tag:blogger.com,1999:blog-295384972024-03-13T05:38:21.138-03:00Pena & poesia, segundo Luiz de AquinoCrônica, ao menos uma vez por semana, e alguma poesia (da minha lavra ou da minha preferência), informações variadas etc. -------------------------------------------------------------------------------------------------
Visitem o site da Academia Goiana de Letras: www.academiagoianadeletras.orgLuiz de Aquinohttp://www.blogger.com/profile/05587861821540755577noreply@blogger.comBlogger1254125tag:blogger.com,1999:blog-29538497.post-42172130784998345282023-10-24T21:22:00.000-03:002023-10-24T21:22:12.160-03:00Goiânia, 90 anos<p style="text-align: center;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipiKHW3CURjHAYV2Lo-6YfAo0gaJzhapwjzCypwkoPgCaXE2K9DbToBYAD77DcdrzX886QEPBHMst0tbLha2hYa6zS2Gt-MGVPSgkGQJfrniOCSQEkj5TmDXenWEVTV8of-_JbjoNNrxS8VPCYggCaRyoouNmwpjs9NR3xBVJT0EnbntUEhJrSMQ/s600/goiania-1960-ibge.png" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="397" data-original-width="600" height="424" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipiKHW3CURjHAYV2Lo-6YfAo0gaJzhapwjzCypwkoPgCaXE2K9DbToBYAD77DcdrzX886QEPBHMst0tbLha2hYa6zS2Gt-MGVPSgkGQJfrniOCSQEkj5TmDXenWEVTV8of-_JbjoNNrxS8VPCYggCaRyoouNmwpjs9NR3xBVJT0EnbntUEhJrSMQ/w640-h424/goiania-1960-ibge.png" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Em 1960, com 154 mil habitantes, sem a construção do Centro Administrativo.</td></tr></tbody></table></p><p style="text-align: center;"><br /></p><p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><b><span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: georgia;"><span style="font-size: x-large;">Goiânia,
90 anos: memórias</span></span></span></b></p><p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><b><span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: georgia;"><span style="font-size: x-large;"><br />de dois terços desta história!</span><span style="font-size: large;"><o:p></o:p></span></span></span></b></p><p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><b><span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: georgia;"><span style="font-size: x-large;"><br /></span></span></span></b></p>
<p class="MsoNormal"><span style="line-height: 107%;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Era 31 de julho, 1963. Faltavam 55 dias para
o aniversário de 30 anos da cidade quando cheguei a Goiânia, para ficar. Vinha
de minha terra natal, Caldas Novas, mas morava no Rio de Janeiro desde 1956;
desembarquei na Estação Rodoviária, atualmente um quartel dos Bombeiros, na
avenida Anhanguera, em frente ao Lago das Rosas. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Tomei um táxi até a Rua 96, limite sul do
asfalto da cidade; o táxi, na realidade, era uma charrete. Eram muitas
charretes para o transporte de pessoas, além de carroças para os fretes de
pequeno volume. Os dias posteriores seriam para as descobertas. Eu completaria
18 anos em 45 dias, e esse tempo foi o bastante para palmilhar todas as ruas do
Centro e do Bairro Popular: o espaço entre a Avenida Paranaíba e a Rua 67, que
se tornou Avenida Independência; e o antigo aeroporto, que virou bairro. e o
bosque do Botafogo, onde se instalou o Parque Mutirama, em 1969. O Bairro
Popular tinha três grandes referências: o Estádio Olímpico, o Mercado da Rua 74
e a Escola Técnica Federal - hoje, Instituto Federal de Goiás. O eixo central
da área mais nobre da cidade era a Avenida Goiás, em cujo término está a
Estação Ferroviária; logo após, na década de 1950, surgiu o Setor Norte
Ferroviário.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Vivi o Liceu, com sua fanfarra que
ostentava um título honroso – Banda Marcial – que disputava hegemonia com sua
similar do Colégio Pedro Gomes, conhecido também como Liceu de Campinas. Nossa
juventude era pontilhada de festinhas de garagem, bailes no Jóquei Clube (em
sua antiga sede), nos clubes do Sindicato dos Bancários e no oitavo andar da
sede do Banco do Estado de Goiás. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Nos cinemas, os homens só entravam
trajando paletós; as mulheres, sempre em trajes de rara elegância: eram muitas as
lojas de moda feminina, ao longo da Avenida Anhanguera; os homens vestiam
ternos confeccionados pelas várias alfaiatarias em tecidos comprados na Casa
Hudersfield – as roupas feitas não eram muito aceitas. Conheci Campinas, mas evitava
as festinhas campineiras, pois o bairrismo era forte e eu não queria me meter
com confusão; já bastava a rivalidade entre Liceu e Pedro Gomes e Vila Nova <i>versus</i>
Atlético.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Mauro Borges, filho de Pedro Ludovico, era
o governador; o prefeito, Hélio de Brito, era médico de ampla referência. A
arquidiocese da capital era dirigida pelo bispo Dom Fernando, auxiliado pelo
jovem Dom Antônio; a guarnição do Exército era o quartel do 10° Batalhão de
Caçadores (depois, 42° Batalhão de Infantaria). Vila Nova, Atlético, Goiânia e
Goiás eram os quatro times da capital e para disputar o campeonato bastava
incluir os clubes de Anápolis. A pizzaria pioneira era a Capri (depois se
chamou Bagainha), os hotéis de maior referência eram o Bandeirante e o
Presidente, já existia o Bolonha (restaurante italiano), a Churrascaria
Campestre (na Av. Araguaia com a Rua 3) e a Kabana (Av. Goiás com Rua 5). <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Havia o Teatro Inacabado, sempre em
construção, mas já usado para apresentações, por seu diretor Otavinho Arantes, e
o Teatro de Emergência (colado ao Jóquei Clube, demolido por exigência do “regime
militar”, que alegava serem os atores “um bando de comunistas”; o meio
literário, até então crescendo timidamente, era sacudido pelo GEN – Grupo de
Escritores Novos. Na música, as referências eram ao maestro Jean Douliez e à magistral
Belkiss S. Carneiro; e os conjuntos de bailes e os boêmios das serenatas...<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Para os colegiais, a preocupação era com
os vestibulares nas Universidades Católica de Goiás, formalizada em 1959, e
Federal de Goiás, em 1960, ambas instaladas nas cercanias da Praça
Universitária, no bairro Botafogo, que se tornou Setor Universitário. E tinha
ainda uma escola isolada, não inserida em universidade, da esfera do Estado: a
Escola Superior de Educação Física de Goiás, conhecida como Esefego. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">São muitas as lembranças... e a saudade!
Mas resumo: em 1960, a população de Goiânia era de 154 mil habitantes; em 1963,
estimava-se em 210 mil. O quanto a cidade se expandiu e refletiu nos municípios
vizinhos (a atual Região Metropolitana) é do conhecimento e da percepção dos
leitores bem informados – dentre os quais, receio incluir-me sem o risco de ser
flagrado em erros.<o:p></o:p></span><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrIV86bPUeblAzqdaib5XgWgbknd_tfj8zyEPdnwXjnVhWk3oOSg-v_8iJ_7vly5RdGxVZi3nye_4P6_zrrOtkJ5B6UbLPpt4tCPO3G-5Aihke2mToBCcEFY1zPt0xQtS7U3xjm0ZRVlpzcFfwptBgfa79WG100wJhH-KuXs5IYwm7KcDK0Uv1PQ/s1024/GOIANIA%20GERAL%20-%20atual.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center; text-indent: 0px;"><img border="0" data-original-height="569" data-original-width="1024" height="357" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrIV86bPUeblAzqdaib5XgWgbknd_tfj8zyEPdnwXjnVhWk3oOSg-v_8iJ_7vly5RdGxVZi3nye_4P6_zrrOtkJ5B6UbLPpt4tCPO3G-5Aihke2mToBCcEFY1zPt0xQtS7U3xjm0ZRVlpzcFfwptBgfa79WG100wJhH-KuXs5IYwm7KcDK0Uv1PQ/w640-h357/GOIANIA%20GERAL%20-%20atual.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Goiânia de hoje: somos 1.500 mil habitantes. </td></tr></tbody></table></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: center;"><b><i><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></i></b></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: center;"><b><i><span style="font-family: georgia; font-size: large;">* * *<o:p></o:p></span></i></b></p>
<p class="MsoNormal"><b><i><span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: georgia;">Luiz de Aquino é jornalista e escritor,
membro da UBE de Goiás e da Academia Goiana de Letras. <br /></span></span></i></b><i style="font-family: georgia;">Especial para o jornal </i><span style="font-family: georgia;">O Hoje</span><i style="font-family: georgia;">.</i></p>Luiz de Aquinohttp://www.blogger.com/profile/05587861821540755577noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-29538497.post-78980701691352187892023-09-27T14:07:00.000-03:002023-09-27T14:07:06.008-03:00As águas e a Região Metropolitana de Goiânia<p><span style="font-family: georgia;"> </span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 17.12px;"><span style="font-family: georgia;"><span style="font-size: medium;"></span></span></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: georgia;"><span style="font-size: medium;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAR4lg0sA848R_3Pt9qS2dPomZ7FIF1foZT4D6z0ll7N0vC95X87_6aw9iejwEBD-sY_wkpFn7gjnyElPpCT5S057qbZIr13f0npJsE30VHFYFccMKJeuoEbrTfFVbX29nwZr5m-_17fGqym0wAU4OlEBm3Dh9CIByjX_4oN8gGkLVwZFh5A6ASQ/s1038/Ademir%20Hamu.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1038" data-original-width="821" height="165" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAR4lg0sA848R_3Pt9qS2dPomZ7FIF1foZT4D6z0ll7N0vC95X87_6aw9iejwEBD-sY_wkpFn7gjnyElPpCT5S057qbZIr13f0npJsE30VHFYFccMKJeuoEbrTfFVbX29nwZr5m-_17fGqym0wAU4OlEBm3Dh9CIByjX_4oN8gGkLVwZFh5A6ASQ/w130-h165/Ademir%20Hamu.jpg" width="130" /></a></span></span></div><span style="font-family: georgia;"><span style="font-size: medium;"><br /><br /></span></span><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 17.12px;"><span style="font-family: georgia;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 17.12px;"><span style="font-family: georgia;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">O confrade Ademir Hamu postou, no grupo da Academia Goiana de Letras, o seguinte texto:</span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><p class="MsoNormal" style="text-align: left;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 19.9733px;"><o:p><span style="font-family: georgia;"> </span></o:p></span></p></div><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWnNS2og80clheYZlggsD7Ew95mMaZ-y1UjwiqoHhM5f5llPJBKxhYpsShGykGwupEDsDEF-x9T2R7g_-r-sfI_3vq61T87oX5eVjEw_Kznh5k1TdvjHGAq2GNI8Twbgdw7DPie9AcV2flH_6WXziCqbBAIWp5dJEvfzW04VulkuMEIDN8IrzQoQ/s276/Goi%C3%A2nia%20vegeta%C3%A7%C3%A3o.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="183" data-original-width="276" height="265" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWnNS2og80clheYZlggsD7Ew95mMaZ-y1UjwiqoHhM5f5llPJBKxhYpsShGykGwupEDsDEF-x9T2R7g_-r-sfI_3vq61T87oX5eVjEw_Kznh5k1TdvjHGAq2GNI8Twbgdw7DPie9AcV2flH_6WXziCqbBAIWp5dJEvfzW04VulkuMEIDN8IrzQoQ/w400-h265/Goi%C3%A2nia%20vegeta%C3%A7%C3%A3o.jpg" width="400" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O cerrado em Goiânia, já em deterioração pela ação humana.</td></tr></tbody></table><br /><span style="font-family: georgia;"><br /></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><b><span style="font-size: 14pt; line-height: 107%;"><o:p><span style="font-family: georgia;"> </span></o:p></span></b><b style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia; font-size: x-large;">Região
Metropolitana de Goiânia:</span></b></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: center;"><b><span style="font-family: georgia;"><span style="font-size: x-large;">só
restam 18,66% de Cerrado.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></span></b></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14pt; line-height: 107%;"><o:p><span style="font-family: georgia;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><i><span style="font-family: georgia; font-size: large;">O Censo demográfico de 2022, realizado
pelo IBGE, aponta que a área urbana da Grande Goiânia (dez municípios), foi a
de maior crescimento populacional, entre os anos de 2010 e 2022, em todo o
território nacional. <o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><i><span style="font-family: georgia; font-size: large;">A Região Metropolitana de Goiânia (RMG) é
banhada pelas bacias hidrográficas dos Rio dos Bois, Corumbá e Meia Ponte, que
integram a grande bacia do Rio Paraná.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><i><span style="font-family: georgia; font-size: large;">A bacia do Rio Meia Ponte se destaca, no
contexto da Grande Goiânia, em função de abarcar 65,49% do total da área da RMG
e por conter a maior parte do processo de captação de água para abastecimento
urbano da região. <o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><i><span style="font-family: georgia; font-size: large;">No ano de 2017, a bacia do Meia Ponte
integrou a lista das vinte regiões hidrográficas brasileiras com maior
quantidade de área irrigada, com 179 pivôs centrais em uma área de 10.035
hectares. <o:p></o:p></span></i></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlthoWSqb58tClPTYnoCcFTxMc4mwiNm1MrlYZMqzr49WiUUsNVY-IIt833NysiO3yoZ0t0MR0fInCPqXCrxrK7y7fwkqOOV9R8HNYKg_9OVnPHQ-sdUML7dD8L_e_jkhhWP9ZM2RewOb3aw5a34Ge7mKKiYSOUuwtzVvdPv8qTdCz3TdubE_uXQ/s284/Est.%20Cora%20Coralina.jpg" imageanchor="1" style="font-family: georgia; font-style: italic; font-weight: 700; margin-left: auto; margin-right: auto; text-indent: 0px;"><img border="0" data-original-height="178" data-original-width="284" height="251" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlthoWSqb58tClPTYnoCcFTxMc4mwiNm1MrlYZMqzr49WiUUsNVY-IIt833NysiO3yoZ0t0MR0fInCPqXCrxrK7y7fwkqOOV9R8HNYKg_9OVnPHQ-sdUML7dD8L_e_jkhhWP9ZM2RewOb3aw5a34Ge7mKKiYSOUuwtzVvdPv8qTdCz3TdubE_uXQ/w400-h251/Est.%20Cora%20Coralina.jpg" width="400" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Estação Cora Coralina, de captação, em época <i>das águas...</i></td></tr></tbody></table>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><i><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Segundo a Agência Nacional de Águas (ANA),
a irrigação representou 49,8% do total de consumo de água no país, seguida pelo
consumo humano (24,3%) e atividade industrial (9,7%). <o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><i><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Nos municípios que compõem a RMG,
predomina a agropecuária como atividade de maior ocupação de terras (72 38%), a
exceção de Goiânia e Aparecida de Goiânia, que tem, majoritariamente, suas
terras ocupadas com manchas urbanas. <o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><i><span style="font-family: georgia; font-size: large;">O município de Abadia de Goiás, entre 1985
e 2020, quintuplicou sua área urbana, passando de 95 hectares para 592
hectares.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><i><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Aparecida de Goiânia, no mesmo período,
duplicou sua área urbana (de 6.501 para 13. 923 hectares). A totalidade de
áreas urbanizadas é de 9% na RMG, tendo as Paisagens Naturais ocupando apenas
18,66% da área total. <o:p></o:p></span></i></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXRAGYLORYSrWmCdiOoLq4V11nFbRrX-AvEKsSxLsDrmDOVwIdbbZDIq8WD9J2RqZjEMEjv_KnhsaTr14Y1MKoH_ol8x7m_5yOoNM1TDEiHDg9Wp150poH83BlggJ1c5xdX9a2cSuB_X8sUxsMzuvYVRq1HrQz_GWN2n9Bs7u-e9N5SDmx4NA-RQ/s259/Est.%20Cora%20Coralina%201.jpg" imageanchor="1" style="font-family: georgia; font-style: italic; font-weight: 700; margin-left: auto; margin-right: auto; text-indent: 0px;"><img border="0" data-original-height="194" data-original-width="259" height="207" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXRAGYLORYSrWmCdiOoLq4V11nFbRrX-AvEKsSxLsDrmDOVwIdbbZDIq8WD9J2RqZjEMEjv_KnhsaTr14Y1MKoH_ol8x7m_5yOoNM1TDEiHDg9Wp150poH83BlggJ1c5xdX9a2cSuB_X8sUxsMzuvYVRq1HrQz_GWN2n9Bs7u-e9N5SDmx4NA-RQ/w275-h207/Est.%20Cora%20Coralina%201.jpg" width="275" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">... e a mesma estação, quando da estiagem.</td></tr></tbody></table>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><i><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Observando o Valor Agregado por Preços
Básicos (VAB), conclui-se que o setor de serviços e a administração pública são
os mais importantes componentes da estrutura do PIB dos municípios que compõem
a RMG. <o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><i><span style="font-family: georgia; font-size: large;">A agropecuária, resultante da retirada da
vegetação nativa do Cerrado, apesar de ocupar a maior parte da área (72,38%),
tem baixo valor agregado e elevadíssimos custos sociais e ambientais. <o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><i><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Repensar o uso do solo na Região
Metropolitana de Goiânia, é uma necessidade imperiosa. <o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto;"><span style="font-family: georgia;">Texto: Águas do
Cerrado (GWATÁ- UEG) <br />
Fonte: BARBOSA. O.M; SOUZA, J.C; MARTINS. P.T.A. Análises Ambientais do
Cerrado. Anápolis, editora Universidade Estadual de Goiás. 2023. <span style="font-size: large;"><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: center;"><span style="font-family: georgia;"><b><i><span style="font-size: x-large;">*
* *</span></i></b><span style="font-size: large;"><o:p></o:p></span></span></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: center;"><span style="font-family: georgia;"><b><i></i></b></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: georgia;"><b><i><br /></i></b></span></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNZzHDsvvlotRxQWtYNgUyayQHxgJa3eFD3_3JMwv3oCuvdHxmj2LnK4NybQqI4AOCc6aUqk3OfPCwgMzj_ievDeqcXX218y2m4knuwGjwjNocA9RM0ND2kFZtUETTPSjwRD0GucPVS3jf1wYpzra36D3O7U3RJwgFozKA-UoKrjC1FX-sqbPToA/s600/Goi%C3%A2nia%20vegeta%C3%A7%C3%A3o%201.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="400" data-original-width="600" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNZzHDsvvlotRxQWtYNgUyayQHxgJa3eFD3_3JMwv3oCuvdHxmj2LnK4NybQqI4AOCc6aUqk3OfPCwgMzj_ievDeqcXX218y2m4knuwGjwjNocA9RM0ND2kFZtUETTPSjwRD0GucPVS3jf1wYpzra36D3O7U3RJwgFozKA-UoKrjC1FX-sqbPToA/w400-h266/Goi%C3%A2nia%20vegeta%C3%A7%C3%A3o%201.jpg" width="400" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Para soja ou cana, essa solitária árvore também desaparecerá.</td></tr></tbody></table><span style="font-family: georgia;"><b><i><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div></i></b></span><p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Respondi assim: <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">A cada novo censo, as revelações são
bombásticas! A massa (a que chamamos de opinião pública) é iludida pela
inconsequência da mídia que noticia sem provocar o senso crítico - e a opinião
pública festeja a explosão demográfica, os números do PIB (Produto Interno Bruto),
a expansão das áreas urbanas, os arranha-céus, a impermeabilização do solo, o
desaparecimento do cerrado (que a arrasadora maioria entende ser uma
"paisagem feia") e festeja o sorriso artificial do governante que
comemora "o fim da violência" (hem?), as mudanças dos nomes das
unidades de saúde (sem acrescentar melhorias às já existentes), regozija-se com
os números da Educação (percentuais fictícios com base em resultados de
vestibulares) sem considerar a qualidade que resulta em elevação vergonhosa da
faixa que se inclui, dentre os diplomados, como "analfabetos
funcionais" (isso começa com o não conhecimento do uso da pontuação,
somado às falhas na aplicação de regência, concordância e flexão de verbos). <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Em suma: não basta trocarmos os
governantes; isso só se conserta se trocarmos a população - fenômeno possível
de se aplicar, mas depende exclusivamente do aprimoramento no ensino da língua
e disciplinas acessórias (filosofia e sociologia, sobretudo), de modo a
dispormos de um senso crítico que estimule o povo a raciocinar alguns degraus
acima das cores das camisas dos times de futebol e também acima de dogmas
ideológicos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Infelizmente, nossa gente ainda tem medo
de comunismo e </span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">– </span><span style="font-family: georgia; font-size: large;">pasmem! </span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 14pt; text-align: left;">–</span><span style="font-family: georgia; font-size: x-large; text-indent: 35.45pt;"> de ateísmo; se bem observarem encontrarão os
melhores exemplos de comportamentos cristão entre os que se dizem ateus, e não
entre os que se <i>carimbam </i>de cristãos e evocam critérios do Gênesis,
do Êxodo e outras antiquarias quase que desnecessárias.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">E para o futuro em seu todo: as ações
governamentais escolhem não ouvir a ciência. Estamos matando nossos rios. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: center;"><span style="font-family: georgia;"><span style="font-size: x-large;"><b><i>*
* *</i></b></span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></span></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: center;"><span style="font-family: georgia;"><span style="font-size: x-large;"><b><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEheFhgeEq8jCOHyu5mmbgaeq0rJxMVfYwXdPZMS1Q5fPEO2yUyty9793PD0yQHr_ZR5zJAm7BkWGn7wL2IbDSoV_UQagfiHPONyHeb0yCIAAknGBadnTF0wz-kO-5qGfC_Hcs5iqKvDeAq4GNYEeI5-N4hjn7HUMdDZlMcDe97o4Hn8UALrejRCpg/s1280/2023%2007%2024.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1280" data-original-width="720" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEheFhgeEq8jCOHyu5mmbgaeq0rJxMVfYwXdPZMS1Q5fPEO2yUyty9793PD0yQHr_ZR5zJAm7BkWGn7wL2IbDSoV_UQagfiHPONyHeb0yCIAAknGBadnTF0wz-kO-5qGfC_Hcs5iqKvDeAq4GNYEeI5-N4hjn7HUMdDZlMcDe97o4Hn8UALrejRCpg/s320/2023%2007%2024.jpg" width="180" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><i style="font-family: "Times New Roman"; text-align: left;"><span style="font-family: georgia;"><span style="font-size: x-small;">Luiz de Aquino, membro da<br />União Brasileira de Escritores<br />de Goiás e da Academia<br />Goiana de Letras.</span></span></i></td></tr></tbody></table></b></span></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto;"><br /></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><i><span style="font-size: 12pt;"><o:p><span style="font-family: georgia;"> </span></o:p></span></i></p>Luiz de Aquinohttp://www.blogger.com/profile/05587861821540755577noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29538497.post-59429386621315917432023-09-27T10:55:00.001-03:002023-09-27T10:56:11.253-03:00Goiás Vila Boa, Patrimônio da Humanidade<div style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgV9pNgxk6rvxtIoTng4h2PJ5cArAimLg-qHCMpjFEjcy49fpXYhFzd7CrMfzbnKH0uc2lHhyphenhyphenGzxfjLcxhxJSaeI-1JnKtRnASGwLl7QIxZcGuKoIsSqmYyP0m9u9p43o65jx3H1msEbVoZ8D4DqMYXmwPducKMId6OhL7SZFYNM67QYFaCICEFw/s500/Cruz%20do%20Anhanguera.jpg" style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: x-large; margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-indent: 47.2667px;"><img border="0" data-original-height="333" data-original-width="500" height="338" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgV9pNgxk6rvxtIoTng4h2PJ5cArAimLg-qHCMpjFEjcy49fpXYhFzd7CrMfzbnKH0uc2lHhyphenhyphenGzxfjLcxhxJSaeI-1JnKtRnASGwLl7QIxZcGuKoIsSqmYyP0m9u9p43o65jx3H1msEbVoZ8D4DqMYXmwPducKMId6OhL7SZFYNM67QYFaCICEFw/w508-h338/Cruz%20do%20Anhanguera.jpg" width="508" /></a></div><br /><p style="text-align: center;"><b><span style="font-family: georgia; font-size: x-large;">Como conviver com
o título de</span></b></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: center;"><b><span style="font-family: georgia; font-size: x-large;">Patrimônio da
Humanidade? </span><span style="font-family: Times New Roman, serif; font-size: x-large;"><o:p></o:p></span></b></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: center;"><b><span style="font-family: georgia; font-size: x-large;"><br /></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-size: large;">Ao
longo de 56 anos de jornalismo, convivi com fatos antagônicos que <i>rendiam </i>algumas edições dos jornais, com as inevitáveis
manifestações da chamada <i>opinião pública</i>. O bom senso profissional
sempre nos recomendava o acompanhamento racional dos fatos, num trabalho
exaustivo de remover o joio que comprometia o trigo. É que, em jornalismo,
existem também os profissionais que amam fomentar polêmicas </span></span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 14pt; line-height: 107%; text-indent: 35.45pt;">– </span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-size: large;">e até mesmo
inventar fatos para adubá-las ou fermentá-las. </span></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;"><br /></span></span></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgt5slPAXLRTVm3_d_uj3GfEWVaOILI1RJ0ShJfHem93Hq7dL9SC8p5W5zyCUVe0VoZp-ipNolhUievKS5GGMIpB0OfTbOGbtBCcYRTjWguuoxh6DfOG6hUKV33No-tPxFGK4-wdradp2eyNjnzoCG52uKZmpSJHJodU_Fcr0YLlSK6sGqNFFrVyQ/s276/6.jpg" style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: x-large; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="183" data-original-width="276" height="212" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgt5slPAXLRTVm3_d_uj3GfEWVaOILI1RJ0ShJfHem93Hq7dL9SC8p5W5zyCUVe0VoZp-ipNolhUievKS5GGMIpB0OfTbOGbtBCcYRTjWguuoxh6DfOG6hUKV33No-tPxFGK4-wdradp2eyNjnzoCG52uKZmpSJHJodU_Fcr0YLlSK6sGqNFFrVyQ/w320-h212/6.jpg" width="320" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"></td></tr></tbody></table>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;"><br /></span></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Esse
movimento sobre o risco de a Cidade de Goiás perder o título de Patrimônio da
Humanidade cutuca uma preocupação de todos nós, goianos (tanto os de nascimento
quanto os de escolha). <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Não
é a primeira vez que grupos tradicionalistas da Cidade de Goiás manifestam esse
receio </span></span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">– </span><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">e entendo respeitável tal preocupação. Porém, é sempre indispensável
fuçarmos um pouco nas ações, nas conversas e nas intenções de tais pessoas,
haja vista a motivação pessoal ou de grupo </span></span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">– </span><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">de cunho material ou patrimonial </span></span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">–</span><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">que descamba para os ciúmes mais que ideológicos, os ciúmes das tradicionais
oligarquias. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Vejo
agora, nesta manhã de 22 de setembro (2023), matéria do Jornal Opção
(https://www.jornalopcao.com.br/goias/iphan-reafirma-que-cidade-de-goias-pode-perder-titulo-de-patrimonio-cultural-532553/)
em que se consultaram pessoas selecionadas para questionar a tal legislação
emergencial da Prefeitura de Goiás que visa a enfrentar e regularizar
condomínios já existentes e já funcionais. O título outorgado pela Unesco custou
muito trabalho, lutas, esforços pessoais com inegáveis sacrifícios (impossível
não recordar Brasilete Caiado), o que nos convence de que ninguém quer o
cancelamento do título. <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;"><br /></span></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHgbmBCh5ujRVyvI9Q8wk27akRGnamLC5VRhTSdSwHIXen1mRJvkFAkZLP-muqzx2B-S4bOH6WWZNl9RzPJ2oh_I_ceug1zLeiMNMmFA5OnPiFfjxoVgMtjpX8ckK-B4H5q3uujlAfg-atQyr4_6ipvJyH3bfpGBeY0f3m57XN7Qj38TYYZ55fMw/s281/7.jpg" style="font-size: x-large; margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-indent: 0px;"><img border="0" data-original-height="179" data-original-width="281" height="255" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHgbmBCh5ujRVyvI9Q8wk27akRGnamLC5VRhTSdSwHIXen1mRJvkFAkZLP-muqzx2B-S4bOH6WWZNl9RzPJ2oh_I_ceug1zLeiMNMmFA5OnPiFfjxoVgMtjpX8ckK-B4H5q3uujlAfg-atQyr4_6ipvJyH3bfpGBeY0f3m57XN7Qj38TYYZ55fMw/w400-h255/7.jpg" width="400" /></a></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;"><br /></span></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Em
meio à grita que se avolumou, encontro um texto do arquiteto e urbanista
Walfredo Oliveira: <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-left: 70.8pt; text-align: justify; text-indent: 0.05pt;"><span style="font-size: large;"><i><span style="font-family: "Times New Roman", serif;">"Devagar
com esse andor. Existem inúmeros casos de cidades históricas ao redor do mundo,
cuja expansão se houve de modo mais contemporâneo ou atual. Marrakech, com a
parte histórica ora destruída, é um destes casos. Como os proprietários de
imóveis na parte tradicional da cidade são em menor número, talvez possa ser
produtivo planejar uma expansão para abrigar pessoas até com interesse nas
atividades turísticas, que não consigam habitar o centro histórico. A posição
logística do Município, espécie de portal do fértil vale do Araguaia, também
região de extensas pastagens, pode motivar o assentamento de moradores, digamos
assim, mais modernos. O meio do caminho parece razoável: basta criar taxas mais
altas para a expansão e/ou instituir um sistema de subsídios cruzados, em que
um sobrepreço dos novos imóveis, pudesse subsidiar a reforma e manutenção da
parte tradicional. Me desculpem, mas parece inconveniente ou impossível tratar
um centro urbano, mesmo que tombado, como uma espécie de museu".</span></i><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"> <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-left: 70.8pt; text-align: justify; text-indent: 0.05pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><o:p><span style="font-size: large;"> </span></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Estranhei
o fato de o Jornal Opção não ter ouvido opiniões contrárias a esse movimento –
ou elas não existem? Parece que se preferiu escolher pessoas afinadas com o
pensamento dos conservadores vila-boenses, certamente viventes ou proprietários
no centro histórico. Acredito nos argumentos de Walfredo Oliveira. Afinal,
nenhuma cidade Patrimônio da Humanidade deve ser <i>congelada</i>, vetando
assim seu crescimento e, inevitavelmente, as ações da gestão municipal com
vistas a harmonizar as relações dos antigos moradores com as novas paisagens
urbanas dos adventícios, bem como do fluxo turístico inevitável, posto que
milhões de brasileiros querem conhecer "a terra de Cora Coralina" e
saber de um Patrimônio da Humanidade que expressa a história
social, política e artística do Centro-Oeste brasileiro. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: right; text-indent: 35.45pt;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif;">Noutra
matéria, de 21 de setembro, o JO noticia que o prefeito Aderson Gouveia (</span><a href="https://www.jornalopcao.com.br/goias/prefeito-suspende-lei-que-beneficia-condominios-ilegais-na-cidade-de-goias-ambientalistas-seguem-pedindo-revogacao-532477/"><span style="font-family: "Times New Roman", serif;">https://www.jornalopcao.com.br/goias/prefeito-suspende-lei-que-beneficia-condominios-ilegais-na-cidade-de-goias-ambientalistas-seguem-pedindo-revogacao-532477/</span></a><span style="font-family: "Times New Roman", serif;">) suspendeu os
procedimentos da Lei Complementar n° 7, para novos estudos e discussões acerca
do tema, numa demonstração de boa vontade. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Aguardemos. </span></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;"><br /></span></span></p><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiet97rmEWil1a6KetsiYImhl6CPOGej-MK7kMc6SQk_UAJ-sYm9GBDXop2rrwAo6bFhxn9u31cJP1gGE3YRuJmjaoMk-CCHO1JfYsx4OTvta453Md_bqzba-hQoCmbGZMktyeBoQHxOvoMhtzl_N3RYYcdv3jVGudIEPpUdRjMkiKSeAswA-Vm8w/s443/2012%2011%2009%20L.deA..jpg" style="clear: right; font-size: x-large; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: right;"><img border="0" data-original-height="443" data-original-width="389" height="262" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiet97rmEWil1a6KetsiYImhl6CPOGej-MK7kMc6SQk_UAJ-sYm9GBDXop2rrwAo6bFhxn9u31cJP1gGE3YRuJmjaoMk-CCHO1JfYsx4OTvta453Md_bqzba-hQoCmbGZMktyeBoQHxOvoMhtzl_N3RYYcdv3jVGudIEPpUdRjMkiKSeAswA-Vm8w/w230-h262/2012%2011%2009%20L.deA..jpg" width="230" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: x-small;"><i style="text-align: right;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><b>Luiz de Aquino é membro da União </b></span></i><i style="font-weight: bold; text-align: right;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif;">Brasileira <br />de Escritores de Goiás e </span></i><i style="font-family: "Times New Roman", serif; font-weight: bold; text-align: right;">da Academia <br />Goiana de Letras.</i></span></td></tr></tbody></table><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: x-large; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"></span></p><div style="text-align: right;"><span style="text-indent: 35.45pt;"> </span></div><p></p><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal;"></p><div style="text-align: right;"><i><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><b><br /></b></span></i></div><div style="text-align: right;"><i><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><b><br /></b></span></i></div><div style="text-align: right;"><i><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><b><br /></b></span></i></div><div style="text-align: right;"><i><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><b><br /></b></span></i></div><div style="text-align: right;"><i><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><b><br /></b></span></i></div><div style="text-align: right;"><i><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><b><br /></b></span></i></div><div style="text-align: right;"><i><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><b><br /></b></span></i></div><div style="text-align: right;"><i><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><b><br /></b></span></i></div><div style="text-align: right;"><br /></div><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal;"><i><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt;"><br /></span></i></p>Luiz de Aquinohttp://www.blogger.com/profile/05587861821540755577noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-29538497.post-3559533991542430422023-08-11T16:41:00.003-03:002023-08-11T16:41:59.829-03:00LEODEGÁRIA, Doutora Honoris Causa<p style="text-align: center;"> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdBiTRfmzcSP_4kLRYYhNiT43Ivfku3WCkS3AAEEmzV4RAyeofvNiJ4Sxe_dQoL9T8bIPOHMDWZGq70KuJRUNIp6v060ag8L0fH7mcELxGmJdwbENEpq1SmiXKKpAmX4_mfDvQ40EZkKPRlxhxWLtrBvbVFILJxoJk4PhBuBFyzXbRsFlCAab9Vw/s1280/4b15a942-6225-4381-8516-4fc322a4addb.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdBiTRfmzcSP_4kLRYYhNiT43Ivfku3WCkS3AAEEmzV4RAyeofvNiJ4Sxe_dQoL9T8bIPOHMDWZGq70KuJRUNIp6v060ag8L0fH7mcELxGmJdwbENEpq1SmiXKKpAmX4_mfDvQ40EZkKPRlxhxWLtrBvbVFILJxoJk4PhBuBFyzXbRsFlCAab9Vw/w640-h360/4b15a942-6225-4381-8516-4fc322a4addb.jpg" width="640" /></a><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b style="font-family: georgia;"><span style="line-height: 107%;"><span style="font-size: x-large;">LEODEGÁRIA DE JESUS,</span></span></b></div><p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;"><b><span style="line-height: 107%;"><br /><span style="font-size: x-large;">Doutora
</span><i><span style="font-size: x-large;">Honoris Causa</span><span style="font-size: large;"><o:p></o:p></span></i></span></b></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="line-height: 107%;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></span></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkULp4M7Gznjwz5Z9yzMg4Jx8YgsNbkrRYMpg-z0E1RYbzokSxI08TQW92Qn0umQAsV39ZCxWmlr8SWiG2JzgTIPm_2uYI-y2hJJBpUKpgeXlCviyOqGP-HxAxT7kRsqinFvt2fa6w-YLIxDLd7Qt0bQ08V1DieSBsCfgJ4tQw4EmwC87_wNao-Q/s743/b22ceed1-abaa-45bc-a5a8-b6e2f54ce6be.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="514" data-original-width="743" height="276" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkULp4M7Gznjwz5Z9yzMg4Jx8YgsNbkrRYMpg-z0E1RYbzokSxI08TQW92Qn0umQAsV39ZCxWmlr8SWiG2JzgTIPm_2uYI-y2hJJBpUKpgeXlCviyOqGP-HxAxT7kRsqinFvt2fa6w-YLIxDLd7Qt0bQ08V1DieSBsCfgJ4tQw4EmwC87_wNao-Q/w400-h276/b22ceed1-abaa-45bc-a5a8-b6e2f54ce6be.jpg" width="400" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><i>Ad perpetuam rei memoriam<br /><br /></i></td></tr></tbody></table><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Forte calor no fim
da tarde, ainda que inverno, na Cidade de Goiás, a 16° de latitude Sul. Com
toque de bom humor, num mês de julho, anos atrás, o professor e poeta Nasr
Chaul comentou: "Em Goiás, temos apenas duas estações, o Verão e a
rodoviária". Neste 8 de agosto de 2023, a cidade festeja o134° aniversário
de nascimento de Leodegária Brasilina de Jesus (a grafia, no final do Séc. XIX,
era "Brazilina"). <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Os termômetros
marcavam mais de 30°C, mas a alegria era maior que tal incômodo: afinal, ali já
estavam a Magnífica Reitora da Universidade Federal de Goiás, professora
Angelita Pereira de Lima, com uma pequena e expressiva comitiva, para cumprir
um ato definido pelo Conselho Universitário, que era a Outorga do grau de
Doutora <i>Honoris Causa </i>a Leodegária Brasilina de Jesus: professora,
jornalista e sobretudo poetisa (a seu tempo – limitado a 1889, ano de seu
nascimento, e 1979, o de seu desenlace da matéria – as mulheres poetas ainda
não haviam se decidido pelo uso de <i>poeta </i>também para o gênero feminino).
