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sexta-feira, março 30, 2012

Antologia de ex-alunos



O nosso livro: Ao Pedro II, tudo ou nada?
Uma série de sessões de autógrafos vem marcando, desde o dia 20 de março, o lançamento da antologia “Pedro II Tudo ou Nada?” , coordenada por Paulo Rubem, Mirian Cavalcanti e Fernando Quintella. Os coordenadores, como todos os demais autores, foram alunos do tradicional colégio (menina dos olhos do imperador-menino que cedeu seu nome ao educandário). Participo do livro com dois textos, ambos publicados aqui no Diário da Manhã. Eis um deles:


Em 2007, uniformizado para os festejos de 50
anos da Unidade Tijuca do CPII.



Eu aos 12 anos, primeira série ginasial



Crer nos moços

Questiono sempre as pessoas que se dizem incrédulas, essas que se recusam a admitir que não somos apenas um ajuntamento de água e elementos químicos. Fosse assim tão simples, porque esses ingredientes não permanecem sempre iguais em seu estado natural, feito mercadorias na prateleira dos armazéns? Ah, dirão, é que há a química... Permanecer em estado natural é do campo da física; mas esses elementos, quando se juntam, interagem e geram novas coisas...


Ah, tá bom! Entendi. E as idéias? E o raciocínio? Nesse momento, qualquer resposta radical materialista torna-se exemplo nítido de preguiça mental. E ao materialista fica, então, muito bem aplicado, esse próprio conceito: matéria.



Falava para uma platéia de estudantes, na última quarta-feira, no Colégio Pedro II, Unidade Tijuca. Entre um e outro poema, contei-lhes casos do meu tempo de estudante, de professores notáveis, do costumes e atitudes. Eram alunos de uma ampla faixa, isto é, de sexto ano até os que se preparam para o vestibular, três estrelinhas no emblema. Rimos juntos e aprendemos juntos: eles, ao me ouvirem; eu, apenas por conviver. Conviver com os moços é algo que não se define facilmente. Alguém me disse, há bem uns vinte anos, que até os quarenta anos, aprendemos com os mais velhos; depois disso, aprendemos com os mais novos.



Num intervalo de cinqüenta anos, que é a diferença entre mim e os mais novos daqueles meninos, tudo muda. De tudo o que tenho lembrança, entendi que o que mais me marcava era a timidez ante os mais velhos. Ou mesmo entre meninos que não me eram familiares. Essa timidez desapareceu: o menino de hoje é livre e solto, diz o que quer sem peias, sem meias palavras. “Gostei muito de seus poemas. A partir de hoje, você é meu ídolo”, disse um garoto do sexto ano. Comoveu-me, o menino. Uma garotinha, também do sexto ano e já com alguns poemas na bagagem que sedimenta, talvez, a poetisa das próximas décadas, a uma observação minha sobre a decantada onda de violência que assola o Rio (e, enfatizei eu, toda a humanidade), comentou com sabedoria: “Violência existe em todo lugar e em todos os tempos”. (Percebi que eram aqueles, os do sexto ano, os que mais se manifestavam).



Eu não quis contar nada de novo a eles, no campo da violência do bicho homem contra o homem; isso está nos jornais e nas tevês, está diante de nossos olhos além da vidraça da janela do ônibus, ou da moldura das nossas janelas; não disse nada, também, sobre a violência do ser humano contra a Natureza (afinal, Carlos Minc me antecedeu). Falei de poesia, de esperança, de fé nas pessoas e na capacidade humana de vencer desafios. Temos o péssimo defeito de cobrar perfeição e lamentar falhas; mas a perfeição é um sonho utópico que jamais aconteceu na história da humanidade.



Agora, algumas horas após esse encontro, ainda destrincho as palavras e cenas, tento separar pequenas peças, rejuntar tudo e processar o meu aprendizado. Eles, naquela idade, não se preocupam com isso, pois têm tempo. E, com ele (o tempo), muito o que ver, ouvir, ler, pensar... O que eles vivem agora são sedimentos de uma formação; em mim, tudo isso vira saudade imediatamente após.


Minha carteira de estudante do 4º ano ginasial


Mas não é só saudade, não... Fica um sentimento profundo de gratidão: ao menino que fui ontem, aos mestres do meu tempo e a esses garotos e garotas de uniforme. E, entre eles, aqueles professores alegres e valorosos (agora, novos amigos).

(Publicado em 14/10/2007 no Diário da Manhã, Goiânia).




