uma pessoa comentou de seus belíssimos textos. Há muitos anos eu o admiro.
Portanto aqui deixo minha admiração e carinho.
Beijos
vânia Moreira Diniz

Marina Dutra disse...

ainda não tive a oportunidade de ler o seu livro, mas te admiro bastante e sei que você sabe sair por cima diante das críticas nada merecidas a sua pessoa.
sucesso é o que eu desejo!!!

Anônimo disse...

Pornográficos? Seus versos são eróticos, esta é a palavra. Macarrônicos? Ligue não, Luiz,são só palavras mal-humoradas.
Sua poesia, cujo gênero pode agradar ou não, é muitíssimo bem escrita, de alto valor literário.
Só quem não tem talento descamba para o pornográfico, mas não é este o seu caso. Sei o que estou dizendo.

Anônimo disse...

Querido,Luiz.
Somente quem ama de verdade faz sexo com toda essa sensualidade, toda essa intenção de carinho, explorando e se deixando explorar por inteiro, saciando desejos, numa total entrega, esquecendo o tempo, a pressa , o mundo.
Eu diria a você: sugere-me uma bela noite de amor quando, eroticamente, um farto banquete é servido com extremo requinte.
Ah, poeta, você é brilhante , o sucesso é seu e isso , infelizmente, incomoda a alguns.
Um grande beijo!

Anônimo disse...

Outra vez me lembro de Quintana " Bem -aventurados os pintores...".
Tem pessoas que os valores impostos pela sociedade ainda é mais forte que sentimentos, então não se apaixona (casa), não faz amor (cumpre a obrigação do sexo),não sente prazer no sexo ( isso é coisa de prostituta) e confundem erotismo com pornografia. Só lamento e tenho pena pq quem sabe como é bom , sente um frio na espinha qdo lê seu texto e nenhuma vergonha ou pudor. O poema é lindo e o livro, o qual não conheço, deve ser ótimo.
Bjs sempre. Adorei.

Anônimo disse...

Caro Luiz, apesar de haver muitos defensores do seu trabalho,achei válido deixar aqui o meu parecer!! Fiquei mais uma vez encantada com a beleza dos seus textos, fazem meu dia ficar cheio de cores e sabores!! Obrigada. Leticia Lobo.

Anônimo disse...

Luiz, que maravilha de resposta!
Eu, particularmente, me encanto com teus textos, pois os acho verdadeiros, fortes e muito bem escritos. Sou tua fã! Bjs, Jane

Anônimo disse...

Lu, pqp!!! Vai fazer amor gostoso assim lá em casa. ahahahahahahah
May, é brincadeirinha. rs rs
Companheiro, esse texto deveria ser de leitura obrigatória para todo garoto que deseja se aventurar pelos caminhos salutares do amor bem feito, bem aproveitado, senti-lo por inteiro e matar de prazer a afortunada parceira.
Talvez a sua amiga(?) nunca tenha sido amada como realmente se "deve" e ao ler este poema sentiu-se frustrada e aí já viu, né, sobrou procê, véi. ehehehehehe
Liga não, POETA, vc é muito maior que o preconceito.
beijos
Dê!

Anônimo disse...

Estou sem fala...ADOREI !!!!!!!!! .Você é surpreendente!
Bem que a minha ex analista dizia, que eu sempre deveria ouvir a voz da minha intuição...rs
Parabéns! A sua amiga não entende nada de nada...rsrs
Mas é agora que eu preciso estar mais atenta e mais alerta...rsrsrsrs
Beijos

Anônimo disse...

Caro Luiz,

se teu belíssimo poema é pornografia, então erotismo e sensualismo poderiam ser varridos da língua portuguesa... e não fariam falta! :-)

Vim fazer uma visitinha pelo teu blog e fiquei encantada, parabéns.

Beijos.

Chris

Anônimo disse...

Luiz, adorei sua resposta, e foi mesmo:"...toda essa intenção de carinho, explorando e se deixando explorar por inteiro, saciando desejos, numa total entrega, esquecendo o tempo, a pressa , o mundo" é que deixou sua "amiga"
louca de tezão(reprimida?)e
roxa de inveja,rsrsrsrs!Peguei
carona no comentário da Maris
Stella. Quanto a sua "amiga".
que pena, ela sabe do seu talento,
e também sabe que seus poemas são
eróticos-sensuais,
mas...preferiu
dizer que são pornográficos?Ah, siô,ela deve ter problemas...rsrsrs!




Beijo,

Lêida Gomes

Anônimo disse...

Erotismo, sensualidade, prazer... são sentimentos e emoções que ainda assustam muitas mulheres (e homens também) e são sempre objeto de crítica.
O tema aqui é amor e não sensualidade vulgar; muito bem escrito e bem construído. Não sei qual o nível de formação da sua “amiga” poeta, mas acredito que ela foi movida por algum sentimento de frustração (sexual e/ou literário).
Continue com sua poesia que preenche de sonho e sensualidade nosso imaginário, e nos faz deleitar com todo esse erotismo da melhor qualidade.
Um beijo carinhoso

Deolinda disse...

Poeta, diga ai uma coisa para poder entender melhor... só a mulherada lê o seus poemas eróticos?
Brincadeira!

Anônimo disse...