<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><span style="background: rgb(246, 246, 246); color: #333333;">Leodegária, como sabemos, nasceu na Vila de Caldas Novas
(1879), mas não tinha lembranças de sua terra natal, de onde saiu com poucos
meses de vida; os primeiros anos e as primeiras letras têm por cenário a
pequenina (então) Jataí; e de lá a família se muda para Rio Verde. Seu pai, o
professor José Antônio, foi eleito deputado e, por isso, muda-se a família para
a cidade de Goiás. </span><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><span style="background: rgb(246, 246, 246); color: #333333;"><br /></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><span style="background: rgb(246, 246, 246); color: #333333;">A Unidade Acadêmica Especial de Ciências Sociais Aplicadas
(UAECSA) e a Unidade Acadêmica Especial de Ciências Humanas (UAECH), ambas do
Câmpus Goiás da UFG, formularam a proposta que logo ganhou a adesão da
Faculdade de Direito do Câmpus Colemar Natal e Silva da UFG, em Goiânia. O
diretor da Faculdade de Direito, prof. José Querino Tavares Neto, lembrou que,
ao concluir o Curso Normal no Colégio Sant’Ana (em cujo auditório realizava-se
a solenidade de Outorga), foi impedida de ingressar na então novel Faculdade de
Direito, o mais antigo embrião da UFG. O ato, então, no entendimento do
diretor, buscava corrigir a lamentável decisão impeditiva da possibilidade de as
mulheres cursarem faculdades; não fosse isso, Leodegária teria sido a primeira
mulher a ostentar o grau de advogada em Goiás.</span><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><span style="background: rgb(246, 246, 246); color: #333333;"><br /></span></span></p><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYSbVTu9GP2Fjs6qOkCOJTy-Z1kyhc6sSgsT_4PU234Sn2_YropYr50UlbxKQeOw8DfkVD3DRziG9BS7Qx4TauuTxSq1k3wjv-vrMgHQ5DPGdhU40OcP3rH8IUwxJyBkzRPZz7GDx6Kko3prtpyuHY3bIvhWBIrZvoqutoLNEasAV7jsArkyumxw/s6016/UFG_2583.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center; text-indent: 0px;"><img border="0" data-original-height="4016" data-original-width="6016" height="140" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYSbVTu9GP2Fjs6qOkCOJTy-Z1kyhc6sSgsT_4PU234Sn2_YropYr50UlbxKQeOw8DfkVD3DRziG9BS7Qx4TauuTxSq1k3wjv-vrMgHQ5DPGdhU40OcP3rH8IUwxJyBkzRPZz7GDx6Kko3prtpyuHY3bIvhWBIrZvoqutoLNEasAV7jsArkyumxw/w209-h140/UFG_2583.jpg" width="209" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: x-small;">Profa. Luciana Dias</span></td></tr></tbody></table>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Em seu discurso, a
<span style="background: #F6F6F6; color: #333333;">secretária de inclusão da UFG,
profa. Luciana Dias, fez uma síntese clara e explicativa da biografia de
Leodegária, que viveu os anos finais da infância e toda a adolescência na então
capital de Goiás. Destacou o clima adverso à sua família, de pessoas negras,
fato agravado pelo posicionamento político independente de seu pai, vítima de uma
doença que lhe dificultava os movimentos, ao mesmo tempo em que perdia a visão.
<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><span style="background: #F6F6F6; color: #333333;"><br /></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="background: rgb(246, 246, 246); color: #333333;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">A família muda-se para Catalão e depois Araguari, buscando
recursos para o tratamento do pai. Com a morte do professor José Antônio,
muda-se novamente a família para Uberlândia. Leodegária viveu seus últimos anos
em Belo Horizonte, onde faleceu em 1979, mas Luciana Dias enfatiza, como fecho:
“Leodegária presente!” – evocando coro e palmas. <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="background: rgb(246, 246, 246); color: #333333;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></span></p>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhH4DdzIHAvfDZH2bX5ZXE_xfcC2ebQj1rQR3QgbPq-WI-xmHekTgLfQKtKnGxkZFitDFN8m56qQdtOcO7iILQSdRN_1BYYHlImd4Ehm3VfAeQjsAuTYYHywBG-4WQB4CX62mDCanVTZ8Gr2eIiGufPin7HMJdFDRgwt26zo3pztJAulL7vfcH6ZA/s1280/cd78bad0-939e-49ee-abd4-1b67c04d0bf2.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="1280" data-original-width="960" height="192" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhH4DdzIHAvfDZH2bX5ZXE_xfcC2ebQj1rQR3QgbPq-WI-xmHekTgLfQKtKnGxkZFitDFN8m56qQdtOcO7iILQSdRN_1BYYHlImd4Ehm3VfAeQjsAuTYYHywBG-4WQB4CX62mDCanVTZ8Gr2eIiGufPin7HMJdFDRgwt26zo3pztJAulL7vfcH6ZA/w144-h192/cd78bad0-939e-49ee-abd4-1b67c04d0bf2.jpg" width="144" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: x-small;">Angelita Pereira de Lima, <br />Reitora da UFG.</span></td></tr></tbody></table><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">A Reitora, profa. <span style="background: #F6F6F6; color: #333333;">Angelita Pereira de Lima, explicou que
a concessão do título <em>in memoriam</em> “é um pedido de desculpas a todas as
mulheres que foram afetadas pela negativa ao ingresso de Leodegária na
Faculdade de Direito”. Mais adiante, disse: “Infelizmente, o tempo não nos permite
reparar o que foi negado a ela, mas é uma reparação histórica para as mulheres
negras, para a população negra brasileira”.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><span style="background: #F6F6F6; color: #333333;"><br /></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="background: rgb(246, 246, 246); color: #333333;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Em toda a sua história (63 anos), a UFG outorgou apenas 25
títulos de Doutor <i>Honoris Causa</i>, sendo 21 para homens e quatro para
mulheres. O de Leodegária é o primeiro na condição <i>post mortem</i> e também
o primeiro para uma mulher negra. <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="background: rgb(246, 246, 246); color: #333333;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><span style="background: rgb(246, 246, 246); color: #333333;">Na plateia, ao lado de algumas M<i>ulheres Coralinas</i>,
como a profa. Ebe e minha comadre Beth Moiana, vivi instantes fortes, capazes
de me trazer lágrimas e causar arrepios. A pequenez dos preconceitos não
permite a muitos “estudiosos” e “críticos” aceitar Leodegária, a mulher pioneira
na poesia em Goiás desde a sua estreia (1906) até que uma segunda poetisa
ousasse publicar poemas em livro (Regina Lacerda, em 1954). Esses críticos alegam
uma estilística fulcrada no romantismo, mas ocultam saber que, na virada do
Séc. XIX para o Séc. XX, o acesso a informações dos centros <i>maravilhosos</i>
do país, especialmente o Rio de Janeiro e a capital Paulistana, com o despertar
para o modernismo à luz da B<i>elle Époque</i></span> que agitava a vida naquelas
fulgurantes cidades.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqOuiG0n-mjcxtF83P5s6vO_WIWOkX4mkh8nS8BjdCUIFpFpU3Eeiy50OwQ77hKoaL-BxBJMbz4NoZLx77ZPtj352z2sdrUdwsRmETE9sLSiQ_SymR2icoI7ULHRqsJhnOdp94emOQVwZm2gK2oIdz1kwHrRzVpoNf4IuZnMERnOetbMUUeaVFUA/s2006/UFG_2558.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="1337" data-original-width="2006" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqOuiG0n-mjcxtF83P5s6vO_WIWOkX4mkh8nS8BjdCUIFpFpU3Eeiy50OwQ77hKoaL-BxBJMbz4NoZLx77ZPtj352z2sdrUdwsRmETE9sLSiQ_SymR2icoI7ULHRqsJhnOdp94emOQVwZm2gK2oIdz1kwHrRzVpoNf4IuZnMERnOetbMUUeaVFUA/s320/UFG_2558.jpg" width="320" /></a><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Houvesse atenção à
tentativa feminina pela igualdade de gêneros – como a luta pelo direito ao voto
– e, a esse mesmo tempo, o respeito aos brasileiros de herança genética
africana, Leodegária teria ao menos o reconhecimento daquela sociedade machista
e oligárquica para permitir-lhe acesso ao ensino superior. Mas o que lhe foi
negado em vida coroa-se agora numa solenidade em que, tanto na mesa diretora
quanto no público assistente, era notada a quase totalidade de mulheres. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">E mulheres negras,
também; senti que na vetusta Goiás estão as mais belas mulheres pretas deste
Estado.</span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: left; text-indent: 35.45pt;"><br /></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal;"><span style="font-family: georgia; font-size: x-large; text-align: center; text-indent: 47.2667px;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><b><i>* * * </i></b></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: center;"><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhygM5gp_kUnOXMJIjfPUEiZBHOO3VDO3xrDn8mh1mahpHX5UVdaOHozv0MnLfhd7QXfBITu1CYU3ogwVfgdP1YgL2s3oRDJmypaqJ1oqLPOo9uzTJ0DEhbqaf1eE1iEDS_VShqsHP9IUzQLkliIHm2xxB9UBrI3Yu0mHcDqdj8jTxa7eOpYRdjOg/s1280/2a93e98e-fcd2-477c-b466-4e4f341b5099.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1280" data-original-width="960" height="246" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhygM5gp_kUnOXMJIjfPUEiZBHOO3VDO3xrDn8mh1mahpHX5UVdaOHozv0MnLfhd7QXfBITu1CYU3ogwVfgdP1YgL2s3oRDJmypaqJ1oqLPOo9uzTJ0DEhbqaf1eE1iEDS_VShqsHP9IUzQLkliIHm2xxB9UBrI3Yu0mHcDqdj8jTxa7eOpYRdjOg/w184-h246/2a93e98e-fcd2-477c-b466-4e4f341b5099.jpg" width="184" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: x-small;">Ebe Lima, L.deA. e Beth Moiana.</span></td></tr></tbody></table></p><div style="text-align: right;"><i><span style="font-family: georgia;"><div style="text-align: right;"><i><span style="font-family: georgia;"><br /></span></i></div><div style="text-align: right;"><i><span style="font-family: georgia;"><br /></span></i></div><div style="text-align: right;"><i><span style="font-family: georgia;"><br /></span></i></div><div style="text-align: right;"><i><span style="font-family: georgia;"><br /></span></i></div><div style="text-align: right;"><i><span style="font-family: georgia;"><br /></span></i></div><div style="text-align: right;"><i><span style="font-family: georgia;"><br /></span></i></div><span style="font-size: medium;"><div style="text-align: left;"><i><span style="font-family: georgia;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></span></i></div><div style="text-align: left;"><i><span style="font-family: georgia;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></span></i></div><div style="text-align: left;"><i><span style="font-family: georgia;"><span style="font-size: medium;">Luiz de Aquino, escritor,</span></span></i></div></span></span></i></div><i><span style="font-size: medium;"><div style="text-align: left;"><i><span style="font-family: georgia;">membro da União Brasileira</span></i></div><span style="font-family: georgia;"><div style="text-align: left;"><i><span style="font-family: georgia;">de Escritores em Goiás</span></i></div><div style="text-align: left;"><i><span style="font-family: georgia;">e da Academia</span></i></div><div style="text-align: left;"><i><span style="font-family: georgia;">Goiana de Letras.</span></i></div></span></span></i><p></p>Luiz de Aquinohttp://www.blogger.com/profile/05587861821540755577noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-29538497.post-7678676758283098952023-08-01T12:01:00.002-03:002023-08-01T12:01:48.732-03:00Seis décadas em Goiânia<p style="text-align: center;"> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiL0gKHPJfPnSQmnRInJdtu65LvWxdKSH5dWkYL11faiU2BsdXkZZvA2KP5xE3UVtvYi7FJKVyfcnffETQXlWTbzoA1TlYjTGCrWRnn8AAvDTkb6xBgM4sGWfRsbC9Tey2mPrRvq_3Tbw5M7mMpb5FSAsu1Twd7KW4BfQ06a1lzlD50BO10y-h2pw/s1145/1965%20L.deA..jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1145" data-original-width="794" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiL0gKHPJfPnSQmnRInJdtu65LvWxdKSH5dWkYL11faiU2BsdXkZZvA2KP5xE3UVtvYi7FJKVyfcnffETQXlWTbzoA1TlYjTGCrWRnn8AAvDTkb6xBgM4sGWfRsbC9Tey2mPrRvq_3Tbw5M7mMpb5FSAsu1Twd7KW4BfQ06a1lzlD50BO10y-h2pw/w278-h400/1965%20L.deA..jpg" width="278" /></a></div><br /><p></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: center;"><b><span style="font-family: georgia; font-size: x-large;">Seis
décadas em Goiânia<o:p></o:p></span></b></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: right; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: x-large;"> </span><span style="font-family: georgia;"><i>Para Emílio Vieira</i></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: x-large;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Em
1963, justo no dia 31 de julho, deixei Caldas Novas, às 7 horas para, numa
viagem de cinco horas, fixar-me em Goiânia; a cidade era, para mim, uma
incógnita. Sete anos e meio antes, eu deixara Caldas Novas rumo ao Rio de Janeiro,
onde me preparei para o Exame de Admissão e pude, pois, cursar o ginasial
(segunda fase do Ensino Fundamental de hoje). <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Estava,
então, já matriculado no Liceu de Goiânia, oficialmente chamado de Colégio
Estadual de Goiânia – mas esse nome só aparecia nos papéis oficiais. As aulas,
obviamente, começariam no dia seguinte, o sempre referenciado primeiro de
agosto. Entrei no histórico prédio – afinal, já existia desde 1937, ou seja,
estava no 26° ano de funcionamento e Goiânia, naquele ano, festejava 30 anos de
sua Pedra Fundamental. Descobri, naquele mesmo primeiro de agosto, que eu
estava no segundo mais antigo colégio em funcionamento ininterrupto no Brasil,
considerando-se que o CEG (sigla oficial) era a continuidade do Liceu de Goiás,
criado em 1846 pelo então presidente da Província de Goiás, o Barão de Ramalho.
Aquela informação encheu-me de orgulho, especialmente por eu supor que seria,
sim, o único brasileiro a ter sido aluno dos dois mais antigos colégios do país
– dentre os que jamais fecharam suas portas.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Aquele
foi um dia de conhecer gente nova – moças lindas e (a maioria delas) muito
falantes; rapazes mais discretos, mas, tal como as garotas, olhavam-me com uma
curiosidade incômoda (para mim). Alguém antecipara a notícia de que chegaria um
novo colega, vindo do Colégio Pedro II. Em pouco tempo, revelei-me uma
decepção: eu não era sábio, não era carioca, era pobre, vestia-me mal aos
sábados – um dia de exibicionismo em que o uniforme era dispensado. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Devo
dizer que os adolescentes (dizíamos, então, meninas-moças e rapazinhos)
goianienses eram, em maioria, altamente burgueses; eu vinha de um colégio em
que não era raro de se ter o filho de um ministro ou de um banqueiro ao lado do
filho de um comerciário do longínquo interior de Goiás – eu – ou do filho de um
motorista de lotação – Paulo Fernando, o meu melhor amigo desde aqueles tempos.
<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Na
turma, recordo-me de alguns nomes: Liane, Maria Zélia, Carlota, Beatriz,
Lílian, Guaracy... E os marmanjos Mário Alberto, Emílio Vieira, Francisco
Taveira, Ciro Palmerston, Samuel, Tinoir, Elci... Professores queridos – alguns
excessivamente severos (ou severas), como Maria França e Ofélia Jaime de Pina.
Dona Ofélia, identificando-me em sua primeira aula, conclamou a turma a “dar
nossas boas vindas ao entrante”; e a partir daí, era com esse quase apelido que
as meninas se referiam a mim, mas os rapazes foram mais receptivos. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Justamente
naquele semestre, Ciro e Emílio anunciavam seus livros de poemas – ambos
estreantes – para muito breve; Ciro fez sua festa em dezembro e Emílio, pouco
tempo após, mas já em 1964. Os dois eram membros do Grupo de Escritores Novos
(GEN). Resumo: daqueles (calculo eu) trinta estudantes, quatro se fizeram
escritores: Emílio, Ciro, Elci e eu<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Consegui
emprego num escritório, o patrão era engenheiro e construía um prédio de
apartamentos na Rua 15, quase esquina com a Alameda do Botafogo. Exigia tempo
integral, por isso fiquei muito pouco tempo ali, não queria trocar de curso e
apenas um colégio na cidade oferecia o Clássico, no turno matutino. Então,
empreguei-me como cobrador da recém criada Pousada do Rio Quente; depois,
arranjei-me noutro – vendedor externo na Livraria Cultura Goiana, de Paulo
Araújo; andava muito, vendia pouco (melhor seria vender esporas de porta em
porta, pois esta era (e é) a capital de um Estado essencialmente agrícola). <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Mas
havia concursos. Fui aprovado no Ipasgo e no Banco do Estado de Goiás; fiquei
no BEG, pois teria jornada de seis horas, enquanto o outro tinha jornada de
oito horas. E esse foi, sem detalhes, o percurso de um ano e meio, no comecinho
de minha vida goianiense. E me tornei, de fato, um Cidadão Goianiense, com
diploma da Câmara Municipal, datado de 16 de setembro de 2010, um ano após o
título equivalente que conquistei, também sem o ter pleiteado, da Câmara de
Vereadores de Pirenópolis. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;"><span style="font-size: large;">O intervalo
entre 31 de julho de 1963 e hoje inclui toda uma formação, a vivência valiosa
como bancário, como professor (por poucos anos, pois os dedos em riste
elegeram-me para a <i>deduragem</i>: abandonei o magistério antes que me
complicassem com <i>as forças);</i> caí em “desvio de função” e me fiz
jornalista. Aposentei-me como bancário em outubro de 1995; continuei a jornada
de jornalista, de assessor de imprensa e, ainda, em funções similares no serviço
público até 31 de dezembro de 2018. Desde então, este feliz goianiense
restringe-se ao ofício de escriba, colhendo grandes alegrias.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></span></p><p style="text-align: justify;">
</p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: center;"><span style="font-size: 14pt;"><span style="font-family: georgia;"><br /></span></span></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: georgia; font-size: x-large;"><b><i>* * * </i></b></span></p><p><span style="font-family: georgia;"><br /></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjMbYC9tmO0ANHG9vo7IZfTs_gUJGrA0UmO-ST6suBEuif43GmBm9qd3pxdC_4jnCDHrRJbCqp9tkKO3fUZ4gY-_58ft6pW3L7udqEDci9NaQMgdzAbxVzRmulCsKKSO6AW-WnjOxPq0pjSKVXrjTTD_JTwTGLX4Uc4uqTAHm-aWT7eFqisEYvhsw" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-family: georgia;"><img alt="" data-original-height="1280" data-original-width="720" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjMbYC9tmO0ANHG9vo7IZfTs_gUJGrA0UmO-ST6suBEuif43GmBm9qd3pxdC_4jnCDHrRJbCqp9tkKO3fUZ4gY-_58ft6pW3L7udqEDci9NaQMgdzAbxVzRmulCsKKSO6AW-WnjOxPq0pjSKVXrjTTD_JTwTGLX4Uc4uqTAHm-aWT7eFqisEYvhsw=w113-h200" width="113" /></span></a><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia;"><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia;"><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia;"><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia;"><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia;"><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia;"><i>Luiz de Aquino é <br /></i></span><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia;"><i><span style="text-align: center;">membro da União <br />Brasileira <br /></span><span style="text-align: center;">de Escritores em <br />Goiás e </span><span style="text-align: center;">da Academia <br />Goiana de Letras.</span></i></span></div></div></div><br /><p></p>Luiz de Aquinohttp://www.blogger.com/profile/05587861821540755577noreply@blogger.com14tag:blogger.com,1999:blog-29538497.post-5595542877992797982023-07-31T16:31:00.004-03:002023-07-31T16:31:49.892-03:00Poesia, a arte hipnótica<p></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 14pt; line-height: 28px; text-align: right; text-indent: 48px;"> </span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjX_xQ7hmINhkxKj-q3kYajj_vScRQIHmBtmLk04vlwFFbxNJr6w7oWXwj4-KmrPg_iiRrWZEFC0wbxbLqsHKokGwLDalk-HzkSS_4lyqE_cMwqvMciSKOkvIVDMs5md07E5NkMGh9jaY4wk7VqaZ87_RyAkTHUEiYPI79dBxGqK-5cizsuQF5nTw/s606/2023%2001%2016%201.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="606" data-original-width="494" height="368" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjX_xQ7hmINhkxKj-q3kYajj_vScRQIHmBtmLk04vlwFFbxNJr6w7oWXwj4-KmrPg_iiRrWZEFC0wbxbLqsHKokGwLDalk-HzkSS_4lyqE_cMwqvMciSKOkvIVDMs5md07E5NkMGh9jaY4wk7VqaZ87_RyAkTHUEiYPI79dBxGqK-5cizsuQF5nTw/w300-h368/2023%2001%2016%201.jpg" width="300" /></a></div><p></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia;"><span style="font-size: x-large;">Poesia, a arte hipnótica</span><span style="font-size: 16pt;"><o:p></o:p></span></span></span></b></p>
<p align="right" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: right; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia;"><span style="font-size: large;">por<b> Luiz de Aquino (*)</b></span><span style="font-size: 14pt; font-weight: bold;"><o:p></o:p></span></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 150%;"><o:p><span style="font-family: georgia;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Escrevo
desde a adolescência, isto é, desde 1960. Os primeiros textos eram as prosas
dos deveres escolares (composição, descrição, dissertação...) e quando os
hormônios se transformaram, pedindo providências ao corpo, passei a escrever
poemas de amor. Poemas primários, adolescentes; poeminhas inspirados, mas
eivados de erros na forma e no jorro, como cascata impulsiva e desenfreada.