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segunda-feira, março 26, 2012

Datas e linguagem


Datas e linguagem


Continuam os crimes contra a língua pátria, e é triste ter de admitir que isso vem, principalmente, dos tais “formadores de opinião”, os profissionais que, há pouco tempo, eram considerados cultivadores da língua culta. Ah, Camões! Errar é humano, todos erramos, mas todos devemos cuidar de errar menos.

Sou do tempo em que professores tinham cultura geral. O tempo em que professores cuidavam bem de regência e concordância, escrevendo ou falando. Era o tempo em que os alunos gostavam de alcançar novas etapas. Era uma vitória chegar ao Ginásio; outra, passar para o Colegial, em suas modalidades Clássico e Científico, ou preferir um curso profissional, como o Normal, o de  Contabilidade ou os oferecidos pelas escolas técnicas. Os da formação acadêmica (o Colegial) almejavam as faculdades, que ofereciam poucos cursos mas ensinavam a pensar.

Naquele tempo, tínhamos poucas datas a festejar. Eram poucas as profissões destacadas com uma data especial, como os professores, os advogados, os comerciários, etc. Hoje, tem dia especial até para o dedo médio do pé esquerdo da galinha preta. Nessa onda, e falei sobre isso na semana anterior, temos duas datas, com um intervalo de uma semana, para festejar a Poesia (14 de março, a Nacional, por ser aniversário natalício de Castro Alves; e 21, a Internacional, por ser o início da Primavera no Hemisfério Norte).

Mas os “formadores de opinião” detestam poesia! Vai ver, poesia exige concentração (hoje, eles chamam isso de “foco”, que se aplica melhor para os profissionais da imagem com ou sem movimento) e força o pensamento; e forçar pensamento é algo que irrita os “formadores de opinião”.

No dia 21, quarta-feira última, liguei o rádio. Gosto de noticiários de rádio. O âncora da famosa estação goianiense enfatizou o Dia da Água e, naturalmente, seguiu a pauta nacional da mídia, mostrando problemas, negligências, medidas emergenciais que seriam desnecessárias se a prevenção acontecesse etc. e tal. Em dado momento, o moço “saiu” de Goiânia e anunciou a participação de colegas de outras cidades, enfatizando: “O problema atinge também o interior, quando vereadores sequer tomam conhecimento das dificuldades”...  Mudei de estação. Há anos que vejo os “formadores de opinião” substituindo “quando” por “ onde”, mas o coleguinha “pulou o corguim” ao fazer o caminho de volta, aplicando “quando” em lugar de “onde”.

Troquei de rádio, acompanhei a tevê. Ninguém fez qualquer referência ao Dia Internacional da Poesia. Os que se esqueceram do dia 14, adiaram qualquer iniciativa para o 21; chegando o dia, “focaram” na água e mandaram a poesia para as nuvens.

Pois é! Imprensa, “hoje em dia” (jovens adoram falar “hoje em dia”; parece que viveram os dias de ontem), se faz com a inevitável sucessão de escândalos. Mal nos damos conta de um fato escandaloso – que, por tal natureza, é sempre negativo ou negativista – um novo temporal se anuncia no horizonte e aquele que mal passou por nós é devidamente arquivado, encostado, esquecido, apagado.

Mas os crimes contra a língua, esses eu não consigo esquecer. Num programa de amenidades na grande rede de tevê, um moço apresentador falou ene vezes para a atriz entrevistada pôr e tirar “o óculos”, discorreu sobre “aquele óculos” e só faltou dar o preço “do óculos”. Senti que o moço, muito bem empregado porque a beleza física suplanta a qualidade de uma boa formação intelectual, inclui “óculos” no rol de palavras como lápis, tênis, pires... Vai ver, se lhe mostraram dois ou mais pares do equipamento de correção ou proteção visual, ele dirá que são “vários ocúloses” – não duvidem! (Tive de mudar a sílaba tônica...)

O jeito é nos conformarmos. Um confesso admirador de literatura e leitor apaixonado de poesia perguntou-me, via internet, quando faríamos “outro saral”.  Tentei ser educado, respondi-lhe de modo a incluir a palavra “sarau” em sua escrita correta, mas duvido muito que o suposto “leitor apaixonado” atente para a fineza. Fazer o quê? Coleguinha morena e linda, recém formada na profissão das notícias – e dos textos – perguntou-me “quantos chapéis” eu tenho.

Acho que vou plantar batatas!

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domingo, março 18, 2012

Rezar a vida


Ilustração de Elson (Diário da Manhã)


Rezar a vida

O Brasil instituiu, por lei e costume, que o dia 14 de março, data de nascimento (em 1847) do poeta Castro Alves, como Dia Nacional da Poesia. E a UNESCO, órgão das Nações Unidas para a Educação e a Cultura, há cerca de dez anos instituiu o 21 de março o Dia Internacional da Poesia, considerando o início da Primavera no Hemisfério Norte. Assim, o poetariado brasileiro ganhou a semana inteira...

