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sábado, fevereiro 27, 2016

Conclusão brilhante!

Há mais onze anos eles caminham juntos. Miguel marcou 10 na conclusão, Lucas fica para o final deste ano.

Miguel Paolini: 10 no TCC!


Vejam o texto:

É claro que eu sabia, desde aquela nossa primeira conversa, que você era diferente dos outros amigos que eu já tinha feito na minha vida. Mesmo assim, eu não tinha nem como imaginar que, 10 anos mais tarde, eu estaria comemorando o seu TCC (NOTA DEZ!) com tanto orgulho de ver seu crescimento.
Eu sei que tem pouquíssima gente nesse mundo inteiro que consegue se importar e fazer tanto pelos outros como você, e isso só me faz ser mais feliz ainda por poder falar que você é meu melhor amigo há tanto tempo. Não é à toa - quando a gente se junta, sempre sai alguma criação muito louca e muito boa. Estes nossos 10 anos de amizade são só mais uma das nossas criações em conjunto que deram muito certo, e que começaram com dois meninos do Ensino Fundamental falando sobre os livros que estavam escrevendo. E eu sei que isso não vai mudar, porque além de compartilhar inspirações, ideias e histórias, a gente compartilha de tudo um com o outro.
Quem mais poderia entender o que tá por trás de cada olhar e palavra minha do jeito que você faz? Você me conhece como família, mesmo. Não é por acaso que às vezes eu deixo escapar e te chamo de "irmão" - pra mim, você é importante desse tanto, sim. Então, irmão, tô muito feliz por acompanhar mais essa conquista sua e de estar até hoje (e pra sempre!) do seu lado, te ajudando e te inspirando, enquanto você faz a mesma coisa, e até mais por mim. Parabéns! A conquista é sua, mas a felicidade que eu estou sentindo é por nós dois”.

Em 2011, Miguel e Lucas deixaram o Colégio SESC Cidadania, depois de sete anos de convívio na Segunda Fase do Ensino Fundamental e Ensino Médio. Eles e seu círculo de amigos ao longo desse tempo ingressaram nos cursos escolhidos – estes dois na UFG (Lucas começou Psicologia, mas percebeu logo que não era o que lhe servia; fez novo vestibular e elegeu, como Miguel, Publicidade e Propaganda). Miguel defendeu, na última sexta-feira, 26/2, o seu Trabalho de Conclusão de Curso, na forma como Lucas conta.

Nas últimas semanas, Lucas definiu, com um restrito grupo, o tema de seu TCC, e no final deste ano (se não houver outra greve) deverá lutar por um bom resultado, também.

A alegria que o Lucas manifesta nessa mensagem ao amigo Miguel enche-nos – a mim e a Mary Anne e, estou certo, também aos irmãos Élia Maria, Leonardo e Fernando – de alegria pela qualidade de ser humano que ajudamos a formar. Esses dois rapazes, Miguel e Lucas, tomam em mãos seus diplomas aos 21 anos (acho muito cedo... Mas quem sou eu para questionar estes novos tempos, se cada um de nós é parcela ativa neste processo?).

Meu abraço carinhoso ao Miguel, com um toque de sentimento paterno – desde que o Lucas o define como mais um irmão. E peço licença à Cláudia e ao Rildo, pais do nosso profissional da Publicidade e da Propaganda, para me sentir assim!

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Luiz de Aquino é escritor, membro da Academia Goiana de Letras.

sábado, fevereiro 20, 2016

As honras e as batatas

As honras e as batatas



Houve um tempo em que eu me concentrava, todos os dias, para a produção de uma crônica. Isso se deu aqui mesmo nas páginas do DM, e também em outros veículos. Mesmo naquelas condições, sempre tive temas de sobra, ou seja, nunca, nestes quase 50 anos de ofício, escrevendo para periódicos, embasbaquei-me na falta de assunto – como dizem alguns colegas, eventualmente. Agora mesmo, sentei-me disposto a falar sobre o descaso oficial para com o ensino da Língua nas escolas e sua prática em família e na sociedade (no trabalho, inclusive).