Escrevi sempre e atravessei a casa dos vinte anos escrevendo crônicas, artigos
de opinião e similares para publicar em jornais. Desde 1967, publicava artigos
opinativos e alguns arremedos de contos em jornais – primeiro em Anápolis,
depois em Goiânia (<i>Folha de Goiás</i>, <i>O Popular</i> e <i>Cinco de Março</i>).<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em
1978, enchi-me de coragem e dívidas e estreei na vida livresca com <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">O Cerco e Outros Casos</b> (contos). Já
desfrutava de algumas referências como poeta sem, contudo, mostrar em público
tais escritos. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em
1977 – um ano antes de estrear em livro (o livro de contos <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">O Cerco</b>) – um poema então sem nome e que só alcançou livro mais de
30 anos depois (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Antigo eu</i>, é o
título) justificou a minha inscrição na União Brasileira de Escritores de
Goiás, então presidida pelo poeta e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">multiletras</i>
Miguel Jorge. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Mostrei
ao Miguel esse poema, que caiu em seu agrado, e ele me apresentou ao artista
plástico DaCruz, que se prontificou a ilustrar meus versos; o poema-cartaz participou
de uma exposição num bar no bairro de Campinas, promovida pela própria UBE. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Já
em 1979, meses após a minha estreia com o primeiro livro (de contos), o poeta
Gabriel Nascente incluiu-me em sua antologia <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Colheita – a voz dos inéditos. </b>E, em 1981, uma revista (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Voz Violada</i> – que só teve uma
publicação) inseriu poema da minha escrita dentre os publicados. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Detalhe
que merece realce: meu poema <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Sem máscara</i>
foi ilustrado pelo cantador Pádua (que, poucos sabem, é exímio cartunista e
ilustrador). <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="line-height: 107%;">Antigo eu </span></b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%;"><br />
(Luiz de Aquino)<o:p></o:p></span></i></span></p>
<p class="MsoNormal" style="mso-pagination: none; tab-stops: 33.1pt;"><span style="line-height: 107%;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 33.1pt; mso-pagination: none; tab-stops: 33.1pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Eu
quero estar no momento de cada um. <br />
Não me culpem por gostar <br />
da exteriorização clara das ideias.<br />
Não queiram que eu adote o simplismo <br />
da anuência tácita nem me conduzam ao desespero <br />
da espera incerta.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-pagination: none; tab-stops: right 261.6pt; text-indent: 33.15pt;"><span style="line-height: 150%;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 33.15pt; mso-pagination: none; tab-stops: 33.35pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Eu
quero sentir teu espírito.<br />
Vou estar nos teus dias a cada gesto, <br />
buscando perdões enquanto ofereço tudo de mim. <br />
Estarei à tua mesa de trabalho <br />
e falarei pelos sons de teus passos.<br />
Sentirás o meu hálito no barulho do trânsito <br />
e na paz dos jardins<br />
<span style="mso-tab-count: 3;"> </span>quando a saudade chegar.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-pagination: none; text-indent: 33.15pt;"><span style="line-height: 150%;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 33.15pt; mso-pagination: none;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Estarei no quebra-ondas e serei <br />
a maciez do teu sono, não te deixando esquecer.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-pagination: none; tab-stops: 135.6pt; text-indent: 33.15pt;"><span style="line-height: 150%;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 33.15pt; mso-pagination: none;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Sejamos mais nós: <br />
...para viver a certeza do teu silêncio; <br />
...para curtir nossa vida abstrata; <br />
...para morrer na certeza da gente.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="mso-pagination: none; text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Este
é o poema que me abriu as portas da UBE de Goiás. Oficialmente, eu me tornava
poeta. <o:p></o:p></span></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em
1982, alguns amigos passaram a cobrar-me um livro de poemas. Numa gaveta,
alguns envelopes-saco eram o arquivo de pequenos papéis com poemas esboçados
que, nas horas lúcidas, eu os copiava à máquina e, então, colecionava-os numa
pasta de plástico com abas, tendo um elástico por fecho. E foi nesse mesmo ano
que, na vida adulta, aconteceu o meu terceiro namoro com duração maior que uma
semana (o casamento tivera fim três anos antes, e a nova namorada
acompanhava-me nas horas boêmias, quando as tensões eram deixadas no fechamento
do jornal diário). <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="line-height: 150%;">Cadê teus sonhos, menino?!</span></b><span style="line-height: 150%;"> <br />
(Lêda Selma)<o:p></o:p></span></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: center;"><span style="line-height: 150%;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; margin-left: 108.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Cadê
tua pipa, <br />
tua bolinha de gude, <br />
teu biloquê, menino?<br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; margin-left: 108.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Não
te vejo brincar <br />
de finca, de pique-pega, <br />
de polícia, ladrão ou herói...!? <br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; margin-left: 108.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Cadê
tua infância, <br />
tuas “peladas”, teu riso...<br />
pra onde foram teus sonhos? <br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; margin-left: 108.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-indent: .2pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Por que a “cola”, o “loló”, <br />
por que a solidão ao brinquedo <br />
e pra que esse mundo de medo? <br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; margin-left: 108.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Por
que teu caminho é tão curto, <br />
esburacado e sem volta, <br />
por que a trave na porta? <br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; margin-left: 108.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Sou
cúmplice de teu destino, <br />
tropeços de teu amanhã, <br />
tua noite sem estrelas, menino. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">A
vida, então liberta, oferecia-me asas, e eu voava. Os poemas – alguns em laudas
de repórter, outros em guardanapos de papel, à disposição nas mesas dos bares –
eram colhidos pela namorada, que os copiava num caderno. No início de 1983,
depois de devidamente datilografados, mostrei-os ao escritor Anatole Ramos – um
mestre a quem todos os novos autores goianos recorríamos para a revisão e os
conselhos (sempre plenamente acatados). Anatole tornou-se, pois, meu padrinho
literário.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Infalivelmente,
a revisão, na ponta do lápis, vinha acompanhada do indefectível comentário
crítico, estimulante, que apresentava o autor aos possíveis leitores. Era o
prefácio sonhado, orientando o novel escritor e mostrando possíveis méritos nas
peças poéticas. Anatole sugeriu títulos, corrigiu grafias e regências e
orientou-me no ordenamento dos poemas. Assim <i style="mso-bidi-font-style: normal;">nasceu </i><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Sinais da Madrugada</b>,
lançado em 16 de dezembro de 1983. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: center; text-indent: 36.0pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="line-height: 150%;">Presto</span></b><span style="line-height: 150%;"> <br />
(Lygia de Moura Rassi)<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 36.0pt;"><span style="line-height: 150%;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 108.0pt; mso-margin-bottom-alt: auto;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Viva <br />
recrio espaços <br />
à espera do último <br />
compasso. <br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 108.0pt; mso-margin-bottom-alt: auto;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Do adágio ao
presto <br />
... pausas... <br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 108.0pt; mso-margin-bottom-alt: auto;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Entalho sem
revolta <br />
a volta <br />
na bengala <br />
do porvir. <br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 108.0pt; mso-margin-bottom-alt: auto;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Ao prelúdio
“Gota d’água” <br />
mesclo a seiva <br />
quente. <br />
Presente do passado. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 72.0pt; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 36.0pt;"><span style="line-height: 150%;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Animado,
e com o estímulo da poetisa Yeda Schmaltz, no dezembro seguinte (1984) pus a
público meu novo livro: <b>De mãos dadas
com a Lua. </b>Nasceu, assim, outro apadrinhamento, igualmente luxuoso (adoro
esse adjetivo tão bem aplicado por Luís Melodia numa de suas mais belas
canções, <i>Juventude transviada</i>) <b><o:p></o:p></b></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Esse
terceiro lançamento (o segundo de poesia) fechou a minha entrada no clube um
tanto restrito do poetariado goiano. Tínhamos alguns, dentre os veteranos,
dignos de admiração e, como é comum entre os jovens, de contestação. Acho mesmo
que nossa postura adversa tinha apenas o propósito de provocá-los, vez que os
admirávamos e, sem cerimônia, os seguíamos. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 36.0pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Nosso
modernista pioneiro falecera em 1954 (Cylleneo Araújo, que se fez conhecer com
um anagrama, Leo Lynce); Leodegária de Jesus, a primeira poetisa goiana a
publicar livros falecera em 1978, em Belo Horizonte; Regina Lacerda – segunda
poetisa a ser editada em Goiás – trocara a poesia pelas pesquisas e publicações
no campo do folclore; Yeda Schmaltz, ainda muito jovem, publicou seu livro
primeiro de poemas, <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Caminhos de mim</b>,
em 1964 (antes, pois, de Cora Coralina, que estreou em livro no ano seguinte,
1965). Foram essas as quatro primeiras poetas a publicar livros de poemas em
Goiás. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 36.0pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Vale
registrar: a Academia Goiana de Letras, seguindo o padrão dominante em vigência
na Academia Brasileira de Letras, não admitia mulheres em seus quadros. Segundo
a tradição, o regulamento da ABL, admitiam-se ‘cidadãos’, o que foi levado ao
pé da letra por mais de 60 anos. Ao falecer Zoroastro Artiaga, ocupante da
Cadeira 16 da AGL, a poetisa e folclorista Regina Lacerda pleiteou a vaga.
Prevaleceu como consenso: em língua portuguesa, o masculino se aplica ao
genérico. Assim, a escritora vila-boense ingressou na Academia – era 1973;
somente em 1977 Rachel de Queiroz, valendo-se do mesmo argumento, foi empossada
na Casa de Machado de Assis.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="line-height: 150%;">Chuva<br />
</span></b><span style="line-height: 150%;">(<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Leo
Lynce,</i> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">nosso primeiro modernista)<o:p></o:p></i></span></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: center;"><span style="line-height: 150%;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; margin-left: 70.8pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Chove.
Chuva. Chuva fria. <br />
O mundo todo dissolvido em bruma.<br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; margin-left: 70.8pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Ninguém
sabe do sol. <br />
Cadê Margarida? Margarida sumiu. <br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; margin-left: 70.8pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Margarida
tinha uma echarpe clara <br />
esvoaçante como a névoa. <br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; margin-left: 70.8pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">E
fiquei sozinho num retalho de rua. <br />
Em todo o mundo, só havia eu. <br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; margin-left: 70.8pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">A
névoa é a echarpe de Margarida <br />
e eu sou a mágoa que choveu. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">GEN – Grupo de Escritores Novos<o:p></o:p></span></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Yeda
integrava o Grupo de Escritores Novos (GEN), criado em 1963, tendo como membros
também Aldair Aires, Miguel Jorge, Maria Helena Chein, Ciro Palmerston, Emílio
Vieira, Eduardo Jordão e vários outros escritores de prosa e poesia, todos em
busca de novas fórmulas e enfoques. Alguns veteranos, naquele tempo, já haviam
entendido que poesia moderna não era apenas ter um trecho em prosa de três ou
quatro linhas, que distribuíam a esmo em várias linhas de três ou quatro
palavras, apelidando-os de versos. Dos mais notáveis, posso destacar Afonso
Félix de Sousa, José Godoy Garcia, José Décio Filho e A. G. Ramos Jubé. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="line-height: 150%;">Mutante <br />
</span></b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 150%;">(Yeda Schmaltz)<o:p></o:p></span></i></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: center;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 150%;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; margin-left: 70.8pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-indent: 1.2pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">No espaço <br />
sou homossexual <br />
e sou mutante. <br />
Não sou cavalo de aço <br />
– cavalo doido e marinho <br />
(cavalinho). <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; margin-left: 70.8pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-indent: .1pt;"><span style="line-height: 150%;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; margin-left: 70.8pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-indent: .1pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Cavalgando-me a mim mesmo, <br />
sou meu próprio <br />
tripulante, <br />
com impulso e espera vã. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; margin-left: 70.8pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-indent: .1pt;"><span style="line-height: 150%;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; margin-left: 70.8pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Que
saudade da maçã!<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; margin-left: 70.8pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span style="line-height: 150%;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Eduardo
Jordão marcou bem sua passagem na vida literária e boêmia de Goiânia, ainda
que, mesmo frequentando os bares preferidos, não se envolvesse com os copos e
seus conteúdos. Participou do GEN e, por isso, sempre o tive por poeta, mas
quando assim o apresentei a alguns amigos, ele refutou, delicadamente, o
título: “Não, Luiz de Aquino, eu nunca fui poeta; eu escrevi sempre para
teatro”. Fiquei sem graça, apanhado num flagrante desagradável... Até que, ao
receber um mimo de Maria Helena Chein – a Antologia do GEN (1993, organizada
por Heleno Godoy, Miguel Jorge e Reinaldo Barbalho) – deparei-me com poemas de
sua lavra! Como este: <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="line-height: 150%;">Poema Exagerado ao Pôr-do-Sol <br />
</span></b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 150%;">(Eduardo Jordão)<o:p></o:p></span></i></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 150%;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></i></b></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; margin-left: 141.6pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-indent: .05pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Ainda farei<br />
um poema ao pôr-do-sol <br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; margin-left: 141.6pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Como
a flor <br />
fabrica o néctar <br />
e a abelha nos entrega <br />
como um favo de mel.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Jordão
abre outro poema, na mesma Antologia do GEN, assim: “A poesia me pegou / como
me pegam as gripes...”. Entendi como uma confissão retardada: o teatrólogo
confesso passara, sim, pelos encantos do chamamento da Poesia – a arte
hipnótica! <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Outro
“geniano” muito ativo (foi seu segundo presidente, sucedendo Aldair Aires) foi
Ciro Palmerston. Tive o prazer de ser seu colega no primeiro ano do Clássico no
Liceu de Goiânia, ao lado do também poeta (e também do GEN) Emílio Vieira –
hoje, confrade na Academia Goiana de Letras. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Miguel
Jorge também presidiu o famoso Grupo de Escritores Novos. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="line-height: 150%;">Solidão maior <br />
</span></b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 150%;">(Ciro Palmerston)<o:p></o:p></span></i></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; margin-left: 106.15pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Pássaro só <br />
voo incerto <br />
num azul tão grande. <br />
O que nos difere <br />
é que <br />
és pássaro <br />
e eu, <br />
gente.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Mulheres poetas<o:p></o:p></span></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Como
citei linhas antes, a jovem Yeda Schmaltz, no verdor dos 20 anos, membro ativa
do GEN, anunciou sua estreia: era o quarto livro de poesia, em Goiás, escrito
por uma mulher (antes: dois de Leodegária, um de Regina Lacerda e, então, o de
Yeda). O próprio GEN arregimentara muitas poetisas – o termo poeta ainda era
timidamente usado por algumas, mas na década seguinte estaria consagrado entre
as autoras – ainda que algumas sequer tenham publicado livros. O grupo
congregava o que Maria Helena Chein define assim:<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">– O GEN era um grupo de jovens
turbulentos, porque inteligentes e dinâmicos, que se recolhiam para estudar e
produzir, e se encontravam nas reuniões das sextas-feiras, à noite. Então,
entre risos e sorrisos, debulhávamos as nossas verdades em forma de poemas.<o:p></o:p></span></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">As
poetisas do GEN: Edir Guerra Malagoni, Maria Luzia Sisterolli, Rosimery da
Costa Ramos, Lygia Barreto, Maria da Cunha Morais, Maria Evangelina, Maria
Helena Chein e Yeda Schmaltz (Marietta Telles Machado voltava-se para a prosa,
com ênfase para a literatura infantojuvenil). Dentre todas, as que mais se
destacaram por sua produção e pelo empenho em publicar foram Yeda Schmaltz e
Maria Helena Chein. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="line-height: 150%;">Poemeto</span></b><span style="line-height: 150%;"> <br />
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">(Rosarita Fleury)<o:p></o:p></i></span></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: center;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 150%;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; margin-left: 70.8pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Depois
que a distância chegou <br />
nunca mais meus braços se estenderam ansiosos. <br />
Vivem perdidos ao longo de meu corpo <br />
como asas partidas, <br />
como folhas crestadas pelo calor. <br />
E se, às vezes, tento persuadi-los <br />
a se erguerem, <br />
a lutar pela felicidade, <br />
a agarrá-la, a prendê-la em seus dedos, <br />
ficam ainda mais tristes, <br />
lembrando lágrimas compridas à procura da terra <br />
e me dizem num lamento:<br />
– Para quê, se só conseguimos alcançar <br />
o corpo frio da distância? <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em
1967, os membros do Grupo de Escritores Novos resolveram encerrar suas
atividades. Marietta Telles Machado contou, numa roda de escritores em torno de
cerveja gelada, que partiu dela a proposta: “Vamos acabar com o GEN?”. Obviamente,
essa sugestão não se deu por nada, mas a nossa amada autora de contos
infantojuvenis e uma das primeiras bibliotecárias de Goiás não forneceu detalhes,
mas o fato é que todo o grupo aceitou o término das reuniões das sextas-feiras
e não mais se falou das famosas atas, citadas assim por Bernardo Élis: “A
matéria tratada nas reuniões era meticulosamente registrada em longas atas, o
que fazia alguns despeitados dizer – este é o grupo das atas”. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">À
distância – e por fora, obviamente – acompanhei as referências ao GEN, quando
de sua efervescência, na década de 1960. Ainda nos tempos de Liceu, Emílio
Vieira queria me levar para o grupo, mas encontrou resistência, ao que eu
próprio lhe disse para desistir da indicação. Àquele tempo, eu conhecia de
vista e de raramente ouvir alguns membros. Senti que era alvo de antipatia
gratuita e não me agradaria ser maltratado, claro! O passar dos tempos
permitiu-me travar conhecimento com alguns dos antigos genianos e uns raros
tornaram-se meus amigos. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="line-height: 150%;">Invento Ritos</span></b><span style="line-height: 150%;"> <br />
(Sônia Maria Santos)<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; margin-left: 108.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"><span style="background: white; color: #5d5d5d; line-height: 150%;">A
beleza do rosto, <br />
se flutua calma, <br />
vai para a alma <br />
pelo padecimento. <br />
Não sei se creio. <br />
Mas invento ritos: <br />
desembaço vidros <br />
espelhos <br />
vejo-me <br />
na luz de cada dia <br />
e seu desenho.</span><span style="line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Então,
já decorriam os últimos anos da década 1970 e o movimento literário da capital
era bastante agitado. Aos poetas somavam-se as poetisas, a maioria exigindo o
tratamento despertado por Cecília Meireles, num verso imortal: “Não sou alegre
nem sou triste, sou poeta”. As poetas, em breve tempo, mostraram a que vieram!<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Algumas
eram de geração anterior – isto é, entre 25 e 30 anos acima da média etária do
nosso grupo emergente –, como Violeta Metran e Rosarita Fleury, e dentre essas
poetas na casa dos 40 e 50 anos, havia as que, enfim, tiveram a chance de
trazer a lume seus livros. Em 1965, por exemplo, Cora Coralina, aos 75 anos,
autografou seu livro de estreia. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"><a name="_gjdgxs"></a><span style="line-height: 150%;">Nos anos 1980, foram muitas as mulheres poetas que trouxeram
seus livros às bancas e livrarias: Zina Brill, Abadia Silva, Getulina Pimentel,
Gilka Bessa e Zulma Bessa, Lygia de Moura Rassi, Sônia Elizabeth Nascimento
Costa, Maria Amélia Trindade... E ainda dos anos Oitenta: Sônia Maria Santos,
Vilda Guerra Fernandes, Nice Monteiro Daher, Malu (Maria Luísa) Ribeiro, Fausto
Rodrigues Valle, Leda Selma de Alencar... Maria Lúcia Félix de Sousa estreou
ainda menina, mas não perdeu a verve: continuou o ofício dos versos e
experimenta, também, o da crônica. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">A
moderna poesia, em Goiás, ganhava novas vozes e cores! Alguns modernistas já
publicados desde a década de 1950 acolhiam bem os moços – outros, torciam-lhes
os narizes.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="line-height: 150%;">Ao banquete que se encomenda</span></b><span style="line-height: 150%;"> <br />
(<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Miguel Jorge)<o:p></o:p></i></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; margin-left: 106.2pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">É
aqui neste banquete que te encontro: <br />
<span style="mso-tab-count: 2;"> </span>olhos nos olhos, <br />
<span style="mso-tab-count: 2;"> </span>uvas no vinho.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; margin-left: 70.8pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-indent: 35.35pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">É aqui neste banquete que te
encontro: <br />
<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>boca na boca, <br />
<span style="mso-tab-count: 1;"> </span><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>possuída
lembrança de romãs <br />
<span style="mso-tab-count: 2;"> </span><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>frutificando espigas, <br />
<span style="mso-tab-count: 3;"> </span><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>douradas bagas <br />
<span style="mso-tab-count: 1;"> </span><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>que
um dia se fizeram maçãs.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; margin-left: 70.8pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-indent: 35.35pt;"><span style="line-height: 150%;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Dos
que me eram mais próximos pela idade, havia Emílio Vieira, Ubirajara Galli,
Dionísio Pereira Machado, Valdivino Braz e Ademir Hamu, contemporâneos de época
admissional na UBE de Goiás – o que já nos dava o título de escritores. E dos
novos, mas já inseridos no nosso pequeno universo de poetas editados, havia
Aidenor Aires, Ciro Palmerston, Brasigóis Felício e Gabriel Nascente, todos com
profícua e inquieta produção e muita atividade cultural. Eram os últimos anos
Setenta e os primeiros Oitenta, com grande efervescência cultural em pequenina
Goiânia. As artes plásticas marcavam presenças fortes em eventos vários; a
música, por cantores e instrumentistas locais (Sirlon, Fernando Perillo, Bororó
e as bandas de bailes, como Marquinhos e Seu Conjunto), bem como a incansável
luta de Otavinho Arantes pelo teatro eram atividades de que a sociedade
goianiense se orgulhava. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="line-height: 150%;">Retrospecção da Rua <br />
</span></b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 150%;">(Emílio Vieira)<o:p></o:p></span></i></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; margin-left: 106.2pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">O
mundo: sua largueza <br />
cabe nesta rua.<br />
O tempo: sua história <br />
para nestes passos. <br />
As imagens secretas <br />
entram nestes olhos. <br />
As palavras já ditas <br />
voltam a estes lábios. <br />
Um pássaro de vento <br />
pousa nestas mãos.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; margin-left: 70.75pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="line-height: 150%;">Testemunho</span></b><span style="line-height: 150%;"> <br />
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">(Maria Helena Chein)<o:p></o:p></i></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; margin-left: 106.2pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Seu
sorriso me golpeia, <br />
a palavra me recorta, <br />
a mão me desnuda. <br />
Estou sensível <br />
e não quero brigar.<br />
Testemunhar pode <br />
as minhas dores, <br />
mas, sem atrevimento.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Ainda
na década de 1980, novos autores surgiram no espectro da Poesia em Goiânia,
como Tagore Biram, Celso Cláudio Carneiro, Delermando Vieira (um campeão de
prêmios nos concursos literários locais, nacionais e internacionais), Helverton
Baiano, Gilson Cavalcante, Marcelo Heleno e outros. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="line-height: 150%;">Previsão do Tempo</span></b><span style="line-height: 150%;"> <br />
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">(Maria Lúcia Félix Bufáiçal)<o:p></o:p></i></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; margin-left: 108.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">É
possível <br />
provável <br />
que ainda existam <br />
muitos recantos <br />
no coração <br />
para se conhecer. <br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; margin-left: 70.8pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-indent: 36.0pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Não tenho medo.<br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; margin-left: 106.8pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Como
cheguei até aqui <br />
chegarei também <br />
ao fim dos tempos <br />
com algumas escarpas <br />
na alma <br />
imutáveis <br />
e alguma matéria prima <br />
de sentimento.<br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; margin-left: 70.8pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-indent: 36.0pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Não tenho medo. <br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; margin-left: 106.8pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Saberei
por certo sentir <br />
o sol<br />
a chuva <br />
o vento <br />
um gosto de comida boa <br />
mesmo sem os olhos <br />
ouvidos <br />
dentes. <br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; margin-left: 70.8pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-indent: 36.0pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Viver sempre fará sentido. <br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; margin-left: 106.8pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Mesmo
porque <br />
serena-mente<br />
a quase <br />
totalidade <br />
de meus dias <br />
vivi-os <br />
sempre <br />
dentro de mim. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">As
reuniões na União Brasileira de Escritores em Goiás, na gestão de Miguel Jorge
naquela passagem de décadas (Setenta e Oitenta), ocorriam às segundas-feiras, a
partir das 18 horas. Em seguida, o grupo seguia para um bar – o de preferência
ficava na esquina das Ruas Oitenta e Três com a Noventa e Quatro. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Por
essa época, recebemos um poeta em nosso meio, Geraldo Dias da Cruz. Chegou a
Goiânia por conta de uma transferência (era gerente do Banco do Brasil) e logo
filiou-se à UBE, era presente nas reuniões e sempre tinha novidades, fosse
alguma notícia nova do meio literário nacional, fosse um novo poema. Nos
últimos tempos, recebi dele dois novos livros, a intervalo razoável, numa
evidência de que, mesmo afastado das efemérides literárias de Goiânia, continua
produtivo e com sua poética mais refinada e bonita a cada novo livro.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="line-height: 150%;">Todas as artes</span></b><span style="line-height: 150%;"> <br />
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">(Ubirajara Galli)</i><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; margin-left: 141.6pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Seu
corpo <br />
é o encontro <br />
de todas as artes.<br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; margin-left: 141.6pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Onde
misturo <br />
palavras e orgasmos. <br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; margin-left: 141.6pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">(Meu
coração <br />
rola abestalhado de prazer). <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="line-height: 150%;">Jumento
<br />
</span></b><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="line-height: 150%;">(Aidenor Aires)<o:p></o:p></span></i></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; margin-left: 108.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Contigo
aprendi <br />
a deitar com a carga <br />
e não ir adiante. <br />
Contigo aprendi <br />
a rebeldia<br />
e a saber <br />
que, às vezes, é melhor <br />
empacar ou morrer. <br />
Contigo aprendi <br />
a ser terno e duro <br />
como uma faca, <br />
e quando disser “não” <br />
nem o diabo me vira a cabeça.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="line-height: 150%;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Os bares<o:p></o:p></span></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Ao
presidir a UBE de Goiás, na segunda metade dos anos Setenta, Miguel Jorge
(poeta, contista, romancista, cronista, editor do Suplemento Literário de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Popular</i> e crítico de arte) passou a
promover exposições de poema-cartaz. Essas peças consistiam em um poema com
ilustração concebida por um artista plástico e tais exposições valiam-se de
espaços de alta frequência, como os bares noturnos em que ocorriam também
apresentações de músicos, dando um toque de refinamento a tais casas noturnas.