Poetariado é uma expressão bonita. Sou desconfiado demais com neologismo, gosto de sentir como acontecem; irritam-me expressões modernosas como “digitalizar”, “empregabilidade” e, dia destes, uma jovem coleguinha escreveu-me “usabilidade”... preferi não responder. Mas volto ao termo: poetariado. Ouço-a e leio-a em textos de pelo menos dois poetas – Valdivino Braz e Brasigóis Felício – em referência aos vates, especialmente aos mais próximos; e o termo foi, certamente, pensado como analogia a “proletariado”, palavra usual até 1964 e proibida no “índex” das fardas  distantes do processo racional que se instalou no país... Ah, não é o tema!

O poetariado goianiense sempre esteve atento a datas, movimentos e eventos afins. Ao tempo de Miguel Jorge na presidência da União Brasileira dos Escritores de Goiás, os eventos eram muitos. Foi ele quem instituiu premiar escribas, artistas e mecenas com um troféu bem goiano – o Tiokô (palavra carajá para “boneca”) e coube a Gina Cogolli, artista italiana radicada em Goiância, conceber a estatueta. E foi também de Miguel Jorge o surgimento de uma prática bonita e bem lembrada – as exposições de poemas-cartazes. Era assim: um artista plástico produzia um cartaz ou tela a partir de um poema; o texto era transcrito na peça e a coleção era exposta em pontos estratégicos da cidade. Estreei nessas mostras em 1977, com um cartaz do artista plástico Da Cruz.

Aidenor Aires, tempos depois, trouxe-nos outro evento muito bonito: Setembro da Poesia. Antecedendo a UNESCO, ele usou o calendário que nos dá a Primavera sulista. Ao longo do mês mais belo do ano (claro: nasci em setembro, uai!), o poetariado local percorria escolas em rumorosos eventos, juntando turmas nos ginásios (quadras cobertas) ou auditórios, proferindo palestras e realizando debates, mostrando poesia em cartaz (com ou sem ilustrações) e, ao término do projeto, o lançamento de uma antologia poética (tenho algumas na minha estante).

Nestes trinta e cinco anos de intensa atividade no meio cultural, tenho participado com muito zelo e alegria destas datas marcianas (do mês, minha gente! Sou lunático, mas não vou além do astro prateado). Ano passado, numa breve atuação na Câmara Municipal, promovi um belíssimo sarau (sem modéstia); éramos cerca de trinta bardos a mostrar poesia. Kaio Bruno, jovem poeta, líder do grupo Letra Livre, promete um sarau especial para o Dia Internacional.

Com as escolas estaduais em greve, as municipais e as particulares, parece-me, deixaram o 14 de março passar esquecido. Ou, ao menos, os professores com quem me relaciono e os poetas do meu convívio preferiram deixar-me à margem. Mas, como os tempos são outros, fiz a festa nas redes sociais da Internet, com ênfase para o Facebook. Publiquei dois poemas  meus –Dia de Castro Alves e Sou poeta –; uma leitora acrescentou o vídeo de um terceiro da minha lavra – Beijo Sonhado (coincidentemente, todos do meu livro Sarau) e, assim, fizemos a festinha virtual com muita interação, de poetas e leitores de todo o Brasil.

Pois bem: no meu blog, mantido há cerca de seis anos e com mais de cem mil visitas, coleciono milhares de opiniões sobre poemas e crônicas; para um autor, nada é mais gratificante que os comentários, de qualquer natureza, dos leitores. O mesmo se dá em momentos como esses, das datas comemorativas da Poesia – deliciei-me com as leituras dos amigos e os comentários, as novidades postadas...

Bem: entre esses comentários, o que definiu-me, por ser poeta, como alguém que vive “rezando a vida”. Emocionou com essa definição e a partir dela resolvi contar esta ligeira história de um dia desta semana. A autora é a professora Adelaide Alvarenga, amiga minha desde os tempos em que, menina-moça, cantava Non ho l’eta ao violão, os cabelos a cobrir-lhe graciosamente parte do rosto (recordar esse tempo, Adelaide, é, sim, rezar a vida!).

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domingo, março 11, 2012

O Centro e a memória


Fotos comparativas: a Praça do Bandeirante, final da década de 1950 e agora, em fotos de Hélio de Oliveira e Adriano Zago (colhi na Internet). 


