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sexta-feira, maio 30, 2008

Voa alto, voa...


Voa alto, voa...


A noite foi de festa em cores e versos disfarçados na prosa em discurso à guisa de apresentação do que, para tantos, já era sobejo. As meninas do Quinteto Harmonizza – Elza, Edna, Loertina, Martha e Grace – estrearam, enfim, em disco. E fizeram-no com a majestade de quem nasceu com a realeza da arte intuitiva, aprimorada pelo sacrifício do aprendizado constante e da busca pessoal (depois, em equipe) da forma mais primorosa, dos acordes apropriados, da indispensável harmonia que permite, ao ser humano, o momento único em que isso é possível: o momento da música.

Será que devo explicar o que são “à guisa de”, “sobejo” e “disco”? Ah, que nada... Fico apenas com a ressalva quanto ao disco, já que nossos cérebros reservaram a palavra para os tradicionais objetos circulares de carnaúba e de vinil. Mas sou dos raros que chamam cedê de disco, sim.

Voltando à festa, direi que cheguei no melhor momento: Leda(ê) Selma falou, pois, apresentando o quinteto e contando de andanças desde o comecinho desta década e século e milênio (que mania de grandeza, essa nossa! Sabemos que não vivemos um século, mas situamo-nos num milênio, tsc, tsc...), quando seus caminhos (o da poeta e o do quinteto) cruzaram-se e resolveram, como pontas de um mesmo cadarço, fazerem do encontro um laço imorredouro.

O Quinteto Harmonizza (não resisto: esse segundo Z está me incomodando) cantou na posse de Leda(ê) na Academia Goiana de Letras; o Quinteto foi com Leda (já sabem que o som do E é fechado...) a São Paulo, ilustrando com seu som mavioso (mais uma palavra que não vou explicar) uma noite de autógrafos da escritora baiana-goianiense na Paulicéia. E desde aquele primeiro encontro, sorrisos e babados rendem tempero para a amizade que, a cada dia, mais chega ao ponto, como massa de quitanda fermentada no sereno, em terreiros bucólicos das vovós mais antigas.

Entre os autores de músicas e letras, Elza de Almeida, Sérgio Brito, Fernando Perilo e Nasr Chaul, Marcelo Barra e Otavinho Daher, Angelino de Oliveira, Chico Buarque, João Caetano e Otávio Daher. E, com ênfase, a nossa Leda Selma com o poema “Voa”: “Se teu sonho for maior que ti / alonga tuas asas / esgarça os teus medos...”, escreveu ela. Escreveu e despertou a melodia na alma do consagrado Ivan Lins, que a gravou para o mundo e a eternidade. Agora, a música dá nome ao disco das meninas cantantes.

Ouvi, pois, o discurso eivado de lances poéticos de Leda Selma. E, ouvindo-o, viajei à solenidade de posse da cronista e poetisa na AGL, quando tive o prazer de recepcioná-la. Disse eu, naquela ocasião, que não se é cronista sem que a poesia habite nossa alma. E o reafirmo, pois um cronista sem poesia não é cronista; quando muito, é um fazedor de atas de reuniões de condomínio. Ou redator de notas necrológicas para jornal de bairro. Falando de improviso, Leda bem podia ter gravado aquele discurso, e que ele se tornasse crônica para a sua coluna que, atualmente, ilumina os sábados do nosso DM.

Ao saudar com a pirotécnica das minhas humildes letras domingueiras a chegada de “Voa” (o disco do Harmonizza), festejo também o retorno de Leda Selma às páginas do DMRevista. Por longos anos trocamos impressões e críticas mútuas; por várias vezes, consultei-a sobre conveniências factuais e correção de texto sobre os meus escritos, parceiros que somos no ofício nesta casa onde transitamos com familiaridade. Portanto, vejo com alegria o retorno da cronista, após essas férias que mais pareceram uma licença prolongada.

Boas-vindas, pois, às meninas do Quinteto; e boas-vindas à autora literata à sua casa. E termino esta prosa festejando, ainda, os dois fatos, valendo-me do verso riquíssimo que, embalado em feliz frase musical, ganhou adornos de elegância na voz das cantoras bem harmonizadas:

“...e parte em busca da estrela...”.

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Esta crônica está também em:

http://www.sorocaba.com.br/acontece

http://www.vaniadiniz.pro.br/luiz_de_aquino/cronica_voa_alto_voa.htm

5 comentários:

Mara Narciso disse...

Elogia com propriedade e conhecimento alguém que merece todo o incenso do mundo: Lêda Selma é grande.

Madalena Barranco disse...

Querido Luiz, sua crônica é como música em defesa de belas canções e de pessoas que sabem tratar bem as palavras. Parabéns, então à Lêda e ao quinteto. Beijos.
P.S.: não sei porque mas o "z" duplo também me pareceu...

Anônimo disse...

Poeta Luiz de Aquino, gostei muito do que li em sua crônica, no Diário da Manhã, a respeito do lançamento do CD do Quinteto Harmonizza. São minhas colegas de trabalho e acompanho o desafio delas desde que o Grupo nasceu. São competentes e merecedoras dos seus elogios. Espero, também, que este seja apenas o primeiro voo dessas "colibris"que, com certeza, terão todo o "espaço", em busca da estrela.

Um abraço.

Regininha.

Anônimo disse...

Caro poeta Luiz de Aquino,

Foi com grande prazer que li e reli sua crônica sobre o lançamento de nosso CD(Quinteto Harmonizza). Já havia mandado uma nota de agradecimento, mas hoje olhando aqui em meu computador vi que havia digitado errado uma letra de seu e-mail.
Nos sentimos grandemente honradas e agradeço o registro tão belo de nosso evento e sua presença tão significativa.
Parabéns pelo seu trabalho!
Grace Tipple

Anônimo disse...

Caro Luiz de Aquino, apesar de já ter passado mais de um mês, quero agradecê-lo pelos elogios em sua crônica do Diário da Manhã. É uma honra para o grupo receber elogios vindos de uma pessoa admirada como você, devido a sua intelectualidade e sensibilidade. Sentimo-nos envaidecidas ao ler palavras tão preciosas, poéticas e, principalmente, sinceras!
Um grande abraço!