Pensei em atrelar o caso das palavras estrangeiras que absorvemos, umas aportuguesamos (ou abrasileiramos), outras buscamos manter tal como são em sua origem, pelo som e pela grafia, e me deparo com o perfil de Oloares Ferreira, um coleguinha que estimo muito pela competência e pelo ser humano e cidadão de todos conhecido, e vejo lá uma justa homenagem às mulheres que integram a Polícia Militar de Goiás, nestes dias em que festejam 30 anos.

Orgulho-me muito, e silenciosamente, quando vejo uma mulher fardada, seja ela combatente ou dos quadros da saúde e outros. Recordo-me (talvez Valdivino Braz se lembre também) dos meus escritos – crônicas, artigos e notas curtas – propondo a criação de um Corpo Feminino na PM goiana. E, contei isso ao Oloares, lembro-me que Dona Maria Valadão pediu ao comandante geral da PM, Aníbal Coutinho, um estudo sobre isso, o que foi feito. Mas o governador Ary preferiu engavetar o estudo, que foi levantado por seu sucessor, Iris Rezende Machado, a quem coube os louros dessa iniciativa.

Meus parabéns, pois, à Polícia Militar, que se fez mais humanizada com a presença feminina, e às mulheres que se orgulham de seus uniformes, de seu ofício, de sua carreira!

E volto à Língua... Zanilda Freitas, amiga querida, atriz e poetisa (além de competente farmacêutica), estranha que eu escreva xópin (para shopping) e xou (para show). Esclareci: são palavras fáceis de pronunciar, muito usuais no Brasil e não vejo razão para repetir o que fazemos com short, que deveríamos grafar xorte. “Centro de compras” soa bem, mas é longo, como “espetáculo” também – daí eu escolher os nomes ingleses, mas aplicar-lhe uma escrita bem nacional.

Foi assim com “leader”, que virou líder. Com lanche, que vem de “lunch”. E o “record” inglês, com acento na vogal E, que entre nós virou recorde (paroxítona em português, mas surpreendo-me falando recorde). E estranho muito que falemos Flórida, se essa é a pronúncia inglesa para a hispânica florida, que se escreve e pronuncia igual em Português.

E nessas divagações sobre a prática, o ensino e o aprendizado da Língua, chega-me um vídeo da TV Globo em que Renata Vasconcelos e Alexandre Garcia noticiam e comentam a “tolerância” do Ministério da Educação ante a aplicação a qualquer custo da fala e da escrita. Garcia destacou que o próprio MEC afirma que, em concursos e testes oficiais, sempre será exigida a Língua Culta.

Ora: caímos no que digo sempre. Essa falsa tolerância ante o errado tem endereço certo – manter uma “reserva de mercado” às avessas para os que não aprendem bem, esses que são aprovados “para não serem constrangidos”. Para estes, restam os trabalhos que a própria sociedade qualifica como “sub-emprego” (preciso do hífen, pois a pronúncia o exige) e, aos que assimilaram as regras gerais (e a prática) da tal Língua Culta, estes passarão em concursos para os mais elevados cargos – os de melhores salários e maior destaque social.

E os que se sentirem vencedores quando aprovados (na escola) sem o conhecimento próprio (quem o governo não respeita)... Ah, a esses, as batatas!


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Luiz de Aquino é membro da Academia Goiana de Letras.


quinta-feira, fevereiro 18, 2016

Brasigóis Felício conta historinha verídica...

...de dois Josés - um Fernandes, outro Veiga...






O homem do absurdo



Brasigóis Felício



Quase todos os objetos de suas análises literárias estiveram 

situados nos paramos ou do realismo fantástico, ou da 

literatura do absurdo. De tal maneira se adentrara nos 

labirintos de tais autores e obras, que em meio à biblioteca 

labiríntica do universo a que tiveram acesso – e foram 

milhares de livros – aquele era o que mais o seduzia. E em 

cuja seara mais produzira. Em sua visão, toda a existência 

humana decorre no chão movediço e implacável do absurdo. 