A música, obviamente, atraía um público de fino gosto artístico, em especial
porque eram os anos de chumbo, ainda, e a MPB trazia mensagens subjacentes de
reação, mesmo nas canções românticas. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Essa
característica dos botecos abriu espaço também para os poetas e os jovens e
adultos insatisfeitos com o regime – afinal, o bar era a nossa grande sala de
estar. Desses ambientes advêm incontáveis amizades que se formaram ou se
consolidaram ao som das músicas e sob as discussões políticas de resistência. A
esse mesmo tempo, muitos amores nasceram e se firmaram – ou terminaram, ou se
reajustaram... E sob esse clima, alguns poetas vendiam seus livros de mão em
mão. Uns, por excesso de timidez, não se punham ao comércio de seus livros;
outros, menos disciplinados, embriagavam-se rapidamente, perdendo a ocasião. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="line-height: 150%;">POEMA 12</span></b><span style="line-height: 150%;"> <br />
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">(Tagore Biram)</i><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; margin-left: 70.8pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Mas
a fumaça do cigarro <br />
desenha teu corpo pequeno e aceso <br />
como a brasa. Sob o céu aberto, teu corpo. <br />
Teu lindo corpo. Vaga dos meus escombros.<br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; margin-left: 35.4pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-indent: 35.4pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">E começa a guerra. Angústia imperecível. <br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; margin-left: 70.8pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">E
sobe o verso como trepadeira <br />
nos muros altos.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Fumo contorna <br />
teu corpo banhado de névoa. <br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; margin-left: 70.8pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">As
heras sobem trançadas como serpentes. <br />
E o fumo desenha teu corpo de névoa <br />
sobre o oceano mudo de minha alma.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Mantive
a disciplina para tais vendas; costumava rodar dois mil exemplares de cada
edição e a esgotava num prazo entre quatro e seis meses, de mesa em mesa; por
produzir poesia de amor, vendia mais que os companheiros, haja vista a elevada
presença de casais (namorados, noivos, casados e amantes), atraídos pela boa
música – e, diga-se, também da boa comida que se servia a um público habituado
com os quitutes da mamãe e da vovó. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Aprendi,
com as experiências, que o bom negócio era limitar o circuito a poucos bares –
entre cinco e dez – porque, de outra forma, seria uma “peça estranha” no
ambiente; mas repetir o circuito mostrou-me que o público dos bares, em
especial nos finais de semana, era sempre renovado. Goiânia, naquela época,
atraía visitantes do interior e, mais ainda, de Brasília; em menor escala, de
outros estados, vestígios esses que descobri nos cheques que recebia em
pagamento – jamais tive problemas por aceitar cheques, mesmo que de Recife,
Belém, Porto Alegre, Rio e Brasil inteiro! Percebi que os leitores de poesia
eram pessoas corretas em seus negócios, mesmo que o negócio fosse a compra de
um livro de poemas. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Eram
também costumeiros os saraus nesses bares. Vez ou outra, algum artista plástico
marcava um encontro em seu ateliê. Os convidados eram, obviamente, os colegas
das tintas e formas e, infalivelmente, alguns poetas. Miguel Jorge, por ser
também crítico de arte e, entre os escribas, um líder nato, era presença
marcante; assim, esses encontros eram marcados também por declamação e leitura
de poemas. Eventualmente, e isso fazia tudo virar festa, algum músico dava tons
na noite. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="line-height: 150%;">Ano Novo</span></b><span style="line-height: 150%;"> <br />
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">(Sônia Elizabeth)</i><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; margin-left: 70.8pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Nessa
manhã revestida <br />
de ano novo em tudo <br />
parece que sossega o vento. <br />
Nas nuvens todos os ritmos <br />
e a humanidade acorda <br />
para qualquer nova esperança. <br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; margin-left: 35.35pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">O calendário mudou.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="line-height: 150%;">Sem Pressa</span></b><span style="line-height: 150%;"> <br />
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">(Fausto Rodrigues Valle)<o:p></o:p></i></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; margin-left: 70.8pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Não
tenho pressa, <br />
sou como o rio, <br />
escorro lento <br />
minhas águas. <br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; margin-left: 70.8pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Não
tenho idade, <br />
sou longe dos anos. <br />
Há a eternidade <br />
para domar fantasmas. <br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; margin-left: 70.85pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Como
o rio, <br />
não tenho tempo <br />
para chegar.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; margin-left: 177.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span style="line-height: 150%;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Os lançamentos<o:p></o:p></span></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Os
lançamentos estão para as letras como as vernissages para as artes plásticas.
Eram, naquela época, festas de grandes referências na sociedade, o que bem
marcava o local escolhido e as notícias nos veículos de comunicação. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">A
um lançamento de livros, os dois jornais mais antigos (e diários) de Goiânia
pautavam repórteres e fotógrafos, procedimento comum também aos semanários e às
revistas. As emissoras de rádio enviavam repórteres com seus gravadores (ainda
que manuais, de porte e peso consideráveis) e as de televisão – três canais na
capital – faziam-se presentes para, também, gravar em filme de 16mm ou a grande
novidade: câmeras com cartuchos VHS, ou videoteipe. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">No
dia seguinte, o autor era visto nas mídias impressa, falada e televisiva.
Alguns repórteres atreviam-se a narrar, além dos fatos corriqueiros de tais
festas, o número de volumes vendidos.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="line-height: 150%;">Esquecido</span></b><span style="line-height: 150%;"> <br />
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">(Delermando Vieira)<o:p></o:p></i></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; margin-left: 70.8pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Antigamente,
<br />
eu tinha o costume de semear canteiros, aos pingos e à chuva <br />
de janeiros. <br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; margin-left: 70.8pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Tinha
eu essa liturgia <br />
de na paisagem dos dias semear poesia.<br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; margin-left: 35.4pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-indent: 35.4pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Isso foi naqueles tempos de muita semeadura e rebentos.<br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; margin-left: 70.8pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Hoje,
nada tenho ou sequer sou o que podia ter sido.<br />
Por isso, estar em mim agora soterrado <br />
aquele poeta ilhado: esquecido!<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 14.0pt; margin-left: 70.8pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 36.0pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em
linhas gerais, era esse o quadro naquele final dos anos Setenta e a década de
1980. Evoquei o passado e tentei demonstrar o quadro social de Goiânia naquela
fase. Destaco o Grupo de Escritores Novos por terem sido, aqueles rapazes e
moças, os que consolidaram as inovações semeadas na Semana de Arte Moderna de
1922 e que encontrou forte resistência em Goiás, ao longo de quatro décadas! <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 36.0pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em
poucos anos, como se viu, o próprio grupo entendeu ter chegado o momento de
encerrar suas atividades coletivas, o que, naturalmente, possibilitou o
crescimento e a concretude de carreiras literárias, a ponto de, ainda hoje, os
que persistiram nas letras despontarem como referências sólidas no ofício do
verso e da prosa. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 36.0pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Recordar
aquele tempo não se limita, como se vê, a um período isolado. É, antes, como
pôr a canoa num rio e descer com as águas, sabendo que ali começou a viagem,
mas não o rio, que, ao permitir-me a navegação, trazia desde as nascentes todo
o tributo de seu curso. A um ponto, ou porto, hei de desembarcar. As águas,
porém, seguem seu curso, avolumam-se e servem aos que estão (e aos que surgem)
à jusante. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 36.0pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia;"><span style="font-size: medium;">Espero
que a minha viagem contribua com os novos navegantes. </span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: right; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: georgia;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 28px;"> </span><i>(04/02/2022)</i></span></p><p align="right" class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: right;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: georgia;"><br /></span></span></b></p><p align="right" class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: right;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8oVnK5eWz7a4Wwp9x6F1dUNBxF4z2ldTy8TtX5h97Iogj0ApHVLBcofXb-QtdG2uExW6iTYtkLy-4yjOCCKUpgoOBc30OxX5bVYa5mKYvkS2OG_whuqqzOTiF0ExopH-9xVv_IX3TnkplELLv52ZY5xyM7yqumyyu2FLyoOPqIKpYSlmtg-mfxA/s224/1982%20LdeA..jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: georgia;"><img border="0" data-original-height="224" data-original-width="223" height="117" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8oVnK5eWz7a4Wwp9x6F1dUNBxF4z2ldTy8TtX5h97Iogj0ApHVLBcofXb-QtdG2uExW6iTYtkLy-4yjOCCKUpgoOBc30OxX5bVYa5mKYvkS2OG_whuqqzOTiF0ExopH-9xVv_IX3TnkplELLv52ZY5xyM7yqumyyu2FLyoOPqIKpYSlmtg-mfxA/w116-h117/1982%20LdeA..jpg" width="116" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia; font-size: x-small;">L.deA., 1982</span></td></tr></tbody></table></p><p align="right" class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: right;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTuXYfH2X6f-n9-HNDNS1_GBO_yVWn1cbT0wddicHS9aAp6AxZvDM3V2bLtrFl0siS5pilvGZg8OgmS--bxPYYupNUSNcslRY6gU4cGx4-NuqVTH0G69KT7aIfuBNCtYV4wz6sEd70obmjWI4LZyWEBgX8lYAfaKE9Vj2BOQFRw5f7AAlioer0pA/s1179/1982%20b%20cervejinha....jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: georgia;"><img border="0" data-original-height="879" data-original-width="1179" height="113" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTuXYfH2X6f-n9-HNDNS1_GBO_yVWn1cbT0wddicHS9aAp6AxZvDM3V2bLtrFl0siS5pilvGZg8OgmS--bxPYYupNUSNcslRY6gU4cGx4-NuqVTH0G69KT7aIfuBNCtYV4wz6sEd70obmjWI4LZyWEBgX8lYAfaKE9Vj2BOQFRw5f7AAlioer0pA/w152-h113/1982%20b%20cervejinha....jpg" width="152" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia; font-size: x-small;">L.deA., 1983</span></td></tr></tbody></table><span style="font-family: georgia;"><b><span style="font-size: 12pt;">(*) </span></b><i><span style="font-size: 12pt;">Luiz de Aquino Alves Neto, escritor de verso e prosa, da Academia Goiana de Letras e<br />da União Brasileira de Escritores de Goiás.</span></i></span></p>
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 14pt; line-height: 28px; text-align: right; text-indent: 48px;"> </span><p></p>Luiz de Aquinohttp://www.blogger.com/profile/05587861821540755577noreply@blogger.com18tag:blogger.com,1999:blog-29538497.post-74857671156935244762023-07-08T10:51:00.002-03:002023-07-08T10:53:48.095-03:00Zé Celso, imortal<p></p><p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><b><i><span style="font-size: 20pt; line-height: 107%;"></span></i></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br /><p></p><div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><i><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZSpKgmOD94LDxaXsG7Pgi35lgoBJVfq9DOnwvdODG8VSFiXbf4ctk5gLkqR3LwMH8H1RViaD8Z9qBgHBVUj5LKZiUJtDqE6gubx1Izs5v9QRM0e2f-l6kSAoIP8sWj_evjnc9Xb9XRZDW_Zt6G9q5aE3hip0uILV44zoUCScWikp5C7ibK5Wtcw/s275/Z%C3%A9%20Celso.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="183" data-original-width="275" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZSpKgmOD94LDxaXsG7Pgi35lgoBJVfq9DOnwvdODG8VSFiXbf4ctk5gLkqR3LwMH8H1RViaD8Z9qBgHBVUj5LKZiUJtDqE6gubx1Izs5v9QRM0e2f-l6kSAoIP8sWj_evjnc9Xb9XRZDW_Zt6G9q5aE3hip0uILV44zoUCScWikp5C7ibK5Wtcw/w400-h266/Z%C3%A9%20Celso.jpg" width="400" /></a></i></b></div><b><i><span style="line-height: 28.5333px;"><span style="font-family: georgia;"><p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><b><i><span style="line-height: 28.5333px;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Ad imortalitatem</span></span></i></b></p></span></span></i></b><p></p><p class="MsoNormal"><span style="line-height: 19.9733px;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: georgia; text-indent: 47.2667px;">Nasr Chaul,</span><span style="font-family: georgia; text-indent: 47.2667px;"> h</span><span style="font-family: georgia;">istoriador e compositor, gestor cultural e homem de letras-canções, amigo e confrade falou assim de Zé Celso (ante a leitura do texto de Ignácio de Loyola Brandão, amigo da vida inteira de seu conterrâneo Zé Celso):<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><i><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Pra mim, Aquino, <b>Zé Celso</b>. Um Parangolé ambulante com a Tropicália de fundo musical. A Vida, um documentário de Glauber no Teatro Oficina! <o:p></o:p></span></i></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-size: large;"><i></i></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><i><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgldZFhBZI0oqtQ3OArPN9MM8_VikWopdGmvKuzMWAb-FMI6NdCjMGpl1lv_Hg7JDvL7o8f50hSN6Tp5GsH3x2civs0cQoN_MkohdQec6GgTyPHqVC9788-qAY7wl8yORTsJkck8ZiBnizlEbYIu8T30sHsPyGzWMF933obSttPOkJxEQm27u3wDQ/s1024/Chaul%20postou.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-size: large;"><img border="0" data-original-height="730" data-original-width="1024" height="228" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgldZFhBZI0oqtQ3OArPN9MM8_VikWopdGmvKuzMWAb-FMI6NdCjMGpl1lv_Hg7JDvL7o8f50hSN6Tp5GsH3x2civs0cQoN_MkohdQec6GgTyPHqVC9788-qAY7wl8yORTsJkck8ZiBnizlEbYIu8T30sHsPyGzWMF933obSttPOkJxEQm27u3wDQ/s320/Chaul%20postou.jpg" width="320" /></span></a></i></div><i><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></i><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Sim, Chaul, estou com você. Com a passagem do Zé Celso para o Plano Superior, as reações em todo o país, em todos os segmentos e, em seguida, os vídeos em que vimos não um velório triste e choroso, mas uma festa popular nos espaços das ruas – o palco mais libertário que nos cabe – conseguiram, em mim, reerguer as esperanças que os últimos seis anos de descaso para com as coisas das artes e da função cultural ficaram adormecidos, repreendidos e acusados de tudo o que não presta. A morte do Zé Celso foi como um grito que só os ouvidos mais sensíveis perceberam: "Acorda, Brasil!".<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Sou de um tempo em que se falava muito em Virgínia Lane e Luz Del Fuego, Cascatinha e Inhana, Jararaca e Ratinho, Alvarenga e Ranchinho, Cauby Peixoto e Ângela Maria, Marlene e Emilinha Borba... Daquele despertar da década de 1950 (os meus cinco anos) até agora, vi surgirem muitas estrelas e chorei seus apagares. A ditadura das elites (fardados e paisanos) calou nossas comoções, até que morreu JK e a juventude brasiliense realizou a primeira motociata de que tive notícias – ainda que não com esse nome – e não conseguiu nos calar ou parar quando fomos assustados com a notícia de que Elis, a Pimentinha, virou silêncio – mas Elis canta até hoje.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">A pandemia nos assustou com os cuidados e logo após as mortes que doeram em nossos corações, começando com Aldir Blanc e chegando a Zé Celso sem que nos fosse fácil aceitar outros silêncios ou escurecimentos de imagens, como as de Flávio Migliaccio e Tarcísio Meira, Glória Maria e Elza Soares, Paulo Gustavo e...<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Dores, luzes, cores e silêncios, flores e canções, uma nota fora do tom a atravessar a melodia de nossas existências tão parceiras. Daqui também nos despedimos, a contragosto, de Moema de C. e S. Olival e de Ana Braga, de Otávio Daher e Cláudia Garcia, de Silvinho Queiroz...<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Não gosto de falar em perdas; até porque, quando assim falamos ante a transposição do limite inevitável, referimo-nos àquelas vidas que enriqueceram as nossas. Pessoas que, num dado momento, deixam-nos a mensagem de que "cansei" ou "o xou acabou". Restam-nos o aplaudir, o lembrar bem, o referir-nos a passagens mais marcantes. Então, penso eu, o correto não é lamentar a perda, mas agradecer por termos convivido, ou seja, vivido no mesmo tempo. Temos, sim, de preencher a ausência com a sensação do ganho, a de termos usufruído de suas artes e ensinamentos.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEilgXqjSDH9TKW7CyqWkVJpxVG-Zz_Q8iSBpH5hcnZxKc5VKI1e0Ac19Tz0wVXVw-adyKXGsTbB2HUA13UoJdpSpcrtLYJao5PkzDrjgGRk9lwqk0AInUeMHeQZqz3rWNSbfKoiHnXX_03vsiY8qa7gZ_qrLC-S3upiraTXSgVJuOd_CH1dF5VprQ/s300/Z%C3%A9%20Celso%202.jpg" style="clear: left; float: left; font-style: italic; font-weight: 700; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center; text-indent: 0px;"><span style="font-size: large;"><img border="0" data-original-height="168" data-original-width="300" height="117" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEilgXqjSDH9TKW7CyqWkVJpxVG-Zz_Q8iSBpH5hcnZxKc5VKI1e0Ac19Tz0wVXVw-adyKXGsTbB2HUA13UoJdpSpcrtLYJao5PkzDrjgGRk9lwqk0AInUeMHeQZqz3rWNSbfKoiHnXX_03vsiY8qa7gZ_qrLC-S3upiraTXSgVJuOd_CH1dF5VprQ/w208-h117/Z%C3%A9%20Celso%202.jpg" width="208" /></span></a></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;"><span style="font-size: large;">Ainda em tempo, a despeito da imediata mensagem oficial do Ministério da Cultura ante a passagem de Zé Celso, apesar de todas as manifestações de lamento até mesmo de algumas personalidades do segmento esportivo (geralmente, ignoram os vultos e os fatos da esfera cultural), esqueceu-se o governo brasileiro de decretar Luto Oficial. Mas até isso me pareceu desnecessário: a Nação, por inteiro, fez coro com aquela festa inusitada nas ruas em torno do Teatro Oficina. </span></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia, serif;">E Miguel Jorge - o autor mais versátil entre nós, complementa:</span><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><o:p></o:p></span></span></p><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-left: 70.8pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><i><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: large;">Junto minha voz e meus pesares às de Luiz de Aquino e Chaul, resta-nos o consolo de que Zé Celso viveu como quis e desejou, livre de preconceitos e de amarras, irreverente, criativo... quando você lê o Rei da Vela, de Osvald de Andrade, e depois assiste a montagem do Zé Celso, tem-se a impressão de que é outro o texto encenado. Há poucos dias o vi, sempre de branco, no programa da TV Cultura, <b>Persona em Foco</b>, discorrer sobre sua vida e receber os maiores elogios dos amigos e dos companheiros de cena. Pena que, agora, os palcos e os teatros do Brasil e do mundo permanecerão sem a presença vibrante desse ator, diretor, cantor, um dos mais ousados que conheci em minha vida.</span></i><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: x-large;"><b><i><br /></i></b></span></span></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: x-large;"><b><i>* * *</i></b><o:p></o:p></span></span></p><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify;"><i><span style="font-size: 14pt;"><span style="font-family: georgia;"></span></span></i></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><i><span style="font-family: georgia;"><br /></span></i></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><i><span style="font-family: georgia;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEieYM0Ar37RdKXg9H_QHP_06uOzuIqtgYdl444vLg9wC-YETd23R4ZFsAP-UjBd_r8JDaZ_GTcnsDt6AIbUgBCan7irvH68S3o1IU2qWMEuSeZDTaoQIIMJUFiRqoFCm6cSVLs_hfmeNZCECN-1zZsTDbXJ_bEXnAZfXKujMbcrEqZzTfnTCBEb4A/s626/2020%2010%2025%20-%20L.deA..jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="626" data-original-width="509" height="106" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEieYM0Ar37RdKXg9H_QHP_06uOzuIqtgYdl444vLg9wC-YETd23R4ZFsAP-UjBd_r8JDaZ_GTcnsDt6AIbUgBCan7irvH68S3o1IU2qWMEuSeZDTaoQIIMJUFiRqoFCm6cSVLs_hfmeNZCECN-1zZsTDbXJ_bEXnAZfXKujMbcrEqZzTfnTCBEb4A/w86-h106/2020%2010%2025%20-%20L.deA..jpg" width="86" /></a></span></i></div><i><span style="font-family: georgia;"><br /><br /></span></i><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify;"><i><span style="font-size: 14pt;"><span style="font-family: georgia;"><br /></span></span></i></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: justify;"><i><span style="font-size: 14pt;"><span style="font-family: georgia;">Luiz de Aquino, da Academia Goiana de Letras.</span></span></i></p></div>Luiz de Aquinohttp://www.blogger.com/profile/05587861821540755577noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-29538497.post-41655188270838679082023-07-02T14:34:00.003-03:002023-07-02T14:34:49.856-03:00Miguel Jorge, pra toda a vida<p> </p><p style="text-align: center;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEzWANVLmNSFscxp7cou35iXAhclnbXNHYprPpP4V7-bF8VISm_EmYTcUGHO9VXK7jtAFMKUW9DLZXHTO3trNt5PrQz7U8vVMGw2Q0mZXwKEm_3orr18t50eFY9UVpAINT8KDNHuKeMNAXuoi9NrzMz605rJW0NHVGF9EncYXD4_Vc6DwRWl4piw/s319/Miguel%20Jorge.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="319" data-original-width="318" height="319" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEzWANVLmNSFscxp7cou35iXAhclnbXNHYprPpP4V7-bF8VISm_EmYTcUGHO9VXK7jtAFMKUW9DLZXHTO3trNt5PrQz7U8vVMGw2Q0mZXwKEm_3orr18t50eFY9UVpAINT8KDNHuKeMNAXuoi9NrzMz605rJW0NHVGF9EncYXD4_Vc6DwRWl4piw/s1600/Miguel%20Jorge.jpg" width="318" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Miguel Jorge, autor de todos os gêneros.</td></tr></tbody></table><br /><span style="font-family: georgia;"><br /></span></p><h1 style="background-color: #f2f3f4; border: 0px; box-shadow: none; box-sizing: border-box; color: var(--fonte-escura); font-family: Merriweather, serif; letter-spacing: -0.01em; line-height: 2.625rem; list-style: none; margin: 0px 0px 20px; outline: none; padding: 0px; text-align: center;"><span style="font-size: 2.25rem;"><a class="nwe-next-post-permalink" href="https://www.jornalopcao.com.br/opcao-cultural/miguel-jorge-autor-de-todos-os-generos-pra-toda-a-vida-503659/" style="border: 0px; box-shadow: none; box-sizing: border-box; list-style: none; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-decoration-line: none;">Miguel Jorge, autor de todos os </a></span></h1><h1 style="background-color: #f2f3f4; border: 0px; box-shadow: none; box-sizing: border-box; color: var(--fonte-escura); font-family: Merriweather, serif; letter-spacing: -0.01em; line-height: 2.625rem; list-style: none; margin: 0px 0px 20px; outline: none; padding: 0px;"><div style="text-align: center;"><a class="nwe-next-post-permalink" href="https://www.jornalopcao.com.br/opcao-cultural/miguel-jorge-autor-de-todos-os-generos-pra-toda-a-vida-503659/" style="border: 0px; box-shadow: none; box-sizing: border-box; font-size: 2.25rem; letter-spacing: -0.01em; list-style: none; margin: 0px; outline: none; padding: 0px; text-decoration-line: none;">gêneros: pra toda a vida</a><span style="color: var(--fonte-escura); font-size: 2.25rem; letter-spacing: -0.01em;">! *</span></div><span style="font-size: small;"><div style="text-align: center;"><br /></div></span></h1><p class="MsoNormal"><span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: georgia;"> </span></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Era um domingo,
1977 (acho que outubro), quando um grupo de amigos apaixonados por contos e
poemas formou-se nas imediações do BEG, na Praça do Bandeirante. Éramos Taylor
Oriente (recém chegado de Paris, onde concluíra o Mestrado), Roberto Fleury
Curado (que naquele ano estreara com o livro <i>Cemitério de Gritos</i> –
contos), Miguel Jorge e outros. Acho que o artista plástico Gomes de Sousa
estava nesse grupo; e havia também um jovem mal chegado à mocidade, isto é,
pouco mais que adolescente, chamado Carlos DaCruz (ele, então, já emendava
assim as partículas de seu nome e já se fazia conhecido, o DaCruz). <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></p><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody><tr><td><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCYrSKTe47lBc0vUFzSZSBRx3yC1J3J7vn8335LXUcqT-q8lQLfgI54jGx89uvos2r-_Mj654d7p4e0WfqU0C6WFsVKOBik-w8H5cm7WW3pqdyq3gtQLyRwKSnW7mMIyOcu-lI9Kh5NNjM9ToDGcPaB-f_p8iKMIfJcNqitROyD4jR2QWJXlEXRQ/s354/1978%20Por%20Jorge%20Braga.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="354" data-original-width="249" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCYrSKTe47lBc0vUFzSZSBRx3yC1J3J7vn8335LXUcqT-q8lQLfgI54jGx89uvos2r-_Mj654d7p4e0WfqU0C6WFsVKOBik-w8H5cm7WW3pqdyq3gtQLyRwKSnW7mMIyOcu-lI9Kh5NNjM9ToDGcPaB-f_p8iKMIfJcNqitROyD4jR2QWJXlEXRQ/w141-h200/1978%20Por%20Jorge%20Braga.jpg" width="141" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption">L.deA., em 1977...</td></tr></tbody></table><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">A conversa era
muito, muito animada! Miguel revolucionava o meio artístico da cidade; ele
vinha de ser o Secretário Geral da UBE – a nossa União Brasileira de Escritores
em Goiás, quando o presidente era o jornalista (e poderoso empresário de
comunicação) Jaime Câmara. Os impedimentos na agenda do presidente exigiam de
Miguel muita dedicação e trabalho; ao término do mandado de “seu Jaime”, Miguel
foi eleito presidente. <o:p></o:p></span></p><div><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></div><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">A entidade dos
escritores de Goiás viveu, então, um rico período em sua existência. Miguel
Jorge, farmacêutico, advogado e licenciado em Letras, vivia, como é de sua
personalidade, tempos de muitas atividades: professor de Farmácia e de Letras,
gestor cultural e autor – nós o temos na conta de um “autor de todos os
gêneros”, considerando seu trânsito do teatro ao conto, da poesia ao romance, a
ocorrência de obras suas levadas para o cinema e até mesmo para a ópera. Na
década anterior (a de 1960), integrou o Grupo de Escritores Novos (o GEN) e foi,
por duas vezes, seu presidente. Esse grupo marca a entrada definitiva das
letras de Goiás nos tempos modernos – com um indiscutível atraso de 40 anos.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Como se não
bastasse, registro também a elevada competência de Miguel Jorge como crítico
literário e artes, com projeção – e o equivalente respeito – de que desfruta
nos maiores centros de letras e de artes do país. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">O presidente da
UBE, como era de se esperar, sabia obter espaços na mídia, na época, constante
de alguns jornais impressos: <i>Folha de Goiás</i>, <i>O Popular</i> e <i>Cinco
de Março</i>, os principais, pela ordem cronológica de seus surgimentos. O
quadro de associados da UBE cresceu bastante, com o despontar de novos autores,
especialmente contistas e poetas. E Miguel assustou a cidade, então com cerca
de 400 mil ou 500 mil habitantes, com a realização de vários eventos. Dignos de
maiores registros estão as exposições de poemas-cartazes e a criação do Troféu
Tiokô. A palavra <i>tiokô</i>, da linguagem dos carajás, quer dizer “boneca”, e
Miguel recorreu à artista italiana Dina Cogolli, radicada em Goiânia, que
esculpiu a estatueta. O troféu passou a ser entregue a personalidades que se
destacassem nas artes e na comunicação em Goiás. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Quanto às
exposições de poemas-cartazes: o poeta aliava-se a um artista plástico e a
dupla oferecia seu trabalho; o poema era transcrito no cartão, com a
interpretação plástica do artista (esclareço, antes que me cobrem: não sou
adepto do “português ideológico”, ou seja, aplico aqui o masculino como
genérico).<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Foi no tal domingo
do inesquecível encontro que mostrei ao Miguel uma folha datilografada e lhe
ofereci, indagando: “O que acha disto?”. O hiperativo presidente respondeu-me:
“Um belo poema”. E, ato contínuo, passou-o ao jovem pintor: “Veja aqui, DaCruz,
vocês podem fazer essa parceria” – foi o modo como ele nos inscreveu, a mim e
ao moço artista, para a exposição que aconteceria dali a poucos dias num bar da
avenida 24 de Outubro, em Campinas. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Nessa exposição,
recordo-me, o poeta Ademir Hamu também estreou em eventos da UBE; e nos dias
seguintes, Miguel nos ofereceu o formulário para que nos inscrevêssemos como
escritores filiados à entidade. Desse mesmo evento, e estou quase certo de que
sim, Ubirajara Galli também participou, posto que estreara, como Roberto
Fleury, com livro em 1977 – Roberto com contos e Galli com poemas. No comecinho
da década de 1990, Ubirajara Galli presidiu a UBE por dois períodos; hoje,
preside a Academia Goiana de Letras.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">No biênio 1996-98,
sucedi Galli na presidência da UBE. Resgatei a outorga do Tiokô, interrompida
por dificuldades financeiras que inviabilizavam quase tudo na esfera cultural,
e, ao fazê-lo, tive o zelo de propor à diretoria dois contemplados: Eli
Brasiliense, então já com limitações locomotoras, pelo Conjunto da Obra; e ao
Miguel Jorge (que já fora contemplado com uma <i>boneca carajá</i>), mais um
troféu do mesmo<i> </i>feitio, e justamente por ter sido o criador do que ele
mesmo apelidou “o Oscar do cerrado”.<i><o:p></o:p></i></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Conversando com a
escritora – e confreira acadêmica da AGL – Maria Helena Chein, pedi-lhe uma
referência ao Miguel. Lena (como gosto de chamá-la) foi – como bem cabe a uma
autora talentosa – suscinta e ampla, neste texto: <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-left: 35.4pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><i>– Miguel
foi professor na Faculdade de Farmácia da UFG. De manhã mexia com cremes,
pomadas, remédios e, à tarde, com poesia, prosa, livros. Depois que se
aposentou, intensificou o trabalho nos vários segmentos da criatividade. Viajava
a São Paulo e ao Rio de Janeiro, pelo menos duas vezes ao ano, para assistir a
peças de teatro, ver exposições de artes plásticas e encontrar-se com
escritores. Ainda hoje, mantém-se sempre atualizado no mundo cultural.</i><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-left: 35.4pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><i><br /></i></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Sim, é isso mesmo!