Luiz, meu poeta maior!!!!!!!!
Eu sei o quanto vç é "transparente" em suas palavras.
Sei também que vç não vai se abater com comentários "sujos" ditos por esta pessoa, pra não chamar de "ignorante", que pelo menos ignora o sentido da palavra amor.
Tenho certeza que depois deste desabafo vç lavou a alma e vai ter "MAIS" ânimo para continuar a escrever coisas lindas como esta.
Seus amigos, que conhecem a pessoa maravilhosa que vç é,já deram seus depoimentos.
É isso aí Luiz, continue sempre sendo autêntico, estamos com vç SEMPRE!!!!!!!!!

Anônimo disse...

Luiz,

Seu poema fala de sexo feito com amor e total entrega. E competência também, de quem sabe como é bom e prazeroso estar junto da pessoa amada...

Parabéns, amigo, agora é que eu quero mesmo ler seu livro...

Márcia Píramo

Anônimo disse...

Sabe Luiz fico me perguntando onde tão mal-amada-senhora conseguiu ver indecência ou imoralidade em seu poema. Obsceno foi o comentário de tão formosa dama. Quem não ama - ou não amou -, não sabe descrever o amor, o sexo e suas práticas. Quem não ama - ou não amou -, não pode entender o que escreveste. Mas, poderia ter sido sábia, e se calar.

Um abraço carinhoso, Simone.

Anônimo disse...

Caro poeta Luiz de Aquino,parabéns
seus poemas são lindos e de arrepiar
da ponta dos pés até a nuca,uauu!!
A senhora que criticou você deve ter
ficado toda eriçada,he,he,he,outra
coisa não foi.Ahh!! Se você passar pela casa de Denise,por favor,dê uma chegadinha até minha casa também,tá?

Beijo,
Ana Carvalho Guerreiro.

Lílian Maial disse...

Aquino, querido,

Todas as pessoas que escrevem sobre sexo e erotismo sofrem preconceito literário. A literatura erudita coloca o sexo para escanteio, talvez por uma relação implícita entre o eu lírico e o romantismo. Não se vê pornografia em mostrar o BBB na Globo, mas se vê pornografia num texto poético descritivo de um delicioso momento de amor.
Acredito que a literatura não consiga evoluir com a mesma velocidade que a liberdade do novo século.
Sofri muito na pele a segregação dos meus textos eróticos (alías, basicamente por onde comecei).
Cheguei a pensar em publicá-los com pseudônimo, tal a discriminação.
Depois pensei: se Pietro Aretino conseguiu sucesso na Europa falando abertamente de sexo com palavras chulas, pq eu teria que me esconder por trás de outro nome apenas por libertar a poesia que mora no corpo?
Creio que sua amiga não deva ter tido a intenção de magoá-lo ou destrui-lo, apenas foi franca naquilo que ela deve realmente pensar sobre sexo x literatura. Perdoa, pq nem todos sabem o que fazem...
beijocas um tanto castas... hehehehe
Maial

Anônimo disse...

A poesia é bárbara, Luiz! Parabéns pelo belíssimo texto, desses que envolve o leitor, que o presenteia com a oportunidade de acionar a memória afetiva e reviver momentos únicos. Ele sugere o ritmo, dá vontade de ler sem parar até o final, faz reviver prazeres.
Quer coisa melhor do que fazer sexo com envolvimento, com amor e com a nudez também dos falsos pudores?
Será que essa senhora se deu a oportunidade de ler teu poema com a sofreguidão e volúpia amorosa que ele sugere? Acredito que não pois, se o tivesse feito, com certeza ela teria percebido que de "pornografia macarrônica" ele não tem é nada!
Tem muito é de pleno envolvimento, de sintonia de peles, cheiros e gostos, de química amorosa, de erotismo compartilhado, de sexo prazeroso, do amor que tem de ser também sensual. E isso é tudo de bom!
Parabéns e obrigada pelo belíssimo poema. Tens, a cada dia mais, minha admiração e meu carinho.
Beijo,
Isabella

Anônimo disse...

Olha, parei pra ler, e confesso que viajei no tempo, e eu nem era loba!Digo isso pq já vivi um momento especial como esse, e realmente foi único e especial.
Seus textos são ótimos.
Parabéns!

joesio disse...

Caríssimo Luiz,
Admirador que sou das letras ("macarrônicas, pornográficas" e/ou estilos afins) só lamento o que disse a sua amiga "puritana". Nós, do ramo das letras, devemos saber apreciá-las, pois só os artistas da literatura sabem como manuseá-las. Eu, particularmente, classifico o seu texto como ERÓTICO-CLÁSSICO, ou seja, um texto que desperta o desejo sexual, não com vulgaridade, mas sim com sensualidade. Gostei, e muito, da forma como você escreve. Você, um grande artista das letras que é, não deveria se incomodar com as críticas. São elas que nos dão força e coragem para continuar escrevendoEncontrei o seu site quando visitava o Flor de Morango (de Madalena Barranco). Assim que puder, visite o PORTAL DA POESIA (www.joesio.blogspot.com).

Valéria disse...

querido Luiz, é simplesmente gostoso, prazeroso, ler seus poemas. E digo mais, tem alguns que provoca um tesão. Dá vontade de colocar na cabeceira da cama, e quando acompanhada, pedir ao meu amado seguí-lo como uma receita de bolo, passo a passo. São poemas que toda mulher se sente como sua fonte de inspiração.
beijos no seu coração.
valéria aquino