Pois que a criatura se sabe nascida para a morte inapelável. 

Ao menos sucede assim com os poucos, da massa não 

pensante, esta que vive para a satisfação dos instintos 

básicos; sendo e existindo como animais saciados que 

procriam.





José J. Veiga, em sua última vinda a Goiás (1998).




Ele agora estava convidado a falar sobre a literatura do 

absurdo de um dos autores mais renomados 

do gênero. Equivocadamente, segundo no notório e 

notável crítico, colocado pela crítica como autor do gênero 

fantástico ou surrealista, na linha de Cortázar, Gabriel Garcia 

Marques e Jorge Luiz Borges. Foi convidado por notória 

especialização na área, daí terem sido dispensadas as 

licitações exigidas em lei. 


José J. Veiga em bronze de Neusa Morais (1999).


A comprovar a tese crítica do mestre, de que nesta vida 

quase tudo é absurdo, mesmo nas horas e ocasiões mais 

engravatadas, solenes e sisudas, cita o fato de que, certa 

feita, pela manhã, recebe o telefonema deste famoso autor 

goiano, reconhecido nacionalmente como o autor do 

fantástico mais proeminente, dentre os nascidos em nossas 

plagas. Disse no telefonema que fora convidado a receber um 

título honorífico, na Assembléia Legislativa do Estado, e que 

ali não via ninguém para o apanhar, e leva-lo ao hotel já 

reservado por aquele histriônico e trepidante poder 

legiferante.

José Fernandes - escritor múltiplo e crítico literário.


O crítico, de nome José Fernandes, por sinal tornado amigo 

do autor, dada a longa convivência à beira da biblioteca 

daquele, e da dele próprio, já que se frequentavam 

habitualmente. Prontamente lá foi, recepcionou 

calorosamente o amigo escritor.Quando já iam saindo do 

aeroporto, puderam ver o carro preto da Assembléia, 

chegando para o dever de ofício.Tarde demais. José J. Veiga 

sentia-se bem na companhia do seu amigo, e deu-se por feliz, 

por ser levado à casa dele. Lá eles lancharam, palestraram, 

almoçaram.



O escritor descansou da viagem, e só bem mais tarde, já 

beiradeando a hora da solenidade, pediu para ser levado ao 

hotel. Dispensara o carro preto com o motorista gravatinha. 

Ocorre que, na ocasião mesmo em que discorria sobre o 

absurdo recorrente na literatura veiguiana, repleta de 

personagens alusivos a ministros da ditadura militar de 64, 

roliços Delfim Neto) e taquaras rachadas (Ernane Galveas), 

estava o crítico a falar “de esgueio”, ou de banda, por falha 

do cerimonial acadêmico. Convidado foi a ficar de frente 

para plateia o representante do Governador, e o secretário 

do colegiado de imortais. 


O representante do governador, elegante, gente boa toda 

vida, até se ofereceu para trocar de lugar com o palestrante, 

mas este recusou. Falaria dali mesmo, já tinha passado por 

situações piores. E a confirmar que tudo nesta vida tende 

mesmo para a absurdez, falou de banda. Malaspena que 

todos se sentiam em casa, e ninguém ficou constrangido com 

a cena. Sendo de se esperar que o acadêmico mestre da 

crítica ão tenha ficado com torcicolo, pelo esforço dispendido.


Brasigóis Felício, poeta e prosador,  membro da Academia Goiana de Letras.


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E eu comentei: 


 Caríssimo poetamigo e irmão de dores Brasigóis Felício, a história já nos era sobejamente 

(rs) conhecida, mas contado pela sua verve ganha curiosidade bastante para alcançar as 

últimas letras. Meu abraço carinhoso a você, ao mestre José Fernandes e à imortal 

memória do nosso José Veiga (lá fora, sempre José J. Veiga). Luiz de Aquino Alves Neto



segunda-feira, fevereiro 15, 2016

De Sônia Elizabeth:


"É incrível e bonito o tratamento que o poeta confere à mulher, o respeito pela mulher"


Na tarde do domingo de ontem, modorrenta e calma como costumam ser as tardes domingueiras, finalizei a primeira leitura do livro POESIA COMPLETA, de Luiz de Aquino. Luiz de Luiz De Aquino Alves Neto, uma seleção de poemas extraídos de seus livros
 
Sinais da Madrugada, 
De Mãos Dadas com a Lua , 
Canto de Amar , 
Menina dos Olhos
Isso de Nós, 
Razões da Semente, 
Sarau, 
As Uvas, Teus Mamilos Tenros, 
Poemas de amor e Terra, 
De Amor e Pele 
De Amor e Ontem. 