Somos, todos nós, os que tivemos o privilégio de conhecê-lo naqueles
primórdios, testemunhas capazes de corroborar essa descrição da nossa amada
Lena. Atrele-se a isso, ainda, as inegáveis, sempre, palavras de estímulo – e
correção, quando necessário – que Miguel proporciona aos principiantes; ou
mesmo a companheiros tradicionais, sempre que necessário. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Depois dele, e na
ordem do tempo, presidiram a UBE Aidenor Aires, Luiz Fernando Valladares,
Kleber Adorno, Brasigóis Felício, Coelho Vaz, Iuri R. Godinho, Ubirajara Galli,
eu próprio, Coelho Vaz novamente, Maria Luísa Ribeiro, Edival Lourenço e o
atual, Ademir Luiz. Acredito que estes (espero não ter pulado ninguém)
concordem com o que proponho agora ao presidente Ademir, que certamente exporá
o tema à Diretoria: acompanho os feitos de Miguel há exatas seis décadas
continuadas de atividades literárias (sei que há alguns aninhos mais, pois
estou falando do período em que o conheço) e pelo tanto que já proporcionou às
letras e às artes de Goiás, uma homenagem especial: o título de <i>Presidente
Ad Vitam</i>, da UBE de Goiás, ao incansável Miguel Jorge.<o:p></o:p></span></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: center;"><span style="font-family: georgia;"><span style="font-size: x-large;"><b><i><br /></i></b></span></span></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: center;"><span style="font-family: georgia;"><span style="font-size: x-large;"><b><i>* * *</i></b></span><span style="font-size: large;"><o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><br /></p><p>
</p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal;"><i><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"></span></i></p> <table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><img border="0" data-original-height="569" data-original-width="412" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtP1s0-lphSfEr3dWJ5wXpQmGzY2hYt1TNQpVR0R69cYYBfraATu1wwUAU1kj3Wf5_NErim3I4OtwpiZVNuZLn0Z5gNwRQzZ57-NED7CiSkcrOB-474i_KdQfdcMqzr0y8YavZtw0y29I1362nsx0kY9VxcqylxYEDMUCHJ7Gon9aPPPR04MPQNw/w145-h200/2022%2002%2018%20,%20L.deA..jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;" width="145" /></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><br /></td></tr></tbody></table><br /><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div><div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtP1s0-lphSfEr3dWJ5wXpQmGzY2hYt1TNQpVR0R69cYYBfraATu1wwUAU1kj3Wf5_NErim3I4OtwpiZVNuZLn0Z5gNwRQzZ57-NED7CiSkcrOB-474i_KdQfdcMqzr0y8YavZtw0y29I1362nsx0kY9VxcqylxYEDMUCHJ7Gon9aPPPR04MPQNw/s569/2022%2002%2018%20,%20L.deA..jpg" imageanchor="1" style="clear: left; display: inline !important; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><span style="text-align: left;">Luiz de Aquino, membro da Academia Goiana
de Letras e ex-presidente da UBE Goiás.</span></a><p></p><p><br /></p><p><span style="font-family: georgia;">* <span style="font-size: x-small;">https://www.jornalopcao.com.br/opcao-cultural/miguel-jorge-autor-de-todos-os-generos-pra-toda-a-vida-503659/ </span><br /><span style="background-color: #f2f3f4; letter-spacing: -0.16px; text-align: center;">(Jornal Opção, 02/07/23)</span></span></p></div>Luiz de Aquinohttp://www.blogger.com/profile/05587861821540755577noreply@blogger.com15tag:blogger.com,1999:blog-29538497.post-53973694356075886412023-06-21T21:03:00.001-03:002023-06-21T21:03:45.840-03:00Ana Braga<p><span style="font-family: georgia;"><i> Faleceu ontem, 20/06/23, em Goiânia, a professora Ana Braga, aos 99 anos de idade (completaria o centenário no dia 29 de novembro próximo. Em sua homenagem, proferi, no dia 18 de maio passado, na Academia Goiana de Letras, onde éramos confrades, uma breve fala em sua homenagem, cujo teor transcrevo aqui. </i></span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;"><br /></span></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: center;"><span style="font-family: georgia; font-size: x-large;"><b>Ana Braga</b></span></p><div style="text-align: justify;">
<p align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;"><span style="font-family: georgia;"><i><span style="line-height: 107%;">Poema de Placidina
Siqueira, da Academia <br />Feminina de Letras e Artes de Goiás, AFLAG.<br />
</span></i><b><span style="line-height: 107%;">(</span></b><a href="mailto:placidina.siqueira@gmail.com"><b><span style="line-height: 107%;">placidina.siqueira@gmail.com</span></b></a></span><b><span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: georgia;">)</span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><i><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;"> </span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 70.8pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Ana Braga, <br />
ah, Aninha!... <br />
parece real Bragança, <br />
do Pedro Afonso, <br />
ou Peixe do Tocantins ... <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 70.8pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Ana Braga, <br />
ah, Aninha!... <br />
não há Norte, sequer Sul <br />
que a desarme... <br />
É e será sempre nossa mãe: <br />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 70.8pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Estrela de Carne. </span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt;"> </span></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="font-family: georgia; margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSyl4ytHIvtXRAggteejGi7C6mgfVHWio7D57Voqb7mV18c0eNNYjn5obxLEVd0dJH6BduUR7JJRSmwL9-MYZFCKwaTvzjF_W4h1h4AmhAg27k5viYVr-hufM93TYdeYtMonVXxZgQ9mf2TR6IFMWhI-hyy5lpLiFuTuxOddi-U7VQcH1Va4TZDw/s743/Ana%20Braga.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="743" data-original-width="654" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSyl4ytHIvtXRAggteejGi7C6mgfVHWio7D57Voqb7mV18c0eNNYjn5obxLEVd0dJH6BduUR7JJRSmwL9-MYZFCKwaTvzjF_W4h1h4AmhAg27k5viYVr-hufM93TYdeYtMonVXxZgQ9mf2TR6IFMWhI-hyy5lpLiFuTuxOddi-U7VQcH1Va4TZDw/s320/Ana%20Braga.jpg" width="282" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: x-small;">Ana Braga (acervo: UBE de Goiás).<br /><br /></span></td></tr></tbody></table>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Demonstrações de
afeto são coisas que me emocionam. Em especial quando brotam de um coração mais
moço, observador dos feitos que se tornaram meritórios na vida dos que nos
antecedem. Neste caso, só não me surpreendo porque conheço a poeta Placidina
Siqueira desde os meados da última década do século passado, ou seja, há quase
30 anos. Desde sempre, vi-a atenciosa e disposta a exprimir carinhos às pessoas
à sua volta – ao seu saudoso João, aos filhos Júlia e Ocelo e, ainda, a nós
outros, os que estivéssemos ao seu redor. É, pois, com indisfarçável emoção que
renovo a admiração a essa mulher doçura que é a acadêmica Placidina. Aqui, ela
sintetiza magistral e poeticamente o sentimento de que é tocada ante o exemplo
de vida centenária e ações indeléveis de Ana Braga pela sociedade goiana, desde
os tempos em que a goianidade era horizontalmente imensa – aquele gigantesco
cenário que as condições da natureza e das pessoas conduziram à divisão
geopolítica, multiplicando gentílicos: aquele Goiás de um quase distante <i>ontem</i>
é, neste <i>hoje</i>, tocantinense, brasiliense e goiano. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Refiro-me ao foco
dos sentimentos da Placidina Lemes de Siqueira, a intelectual, a professora, a
vereadora e deputada, mãe de duas famílias – a da juventude e a da vida adulta,
divididas pela viuvez. Em qualquer de seus estados civis, Ana Maria Braga
expressou sua força individual como característica de caráter e de escolhas.
Ainda criança, destacou-se como oradora na formatura do curso primário – e foi
aquele o momento inicial do reconhecimento, por professores e colegas, da
capacidade, do talento e da liderança que marcam sua vida até os nossos dias,
vésperas de sua festa centenária. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">A infância viveu
cenários, primeiro em Peixe (então Goiás), depois em Descoberto (a atual
Porangatu). Peixe, de Goiás, ainda é Peixe em Tocantins, na margem do grande
rio que denomina o novo Estado instalado a 1° de janeiro de 1989; desse eixo
provinciano daquela década de 1930, a menina Ana estendeu a vida nômade para
outros aglomerados: conheceu Santana (hoje Uruaçu), Jaraguá e Corumbá; morou na
católica Trindade, e de lá veio assistir ao despertar do futuro na poeira
vermelha que brotava da sangria das artérias da moderníssima Goiânia. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">O avô Joaquim
Nunes Pinheiro alfabetizou-a aos cinco anos de idade; depois veio a escola
primária, o ginasial (complementar) e, no Colégio Santa Clara, em Goiânia,
diplomou-se Professora Normalista – em todos esses cursos, foi oradora da turma
ao formar-se. Recebeu diploma de Catequista, das mãos do bispo Dom Emanuel; foi
professora no Grupo Escolar Padrão (Modelo?) e no Colégio Santa Clara.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Em 1947 foi eleita
vereadora em Goiânia; e em 1951, casou-se com seu primo Luís de Queiroz, com
quem teve três filhas: Edetina Augusta, Ana Luiza e Efigênia Auxiliadora. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-left: 35.4pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-size: large;"><i><span style="font-family: "Times New Roman", serif;">Parêntese:
Filho é uma coisa que a gente coloca no coração e pergunta a Deus: Como será?
Daí em diante, se vive em constante estado de alerta. Fechando parêntese. (Essa
foi uma resposta de Ana Braga ao escritor Célio de Oliveira; está no livro </span></i><span style="font-family: "Times New Roman", serif;">Acima dos 80 rumo
à velocidade da luz<i>, de 2018, Kelps, 196 páginas).<o:p></o:p></i></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Quatro anos
depois, seu marido morreu num acidente na estrada que já se prenunciava como a Belém
– Brasília – a BR-14, que hoje é a BR-153. Em 1956, bacharelou-se em Ciências
Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito de Goiás (que viria a integrar, a
partir de 1961, a Universidade Federal de Goiás), ano em que também obteve grau
de Licenciada em Geografia e História pela Faculdade de Filosofia – embrião da
Universidade de Goiás (depois, Universidade Católica de Goiás e, hoje, a
Pontifícia Universidade Católica de Goiás).<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Elegeu-se, em
1959, deputada estadual; e em 1960, casou-se com o médico Trajano Machado
Gontijo Filho, gerando outros quatro filhos: Antônio Paulo, Fernando, José
Augusto, e Cláudio. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Logo após o
casamento, mudaram-se para Tocantinópolis, onde, em 1962, Ana Braga elegeu seu
marido prefeito municipal. Assim, além de deputada, ela era também
primeira-dama. A família mudou-se para Porangatu, onde Trajano repetiu a
façanha de Tocantinópolis: elegeu-se prefeito, após o casal construir o
Hospital Nossa Senhora da Piedade.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Ana Braga
desempenhava, ao longo de sua vida, incontáveis papéis na melhoria das
condições de vida dos mais carentes. Inquieta e incansável, ei-la novamente em
busca de mais uma profissão: a de Enfermeira, título obtido em 1963. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">De sua lavra,
vários foram os livros, incontáveis os artigos em jornais e revistas, múltiplos
e variados, e sempre muito festejados, seus discursos em púlpitos das casas
legislativas e eventos mil nos âmbitos acadêmicos e políticos, em cargos
desempenhados na AFLAG, na AGL e na novel Academia Tocantinense de Letras, de
que é, também, membro fundadora. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Apesar da época –
os anos confusos da década de 1930, que resultaram na Segunda Grande Guerra; os
<i>quarenta</i> do desfecho do conflito na Europa e na deposição de Vargas em
seu Estado Novo; o pós-guerra ainda teimando em conservar costumes, com a
hegemonia masculina nas sociedades... Enquanto tudo isso acontecia, Ana Braga
brilhava com seus feitos e conquistas. Não deixou de ser mãe de família
enquanto era vereadora e deputada, professora e agente de ações sociais,
escritora e líder natural nas ocorrências culturais deste Estado em sua
grandiosidade, antes do corte do <i>quadrilátero Cruls</i> e da separação
Norte-Sul, colaborando, com seu poder feminino sagaz e persistente, para essas
novas unidades federativas e a consolidação do poder que proporciona à mulher
do Século XXI o albor da liberdade. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">A esta Academia
Goiana de Letras, chegou por eleição, em 2006, ocupando a Cadeira 31, que tem
por patrona Eurídice Natal e Silva; a primeira ocupante foi Rosarita Fleury,
sua parceira, em 1969, ao lado da também saudosa Nely Alves de Almeida, na
criação da Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás, a AFLAG, sodalício que
se consolida em breve tempo e representa, com altivez e dignidade, a
criatividade feminina cerceada, por quase um século, pelas academias de letras
– tanto a Academia Brasileira de Letras quanto as regionais. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">A propósito, esse
lado de pioneira na personalidade de Ana Braga revela-se também quando, ao lado
de Liberato Póvoa e outros, atuou para criar a Academia Tocantinense de Letras.
<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Nesta Casa, ela
foi apresentada, formalmente, em data de sua posse, pelo então presidente
Geraldo Coelho Vaz e recepcionada pelo acadêmico Ney Teles de Paula. Coelho Vaz
pinçou datas e vínculos da sempre promissora vida política e social de Ana
Braga; e Ney Teles de Paula situou-a, geográfica e historicamente, na realidade
ancestral da nossa novel confreira, bem como em sua riquíssima biografia, com
evidências para pessoas notáveis de seu convívio. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;"> </span></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: x-large;"><i><b>* * *</b></i></span><span style="font-size: large; font-weight: bold;"><o:p></o:p></span></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;"> </span></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">O carinho com que
foi acolhida nesta Academia expressa-se além dos discursos do presidente Coelho
Vaz e do orador oficial Ney Teles de Paula, num belo poema, da lavra inspirada
de outro confrade, nosso também ex-presidente Getúlio Targino Lima:</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;"><br /></span></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><b><span style="font-size: x-large;">SAGA</span></b><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="background: white; color: #202122; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-left: 70.8pt;"><span style="background: white; color: #202122; font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Veio <br />
para vencer<br />
a dor, <br />
o amor, <br />
o fenecer.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="background: white; color: #202122; font-family: "Times New Roman", serif;"><o:p><span style="font-size: large;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-left: 70.8pt;"><span style="background: white; color: #202122; font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Veio<br />
para inovar, <br />
na vida, <br />
no ser,<br />
no ar.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="background: white; color: #202122; font-family: "Times New Roman", serif;"><o:p><span style="font-size: large;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-left: 70.8pt;"><span style="background: white; color: #202122; font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Veio para crer <br />
mais na força <br />
do que na fraqueza, <br />
mais na dor <br />
do que na moleza. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="background: white; color: #202122; font-family: "Times New Roman", serif;"><o:p><span style="font-size: large;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-left: 70.8pt;"><span style="background: white; color: #202122; font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Veio ser. <br />
Ser mulher, <br />
mas valente, <br />
destemida, <br />
desbravadora <br />
de novos caminhos, <br />
a conquistar alturas <br />
impensáveis, <br />
vencendo espinhos.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="background: white; color: #202122; font-family: "Times New Roman", serif;"><o:p><span style="font-size: large;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-left: 70.8pt;"><span style="background: white; color: #202122; font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Veio ser mãe, <br />
na ternura do seio <br />
maternal, <br />
e pai, <br />
na fortaleza <br />
do ombro seguro, <br />
largo e puro.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="background: white; color: #202122; font-family: "Times New Roman", serif;"><o:p><span style="font-size: large;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-left: 70.8pt;"><span style="background: white; color: #202122; font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Política, <br />
creu em ideias <br />
e praticou ideais. <br />
Carregou laurel, <br />
a que fez jus, <br />
mas ombreou <br />
a cruz.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="background: white; color: #202122; font-family: "Times New Roman", serif;"><o:p><span style="font-size: large;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-left: 70.8pt;"><span style="background: white; color: #202122; font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Veio para dizer <br />
que o bem se faz, <br />
não se propala; <br />
e que o mal se enfrenta, <br />
não apenas <br />
se fala.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="background: white; color: #202122; font-family: "Times New Roman", serif;"><o:p><span style="font-size: large;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-left: 70.8pt;"><span style="background: white; color: #202122; font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Veio para durar, <br />
durar o tempo <br />
que o exemplo precisa <br />
para ficar.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="background: white; color: #202122; font-family: "Times New Roman", serif;"><o:p><span style="font-size: large;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-left: 70.8pt;"><span style="background: white; color: #202122; font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Veio dizer, <br />
falar, <br />
fazer, <br />
mostrar<br />
que, ao fim <br />
e ao cabo, <br />
valeu a pena <br />
amar. </span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><i><span style="background: white; color: #202122; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt;">(Para Ana Braga, Ano Cultural de 2015 da Academia Goiana de
Letras, GTL).<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="background: white; color: #202122; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="background: white; color: #202122; font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Neste ano de centenário, Bariani e Ana Braga são focos das
nossas homenagens: as <i>minhas</i> entidades – a União Brasileira de
Escritores em Goiás, na pessoa do presidente Ademir Luiz; a Academia Goiana de
Letras, presidida pelo confrade e velho amigo Ubirajara Galli, e o Instituto
Histórico e Geográfico de Goiás, sob a liderança do profícuo historiador Jales
Mendonça – empenham-se em honrá-los com a dignidade de que se fizeram
merecedores, não só pela longevidade, mas por suas vidas profícuas, dinâmicas,
criativas e benfazejas. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="background: white; color: #202122; font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Agradeço à Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás pela
oportunidade que me ofereceu, recentemente, de homenagear tão queridos
confrades; confesso-me feliz por participar dessas homenagens – que são também
promovidas aqui, entre tão queridas confreiras. E rendi-me ao convite do
presidente da AGL, Ubirajara Galli, por designar-me o orador para esse preito
de honra à nossa centenária Ana Braga, a despeito das minhas limitações
naturais e intelectuais para tão grandioso momento. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="background: white; color: #202122; font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Aos confrades da AGL, às confreiras da AFLAG e aos amigos
convidados que aqui se fazem presente, muito obrigado!<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><b><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;"> </span></span></b></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: x-large;"><i><b>* * *</b></i></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><o:p><span style="font-size: large;"> </span></o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEix9Vu3Sr9hmFmwlrdt_BW-3bmVkOwYwWtm0bECqeP5aF62ESQjwa-T7sxYVTU08tNrO0toJyoRSeM2PNXvgYLAL2MdS4yvZH348MF7bBgFJJJUNTLMnrnJ3DBq3K9432KCeitopfn1I2BEqlWQQz5vbMLGXezoQWTBTqVe0suoFdbfervup7SyoQ/s4096/IMG_20230515_085347.jpg" imageanchor="1" style="font-size: x-large; margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="4096" data-original-width="3072" height="101" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEix9Vu3Sr9hmFmwlrdt_BW-3bmVkOwYwWtm0bECqeP5aF62ESQjwa-T7sxYVTU08tNrO0toJyoRSeM2PNXvgYLAL2MdS4yvZH348MF7bBgFJJJUNTLMnrnJ3DBq3K9432KCeitopfn1I2BEqlWQQz5vbMLGXezoQWTBTqVe0suoFdbfervup7SyoQ/w76-h101/IMG_20230515_085347.jpg" width="76" /></a><i style="font-family: georgia; text-align: center;"><span style="font-size: x-small;">Luiz de Aquino, da Academia Goiana de Letras, Cadeira n° 10.</span></i></div><p></p></div><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;"><br /><i><br /></i></span></p>Luiz de Aquinohttp://www.blogger.com/profile/05587861821540755577noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-29538497.post-11921009886904926402023-06-13T16:31:00.002-03:002023-06-13T16:31:21.635-03:00AGL, Cadeira n° 4<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNIwp_HDj46VLYrsCXwkWwDiqWyFSq6ALvHi23hPlPkjJuYH8CYA8fWt3lW-8IDqOK49LkozyKKa4ATuyvJEW844IbGOpC92X_OfAx95tIE2dRhJ1Wd5E-E-g_0wwQy_sHTsktuOGeQlkRIJyPeYC16kEgbdhyTYvP8yyYkojYBKjmvfJOrq0/s620/moema_olival-1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="350" data-original-width="620" height="296" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNIwp_HDj46VLYrsCXwkWwDiqWyFSq6ALvHi23hPlPkjJuYH8CYA8fWt3lW-8IDqOK49LkozyKKa4ATuyvJEW844IbGOpC92X_OfAx95tIE2dRhJ1Wd5E-E-g_0wwQy_sHTsktuOGeQlkRIJyPeYC16kEgbdhyTYvP8yyYkojYBKjmvfJOrq0/w524-h296/moema_olival-1.jpg" width="524" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: xx-small;"><span style="font-family: georgia;">Profa. e Acadêmica Moema de Castro e Silva Olival, que se despediu a 20/03/21m vagando a Cadeira 4</span><br /></span></td></tr></tbody></table><br /></div><p><br /></p><p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><b><span style="font-size: 20pt; line-height: 107%;"><span style="font-family: georgia;">AGL,
Cadeira n° 4<o:p></o:p></span></span></b></p><p></p><p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14pt; line-height: 107%;"><span style="font-family: georgia;"> </span></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Em recente decisão
para alteração do Estatuto, a Academia Goiana de Letras mudou os critérios para
a eleição de novos membros. O critério em vigor, nos moldes anteriores, exigia
que, ainda em segunda votação, o eleito apresentasse 19 votos, ou a eleição seria
anulada (na hipótese de ninguém atingir esse índice mínimo). E em algumas
eleições em anos recentes, sequencialmente, vários sufrágios foram anulados e as
novas chamadas para a mesma Cadeira vaga impediam os postulantes não
vitoriosos. O fato é que as regras foram flexionadas, de modo a permitir, <i>in
fine</i>, um resultado positivo.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Há um bom tempo
que se espera preencher a única vaga na Academia, e é justamente a da Cadeira
4, antes ocupada pela Professora Moema de Castro e Silva Olival. O prazo para
inscrição de candidatos começa amanhã, 14 de junho, e se estende até o dia 4 de
julho. Os candidatos devem preencher as exigências do Edital – a principal
delas é que seja autor de ao menos um livro. Os critérios outros serão apreciados,
primeiro, por uma comissão especialmente designada, entre os membros atuais, devendo,
ao término, emitir parecer que será apreciado pelo plenário da AGL; em seguida,
com a eleição marcada, a entidade reúne-se para escolher, em votação secreta e
direta, o novo ocupante da Cadeira.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">O Edital foi
publicado no jornal eletrônico A Redação, conforme divulga o jornalista Jales Naves;
e de imediato, dizendo estar com a documentação preparada para apresentar
amanhã, dia 14 (como foi dito, o primeiro para as inscrições), ligou-me o poeta
e biógrafo Ademir Hamu. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXnKJrx5tFNVtkumB0j9IY6duV7A305MrwYNjdUx9VHZbBZmVEBJh43H5MRMrQt2DsFS8npuOWzQ55VaVzrJ_k6iktZ0L4dll0fLXa7jKO_iotvBpsJSwLebYbCCldVGH9VEzhdfks92gLmNPIMHu_BChlxLgh_BDeZhIKFPkrJPU2qNCamPU/s1038/Ademir%20Hamu.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-indent: 0px;"><span style="font-size: large;"><img border="0" data-original-height="1038" data-original-width="821" height="250" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXnKJrx5tFNVtkumB0j9IY6duV7A305MrwYNjdUx9VHZbBZmVEBJh43H5MRMrQt2DsFS8npuOWzQ55VaVzrJ_k6iktZ0L4dll0fLXa7jKO_iotvBpsJSwLebYbCCldVGH9VEzhdfks92gLmNPIMHu_BChlxLgh_BDeZhIKFPkrJPU2qNCamPU/w198-h250/Ademir%20Hamu.jpg" width="198" /></span></a></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Habituei-me, há 26
anos, a declarar publicamente o meu voto e, em raras ocasiões, aguardei o
andamento das movimentações para definir minha escolha. Este, porém, é um
momento especialmente diferente, já que o meu convívio literário com Ademir
Hamu remonta às primeiras escritas do ano de 1980 – somos admiradores mútuos:
ele curte meus poemas e minhas prosas, e eu me delicio com seus versos e
biografias. Entre nós, versos e cervejas foram chamariz e visgo, e cuidamos
muito bem de, também na linguagem oral, trocar histórias e opiniões, além do
compartilhamento de vários amigos da escrita e das tintas, dos palcos e das
canções.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;"><br /></span></span></p><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYFY0qrhUH5g-dxn94FZnG4ILCZ7QdtRvfkwkMfmzoVZSe_XDW40_RRXSiec-8xXai6ngkSgq76GGnmx8KWM4HmfXCjUHZsCxAMRpMNqVL7Kn9jG6YrXVRXVFjetlES4fQE6yQssj_biv1xzqGfez2UvScBKUvgBZGGPIpLXmZocUr7aqPdFY/s2124/Leninha%20-%20Ademir%20Hamu.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto; text-indent: 0px;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><img border="0" data-original-height="2124" data-original-width="2108" height="261" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYFY0qrhUH5g-dxn94FZnG4ILCZ7QdtRvfkwkMfmzoVZSe_XDW40_RRXSiec-8xXai6ngkSgq76GGnmx8KWM4HmfXCjUHZsCxAMRpMNqVL7Kn9jG6YrXVRXVFjetlES4fQE6yQssj_biv1xzqGfez2UvScBKUvgBZGGPIpLXmZocUr7aqPdFY/w260-h261/Leninha%20-%20Ademir%20Hamu.jpg" width="260" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia; font-size: x-small;">Leninha, obra poética de Ademir Hamu</span></td></tr></tbody></table><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Marquei, já, uma
pequena e discreta rodada – claro, claro: irei de táxi, porque aceito, acato e
respeito as regras de trânsito – para conversarmos sobre a campanha, posto que
os propósitos eu já sei, bem como sei da base das exigências para o ingresso no
sodalício maior (por sua natureza) das letras em Goiás.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Eu poderia, dirão
alguns, esperar mais alguns dias para, em confronto com os demais nomes,
manifestar a minha preferência; por duas vezes, fiz isso e não me dei bem:
havia candidatos de igual estima e, na primeira ocasião, viajei, deixando de
votar – numa outra, não marquei ninguém, posto que eram apenas dois e os dois
me eram queridos por demais.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Assim, haja quem
houver na disputa, o meu voto já tem marca e compromisso: é do poeta Ademir
Hamu. Acaso surjam outros amigos, igualmente dignos de um espaço vitalício na
Casa Colemar, merecerão igual delicadeza e atenção num próximo pleito. E é bom
que fique claro: os meus mais-queridos precisam de, quando for o momento,
apressar-se com os papéis, os livros a apresentar e o indispensável (e
apressado pedido) para que, de igual maneira, eu declare o meu voto, evitando
que outros candidatos percam tempo à minha procura.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 20.0pt;">* * *<o:p></o:p></span></b></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: center;"><b><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCkLLWsftP6vRrwT6ToSpUR1iq-_utHtKJyPxXLKcsE5iWpIayiQg66xWLpEwUtfSsW_dDjURy1SrtJu356BsQ7RiqSb8nJOwTkMECuruy4koKOTswrT8yxNMtfhqK9G9T41KS8tDoZZXDVSbYfwrFQcnFbucYCeW1X5Z4AoP4Ni98BRU5NX0/s338/2021%2010%2014.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="338" data-original-width="261" height="219" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCkLLWsftP6vRrwT6ToSpUR1iq-_utHtKJyPxXLKcsE5iWpIayiQg66xWLpEwUtfSsW_dDjURy1SrtJu356BsQ7RiqSb8nJOwTkMECuruy4koKOTswrT8yxNMtfhqK9G9T41KS8tDoZZXDVSbYfwrFQcnFbucYCeW1X5Z4AoP4Ni98BRU5NX0/w169-h219/2021%2010%2014.jpg" width="169" /></a></td></tr></tbody></table></b></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: center;"><i><span style="font-size: x-small;"><span style="font-family: georgia;">Luiz de Aquino – Cadeira 10 da <br />Academia Goiana de Letras.</span></span></i></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: center;"><br /></p><p><br /> </p>Luiz de Aquinohttp://www.blogger.com/profile/05587861821540755577noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-29538497.post-78592861236165231142023-05-02T14:36:00.001-03:002023-05-02T14:36:35.408-03:00José Xavier de Almeida Júnior (Xavier Júnior, poeta)<p></p><div style="text-align: center;"><span style="font-size: medium;"> </span><span style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: georgia; text-align: center;"><span style="font-size: medium;"> Na Sessão Solene de 27 de abril de 2023, em que comemoramos 84 anos de criação da Academia Goiana de Letras, o presidente José Ubirajara Galli Vieira lançou duas antologias, uma em que biografamos os patronos de cada Cadeira do sodalício, outra em que focamos nos presidentes da Casa. </span></span></div><div style="text-align: center;"><span style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: georgia; text-align: center;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></span></div><div style="text-align: center;"><span style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: georgia; text-align: center;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiogBibGphofA2PRlVgqCUrK58JrobjE-lSTg0RwVYuQJ8g_zAwiaeTA4mL6b4SSDELx0lbgGaFiwV0iGH9Xe_8bbcRqC7pNUGovSuaLVdQJ3deD2rJ9PLyH-5DaKZiyEK8UlgGe9lVoTMIXHeSnAgpP7M8Rkm66xInFx9eIjbfEk-EH9orlXU/s4000/IMG_20230502_134931.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="4000" data-original-width="2992" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiogBibGphofA2PRlVgqCUrK58JrobjE-lSTg0RwVYuQJ8g_zAwiaeTA4mL6b4SSDELx0lbgGaFiwV0iGH9Xe_8bbcRqC7pNUGovSuaLVdQJ3deD2rJ9PLyH-5DaKZiyEK8UlgGe9lVoTMIXHeSnAgpP7M8Rkm66xInFx9eIjbfEk-EH9orlXU/w478-h640/IMG_20230502_134931.jpg" width="478" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div></span></div><p></p><p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: georgia; font-size: x-large;">PRESIDENTE JOSÉ XAVIER DE <br /><br /></span></span></b></p><p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="line-height: 107%;"><span style="font-size: x-large;">ALMEIDA JÚNIOR <br /></span></span></b><br /><b>De 26/10/1953 a 29/10/1957</b></span></p><p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;"><b><br /></b></span></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYuG2upBpgmmnJUFNw_Dn2Pj3QybtkAytV_F5KeSF6XZl-hTdY2U4utbXGF9gKrJJOuuT0qp7xhIcKkCkDgQHRclsionf_iS7df1pfqLnuWqQHt-mgsDYBvhJv5LKZUvsBTdNRxa9jpjEIKyWTBtSko0hXSn1rOD3LGC3lwMW5ZFviI29_Gpg/s4000/IMG_20230502_135650.jpg" imageanchor="1" style="background-color: white; font-family: georgia; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="4000" data-original-width="2992" height="435" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYuG2upBpgmmnJUFNw_Dn2Pj3QybtkAytV_F5KeSF6XZl-hTdY2U4utbXGF9gKrJJOuuT0qp7xhIcKkCkDgQHRclsionf_iS7df1pfqLnuWqQHt-mgsDYBvhJv5LKZUvsBTdNRxa9jpjEIKyWTBtSko0hXSn1rOD3LGC3lwMW5ZFviI29_Gpg/w325-h435/IMG_20230502_135650.jpg" width="325" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">A meu encargo, dados biográficos e considerações <br />sobre a obra de Xavier Júnior.</td></tr></tbody></table>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14pt; line-height: 107%;"><o:p><span style="font-family: georgia;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="border: none; line-height: normal; margin-bottom: 14.0pt; mso-border-shadow: yes; mso-padding-alt: 31.0pt 31.0pt 31.0pt 31.0pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><span style="color: black;">José Xavier de Almeida
Júnior, o poeta <b>Xavier Júnior</b>,
nasceu no Palácio Conde dos Arcos, na Cidade de Goiás, no dia 20 de outubro de
1902, filho de Amélia Augusta de Morais e Almeida e de José Xavier de Almeida,
então governador de Goiás. Cursou o primário em Morrinhos e, como aluno
interno, o Ginásio Diocesano de Uberaba. Na Universidade do Brasil (hoje,
Universidade Federal do Rio de Janeiro), na capital federal, formou-se em </span>M<span style="color: black;">edicina. Antes, pensou em cursar
Direito, talvez por sua vocação natural para as letras. Casou-se aos 39 anos
com Domitila dos Santos Fleury de Almeida</span> e <span style="color: black;">teve
quatro filhos. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="border: none; line-height: normal; margin-bottom: 14.0pt; mso-border-shadow: yes; mso-padding-alt: 31.0pt 31.0pt 31.0pt 31.0pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: black;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Praticou a medicina por
pouco mais de vinte anos. Uma queda de retina afastou-o da clínica, provocando
uma aposentadoria precoce – e, assim, dedicou-se ele mais ainda à poesia e,
mais tarde, também à crônica e à crítica literária.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="border: none; line-height: normal; margin-bottom: 14.0pt; mso-border-shadow: yes; mso-padding-alt: 31.0pt 31.0pt 31.0pt 31.0pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: black;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Foi membro da Academia
Goiana de Letras, membro fundador da Cadeira 13. Ocupou a presidência do
sodalício no período de 26/10/1953 a 29/10/1957.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="border: none; line-height: normal; margin-bottom: 14.0pt; mso-border-shadow: yes; mso-padding-alt: 31.0pt 31.0pt 31.0pt 31.0pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><span style="color: black;">Em seus primeiros meses
de vida, a família se transferiu para Petrópolis (RJ) e depois Juiz de Fora
(MG), vindo a família a morar em Morrinhos, onde Xavier Júnior começou os
estudos e, por conta disso, viveu outros ares até se formar, no Rio de Janeiro.