O Centro e a memória



Comecinho de noite, Lua cheia de  março, quarta-feira... Cheguei ao Centro de Goiânia com tempo para rodear alguns quarteirões antes do evento. O motivo: um encontro com o poeta e compositor Capinan, baiano de boa cepa, gente da Tropicália, autor de belíssimas letras que enriqueceram o cancioneiro nacional. Quem convidou foi o secretário Kleber Adorno, que continua realizando e possibilitando que aconteçam coisas boas no seguimento cultural da cidade, apesar dos alfinetes da inveja.  E o Pádua, cantador feliz, foi o cicerone – inevitavelmente! Local do encontro: o Grande Hotel, obviamente...




O traçado de Atílio Coreia Lima
Tivemos uma noite memorável. O convidado ilustre pôde conhecer algumas dezenas de músicos e poetas locais e falou de sua obra, emocionou-se ao falar e trocar informações e conceitos – um bate-papo rico e feliz: para os mais moços, uma aula e tanto! Para os mais velhos, a alegria de conviver com o autor de peças maravilhosas como Soy loco por ti (com Gilberto Gil), Ponteio (com Edu Lobo), Papel Maché (João Bosco) e tantas outras relíquias.  Perdeu quem não foi...  A visita de Capinan, porém, teve  outros itens na semana, como a sessão de autógrafos no Goiânia Ouro, integrando a abertura da versão da semana do maior festival de MPB, o Canto de Ouro – desta vez, com Larissa Moura, Ricardo Leão, Wanderson Postigo e João Caetano.

Capinan e eu, no Grande Hotel (foto: Viviane Vaz, 7/3/12).
Retorno ao tema – o Centro de Goiânia. As ruas do Centro, à noite, são tristes e solitárias. Dão medo.  O brilho de décadas anteriores deu lugar às rígidas e indevassáveis portas de aço. A desfiguração da Avenida Anhanguera, com as estações de ônibus e o gradil, embruteceu os dias e as noites, substituindo o bucólico calor humano pelas multidões de anônimos – de dia – e pelo aspecto ameaçador – às noites.
Café Central, na Rua 7 com Anhanguera. O carro é um  Simca Chambord - logo, era a década de 1960

O Café Central foi referência por cerca de meio século; hoje, é uma simples lanchonete ao lado do espaço onde agregou personalidades e temas marcantes da vida goiana.  E o Tip-Top, reduto da fina flor da boemia local das décadas de 1950 a 1970, ficou apenas na saudade... Ainda na Rua 7, o Restaurante do Armando é, hoje, somente um fantasma aos sensitivos com mais de 50 anos. E o Hot Dog? E o Bar da Brahma? E o Hotel e Restaurante Monte Carlo? O Rex Hotel? O Quibe Avenida? A engraxataria, ao lado do que foi o Tip-Top, essa resiste!
Goiânia Palace Hotel, na confluência da Rua 8 com a Avenida Anhanguera.


Na Rua 8, entre  a Rua 3 e a Avenida Anhanguera – cuja pista de rolamento deu lugar ao calçadão, na segunda metade da década de 1970 – o Cine Casablanca é, hoje, uma igreja evangélica; no mesmo alinhamento, poucos metros abaixo, outra “denominação” disputa seguidores. A Praça do Bandeirante, oficialmente denominada Atílio Correia Lima (o urbanista que traçou a cidade), desapareceu – é apenas o cruzamento de duas avenidas, com a estátua do desbravador deste sertão elevada à altura de uma palmeira  imperial.

Galeria Póvoa, na Rua 8. Na década de 1960, esse quarteirão erra o máximo!

No Grande Hotel, considerei os ladrilhos hidráulicos originais, a madeira dos degraus que demandam ao piso superior. A sacada também é referência forte. Aquele prédio hospedou personalidades nobres da história – como João Cabral de Melo Neto, Monteiro Lobato e Pablo Neruda. Da sacada, aprecio a ampla calçada frontal, onde os notáveis das décadas de 1940 a 1980 reuniam-se em confabulações à meia-voz ou confraternizavam-se sorridentes, misturando-se à massa popular. Um flambuaiã mutilado, bom hospedeiro, deixa brotar uma espécie diferente na forquilha amputada. Essa árvore tem citação no romance Cometa de Haley, de Jesus de Aquino Jaime, e integra as lembranças que ouvi da saudosa Celene Andrade, filha da pianista Tia Amélia. Dona Celene foi agente da VASP em Goiânia e contou-me de sua chegada, num outubro da década de 1950, quando os flambuaiãs  desabrochavam...






A Praça Cívica, na década de 1940. O obelisco central foi removido em 1967 para dar lugar ao Monumento às  Três Raças (não era necessário).