Como poeta e leitora que sou (e não crítica literária), a apreciação que faço de uma obra assim é sustentada na minha observação poética e humana, aliada à capacidade, mínima que seja, de transbordar dos poemas o que me oferecem de mais substancial e verdadeiro.

P
OESIA COMPLETA tem apresentação do poeta e jornalista, membro da Academia Goiana de Letras, Iúri Rincon Godinho, e Prefácio-Estudo da escritora, mestre e professora em literatura, além de crítica literária Jô Sampaio, ambos plenamente capacitados naquilo que desenvolvem e que vieram dar brilho e enriquecer ainda mais a publicação
de Luiz de Aquino.

Do começo ao fim, os poemas de Aquino prenunciam amor, bebem amor, alimentam-se de amor, salvam-se ou naufragam em meio ao amor. É incrível e bonito o tratamento que o poeta confere à mulher, o respeito pela mulher, mesmo desvirginando seu corpo e sua alma. Na verdade, ouso dizer que Aquino se revela um ser entregue aos sentimentos que jorram do corpo feminino, e, nesse sentido, é quase um servo de toda essa entrega e esse fascínio. 

Aquino é um menino tragado pelo deslumbramento erótico, mas um erotismo que se revela bem trabalhado, consciente, assumido. Nem um pouco piegas ou desrespeitoso. Ao contrário, ele ama e assume a integridade e os riscos do derramamento. Aquino não tem peias nem tramas, se joga, se atira, desmancha. Se sai incólume ou não (impossível sair incólume de enxurradas de prazer), pouco se lhe avilta. É um amoroso em cada verso, palavra, adjetivo. E, nisso, vejo-o muito próximo de Vinícius de Morais, até porque a poesia amorosa de Vinícius se sobrepôs à social, e sabemos que foi um incansável amante, que de tanto amar amou tantas vezes. E não ter vergonha de falar de amor é um mérito que os poetas conhecem muito bem.


M
uitas releituras ainda virão dos poemas de Luiz de Aquino. Após a primeira (do livro POESIA COMPLETA), tendo em vista que já conheço de longas datas o verbo desse vate, deixo aqui minhas simples e despretensiosas impressões. E recomendo aos leitores de boa poesia.


Sônia Elizabeth

domingo, fevereiro 14, 2016

Renata Normanha, destaque na Itália!


Minha homenagem simples, mas cordial, à poetisa Renata Normana! Com este soneto, ela se destacou com uma das 30 finalistas no Prêmio Internacional Nosside 2015 (Itália), certame de que participaram poetas de 90 países! 
À nossa Renata Normanha, as honras deste poeta que se orgulha por seu feito! 
L.deA. 


Renata e seu pai, o saudoso médico e escritor José Normanha, cujo centenário festejaremos neste 2016, na Academia Goiana de Letras, da qual foi membro efetivo. A filha segue-lhe os passos e destaca-se pelo seu talento poético.






Espelho



Olhar profundo que a alma me devassa
Reclina no meu pranto teus pudores
Pois desfeita em segredos tem clamores
Na sombra intensa que tua essência grassa.
Volvendo amores livres e perdidos
Rondo o trilhar, soturna e misteriosa,
A te sondar, estranha e lamentosa:
Anseio infindo dos anos mal vividos.

Deixaste ao largo à infâmia dos delírios
E teu sonhar agrilhoaste em flama
Presa da dor de ocasos malferidos.

Foste, à nudez submissa dos martírios,
Silenciar teu brado em tênue chama
E sufocar anelos já partidos.