A par dos estudos, dedic</span>ou<span style="color: black;">-se à
Poesia desde 1920. Viveu, portanto, um período de intensas transformações no
Brasil e no mundo: as novidades do após-guerra, a partir de 1918; o golpe que
afastou o presidente Washington Luís e impediu a posse do presidente eleito
(Júlio Prestes), dando início à “era getulista”, que se estendeu por 15 anos,
terminando ao mesmo tempo em que alemães e japoneses se rendiam aos aliados na
Segunda Guerra; viveu as grandes inovações tecnológicas – o rádio, o cinema sem
sonoridade e até as imensas telas coloridas do “cinemascope”, a televisão, a
conquista do espaço, a miniaturização que possibilitou a popularização dos
computadores e da telefonia celular. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="border: none; line-height: normal; margin-bottom: 14.0pt; mso-border-shadow: yes; mso-padding-alt: 31.0pt 31.0pt 31.0pt 31.0pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: black;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Inevitável, pois, seria
a evolução de sua literatura desde os primeiros versos, antes que completasse
vinte anos, até as vésperas de seus últimos dias. E, ainda assim, por integrar
a Academia Goiana de Letras e (mais ainda) a sua presidência, sofreu
discriminações e críticas desairosas de uma geração mais nova. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="border: none; line-height: normal; margin-bottom: 14.0pt; mso-border-shadow: yes; mso-padding-alt: 31.0pt 31.0pt 31.0pt 31.0pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">A obra,
porém, aí está. Sua obra e sua vida. Ao alcance dos críticos que, imagino,
silenciam-se pelo arrependimento – mas tal rejeição está em <i style="mso-bidi-font-style: normal;">A Poesia em Goiás</i> (segunda edição em
1983, pela Editora da UFG), (pág. 112) do poeta e crítico literário Gilberto
Mendonça Teles, o mais antigo membro da AGL (empossado em 11/03/1961).<span style="color: black;"><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="border: none; line-height: normal; margin-bottom: 14.0pt; mso-border-shadow: yes; mso-padding-alt: 31.0pt 31.0pt 31.0pt 31.0pt; text-indent: 35.45pt;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Obra<o:p></o:p></span></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 14.0pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Cesareana
Segmentar (estudo estatístico)</i>
– Tese de doutoramento. Rio, Tipografia Leuzinger,1927. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 14.0pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">A
Viagem de Frei Trapie</i> – Uberlândia, Tipografia Alvina,
1931.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 14.0pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">A
Canção do Planalto</i> (poemas) – Rio, Tipografia Emiel,
1942. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 14.0pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Leituras
e lembranças</i> – Goiânia, Editora Oriente, 1971.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 14.0pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Apreciações
sobre a poesia de Xavier Júnior e, em especial, sobre A Canção do Planalto</b> <br />
(Do livro <i style="mso-bidi-font-style: normal;">A Poesia em Goiás</i> , de
Gilberto Mendonça Teles, segunda edição em 1983, pela Editora da UFG)<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 14.0pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">A
Canção do Planalto</i> fora publicado em 1937, em edições
do jornal<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> Voz do Sul</i>, de Anápolis,
sob o título <i style="mso-bidi-font-style: normal;">À Margem da Vida</i>. São
poemas datados de 1920 a 1942, ano da nova publicação, obviamente, com o
acréscimo de poemas publicados entre 1937 e o ano da nova edição. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 14.0pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><a name="_gjdgxs"></a>Gilberto
Mendonça Teles, na obra acima citada, refere-se a Xavier Júnior como “um dos
principais poetas desse tempo” –
referindo-se ao período pré-modernista em Goiás. Escreveu GMT: “Nesse livro,
que revela um poeta também eclético, com acentos parnasianos, simbolistas e
modernistas, Xavier Júnior nos dá bem as dimensões de sua arte, zelosamente
construída em qualquer dos rumos ecléticos que se propunha. Ali encontramos
pela primeira vez em Goiás a divulgação do haicai, o menor poema de forma fixa,
de origem japonesa, de que se tem notícia nas literaturas. Uma análise estética
de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">A Canção do Planalto</i> nos confirma
as influências apontadas, as quais, (...) longe de lhe diminuir a obra, dão-lhe
uma natureza dinâmica que é afinal de contas o inconformismo, a preocupação com
novos roteiros a seguir. Assim, o poema que dá o título ao livro, com arroubos
épicos, lembra, pela concepção temática, o ‘Caçador de Esmeraldas’. A linguagem
vocabular de muitos poemas corroboram ainda essa aproximação parnasiana,
bastando lembrar o verso <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Sacode o corpo
todo ao brônzeo duende, </i>em que, a par de ‘corpo’ e ‘brônzeo’, há toda uma
contenção de forças, cuja célula é o ditongo imperfeito de ‘brônzeo’,
transmitindo ao verso uma como intensa vibratibilidade plástica, idealizada
pelos parnasianos. Há, ainda, palavras como ‘argonautas’, títulos de poemas
como ‘Holocausto da Volúpia’, ‘Salamandra’, ‘Pantápole’, e tantos outros que
não deixam dúvida quanto à sua filiação literária”. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 14.0pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Gilberto discorre mais sobre o poeta
Xavier Júnior: “Os acentos verdadeiramente modernistas são poucos e se
encontram nos poemas citados na Antologia” (refere-se à seleção feita por ele
próprio, GMT, sob os títulos <i style="mso-bidi-font-style: normal;">As Chuvas de
Ouro</i> e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Coração Vazio</i>). E cita A.
G. Ramos Jubé, que escreveu: “Xavier Júnior, ao lado de José Lopes Rodrigues,
comandou o grupo de reação ao movimento modernista de 1942”. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 14.0pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Em seguida, traz o que publicou
Vítor de Carvalho Ramos ao referir-se a Xavier Júnior: “No seu livro não dita
velharias, sonetinhos inexpressivos, de temas banais, ao alcance de qualquer
vate medíocre. Nada de monotonia e vulgaridade dos passadistas. Seus poemas,
num ritmo novo, são espontâneos, palpitantes de emoção e tomam, por vezes, a
cadência épica. Se, em algumas de suas poesias, o sentimento predominante é o
da tristeza e do pessimismo, todavia esse sentimento é resignado e
compreensivo, sem as exclamações e desespero dos retóricos. O lirismo de Xavier
Júnior é em tom menor, sutil, emotivo, às vezes elegíaco. Sua musa é mais
descritiva. Prefere refletir algo da graça e da ternura da alma da natureza”. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 14.0pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Também Leo Lynce, no jornal <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Araguaia</i>,<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> </i>escreveu: “Xavier Júnior, que é, sem favor, a mais completa
expressão da cultura literária goiana desses nossos dias de absorventes
utilitarismos, dá-me a impressão que tive de Afrânio Peixoto e tenho de José
Lins do Rego: mesmo com o consultório a transbordar de clientes e mesmo
escrevendo sobre medicina, o doutor passa para o segundo plano e é sempre o
escritor que interessa. A ideia da pena e não a da agulha de injeção é que
perdura”. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 14.0pt; text-indent: 35.45pt;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Prosa
ficcional<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 14.0pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ponta
de Linha</i> (romance) é obra pulicada
postumamente pela família quando do centenário de nascimento do autor (2002).
Escrito nos primeiros anos da década de 1940, permaneceu inédito, pois, por
cerca de 60 anos. Xavier Júnior valeu-se, certamente, da chegada dos trilhos a
Anápolis, em de 1937, onde viveu de 1935 a 1952. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 14.0pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">A concepção do romance acontece ao
tempo em que se construía Goiânia, que substituía a antiga capital de Goiás. O
texto, de ótima linguagem e criatividade ficcional, prende o leitor até o final
da trama, com uma história de amor e amancebamento de um jovem médico com uma
fazendeira, numa pequenina cidade à beira do trem. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 14.0pt; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Leo Lynce (outra vez o nosso
primeiro modernista) assim se expressou sobre <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ponta de Linha</i>: <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 14.0pt; text-indent: 35.45pt;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">(...)
romance que tive a fortuna de ler em forma datilográfica e sem cuja publicação
“desaparecerá, sem dúvida, nas diluições da tradição oral” uma das fases mais
curiosas da vida goiana, ou melhor, da vida Anapolina (...) <o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 14.0pt; text-indent: 35.45pt;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">O
romance de Xavier Júnior, como o título está a indicar é um depoimento pessoal
(desculpada a expressão jurídica), um documento filmado em tecnicolor, todo ele
palpitante de vida e de interesse humano, a fixar o milagre operado pela via
férrea, ou seja, a transformação da antiga Sant’Ana das Antas em moderna urbe,
capital econômica e meca política do Estado – a portentosa Anápolis de hoje. <o:p></o:p></span></i></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 14.0pt; text-align: center;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">*<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>*<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>*<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Ainda nos anos de 1940, a obra, em seu original, recebeu
críticas e louvações dos companheiros escritores da época; e ao ser lançada,
mereceu referências exaltadas de um ex-aluno de Xavier Júnior – o escritor e
também acadêmico José Asmar, bem como comentários favoráveis de tantos quanto
tiveram acesso ao livro – eu inclusive. </span><span style="font-family: Times New Roman, serif; font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: x-large;"><b>* * *</b></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: x-large;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFQoK9xVJ_OHAuxUnGunomgx4YMlVPH59AKvkcmhQ1jLdWEkpN74fRX4Kz5ZGwjyYSG8cKE1yx-UkAYi9f4kEWzAcO6nJTAlmkIZgMVt-JLu7isIaBd-klaHWGdWemxsKlRq72N48nWTS4DxEZ_tYPttNKvmG7z7Qq7Gy_q0p4bMNWP5F_IEQ/s4096/IMG_20230116_173037.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="4096" data-original-width="3072" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFQoK9xVJ_OHAuxUnGunomgx4YMlVPH59AKvkcmhQ1jLdWEkpN74fRX4Kz5ZGwjyYSG8cKE1yx-UkAYi9f4kEWzAcO6nJTAlmkIZgMVt-JLu7isIaBd-klaHWGdWemxsKlRq72N48nWTS4DxEZ_tYPttNKvmG7z7Qq7Gy_q0p4bMNWP5F_IEQ/s320/IMG_20230116_173037.jpg" width="240" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Luiz de Aquino, membro da AGL,<br /> Cadeira 10.</td></tr></tbody></table><br /><b><br /></b></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></p>Luiz de Aquinohttp://www.blogger.com/profile/05587861821540755577noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-29538497.post-47494841737366938702023-05-02T14:22:00.000-03:002023-05-02T14:22:22.137-03:00Moisés Augusto de Santana<p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;"> Na Sessão Solene de 27 de abril de 2023, em que comemoramos 84 anos de criação da Academia Goiana de Letras, o presidente José Ubirajara Galli Vieira lançou duas antologias, uma em que biografamos os patronos de cada Cadeira do sodalício, outra em que focamos nos presidentes da Casa. </span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;"><br /></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjh0yopNCcoWBWeyE0AnQqEMcTuHglK7aalTJKIc5KAaDBF1D7vHuNNn7ytFvdlNcSeuF0W9gmj2xYT0vA32J1cnE_1ocOumOiguB8FoWmTsZJzr7NggdO7kSsElmhYIyljpofgAPWa2q_FQB_-fV6FlViCtBYHKBT9NP-qHsEmZ-8nvRr8vd0/s1600/Patronos%20AGL.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-family: georgia;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1196" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjh0yopNCcoWBWeyE0AnQqEMcTuHglK7aalTJKIc5KAaDBF1D7vHuNNn7ytFvdlNcSeuF0W9gmj2xYT0vA32J1cnE_1ocOumOiguB8FoWmTsZJzr7NggdO7kSsElmhYIyljpofgAPWa2q_FQB_-fV6FlViCtBYHKBT9NP-qHsEmZ-8nvRr8vd0/w299-h400/Patronos%20AGL.jpeg" width="299" /></span></a></div><span style="font-family: georgia;"><br /><br /></span><p></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia;"><b><span style="font-size: x-large;">MOISÉS AUGUSTO DE SANTANA
</span></b><br /><span style="font-size: medium;">
Patrono da Cadeira 10 da Academia Goiana de <br />
Letras, assento de jornalistas literatos.</span><b style="font-size: 12pt;"><o:p></o:p></b></span></span></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia;"><br /></span></span></p><div style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRM78H6G0y367QEAFn_jSj-LgfT-JItAjiTFyHpsd6Fe2jPo9XXHTie-E-e-M5o4FUw7WxqMdxso1ZajQ_eeZedHhSsA8nrkDa0gLta6qxyemEj8UTsBAbVM1_oh97ySIMVj80Tlq9vylB5n_iST4DKUsBIr1_3mjKfUn7Osc7FmqcjtlHX1k/s1600/Mois%C3%A9s%20Santana.jpeg" imageanchor="1"><span style="font-family: georgia;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1196" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRM78H6G0y367QEAFn_jSj-LgfT-JItAjiTFyHpsd6Fe2jPo9XXHTie-E-e-M5o4FUw7WxqMdxso1ZajQ_eeZedHhSsA8nrkDa0gLta6qxyemEj8UTsBAbVM1_oh97ySIMVj80Tlq9vylB5n_iST4DKUsBIr1_3mjKfUn7Osc7FmqcjtlHX1k/w299-h400/Mois%C3%A9s%20Santana.jpeg" width="299" /></span></a></div><p></p>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;">Coube-me a missão de discorrer sobre <br />Moisés Augusto de Santana.</span></td></tr></tbody></table><p style="line-height: 150%; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="background: white; color: black;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></span></p><p style="line-height: 150%; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="background: white; color: black;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></span></p><p style="line-height: 150%; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="background: white; color: black;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Ainda pranteávamos Carmo Bernardes da
Costa, falecido em abril de 1996, aos 80 anos completados em dezembro do ano
anterior, quando a Academia Goiana de Letras, na época presidida pela mestra
Maria do Rosário Cassimiro, procedeu à Sessão Magna da Saudade, com a
Declaração de Vaga da Cadeira n° 10. Eleito em outubro daquele ano, vim a ser
seu terceiro ocupante. <o:p></o:p></span></span></p>
<p style="line-height: 150%; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="background: white; color: black;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Albatênio Caiado de Godoy, advogado e
jornalista, homem público e escritor, ocupara a Cadeira 10 desde a criação da
AGL, em 1939. O sodalício foi das primeiras instituições culturais surgidas na
nova capital, onde já se sediava o Instituto Histórico e Geográfico de Goiás,
transferido da antiga capital e instalado em edificação própria na chamada Rua
82, que divide o Centro do Setor Sul, em Goiânia. <o:p></o:p></span></span></p>
<p style="line-height: 150%; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="background: white; color: black;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Ao criar-se a nossa Academia de Letras,
coube à Cadeira 10, como Patrono, o nome do jornalista, professor, advogado e
poeta Moisés Augusto Santana Neto, nascido no dia 7 de fevereiro de 1879 na
capital do Estado – hoje, a Cidade de Goiás. <o:p></o:p></span></span></p>
<p style="line-height: 150%; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><span style="background: white; color: black;">Aos 15 anos, quis ser militar. O
temperamento irrequieto e a índole de homem livre fizeram-no andarilho. Sua
biografia, sintética e muito clara no texto de Humberto Crispim Borges, no
livro <b>Retrato da Academia Goiana de Letras</b>, ou a homenagem que lhe
prestou o mesmo Crispim em discurso nesta Casa, mostra-nos um jovem autêntico,
capaz de vaiar o Presidente da República e o Ministro da Guerra, fato que o afastou
do corpo de alunos do Preparatório para a Escola Militar. É aceito depois, para
novamente ser desligado por novo ato de indisciplina, sendo integrado à tropa e
mandado para o Nordeste, tornando-se combatente aos fanáticos de Antônio
Conselheiro em Canudos. Após o fim dessa campanha, dá baixa do serviço do
Exército e torna-se escrivão de polícia em São Paulo.</span><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></span></p>
<p style="line-height: 150%; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><span style="background: white; color: black;">A partir de então, sua vida é uma
infindável sequência de registros anuais. Em 1898, inicia o curso de Direito e
torna-se jornalista, restaurando o periódico <i>A Nação</i>, mas em 1899 já se
realiza nova mudança de moradia ao transferir-se para Belém do Calvário, no
interior de São Paulo.</span><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></span></p>
<p style="line-height: 150%; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><span style="background: white; color: black;">Em 1900, depois de algumas andanças,
retorna a Goiás, fixando-se em Santana das Antas, onde foi Procurador de
Partes, casou-se com Cassiana Alves de Sousa e se fez professor e secretário do
Conselho Municipal, chegando a exercer o cargo de Intendente. É dele a autoria
de notas em jornais pelo novo nome do logradouro, após sugestão do deputado
Abílio Wolney: Anápolis. Criou uma seção no jornal <i>Lavoura e Comércio</i>,
de Uberaba, com o título de <i>Vida goiana</i>. Elegeu-se deputado por
Pirenópolis, Corumbá, Antas e Bela Vista, mas não exerceu o mandato.</span><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></span></p>
<p style="line-height: 150%; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><span style="background: white; color: black;">Em 1905, mudou-se para Vila Boa.
Interinamente é Procurador da República e começou, então, um ritmo de vida que
o faz mudar de cidade a cada ano, sempre envolvido nas lides jornalísticas. Em
Catalão, fundou o <i>Sul de Goiás</i>. De volta à capital do Estado, assumiu a
Secretário de Polícia, mas deixou o cargo e mudou-se para Curralinho
(Itaberaí); depois, Morrinhos, onde advogava e codificava as leis municipais.
Foi morar em Inhumas — vale registrar que é dele o novo topônimo da antiga
Goiabeira —; de volta à capital, colaborou no jornal <i>A Imprensa</i>. Depois,
foi diretor do <i>Estado de Goiás</i> e iniciou uma sistemática campanha contra
o presidente Urbano Gouveia dos Santos, que acabou renunciando. Moisés foi
também, nessa ocasião, Promotor Público da capital e professor de Pedagogia e
Metodologia na Escola Normal. Voltou a morar em Catalão e, em seguida, Uberaba,
onde lançou o <i>Brasil Central</i>.</span><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></span></p>
<p style="line-height: 150%; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><span style="background: white; color: black;">A partir daí, ele morou em: Barbacena,
Uberabinha (hoje, Uberlândia), de novo Barbacena, outra vez Catalão, outra vez
mais Uberaba, Ribeirão Preto, Sacramento, Santa Rita do Paranaíba (a atual
Itumbiara) e Bonfim (que hoje é Silvânia). Nesse período, que vai de 1913 a
1921, criou, dirigiu e colaborou em vários periódicos, fundou o que se pode chamar
de o embrião do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás — a Sociedade Goiana
de Geografia, em Santa Rita do Paranaíba, em 1918; com o nome de Sociedade
Goiana de Geografia e História, instalou-a em Bonfim, em 1921; e, nesse mesmo
ano, a 22 de outubro, a Sociedade ganha sede também no Rio de Janeiro.</span><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></span></p>
<p style="line-height: 150%; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="background: white; color: black;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Em 1922, volta a morar em Uberaba, onde
foi nomeado bibliotecário da Câmara. Por ter publicado versos de sua autoria,
mordazes, alusivos ao presidente da Câmara, o médico João Henrique Sampaio
Vieira da Silva, foi por este interpelado na redação do <i>Lavoura e Comércio</i>.
João Henrique, em atitude covarde, surpreende o jornalista, ferindo-o a bala. Essa
tragédia aconteceu três dias após a nomeação, pelo mesmo João Henrique (médico,
presidente do Conselho e Intendente Municipal interino, exercendo uma gestão
marcada por irregularidades). Moisés Augusto de Santana faleceu na noite do dia
seguinte. <o:p></o:p></span></span></p>
<p style="line-height: 150%; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="background: white; color: black;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></span></p>
<p style="line-height: 150%; margin-top: 0cm; text-align: center;"><span style="background: white; color: black;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">*<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>*<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>* <o:p></o:p></span></span></p>
<p style="line-height: 150%; margin-top: 0cm; text-align: center;"><span style="background: white; color: black;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></span></p>
<p style="line-height: 150%; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="background: white; color: black;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Meu primeiro contato com referenciais de
Moisés Santana, além das evidentes homenagens para a posteridade, como nome de
logradouros e estabelecimentos de ensino, se deu em 1965, ao ter seu neto
homônimo como colega de trabalho, tanto como agentes de venda do livreiro Paulo
Araújo quanto como aprendizes de bancários, admitidos por concurso, ao tempo em
que essa era a prática para admissão nas instituições do Estado de Goiás.
Moisés Santana Neto vinha de ser punido pelo Ato Institucional número 1, o que
lhe interrompeu a carreira de oficial da Polícia Militar. Mais tarde, juiz de
direito, seria alvo do Ato Institucional número 5, para depois ser reintegrado
e tornar-se o mais polêmico de todos os que usaram a toga da magistratura de
Goiás, repetindo a sina do avô, sempre afrontando o arbítrio pela Lei e a
Justiça. Depois, eu já bancário, por várias ocasiões atendi o desembargador
Paranaíba Pirapitinga Santana – filho do jornalista e pai do juiz – na agência
do Banco do Estado de Goiás na Praça Cívica. <o:p></o:p></span></span></p>
<p style="line-height: 150%; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="background: white; color: black;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">No prefácio ao livro <b>Moisés Santana,
vida e obra, </b>obra já citada, Anatole Ramos escreveu: <o:p></o:p></span></span></p>
<p style="line-height: 150%; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><i><span style="background: white; color: black;">No princípio (aqui em Goiás) era o Verbo.