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sábado, março 03, 2012

Rir para não sofrer


Rir para não sofrer


Carmo Bernardes
Carmo Bernardes, escritor goiano nascido em Patos de Minas (MG), autor de vários livros e crônicas em que o falar roceiro ganhava a nobre vestimenta das letras de imprensa, enfatizava que era perfeitamente possível falar e escrever todo aquele vocabulário regional sem erros de Português (indispensável, aqui, a maiúscula). Ele era, no meu círculo de amigos, um dos mais notáveis intelectuais, por sua linha de trabalho e coerência entre o pensar, escrever, falar e agir. Recordo-o sempre que vejo (e ouço) os ferimentos causados na derme da língua justamente pelos que têm o dever de tratá-la com zelo.

Não estou só. Nos canais da Internet, por telefone e nos encontros pessoais recebi variados comentários sobre a crônica de domingo passado - Moda, gíria e mau gosto (está no meu blog: http://penapoesiaporluizdeaquino.blogspot.com/). Eis alguns comentários, dentre os que recebi por escrito:


Rogério Lucas
“Com toda sua verve a serviço do falar (e escrever mais ainda) bem, sem deixar de acompanhar o pulsar dos tempos. Irretocável, exceto no que diz respeito a uma crítica mais ácida a este acordo ortográfico Houaiss (com um nome destes, muito se explica) que, me parece, tem sido solenemente ignorado pelos lusos, cheio de excepcionalidades incompreensíveis para nós brasileiros, e que em nada contribui em seu propósito original, de unificar duas línguas que, ao contrário, tendem cada vez mais se distanciar pela diferenças culturais e pelo cotidiano (ou quotidiano?)”. De Rogério Lucas, jornalista, de Goiânia.


Madalena Barranco
A escritora Madalena Barranco, de São Paulo, foi objetiva: “Bom domingo!!

Então, eu também acredito que o idioma deve ser bem cuidado, pois é nossa melhor fonte de expressão humana, contudo, não é necessário alterar tanto assim a ortografia, com algo que não acrescenta nada”.



Mara Narciso
Também escritora, médica e jornalista, Mara Narciso, de Montes Claros, MG, dá o diagnóstico: “Quando se usa demais a mesma palavra, alguma coisa está errada. É preciso diversificar, fugir do óbvio e das frases adivinhadas. Velhas palavras com novos sentidos, quando pegam demais, melhor esquecer. Também não gosto desses modismos e encontro dificuldade em escrever as palavras com hífen e sem ele, pois algumas o adquiriram, como micro-ondas que não tinha e passou a ter. Outras palavras o perderam”.

Osair Manassan
Irônico e brincalhão, Osair de Sousa Manassan (homem de letras e artes visuais, de Goiânia), foi lacônico: “Excelente, Luiz! Uma crônica com foco, enquadramento e belas cores”.



Guga Valente
Professor de Literatura, o goianiense Guga Valente divertiu-se: “O Luiz tem ainda esse apreço pela linguagem elegante. Gosto de uma língua bem construída e insisto na busca incauta de escrever o não-óbvio. Mas, como sabemos, se só escrevermos ou falarmos como gostamos, tem gente que não vai nos entender; tem gente que vai achar pobre; tem gente que não vai achar nada – é o caso da maioria, penso.
No site da revista de divulgação científica Ciência Hoje deste mês, a gente encontra um artigo do professor Sírio Possenti sobre o mesmo assunto (http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/palavreado/lingua-e-sociedade).
Mas Luiz, tipo assim, será que no meu comentário eu perdi o foco, a nível de entendimento?”.



Klaudiane Rodovalho
De Klaudiane Rodovalho, professora da rede pública estadual, em Goiânia:  “Li e adorei!
Terminei a leitura rindo da situação...
Fico indignada com termos utilizados nas vitrines – off é o fim! Por que não arrumam um termo nacional? – Lembrei-me de uma situação que vivenciei por não usar o termo Xerox e sim cópia. Fui corrigida de imediato, "quer dizer Xerox, né". Respondi que Xerox era a marca da máquina que copia, e que o correto era cópia mesmo.
Detesto o termo foco, até em reuniões as pessoas têm que falar "foco gente, foco!". Ultimamente tenho ouvido muito a expressão "Obrigado eu", dito de modo solene”.


Virgínia Soraggi
Virgínia Soraggi,  professora na UEG: “Do jeito que as coisas andam vamos acabar nos comunicando com sinais de fumaça.

Ontem vi uma placa: Escola - meio períldo”.
Pois é, então? Em algumas escolas públicas, encontrei a palavra “Municipal” abreviada “Mul” – isso já dura alguns anos.


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