(Renata Normanha)

sábado, fevereiro 13, 2016

Conjecturas na terça-feira gorda



Conjecturas na terça-feira gorda


Não sei o que me vem, talvez seja a intenção de aproveitar as sensações do meu carnaval em silêncio. Despertei-me cedo nesta terça-feira gorda e só percebi diferente a dimensão do tempo crônico (sim, porque há o tempo climatológico) em ócio, mas eu fiz do ócio uma disposição para ler, conversar e escrever.

A origem da expressão “terça-feira gorda” está no francês, “mardi gras” – mas não se limita à terça-feira, e sim ao período carnavalesco. Contudo, “mardi” é terça-feira, sim. O Carnaval chegou ao Brasil no Século XVII e era muito diferente de hoje, consistia apenas em se jogar coisas nas pessoas, como farinha, pós diversos e ovos. É possível que a musicalidade, tão difundida entre os povos latinos, tenha entrado naturalmente no costume, mas as fantasias e as máscaras, estas devem ter vindo de Veneza.

Para os franceses, pois, carnaval é “mardi gras”, e a cidade de Louisiania, na América, pratica o “mardi gras” mais famoso sob esse nome (ainda que americana, Louisiania foi construída pelos franceses – mas é uma cidade de fortíssima presença negra e, por muitos, é considerada a “capita do blues”.

Grandes centros urbanos como Rio de Janeiro, São Paulo, Recife e Olinda e Salvador marcam-se como expoentes no carnaval brasileiro. Muitas capitais ficam vazias, com grande movimento pelas rodovias rumo às cidades do interior – coisa muito comum aqui em Goiás. Algumas cidades descaracterizam o (antes) chamado “tríduo momesco”, substituindo as marchinhas e os sambas pelo sertanejo contemporâneo – um gênero que, ao contrário do que o nome sugere, nada tem com os sertões.

Ah! Tríduo quer dizer três dias, porque tinha-se por período carnavalesco o domingo, a segunda e a terça-feira (sempre gorda). Aos poucos, o sábado foi incorporado e nas cidades do Nordeste, onde o turismo vem a ser responsável por grande parcela do movimento comercial, a festa se estende por vários dias, antes e depois do que o calendário civil especifica.

O certo é que este último dia de carnaval, véspera da quarta-feira de Cinzas (quando começa a Quaresma) foi muito diferente aqui no meu cantinho. Aqui a manhã tem o céu oculto de nuvens desde o amanhecer. E agora, uma tênue garoa acinzenta ainda mais a paisagem, e o telhado da varanda proporciona-me a visagem de goteiras rítmicas – não de marcha ou samba, mas de valsa (e é carnaval!).

Lá fora, daqui a poucos minutos de automóvel, a vida segue seu ritmo típico da pacata cidade numa terça... Ah, mas além de terça-feira é feriado! A proximidade de Goiânia (apenas 30 km) faz de Hidrolândia a referência de incontáveis fazendas e chácaras de moradores da capital. Se vou à padaria ou à feira, se perambulo pelas pracinhas ou calçadas, encontro conhecidos vários destes mais de 50 anos de vivência na escolaridade e no trabalho.

E como é bom nos revermos!

Esses encontros, ainda que nos tragam sorrisos de bem-estar por inesperados reencontros, ameniza-nos o mal-estar dos pequenos conflitos – especialmente esses que decorrem de mal-entendidos em algumas falas ou mesmo no choque de ideias nos propósitos de trabalho. Ou ainda nas malfadadas decepções alcançadas, como pedras no caminho do amor de amigos ou de romances (como as há!).

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Luiz de Aquino é professor, jornalista e escritor, membro da Academia Goiana de Letras.

sábado, fevereiro 06, 2016

VICARE - Uma escola para o futuro


 




VICARE – uma escola para o futuro



Será mesmo necessário vivermos tanto para aprendermos coisas simples e óbvias? Parece-me... A vida além do tempo que alguns economistas (os de menor cultura geral) definem como “tempo útil” não é o bastante para nos conscientizarmos de que não somos apenas nascer-crescer-aprender-aplicar-caducar-morrer. Somo frutos da continuidade da espécie através das gerações – esse tempo médio de 25 anos em que se renovam a infância, a juventude e a maturidade. Por mais que busquemos aprender, somos espelho e metamorfose do que herdamos em genética e convívio.