E o Verbo era Moisés Santana. Isso está, </span></i><span style="background: white; color: black;">sans dire<i>, neste livro de Humberto Crispim Borges,
escritor de pulso (...) e pesquisador paciente e consciente. Moisés Santana não
foi um jornalista qualquer, como as muitas figuras inexpressivas, que militaram
na nossa incipiente e insipiente imprensa de fins do século passado </i>e
começo deste (refere-se aos séculos XIX e XX). <i>Ele foi <b>O Jornalista</b>
modelo, o padrão, para todos nós, profissionais desse ofício, hoje e sempre</i>.<o:p></o:p></span></span></p>
<p style="line-height: 150%; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><span style="background: white; color: black;">Anatole Ramos defende, nesse texto, que se
tenha estátua de corpo inteiro, em pedra ou bronze, de Moisés Santana em
praças, e que ele deveria estar presente “em todas as formaturas de jornalistas
(...) em qualquer gênero de homenagem”. E cobra, a quem de direito (ou de
dever) que se cuide de publicar tudo o que escreveu o maior dos nossos
comunicadores: “Há tanta coisa ainda para se divulgar do que Moisés Santana
escreveu que em valia, agora, editar-se tudo dele, do mais simples dos bilhetes
ao mais longo dos discursos num tribunal de júri. Eis o que qualquer
inteligente (modéstia à parte) há de desejar” (ao término da leitura da obra de
Humberto Crispim Borges).</span><i><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></i></span></p>
<p style="line-height: 150%; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="background: white; color: black;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Em magnífica palestra, quando do
centenário de nascimento de Moisés Santana, o acadêmico Jerônimo Geraldo de
Queiroz foi lapidar: <o:p></o:p></span></span></p>
<p style="line-height: 150%; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><i><span style="background: white; color: black;">Precoce ou prematuro, até mesmo para
morrer – qual Hugo de Carvalho Ramos, Alceu e Higino Vitor Rodrigues, Gastão de
Deus, Urbano Berquó, Egerineu Teixeira, Americano do Brasil, Joaquim Bonifácio,
Antônio Félix de Bulhões Jardim – aos nove anos já era Moisés Augusto de
Santana aprovado nos exames de primeiras letras; aos treze, em Instrução
Religiosa, Português e Francês; aos 15 já é praça no 20° Batalhão de
Infantaria; aos 16, já na Escola Militar da Praia Vermelha, donde é removido
para o 5° Batalhão de Infantaria, no Recife, daí para a Bahia, daí para
Canudos; aos 19, já jornaleia em </span></i><span style="background: white; color: black;">A Nação,<i> da capital paulista, e inicia o curso de Direito;
aos 20 anos, procurador de partes em Goiás; aos 22, casa-se em conceituada
família da então Vila Rica de Santana das Antas, hoje Anápolis. Daí por diante
é jornalista habitual, professor público, Secretário do Conselho Municipal da
Intendência de Antas, Escrivão de Órfãos, deputado estadual depurando antes da
posse, Procurador interino da República, advogado, codificador das leis de
Antas, Catalão, Morrinhos, Santa Rita do Paranaíba, hoje Itumbiara; Secretário
de Polícia, Promotor Público, Procurador Fiscal, fundador, editor e diretor de
jornais e mais jornais; escreve livros, colabora em revistas e periódicos de
vários Estados – vindo a falecer em 21 de maio de 1922, pelo médico maranhense
João Henrique Sampaio Vieira da Silva, por vermitagem do médico jornalista e
político Boulanger Pucci, e lacaísmo do jornalista João de Minas e dobrez sérpea
de Monsenhor Inácio, justo por ter tido sempre o despavoro de opugnar as
autoridades arbitrárias e desonestas, e de testemunhas sempre a verdade, como
dever sagrado do orador e do jornalista autêntico. <o:p></o:p></i></span></span></p>
<p style="line-height: 150%; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="background: white; color: black;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">A visita do conselheiro (em termos atuais,
vereador) e intendente (prefeito) à redação, com o propósito de interpelar
Moisés Santana sobre uma nota, em versos, sobre questionável gestão de verba
(João Henrique era acusado – e Moisés estava seguro quanto à veracidade do fato
– de desviar nada menos que 12 contos de réis). Num poema, o nome Henrique
surge, em modo de disfarce, trocado por He<i>nriqueta</i>, o que incomodou de
tal forma o edil e médico maranhense. Insuflado por um colega médico, Boulanger
Pucci (que era também jornalista e político), pelo jornalista João de Minas e o
religioso católico Monsenhor Inácio Xavier da Silva, o ofendido sacou de um
revólver e começa a disparar. O diretor do jornal, Quintiliano Jardim, tentou
impedir o atentado, atracando-se com o agressor; Moisés Santana, mesmo
atingido, conseguiu desarmar João Henrique que, no entrevero, acabou disparando
contra si próprio, involuntariamente. O jornalista foi bem assistido por uma
equipe médica de Uberaba, cujos membros se revezavam na missão, mas seus
esforços apenas adiaram, por pouco mais de 24 horas, o desfecho trágico: Moisés
Augusto de Santana faleceu às 21h39min do dia seguinte, domingo, 21 de maio de
1922. “O criminoso, julgado a 21 de junho de 22, foi absolvido, em decisão
política. Juiz: Carlos Ferreira Tinoco; Promotor: Cartomano Coelho; Advogados
de Defesa: Leopoldino de Oliveira e Tancredo Martins” – como consta do referido
livro de Humberto Crispim, nas páginas, 53 e 54. <o:p></o:p></span></span></p>
<p style="line-height: 150%; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="background: white; color: black;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></span></p>
<p style="line-height: 150%; margin-top: 0cm; text-align: center;"><span style="background: white; color: black;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">* * * <o:p></o:p></span></span></p>
<p style="line-height: 150%; margin-top: 0cm; text-align: center;"><span style="background: white; color: black;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></span></p>
<p class="text-justify" style="background: white; line-height: 150%; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="background: white; color: black;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Menos de uma
semana antes, o escritor Coelho Neto esteve em Uberaba, onde proferiu palestra
a 15 de maio. Sobre Moisés Augusto de Santana, informado do desenlace por
Quintiliano Jardim, o autor de <b>Esfinge</b> e <b>Os Pombos</b> respondeu:
“Que desgraça! O telegrama atordoou-me e mais desolado fiquei depois que li, no
seu jornal, a minuciosa descrição do crime”. <o:p></o:p></span></span></p>
<p style="line-height: 150%; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="background: white; color: black;"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: georgia;">No entender de Coelho Neto, Moisés Santana
"foi o polemista mais audaz e vigoroso de seu tempo". O encontro dos
dois autores, como se vê, deu-se às vésperas da dramática morte do mais notável
dos jornalistas goianos. Ao término de seu lamento pela morte do amigo, o
criador do epíteto <i>Cidade Maravilhosa</i> (para o Rio de Janeiro) pediu um
exemplar do jornal, com toda a notícia do atentado e fatos envolventes, entre
outros interesses, encerrando assim: “Quero conservá-lo como lembrança do
formoso episódio que aí achei em pleno fulgor. Deus o tenha...”. (*)</span><o:p></o:p></span></span></p>
<p style="line-height: 150%; margin-top: 0cm; text-indent: 35.45pt;"><br /></p>
<p style="line-height: 150%; margin-top: 0cm; text-indent: 35.45pt;"><span style="background: white; color: black;"><o:p><span style="font-size: large;"> </span></o:p></span></p>
<p style="margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><i><span style="background: white; color: black; font-size: 11.0pt;">(*) </span></i><span style="background: white; color: black; font-size: 11.0pt;">A referência era a um belíssimo texto de Moisés
sob o título Taipoca, o nome tupi para o nosso ipê branco. O artigo – uma
elegia à solene árvore de folhas brancas – saiu em seguida. </span><span style="color: #5e5e5e; font-size: 11.0pt;">Itaipoca é uma palavra indígena que
define uma árvore da família das Bignoniáceas, com o nome científico de<b><i> </i></b><i>Tabebuia
Odontodiscus</i>, também chamada de ipê branco, taipoca e taipó. Itaipoca, em
tupi-guarani significa, literalmente, “planta que estala – ou racha”. L.deA. <o:p></o:p></span></p><p style="margin-top: 0cm; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: #5e5e5e; font-size: 11.0pt;"><br /></span></p><p style="margin-top: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: #5e5e5e;"><span style="font-size: x-large;"><b><br /></b></span></span></p><p style="margin-top: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: #5e5e5e;"><span style="font-size: x-large;"><b>* * *</b></span></span></p><p style="margin-top: 0cm; text-align: left; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: #5e5e5e;"><span style="font-size: x-large;"></span></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: x-large;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIfe0UWOaxHNLf1ApkgEqxraIOFNBYYuoI6YIOwIP-RSDQ0jyYwEWj2nD7Qv7tCSo-SeKxHlvPMGBKBScClKL-0g1FOr74pm5-k0jGwp_AXCKhPIzpLYQPGqACjKGqLh8fu11fozOclq_VVYGWJ88obOjc-b55g7bpyi2IpNYfZCBVrEyk00w/s313/2021%2008%2006.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="313" data-original-width="231" height="238" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIfe0UWOaxHNLf1ApkgEqxraIOFNBYYuoI6YIOwIP-RSDQ0jyYwEWj2nD7Qv7tCSo-SeKxHlvPMGBKBScClKL-0g1FOr74pm5-k0jGwp_AXCKhPIzpLYQPGqACjKGqLh8fu11fozOclq_VVYGWJ88obOjc-b55g7bpyi2IpNYfZCBVrEyk00w/w176-h238/2021%2008%2006.jpg" width="176" /><br /></a><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIfe0UWOaxHNLf1ApkgEqxraIOFNBYYuoI6YIOwIP-RSDQ0jyYwEWj2nD7Qv7tCSo-SeKxHlvPMGBKBScClKL-0g1FOr74pm5-k0jGwp_AXCKhPIzpLYQPGqACjKGqLh8fu11fozOclq_VVYGWJ88obOjc-b55g7bpyi2IpNYfZCBVrEyk00w/s313/2021%2008%2006.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; display: inline !important; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><span style="color: #5e5e5e; font-size: 11pt; text-align: left; text-indent: 35.45pt;">Luiz de Aquino, membro da <br />AGL, Cadeira 10.</span></a></span></div><p></p>Luiz de Aquinohttp://www.blogger.com/profile/05587861821540755577noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-29538497.post-52759010109309404302023-04-07T16:56:00.003-03:002023-04-07T16:56:35.914-03:00A geração que viu antes<p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;"> </span><b style="text-align: center;"><span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: georgia;"><span style="font-size: x-large;">A
geração que viu antes</span></span></span></b></p>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5f-ZWvj8IVFYaGn2vhD14oYYWzbC5yh3nxRUbfEirSfy0veOjYOGYfTI6uMuRZJiGb7fYMlu44d5j6kO0sp0ChhljWzYjJ07OfIvo5OlZogpcRv6e87YcyWMyhkfFtKxmdanDFuswfWBYKLeQo5i9m0MV0APrV-xq3rzUsis4zuylqMPinL0/s625/pracinhas.webp" imageanchor="1" style="font-family: georgia; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="432" data-original-width="625" height="276" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5f-ZWvj8IVFYaGn2vhD14oYYWzbC5yh3nxRUbfEirSfy0veOjYOGYfTI6uMuRZJiGb7fYMlu44d5j6kO0sp0ChhljWzYjJ07OfIvo5OlZogpcRv6e87YcyWMyhkfFtKxmdanDFuswfWBYKLeQo5i9m0MV0APrV-xq3rzUsis4zuylqMPinL0/w400-h276/pracinhas.webp" width="400" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Nossos pracinhas mobilizados, em 1944, para libertar a Itália.</td></tr></tbody></table><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 107%;"><o:p><span style="font-family: georgia;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">A
minha geração estava certa. Ou quase. Ou esteve certa, por um tempo. Em grande
parte, suponho que a maioria dos que alcançaram os bancos escolares, os
autodidatas que se informaram acendendo as próprias candeias e aqueles que, sem
a escola e sem o lume, souberam aprender na conversação, à luz do sol e dos
luares e na leitura dos sons das vozes de mães e pais, de avós e avôs, de tios
e tias, e vizinhos mais próximos. Somos nascidos no segundo quarto do século XX
e pudemos contaminar os que viram a luz primeira ainda nas duas décadas
seguintes, ou seja, por quase mais uma geração – considerando de 25 anos tal
conceito.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Nascemos
sob os sons dos canhões da Segunda Guerra – ou ainda percebendo os ecos das
batalhas. As guerras exigem muito das ciências, da medicina, da engenharia etc.
As artes seguiram – ou antecederam – as ciências. As mentes de todos os cantos
aonde chegaram os gritos de ataque ou os gemidos das vítimas abriram-se para
tentar mudar o mundo e seus costumes. Grandes reflexos marcam profundamente os
tempos que temos como pós-guerra, desde a moda do que vestimos, como tratamos
nossos cabelos, como descobrimos o valor dos cosméticos, como passaram a nos
tratar os médicos... Precisávamos ajustar nossos costumes, não bastava adequar
a moda. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><br /></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Do
meio literário, lá com os irmãos-do-norte, nasceram os <i>beatniks</i>, os
baratas-tontas, que logo contaminaram as artes em geral, dos pincéis às
partituras; o comércio pediu novidades e as indústrias também agiram, os
arquitetos e os desenhistas (hoje chamados <i>designers</i>) inovaram desde
nossas calças e camisas, saias e <i>tailleurs</i>, paletós e agasalhos, além de
uma nova arquitetura que inspirou Pampulha e Brasília, novos tipos e modelos de
automóveis e aviões; do Japão, a “terra do Sol nascente”, veio a miniaturização
que nos ofereceu rádios minúsculos, sem válvulas e dependentes de pequeninas
pilhas, em lugar da complexa rede da energia elétrica.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEit14qrJCoWlwTJ-qe6gGhUwlYJzzLBkqIw9pSHgSGoURAomRceoGx-7FMrzR31CBlcOp_0tc9H1xI3msNxHvkbsvTwO2UD9DyXu2SwWlEDCNBjBxk9lDy6pXOjgeZ0BJwDLJXGDfGkL0gCWArRiUafb7Va2Ia78x1F81MIB7hkrbLKCDvyyg4/s288/Spika.jpg" imageanchor="1" style="font-family: georgia; margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center; text-indent: 0px;"><img border="0" data-original-height="175" data-original-width="288" height="243" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEit14qrJCoWlwTJ-qe6gGhUwlYJzzLBkqIw9pSHgSGoURAomRceoGx-7FMrzR31CBlcOp_0tc9H1xI3msNxHvkbsvTwO2UD9DyXu2SwWlEDCNBjBxk9lDy6pXOjgeZ0BJwDLJXGDfGkL0gCWArRiUafb7Va2Ia78x1F81MIB7hkrbLKCDvyyg4/w400-h243/Spika.jpg" width="400" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O pequenino e cobiçado rádio a pilha, japonês.</td></tr></tbody></table>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">O
mundo se preparou para sair de casa: se, no começo do século, o homem aprendeu
a voar, o sonho aumentou e a ganância também: “Vamos conquistar o espaço além
da atmosfera!”. </span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><span style="-webkit-text-stroke-width: 0px; color: black; font-family: georgia; font-size: x-large; font-style: normal; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; orphans: 2; text-align: left; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-decoration-thickness: initial; text-indent: 35.45pt; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;"></span></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="-webkit-text-stroke-width: 0px; font-family: "Times New Roman"; letter-spacing: normal; margin-left: auto; margin-right: auto; orphans: 2; text-align: center; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-decoration-thickness: initial; text-transform: none; widows: 2; word-spacing: 0px;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUdCm6mizD2b69aGQ8W22KdF16Uig5OuOudUbVAioxDa6EfZ6knX8k2T5g7M6KZYyALt-ISwWj6-xsypYu7KgkGhwDLCiLEjK4ADOuG0OnVr45wDi09EPfniwDX4eGzJoMjItEQgJoQPafph5bLoSZbMYBIju_AhDOhyhlzA0ZfBJBDQG_rJw/s297/download.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="170" data-original-width="297" height="228" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUdCm6mizD2b69aGQ8W22KdF16Uig5OuOudUbVAioxDa6EfZ6knX8k2T5g7M6KZYyALt-ISwWj6-xsypYu7KgkGhwDLCiLEjK4ADOuG0OnVr45wDi09EPfniwDX4eGzJoMjItEQgJoQPafph5bLoSZbMYBIju_AhDOhyhlzA0ZfBJBDQG_rJw/w400-h228/download.jpg" style="cursor: move;" width="400" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Bandas de rock chegaram rápido, e sem timidez, nos anos 1950.</td></tr></tbody></table><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: x-large; text-indent: 35.45pt;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: x-large; text-indent: 35.45pt;">No meu tempo de criança, os rapazes já usavam “calça faroeste”; o brim mesclado, que chamávamos de “brim curinga” – referência à marca oriunda do Moinho Santista – já era comercializado com facilidade nas lojas de tecidos por todo o país; mas a mesma fabricante do </span><i style="font-family: georgia; font-size: x-large; text-indent: 35.45pt;">jeans</i><span style="font-family: georgia; font-size: x-large; text-indent: 35.45pt;"> (tradução: brim), citado sempre como “blue jeans”, lançou a calça pronta: a Faroeste, com um W bordado em linhas duplas, de contorno, nos bolsos traseiros da nada original </span><i style="font-family: georgia; font-size: x-large; text-indent: 35.45pt;">five pockets</i><span style="font-family: georgia; font-size: x-large; text-indent: 35.45pt;"> criada pelo antropólogo Levi Strauss. </span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: x-large; text-indent: 35.45pt;"></span><span style="font-family: georgia; font-size: x-large; text-indent: 35.45pt;"></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><br /></p>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiR-4K9TNMrhjT4d1wo41oSlBlRErBzX2WUL2AFXA8NDVijFNoiy-dXDQDsTH0o5cGT9qgOQ6TEcXumJiAgkUlsl_7FvQiNwferbgucRyceweeJ5G35iYpLySLoHgq-b3mGWzu87OLpseQJz5qNTkvmY3KNbA2pRhjXmhTeVvxHfW8ucXz90Jc/s267/Far-west.jpg" imageanchor="1" style="font-family: georgia; margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center; text-indent: 0px;"><img border="0" data-original-height="267" data-original-width="189" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiR-4K9TNMrhjT4d1wo41oSlBlRErBzX2WUL2AFXA8NDVijFNoiy-dXDQDsTH0o5cGT9qgOQ6TEcXumJiAgkUlsl_7FvQiNwferbgucRyceweeJ5G35iYpLySLoHgq-b3mGWzu87OLpseQJz5qNTkvmY3KNbA2pRhjXmhTeVvxHfW8ucXz90Jc/w283-h400/Far-west.jpg" width="283" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">A calça de <i>índigo blue </i>cai no gosto nacional<br /><br /></td></tr></tbody></table></td></tr></tbody></table><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Nos
anos que antecederam o golpe de 1964, os navios da maior armada do mundo,
atracados no Rio de Janeiro, eram liberados para visitação; estudantes iam lá,
muito mais para obter cigarros americanos em troca dos nacionais – mais fortes
e muito ao gosto dos <i>mariners.</i> Era comum, também, desde que se
dispusesse ao escambo, obter calças do brim azul fabricadas nos EUA – as
famigeradas “calças Lee”. A partir dos meados da década de 1960, o produto
entrou no Brasil com muita força e intensidade: as calças, confeccionadas sem
os cuidados que normalmente se exigem, tinham um defeito – as pernas eram
desalinhadas, ou seja, as costuras não tinham a simetria em cada perna; e como
era indispensável fazer ajustes, costureiras e alfaiates nacionais
ajustaram-se, com relativa facilidade, àquela coisa torta. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsbs8zC96TF-aclq69Qb4015zedXu8aAwpIJAcqKoMDXSpkG48AZqwOnQu_jbeWUj1w0dj6wuzC4ahJtg505WD-4m4kmri0GTto5l7y-5UrwOquz3d8pE4uh_t8HDoKKeYw1oPsmj4XcX51rpiVCg5Nhk1EtUgZKaujru6UvyUnBOaqk4gz90/s620/3.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="406" data-original-width="620" height="131" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsbs8zC96TF-aclq69Qb4015zedXu8aAwpIJAcqKoMDXSpkG48AZqwOnQu_jbeWUj1w0dj6wuzC4ahJtg505WD-4m4kmri0GTto5l7y-5UrwOquz3d8pE4uh_t8HDoKKeYw1oPsmj4XcX51rpiVCg5Nhk1EtUgZKaujru6UvyUnBOaqk4gz90/w200-h131/3.jpg" width="200" /></a></div><br /><span style="font-family: georgia; font-size: x-large; text-indent: 35.45pt;">Algo,
porém, há que se registrar sempre: somos nós, os nascidos naquele segundo
quarto do século XX, os que resistíamos ao peso da infiltração norte-americana.
O peso da propaganda das agências de propaganda do irmão-do-norte converteu,
sei bem, a maioria dos meus contemporâneos: a música, o cinema e até mesmo a
“ajuda humanitária” da USAID, que patrocinou por aqui de leite em pó a rodovias
– além, claro, do golpe que nos privou de liberdade por 21 anos – aliciaram a
opinião pública. Os remanescentes dos enganados refletem-se, hoje, no
eleitorado que diz acreditar que “não houve ditadura” ou que “eles só
perseguiram e mataram quem não prestava”. Na realidade, os que os aplaudiam,
sim, eram “os que não prestavam”, tanto que doutrinaram filhos e periféricos a
acreditar nessa balela.</span><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: left; text-indent: 35.45pt;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg21VXzf9ljdsW8o5v47spMbHLHwWr7oMvHi1gvp1XSur7BthyTw3aQ1fmimebCn74_9LlqhCS6964qiDbiEdDzvuKFnVqzGdniGYL7Cucojzhu6HGfVu-KBcOQU5Sx-quZFW4U3gvJWO6rbZblQtRwKe3xGSZ5caXsPKaZMidzD5udTXX_a1o/s246/Hitler.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; font-family: georgia; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center; text-indent: 0px;"><img border="0" data-original-height="205" data-original-width="246" height="205" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg21VXzf9ljdsW8o5v47spMbHLHwWr7oMvHi1gvp1XSur7BthyTw3aQ1fmimebCn74_9LlqhCS6964qiDbiEdDzvuKFnVqzGdniGYL7Cucojzhu6HGfVu-KBcOQU5Sx-quZFW4U3gvJWO6rbZblQtRwKe3xGSZ5caXsPKaZMidzD5udTXX_a1o/s1600/Hitler.jpg" width="246" /></a></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Estou
hoje, portanto, no pedestal de quem nasceu poucos meses após o fim da Guerra,
em 1945, consciente de que me alinhei do lado certo. Recusei-me a falar inglês,
fui parcimonioso em curtir o cinema e a música vindos de lá; andei muito perto
de me imiscuir dentre os fanáticos (ou fundamentalistas), mas consegui
permanecer nacionalista sem xenofobia, acreditando que o crescimento dos povos
passa, sim, pelo intercâmbio das culturas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Não
fizemos tudo, não; e sei, ainda mais, que não conseguimos proteger nossos povos
originários, e os militares doutrinados “por eles” (os alienígenas que
refugamos) maculam a dignidade da farda do Marechal Cândido Rondon, ao
protegerem os genocidas que envenenam os solos, assassinam as florestas e ferem
de morte os rios; que corrompem os povos nativos, seduzem-nos com álcool e
drogas, violentam suas mulheres e filhas e contrabandeiam inescrupulosamente
nossos minérios.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Mais
triste ainda, contudo, é ver que muitos – muitos, sim, maioria prejudicada – se
deixaram seduzir pelos cantos-de-sereia do imperialista. São pessoas
imediatistas, patrimonialistas, curtidoras do que se tem, hoje, por “zona de
conforto” e que pagam qualquer preço por tais benesses. Destroem as matas e o
cerrado; comprometem o ar e o clima; envenenam os solos e os rios – que estão
morrendo de sede – e se enriquecem ao produzir <i>comodities.</i> E, ainda,
torcem para elevar o valor do dólar e comprometem a sobrevivência dos mais
carentes, ao impor, no açougue da esquina, a dolarização do quilo de
coxão-duro. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p><span style="font-family: georgia; text-align: center;"><b><span style="font-size: x-large;">* * *</span></b></span><span style="font-family: georgia; font-size: x-large; text-indent: 35.45pt;"> </span></p><span style="font-family: georgia;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiyNDlXXsqNgXKHfuUdUjPg1Q7YqB2vLHEyxavwm7cnoG160tLLGql50vFvzn7BYYrY19LTg3e-M0iq7DMsWnGJ_VxhuvoFDjH8Gw-iGLMH_vYEBr8VqqdSCJ-4Px32dVaXwWQ_f0sRA8S9tevMz-raLSjY93pteIjH-oFjhy2uIH9Lx35OcoQ/s287/1972%20Clube%20Asbeg.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; font-size: x-large; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em; text-indent: 47.2667px;"><img border="0" data-original-height="287" data-original-width="240" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiyNDlXXsqNgXKHfuUdUjPg1Q7YqB2vLHEyxavwm7cnoG160tLLGql50vFvzn7BYYrY19LTg3e-M0iq7DMsWnGJ_VxhuvoFDjH8Gw-iGLMH_vYEBr8VqqdSCJ-4Px32dVaXwWQ_f0sRA8S9tevMz-raLSjY93pteIjH-oFjhy2uIH9Lx35OcoQ/w167-h200/1972%20Clube%20Asbeg.jpg" width="167" /><i style="font-size: x-small; text-align: left; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: black; font-family: georgia; font-size: xx-small;">Luiz
de Aquino, escritor, membro </span></i><i style="font-size: x-small; text-align: left; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: xx-small;"><span style="color: black;">da UBE Goiás, da AGL, do ICEBE e do IHGG</span>.</span></i></a></div></span>Luiz de Aquinohttp://www.blogger.com/profile/05587861821540755577noreply@blogger.com25tag:blogger.com,1999:blog-29538497.post-30245767721747428832023-04-03T16:16:00.001-03:002023-04-03T16:16:04.325-03:00Sessenta anos em Goiânia<p></p><div style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div></span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia;"><br /></span></div><span style="font-family: georgia;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhEgkLWzsUINtkWpkuDtqbbzJFCY0wRSWJcz0I-Jm0ERl6y2UkBZDvtzCVKyVPqTrYudV3ZG2PqrKLfbqwEnhyfWrgBe0O2cYQ2wtYoTNGnfKYXDchmu8JYKAtDr7aZV3l2M5JmLvP5MaVRgq1Z9NSF29IHKGlLndC-dcb33CXfPKR_MTG3gzw/s627/Aerofoto%20-%20Pal%C3%A1cio%20das%20Esmeraldas%20e%20constru%C3%A7%C3%A3o%20Centro%20Administrativo%20-%201963.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="360" data-original-width="627" height="368" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhEgkLWzsUINtkWpkuDtqbbzJFCY0wRSWJcz0I-Jm0ERl6y2UkBZDvtzCVKyVPqTrYudV3ZG2PqrKLfbqwEnhyfWrgBe0O2cYQ2wtYoTNGnfKYXDchmu8JYKAtDr7aZV3l2M5JmLvP5MaVRgq1Z9NSF29IHKGlLndC-dcb33CXfPKR_MTG3gzw/w640-h368/Aerofoto%20-%20Pal%C3%A1cio%20das%20Esmeraldas%20e%20constru%C3%A7%C3%A3o%20Centro%20Administrativo%20-%201963.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: x-small;">Aerofoto do Palácio das Esmeraldas; as duas grandes <i>placas </i>claras, na parte baixa, são as primeiras lajes do Centro Administrativo, em construção (1962 ou 63).</span></td></tr></tbody></table><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div></span><p></p><p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><b><span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: georgia;"><span style="font-size: x-large;">Sessenta
anos em Goiânia</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></span></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-margin-bottom-alt: auto;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><o:p><span style="font-family: georgia;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">O
espelho é parceiro constante, peça mágica de encantamento e autoidolatria (para
os narcisistas). Mas é, também, um amigo disponível que, enquanto nos satisfaz
o ego com as chances de autoadmiração, aconselha-nos a tomar medidas e
decisões, sempre que necessário: “Corte o cabelo; barbeie-se; erga os ombros;
cuidado com a alimentação” etc. e tais. O espelho costuma, muitas vezes,
sugerir-me uma visita a velhas caixas de fotografias – e, na versão
contemporânea, a arquivos digitais.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Gosto
da minha idade (sempre gostei); e gosto do passado, esteio do agora e trampolim
para o futuro. Divirto-me com as imagens que despertam lembranças, e transformo
esses momentos em fabulosos exercícios da memória. Isso me desperta sorrisos e
risos, muitas vezes – noutras, surpreende-me com furtivas lágrimas incontidas,
valorizando as emoções que tais lembranças cutucam. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Cheguei
à fase em que raríssimas são as pessoas da minha vivência a quem consultar;
tornei-me, eu próprio, fonte de informações para os mais moços (amigos e
familiares), mas as perguntas dos filhos e netos, dos sobrinhos e primos nem
sempre encontram respostas em mim. Mas, penso eu, de uns tempos para agora:
“Isso não tem mais importância, ficou perdido naquele passado, foi sepultado
com os que se esqueceram de me contar”. É um modo de me perdoar por não saber –
ou de me poupar de alguma culpa, visto que, em tempo adequado, não me ocorreu
de tentar saber. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Bem:
não quero bater na tecla insistente de que “os velhos sabem tudo”; sabemos,
sim, de muita coisa, mas vejo e ouço o quanto os moços andam desinteressados;
pensam que tudo da vida está no <i>gúgol</i>, esse que quebra tantos galhos na
internet e que, erroneamente, vem substituindo as enciclopédias, tolhendo-nos
das melhores ferramentas tira-dúvidas; em breve, estaremos com muito mais
informações, porém muito menos bem informados do que seria possível. <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"><br /></span></span></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifYQ12MQCwo78p7LClOFzTmHdHi0quC6JoI1NcnKP2zo3WPd-IT6JGIThRAUGZ1h8e0icvRU4cVwO4MGajbw0bYu1VWqtXTvd7mw2rGhoI50-7NvTtnPJGHLPnjXZXTLwJ1uHqHqHUOE67mMmLCod0ujzO5qMb-4wxwFvTeVIS218gOsVzAOI/s280/Dois%20tempos.jpg" imageanchor="1" style="font-family: georgia; margin-left: auto; margin-right: auto; text-indent: 0px;"><img border="0" data-original-height="180" data-original-width="280" height="257" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifYQ12MQCwo78p7LClOFzTmHdHi0quC6JoI1NcnKP2zo3WPd-IT6JGIThRAUGZ1h8e0icvRU4cVwO4MGajbw0bYu1VWqtXTvd7mw2rGhoI50-7NvTtnPJGHLPnjXZXTLwJ1uHqHqHUOE67mMmLCod0ujzO5qMb-4wxwFvTeVIS218gOsVzAOI/w400-h257/Dois%20tempos.jpg" width="400" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: x-small;">Pelo mesmo ângulo: na década de 1950 e em 2011.</span></td></tr></tbody></table><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Para
não perder o fio de meada, ou a luzinha no fim da escuridão, estala em minha