Professoras em ação, no período de planejamento,à espera dos alunos
O Sr. Enoc Martins era um homem sábio. Homem hábil nas práticas da mecânica e de indispensáveis periféricos de seu ofício. Pai de um menino e duas meninas, possibilitou-lhes as formações em medicina, engenharia e direito. Prático nas ações e filósofo nos conselhos e no norteamento da vida. Tinha enorme alegria sobre os filhos e seus êxitos nos estudos e nas profissões. E amava sobremaneira os netos.

Professores são sempre dotados de alegria e deciação amorosa
Bem! Minha proximidade com a família (Sr. Enoc, Dona Valda – será com W?), Luiz Fernando, Ângela e Sílvia (Tivá) vem dos tempos do Liceu e começou com Luiz Fernando, de quem sou mais próximo. Neurologista, não se contentou com a graduação e especialização – foi morar cinco anos em Berlim, de onde voltou com o título de PhD na sua especialidade. Fez-se referência nacional e internacional nesse ofício e seu hospital, o Instituto Neurológico de Goiânia, é referência.

Pose às vésperas do início das aulas
O pai, Enoc, faleceu em agosto de 1999. Foi aquele inevitável choque e a consequente dor da perda. Mas o tempo ameniza as lágrimas e sedimenta os valores transmitidos. Não é raro ouvirmos, algumas vezes no dia, o célebre neurocirurgião basear decisões em aprendizados trazidos do pai, de quem repete a fala e a inflexão.

Há três semanas, ainda era a fase de planejamento - um trabalho integrado. 
Pois é... somos frutos das gerações passadas, já que repetimos sempre, todos nós, o que trouxemos de pai e mãe, de avós... E Luiz Fernando tem se referido mais vezes ao pai que, nos anos derradeiros, sugeria ao filho investir no ensinamento. Não nos conselhos aos filhos e afilhados, não no aprimoramento de médicos formandos ou residentes, ou ainda mestrandos e doutorandos, mas na educação de base.

Morava em Hidrolândia e dizia a Luiz Fernando:
– Meu filho, porque você não cria uma escola para ensinar muitas coisas boas às crianças desta cidade?

A equipe já estava pronta em em plena atividade


O conselho repetir-se-ia até bem próximo ao seu desenlace, e Luiz Fernando decidiu cumpri-lo. Nos últimos meses de 2015, adquiriu o Colégio Opção e o remodelou todo! Reformou o prédio, buscou contato com novas tecnologias da Educação, fez convênio e confiou em sua mulher, Sirlene, a coordenação humanística da escola. A psicóloga despertou em si a educadora (ela tem licenciatura, também) e constituiu uma equipe de bom nível, após criteriosa seleção, com profissionais da própria comunidade – uns poucos adventícios, inclusive eu.

Retornei aos livros para pequisar e me preparar (muito feliz).

O Colégio VICARE (um “acróstico” com valores nobres – Verdade, Intelecto, Compromisso, Amor, Respeito e Educação – colhidos como pilares) iniciou seu primeiro ano letivo no dia 26 de janeiro. Nestas duas semanas, sentimos, já, a energia que se forma para estabelecer nossos rumos e compromissos. Usando como parâmetro a Escola Ethos, de Goiânia, com tecnologia da Uno Internacional e uma intensa e imensa vontade de cada professor e funcionário, a integração com alunos e pais já é realidade. E, aos poucos, novas medidas extra curriculares agregam-se ao ensino acadêmico, às práticas esportivas e de teatro. Em breve, veremos o reflexo dessas inovações pela pequena, mas muito valiosa e valorosa, comunidade hidrolandense (gosto muito de estar com eles).


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Luiz de Aquino é professor, jornalista e escritor, membro da Academia Goiana de Letras.