memória meus primeiros dias em Goiânia (em agosto próximo, festejarei –
sozinho, pois sei bem que isso só interessa a mim – 60 anos de minha chegada. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Bom
goiano, “de pé rachado”, asseguram-me a goianidade a tradição na família
paterna, com raiz na senzala do Engenho de São Joaquim, na vetusta Meia Ponte
que se tornou Pirenópolis. A famosa Fazenda Babilônia – nome que recebeu do
Padre Simeão, que a adquiriu dos herdeiros do velho engenho – teve o leito em
que o comendador Joaquim da Costa Teixeira ‘coabitou’ com a mucama Eufêmia de
Gouveia. Sua filha Maria Jesuína da Costa Teixeira casou-se com Luís Tomás de
Aquino, bisavós de meu pai. A outra vertente da minha concepção é a mestiçagem de
duas raízes italianas com caboclas bem nacionais: minha mãe era filha do Vô
Chico (Francisco Borgese) e da minha avó Inês, cuja pai era também italiano (o
Vô Donato, que alcancei; faleceu duas semanas após minha chegada a Goiânia,
tinha 97 anos). Acredito que essa miscigenação variadíssima me dá a composição
genérica do bom brasileiro. <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"><br /></span></span></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWRyRdALX1V-cROcSdaEsvFsBMJ3McHbMBfIV156MouE031--JtTYC0SVK2rLYMJ6j0SeRECnGAekEo8gVuKMv70wSK-kBMdHkl_fmmB67pKnFQAWrrf6yvKHVp5BQqRdIX9YU_PVsM-u7U4ys3HZ4FSis0vRuELosHWM4JsYlqW9r3LgYq0E/s620/Dois%20tempos%20-%20av.%20Anhanguera%20-%201952%20e%20come%C3%A7o%20anos%202000.jpg" imageanchor="1" style="font-family: georgia; margin-left: auto; margin-right: auto; text-indent: 0px;"><img border="0" data-original-height="400" data-original-width="620" height="258" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWRyRdALX1V-cROcSdaEsvFsBMJ3McHbMBfIV156MouE031--JtTYC0SVK2rLYMJ6j0SeRECnGAekEo8gVuKMv70wSK-kBMdHkl_fmmB67pKnFQAWrrf6yvKHVp5BQqRdIX9YU_PVsM-u7U4ys3HZ4FSis0vRuELosHWM4JsYlqW9r3LgYq0E/w400-h258/Dois%20tempos%20-%20av.%20Anhanguera%20-%201952%20e%20come%C3%A7o%20anos%202000.jpg" width="400" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: x-small;">Dois tempos, pelo mesmo ângulo: 1952 e início dos anos 2000.</span></td></tr></tbody></table><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Voltando
a 1963, mais precisamente ao dia 31 de julho... Era pouco mais de meio-dia
quando desembarquei, ao lado de meu primo Rogério Cunha Ríspoli, na rodoviária
que, hoje, é um quartel do Corpo de Bombeiros. Estávamos ambos muito corados,
ou seja, a pele e a roupa cobertas com o pó vermelho da estrada desde Caldas
Novas até alcançar o asfalto da BR-14 (hoje, BR-153), nas proximidades de onde
hoje está a praça de pedágio, no povoado Floresta. Na manhã seguinte, inaugurei
minha condição de aluno do Liceu de Goiânia – nos papéis, Colégio Estadual de
Goiânia, nome esse que a população nunca assimilou; o nome Liceu de Goiânia,
extra oficial, constava até mesmo em algumas insígnias do colégio – um braço do
Liceu de Goiás, criado na antiga capital em 1846. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Minha
alegria só era compreensível para mim mesmo: eu vinha do Colégio Pedro II, do
Rio de Janeiro, o mais antigo dentre todos os colégios do país em atividade
ininterrupta; e o Liceu de Goiás ocupava, sem que muitos de seus alunos e mesmo
professores soubessem, o honroso papel de “o segundo mais antigo” na mesma
condição – a de jamais ter fechado suas portas.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"><br /></span></span></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSN6c6OnLufCn91roZW3rNLtY6q50azZmoy4o9Qm_LZ04ekxkhTb9gIZrLoH-STtfr3rHCcRZMdk_BnxND_sph8hV9Ej9IGP9BkZDwD7scgS8_Td2lmRRXQW6vAdUGY4uwzowNNha70-nnKcbIg7-ArWIZp5biJ94tMpuowgO2oEfVOFhnAaA/s1551/Liceu%20de%20Goi%C3%A2nia,%20continuidade%20do%20Liceu%20de%20%20Goi%C3%A1s.jpg" imageanchor="1" style="font-family: georgia; margin-left: auto; margin-right: auto; text-indent: 0px;"><span style="font-size: x-small;"><img border="0" data-original-height="881" data-original-width="1551" height="228" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSN6c6OnLufCn91roZW3rNLtY6q50azZmoy4o9Qm_LZ04ekxkhTb9gIZrLoH-STtfr3rHCcRZMdk_BnxND_sph8hV9Ej9IGP9BkZDwD7scgS8_Td2lmRRXQW6vAdUGY4uwzowNNha70-nnKcbIg7-ArWIZp5biJ94tMpuowgO2oEfVOFhnAaA/w400-h228/Liceu%20de%20Goi%C3%A2nia,%20continuidade%20do%20Liceu%20de%20%20Goi%C3%A1s.jpg" width="400" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: x-small;">O Liceu era assim e nos enchia de orgulho; aí fui aluno e, algum tempo <br />depois, professor.</span></td></tr></tbody></table><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Aqueles
cinco meses restantes, isto é, o segundo semestre letivo, foi de descobertas
valiosas para mim. Eu deixava o Rio em ano pré-vesperal de seu quarto
centenário e chegava à novíssima Goiânia, que festejou, em outubro, 30 anos de
sua Pedra Fundamental; integrei-me (com alguma rejeição por parte de alguns
colegas) ao novo colégio, convivi com jovens poetas na mesma sala de aula
(Emilio Vieira e Ciro Palmerston) e descobri-me aprendiz de ator com Otavinho
Arantes. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia;"><span style="font-size: medium;">Tempo
de adaptação, de descobertas e aprendizados... Coisas que se plantaram na minha
memória; na época pareciam de menor valor, mas hoje têm a função de um alicerce
no começo da vida adulta.</span><span style="font-size: large;"><o:p></o:p></span></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 35.45pt;"><i><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia;"><br /></span></span></i></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 35.45pt;"><i><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLIboZWx2r_pHWQ8JoeTFv1CC1-IstPsJdIJGuh-efljpyfZuG7_PJEbHFM81MGyoGPeRmxJjXDYrZMo5BYx31IliNzfHnMc0poO_VonucsubyALV6_6QN5HUOFjiCHRhWea-qycg7-Yg4nF5-dUqgYIbW5eGXUVyAdLLSpvBwNRGIHHDLpt0/s569/2022%2002%2018%20,%20L.deA..jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="569" data-original-width="412" height="106" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLIboZWx2r_pHWQ8JoeTFv1CC1-IstPsJdIJGuh-efljpyfZuG7_PJEbHFM81MGyoGPeRmxJjXDYrZMo5BYx31IliNzfHnMc0poO_VonucsubyALV6_6QN5HUOFjiCHRhWea-qycg7-Yg4nF5-dUqgYIbW5eGXUVyAdLLSpvBwNRGIHHDLpt0/w77-h106/2022%2002%2018%20,%20L.deA..jpg" width="77" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: x-small;">L.deA.</span></td></tr></tbody></table><br /></span></span></i></p><div style="text-align: right;"><i><span style="font-family: georgia;"><i style="text-indent: 35.45pt;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia;">Luiz
de Aquino (da AGL, do </span></span></i><i style="text-indent: 35.45pt;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 24px;"><span style="font-family: georgia;">ICEBE </span></span></i><i style="text-indent: 35.45pt;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia;">, do </span></span></i><i style="text-indent: 47.2667px;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 24px;"><span style="font-family: georgia;">IHGG</span></span></i><i style="text-indent: 35.45pt;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia;"> e da UBE). Especial para a Revista Cultural Sicoob Unicentro BR.</span></span></i></span></i></div><p></p>Luiz de Aquinohttp://www.blogger.com/profile/05587861821540755577noreply@blogger.com13tag:blogger.com,1999:blog-29538497.post-2383954109140241242023-03-31T18:24:00.007-03:002023-03-31T19:03:30.313-03:00<p><span style="font-family: georgia; font-size: x-large;"> Queridos leitores,</span></p><p><span style="font-family: georgia; font-size: x-large;"><br /></span></p><p><span style="font-family: georgia; font-size: x-large;">Há pessoas que, não sei se por esquecimento ou se intencionalmente (por desejarem o anonimato), não assinam seus comentários; em qualquer caso, por favor, que me enviem uma mensagem privada. Gostarei de saber...<br /><br />L.deA.</span></p><p><br /></p>Luiz de Aquinohttp://www.blogger.com/profile/05587861821540755577noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-29538497.post-70934145458759618072023-03-29T11:56:00.002-03:002023-03-29T11:56:32.353-03:00Menosprezo, descaso ou deboche!<p style="text-align: center;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTIkpF2Clb7Gdd9fcg6WMMWUYMJTDMeTVxhz10uRusISnEEh0qmlBg-f22JpZZZzRJyrdHReUNPgdNub4xsS-m54UrgoGO64BqUoa-YAXrj9O26fhq7oQU5_Pheh49uob_xvY9B3A-DZ_36kZqA2-8olMBhWG4dxK_SwE3Q5gcuHE4pwt4Mlk/s640/CCON.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="480" data-original-width="640" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTIkpF2Clb7Gdd9fcg6WMMWUYMJTDMeTVxhz10uRusISnEEh0qmlBg-f22JpZZZzRJyrdHReUNPgdNub4xsS-m54UrgoGO64BqUoa-YAXrj9O26fhq7oQU5_Pheh49uob_xvY9B3A-DZ_36kZqA2-8olMBhWG4dxK_SwE3Q5gcuHE4pwt4Mlk/s320/CCON.jpg" width="320" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: x-small;">Centro Cultural Oscar Niemeyer, Goiânia.</span></td></tr></tbody></table><br /><p></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: x-large;">Menosprezo,
descaso ou deboche!</span><span style="font-size: 16pt;"><o:p></o:p></span></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Excelente
o comentário, ontem, da jornalista Cileide Alves na tarde de ontem, na CBN,
sobre o anúncio feito pelo governador Ronaldo Caiado de transferir a TBC de sua
sede para o Centro Cultural Oscar Niemeyer. Ela faz duas perguntas (e já as
responde): “Que plano tem o governador para a TBC e a Rádio? Que plano tem o
governador para a Cultura? Pelo visto – disse ela – Caiado vê o CCON e a
cultura como que numa tabela de Excel, ou seja, a visão de um tecnocrata que só
enxerga números; tomar do complexo RBC - TBC a sua sede histórica, a edificação
feita para aquele próprio fim para ali sediar a Secretaria da Saúde é algo
inexplicável. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Havemos
de concordar: Caiado não tem nem teve, até agora, plano algum para a Cultura
nem para o complexo de comunicação do Estado, o que, para ele, é uma ferramenta
de autopromoção, apenas. A TBC não é para isso, muito menos apenas para isso;
ela tem um papel social que sempre foi muito bem exercido, desde os tempos de
sua criação dentro do antigo CERNE – Complexo das Empresas de Radiodifusão e
Notícias do Estado. O propósito não pode ser outro senão inviabilizar esse
equipamento para as futuras gestões. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Também
para a Cultura, Caiado não mostrou, em momento algum, um plano de governo.
Aliás, nesse mesmo comentário a jornalista demonstrou que o único ser político,
além dele próprio, que tem força em seu governo é sua mulher, Gracinha Caiado,
que tem força (não por ter votos, é digno de nota) em áreas como a Educação e a
Cultura, indicando nomes e controlando o andamento dessas pastas a seu prazer –
mas nenhum deputado, estadual ou federal, como nenhum senador, nem mesmo o
vice-governador (e como ocorreu com o vice de seu primeiro mandato) tem peso
político no governo de Ronaldo Caiado – somente a primeira-dama.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">E
mais (agora, da minha panorâmica): Caiado recriou a SECULT, mas não deu à pasta
a dignidade de que se carece; nomeou um escritor, então presidente da UBE de
Goiás, mas substituiu Edival Lourenço sem qualquer marca de respeito à pessoa
do secretário, ao que ele representa para o nosso segmento, sem respeito a
qualquer das áreas de cultura e artes, designando <i>interinamente</i> um
secretário alheio aos nossos temas e, em seguida, também de caráter interino,
designou o secretário da Retomada Econômica para o posto (secretário esse
também da 'caixinha' da primeira-dama). <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">O
CCON já esteve na mira de Maguito Vilela, que o teria transformado em sede para
as pastas de interesse do agronegócio, caso tivesse vencido a eleição para o
governo; a Cultura o retomou e, sob a superintendência de Nasr Chaul, vimos a
ocupação gradual de todo o espaço para atividade de cultura. Faltou suprir os
andares destinados a Bibliotecas. O projeto original teria os nomes de Bernardo
Élis e José J. Veiga; mas Marconi, na emoção da morte de Isanulfo Cordeiro,
determinou o nome do jornalista para "a Biblioteca” do CCON – o que,
parece-me, não ocorreu porque não se constituiu "essa uma" Biblioteca
(pelo visto, os dois mais amados contistas da história de Goiás foram
desbancados por uma canetada autocrática do ex-governador, idealizador e
construtor do Centro). <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><img border="0" data-original-height="400" data-original-width="627" height="204" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdh50mlTGM9qpDdksMFXQJOguQhqPtMKvqcLFT9upkn3KZ2TMAx-x9dGdPyGLL0e1KyLMHGNJ5Vgc2w-VoXzxfGS-xoB__jR49ySvwDHFUiOGLxBdjK259HbF3BBJ1MZa08LQegB2oZrjjR9P-mZ4_wDB-Rd7wK1mESwG_F-XbEOoyOsWP6aM/s320/Pal%C3%A1cio%20Alfredo%20Nasser.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;" width="320" /></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: x-small;">A antiga sede do Legislativo de Goiás: por lei, destina-se a abrigar <br />entidades de cultura e artes, mas o governador quer agradar o TCM <br />para ceder vaga a um correligionário...</span></td></tr></tbody></table><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdh50mlTGM9qpDdksMFXQJOguQhqPtMKvqcLFT9upkn3KZ2TMAx-x9dGdPyGLL0e1KyLMHGNJ5Vgc2w-VoXzxfGS-xoB__jR49ySvwDHFUiOGLxBdjK259HbF3BBJ1MZa08LQegB2oZrjjR9P-mZ4_wDB-Rd7wK1mESwG_F-XbEOoyOsWP6aM/s627/Pal%C3%A1cio%20Alfredo%20Nasser.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center; text-indent: 0px;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"></span></a></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Depois,
Caiado estimulou o propositura de um gaúcho, político paraquedista que presidiu
a Assembleia, desrespeitando a Lei que destinava o antigo Palácio Alfredo
Nasser para o segmento cultural do Estado, mudando sua destinação<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>para que a antiga sede viesse a servir o
Tribunal de Contas dos Municípios. Não agimos com a força que o caso requer e
estamos pagando caro: agora, ele nos toma o Oscar Niemeyer para ali instalar a
TBC, em total desrespeito para com a televisão estatal e mais uma agressão ao
segmento cultural.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Quisera
eu ter apenas vinte anos menos: eu poderia ser preso, ter meu carro sabotado,
ser "vítima de um assalto" para levar uns sopapos ou facadas, uns
tiros para me tirar de circulação por dias ou ainda me eliminar – mas eu não
deixaria barato essas arbitrariedades de "sua excelência" (desprovido
de qualquer coisa parecida com excelência; ele está mais para
"majestade", considerando ser esse o tratamento para os déspotas
alheios ao ambiente democrático). <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><i><span style="font-family: georgia;">Luiz
de Aquino, escritor, membro da AGL e do IHGG, do ICEBE e da UBE.</span><span style="font-family: Times New Roman, serif; font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></i></p>Luiz de Aquinohttp://www.blogger.com/profile/05587861821540755577noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-29538497.post-31008039031095852292023-02-17T12:25:00.004-03:002023-02-17T12:26:48.165-03:00Avenida Iris Rezende, a Leste-Oeste... <p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span class="selectable-text"><b></b></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEie-d2V0IKRctOH41YM0490Wemjx6BCOOiAnO8daucoVVD61O2ZaiOScgV1Ao_GIqBMeOG4T7aIo2149K3c20bVK9fG5-q8p3ynQBlyAouV_vxnGA6y5ZUuzFx5PSDXKTnttAdaw_xBh0NLX687ClkdSVFFT_T-NYEvgMXSYPRzOcR_-hjKz_8/s279/Iris%202.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="180" data-original-width="279" height="237" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEie-d2V0IKRctOH41YM0490Wemjx6BCOOiAnO8daucoVVD61O2ZaiOScgV1Ao_GIqBMeOG4T7aIo2149K3c20bVK9fG5-q8p3ynQBlyAouV_vxnGA6y5ZUuzFx5PSDXKTnttAdaw_xBh0NLX687ClkdSVFFT_T-NYEvgMXSYPRzOcR_-hjKz_8/w368-h237/Iris%202.jpg" width="368" /></a></b></div><b><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: georgia; font-size: x-large;">Avenida Iris Rezende,<br /><br />a Leste-Oeste...</span></span></b></div></b><span style="font-family: georgia;">
</span><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto;"><o:p><span style="font-family: georgia;"> </span></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Ontem,
quinta-feira, 16 de fevereiro, o escritor PX Silveira, sempre atento aos fatos
da historiografia de Goiás, divulgou artigo excelente sobre a persistente,
dispendiosa e inútil questão sobre a troca do nome de uma das mais importantes
avenidas da capital, a Castelo Branco, pelo do memorável líder Iris Rezende
Machado, falecido há pouco mais de um ano, dez meses após transmitir, pela
última vez, um cargo eletivo – o de prefeito de Goiânia, pela quarta vez. <br /><br /></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5eM1thS3qs_V8C25cMq-uv9Z-QMHtNXKZKfDh05KWJQiRhGoEaGuxArsezP__mwd2tGKeFO2HjroTF_rvbDQ4ZKlEV2C284PsC1fb38gaW2lnLmGlwsYB121JbEatL8TlNvQTlLN9l29QORItKtFd7KwJfpQH5lP6tSbz0xLAZ025X_hu_sc/s258/PX%20Silveira.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"><img border="0" data-original-height="196" data-original-width="258" height="162" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5eM1thS3qs_V8C25cMq-uv9Z-QMHtNXKZKfDh05KWJQiRhGoEaGuxArsezP__mwd2tGKeFO2HjroTF_rvbDQ4ZKlEV2C284PsC1fb38gaW2lnLmGlwsYB121JbEatL8TlNvQTlLN9l29QORItKtFd7KwJfpQH5lP6tSbz0xLAZ025X_hu_sc/w213-h162/PX%20Silveira.jpg" width="213" /></span></a></div><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">O
confrade, numa apreciação incontestável, avaliou assim: <a href="https://www.aredacao.com.br/artigos/182545/iris-rezende-e-o-rolo-compressor-das-homenagens">https://www.aredacao.com.br/artigos/182545/iris-rezende-e-o-rolo-compressor-das-homenagens</a>. <span style="text-indent: 35.45pt;">Excelente
a análise do autor sobre esse </span><i style="text-indent: 35.45pt;">affaire</i><span style="text-indent: 35.45pt;">, fruto de práticas errôneas e
viciosas. Dar o nome de Iris a um viaduto foi um tanto aquém do mérito; e foi
patético o projeto de, no Senado Federal, propor o nome dele para o Aeroporto
Santa Genoveva, em total desalinho com a história, posto que ao doar terras
para a construção do novo Aeroporto de Goiânia, na década de 1950, o benemérito
Altamiro de Moura Pacheco fez constar na escritura, como cláusula irrevogável,
o nome com que homenageava sua genitora.</span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">No
enfoque do escritor e historiador, apoio-o com meu desencanto ante o desalinho
de 35 vereadores, que buscam forçar situações para trocar o nome da Avenida
Castelo Branco, nome esse absorvido ao longo de quase meio século. E desde o
falecimento de Iris venho observando, calado, um grave esquecimento: quando
governador em seu primeiro mandato, eleito na retomada das eleições diretas
para os governos estaduais (1982), Iris tirou os trilhos da Estrada de Ferro
Goiás (RFFSA) da área urbana de Goiânia, fixando o <i>fim da linha</i> no então
distrito de Senador Canedo; e anunciou, na ocasião, que o trecho ocupado pelos
trilhos férreos daria lugar a uma grande avenida, uma artéria pública a unir a
ponta dos trilhos a Trindade, atravessando Goiânia no sentido Leste-Oeste. <o:p></o:p></span></p>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZqskhYt0ZxiQwg49v_0OWvjfxZI6d835aYALE6M_zyfK2QdqEvmk6fNN2nrZhm1a9hpqKoCki5sq0DAxImmuOsjJMJU7l7oyLJoz8Wi30WexmjPuWeIQtCU71R9ImBTcxkOzL3a7qdIrCORPRetphN1kkpxzBv4Nb-OOEx-Z7sYH2yPmvNU0/s299/Iris%201.jpg" style="font-weight: 700; margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center; text-indent: 0px;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"><img border="0" data-original-height="169" data-original-width="299" height="169" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZqskhYt0ZxiQwg49v_0OWvjfxZI6d835aYALE6M_zyfK2QdqEvmk6fNN2nrZhm1a9hpqKoCki5sq0DAxImmuOsjJMJU7l7oyLJoz8Wi30WexmjPuWeIQtCU71R9ImBTcxkOzL3a7qdIrCORPRetphN1kkpxzBv4Nb-OOEx-Z7sYH2yPmvNU0/s1600/Iris%201.jpg" width="299" /></span></a></div><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Essa
é, para mim, a legítima homenagem: Avenida Iris Rezende Machado. Assim,
dignifica-se o homem público que foi vereador e presidente da Câmara, deputado
e presidente da Alego, prefeito (cassado em 1969), governador (após a Anistia),
ministro de Estado da Agricultura, outra vez governador, senador, ministro de
Estado da Justiça e, rejeitado nas urnas no âmbito do Estado – por conta, como
se tem por evidente, do rejuvenescimento do eleitorado e o sumiço dos líderes
amigos pelo interior afora – e, desde 2004, três vezes eleito prefeito da
capital. <o:p></o:p></span></p><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1GMkJqyLRK5Q1pAujmOubhtl5es3DSQV4Caq5gO3EwxMTADc3yh5lYKahBVY7sKgywm1PdnVBAcIwITLLF1hjvcOcrLzPxmaAQ5Afh6K2MUTlc4zPo7UMQD9guBqWphXPoOgH76kqxaDHVTe3v05JXxpFhpuATIqpadV4QI_zXa0IciJndxQ/s299/Iris%20e%20Iris.jpg" style="clear: left; font-weight: 700; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center; text-indent: 0px;"><span style="font-size: medium;"><img border="0" data-original-height="168" data-original-width="299" height="162" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1GMkJqyLRK5Q1pAujmOubhtl5es3DSQV4Caq5gO3EwxMTADc3yh5lYKahBVY7sKgywm1PdnVBAcIwITLLF1hjvcOcrLzPxmaAQ5Afh6K2MUTlc4zPo7UMQD9guBqWphXPoOgH76kqxaDHVTe3v05JXxpFhpuATIqpadV4QI_zXa0IciJndxQ/w287-h162/Iris%20e%20Iris.jpg" width="287" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: x-small;">Iris e sua mulher Iris</span></td></tr></tbody></table>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-size: medium;">Eleito,
por último, em 2016, recusou-se taxativamente a lutar por mais um mandato em
2020. Transmitiu o cargo em 1° de janeiro de 2021 e faleceu no dia 9 de
novembro do mesmo ano, em São Paulo.</span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">A teimosia dos edis goianienses em impor seu nome à avenida Castelo Branco é algo
que nos desperta a hoje decantada vergonha alheia, tantos são as opções
disponíveis. Curiosamente, ninguém aventou trocar o nome de alguma via cujo
titular de hoje já não seja por demais homenageado. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Goiás
tem mania de repetir homenagens à exaustão – sem contar as homenagens que
dignificam figuras questionáveis pelo conjunto de sua obra em vida. Dentre os
homenageados com justiça e louvor, gosto sempre de citar o nosso primeiro
prefeito, professor Venerando de Freitas, que criticava tais repetições. Dizia
ele: “Ainda estou vivo e quero continuar assim por um bom tempo; mas já sou
nome de três avenidas em Goiânia”. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;"><span style="font-size: medium;">Sob
tais sinais, cumprimento PX Silveira pela lucidez de seu texto e faço votos de
que, decidindo-se a Câmara Municipal por dignificar a grande avenida
Leste-Oeste com a homenagem ao admirável líder, não repita o nome a tantos
outros logradouros. </span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-size: 14pt;"><o:p><span style="font-family: georgia;"> </span></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: center;"><b><span style="font-size: 20pt;"><span style="font-family: georgia;">*<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>*<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>*<o:p></o:p></span></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><i><span style="font-family: georgia;"></span></i></p><div class="separator" style="clear: both; font-size: 14pt; text-align: center;"><i><span style="font-family: georgia;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5P4J76bQcF1EiwKSB5d2mxGAKmGNyNA3RK1ZPKFPbmSWI1rOINn1ZLhXG6Tgu2meMaWU5GJYQG8V_gVNFngYyjZ0IKN_U9NPIIfJerZ5bev9oL_OO2r4c_xqvBwEdi0ior-PDSeT9hiDUsWpB4tiki9LTpN9lpPYeeNUfYxdpORJKMOr8Fvg/s742/1993%20Eu%20por%20Almir.jpg" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="742" data-original-width="560" height="108" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5P4J76bQcF1EiwKSB5d2mxGAKmGNyNA3RK1ZPKFPbmSWI1rOINn1ZLhXG6Tgu2meMaWU5GJYQG8V_gVNFngYyjZ0IKN_U9NPIIfJerZ5bev9oL_OO2r4c_xqvBwEdi0ior-PDSeT9hiDUsWpB4tiki9LTpN9lpPYeeNUfYxdpORJKMOr8Fvg/w82-h108/1993%20Eu%20por%20Almir.jpg" width="82" /></a></span></i></div><i><span style="font-family: georgia;"><br />Luiz
de Aquino é membro da Academia Goiana de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico
de Goiás.</span><span style="font-family: Times New Roman, serif; font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></i><p></p>Luiz de Aquinohttp://www.blogger.com/profile/05587861821540755577noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-29538497.post-58678213695095652612023-02-03T12:43:00.004-03:002023-02-03T12:43:42.463-03:00Glória para sempre...<p> </p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: center;"><b></b></p><div class="separator" style="clear: both; font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 16pt; text-align: center;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9e36_qVWExkiSDbcGeWzAPo8tkd9SlimJofU-dZV1DdPegD0No-asE_vbW7lT5sLeyLR5TD9R-fclmVa8y-LvmcePcgreE-43LqRKqwF-MuJOUVxdVmiODu1MGl0FPJ6n4C2IcULBiQQBWkrq-VESRa47lnozttvi2DagkdMnSU7jqYiwp24/s600/Gl%C3%B3ria%20Maria.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="600" data-original-width="600" height="467" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9e36_qVWExkiSDbcGeWzAPo8tkd9SlimJofU-dZV1DdPegD0No-asE_vbW7lT5sLeyLR5TD9R-fclmVa8y-LvmcePcgreE-43LqRKqwF-MuJOUVxdVmiODu1MGl0FPJ6n4C2IcULBiQQBWkrq-VESRa47lnozttvi2DagkdMnSU7jqYiwp24/w467-h467/Gl%C3%B3ria%20Maria.jpg" width="467" /></a></b></div><b><br /><span style="font-family: georgia;"><span style="font-size: x-large;">Glória,
<br />para sempre</span><span style="font-size: 16pt;"><o:p></o:p></span></span></b><p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-size: 14pt;"><o:p><span style="font-family: georgia;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Depois
de um dia de eleições nas Mesas das duas Casas do Congresso Nacional, o menor
mês do ano só começou no seu segundo dia, sob grandes impactos nacionais:
somente nada menos que três grandes referências ocorreram na Polícia Federal,
com depoimentos do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, do senador Do Val e
do delegado de carreira da própria PF Anderson Torres, último ministro da
Justiça de Jair Messias Bolsonaro e secretário, por apenas quatro dias, da
Segurança Pública do Distrito Federal. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">O
primeiro “pediu” para ser interrogado ao declarar que “na casa de todo mundo”
(no restrito universo dos áulicos e auxiliares de Bolsonaro) havia uma “minuta
do golpe”; perante as autoridades designadas para colher suas declarações, ele
“metaforizou” tentando esclarecer: disse que “era apenas uma metáfora”. Abro
parênteses: os gramáticos, os lexicógrafos, os críticos literários, os
professores em salas de aulas e os escritores e redatores em geral debruçam-se,
agora, sobre os conceitos das figuras literárias, de estilo e de linguagem,
buscando novos conceitos para “narrativa” e “metáfora”, que se tornaram modais
nas “narrativas” dos políticos e, por desdobramento, dos profissionais de
comunicação. Fecho. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">A
agenda do dia, porém, foi alterada, subitamente, nas primeiras horas da manhã,
com a notícia da morte de Glória Maria, a pioneira repórter da televisão
brasileira, criadora de um padrão de trabalho novo e surpreendente, desde o
início de suas ações, ainda como estagiária, na TV Globo do Rio de Janeiro. Uma
cara nova, uma voz nova, um jeito novo de se apresentar ante as câmeras, dando
ao telespectador a sensação de “estar ali”, ao vivo, vendo e compreendendo
tudo... <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Era
a quebra de hábitos que marcaram, na época, os canais de notícias: tanto nos
textos dos jornais e revistas quanto no <i>modus operandi</i> dos repórteres e
apresentadores, exigia-se que textos escritos e falas em rádios e tevês fossem
“padronizados”, o que sempre chamei de “pasteurização dos textos” (por
extensão, da postura dos colegas das mídias vocal e visual). Glória Maria
quebrou aquilo, impondo, espontânea e natural, o seu “modo de ser”, que logo
caiu no gosto do consumidor. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">O
que agradada o consumidor cai bem nas preferências dos patrões. E foi o que
vimos. Não tenho, pois, nada a acrescentar a tudo o que li, vi em vídeos, ouvi
no rádio e vi no JN de ontem, 2 de fevereiro, num extenso e rico trabalho de
reportagem a muitas cabeças e corpos, para recordar e informar ainda mais quem
foi, até aquela manhã, a mulher <i>mignon</i> que se agigantava no ambiente de
trabalho, contaminando de energia e otimismo os colegas e de embalsamento os
sentimentos da clientela televisiva. Indiscutivelmente um ícone, ela abriu
caminhos para:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-left: 70.8pt; mso-margin-bottom-alt: auto;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">1)
a pessoa pobre buscando estágio (que logo se fez emprego registrado e uma longa
carreira de sucessos diários); <br />
2) a pessoa preta a cursar universidade e fazer carreira sem desvio de função; <br />
3) a mulher trabalhadora, especialmente em atividades de nível superior; <br />
4) a definição do ofício do repórter de tevê; <br />
5) a mulher preta; <br />
6) o enfrentamento à misoginia, ao preconceito de raça e cor, à cultura do
subemprego para os "menos favorecidos" e à afirmação do conceito de
que o preto, a mulher, o pobre, o favelado – enfim, o que não tem "quem
indique" (o famoso QI) – é tão ou mais capaz do que o favorecido pelo
sobrenome, pela conta bancária do pai, pelo prestígio da família, por fatores
como os olhos e a pele claros possa realizar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Nos
últimos 50 anos, ela é uma das mais expressivas "caras da Globo" – se
não a mais dentre todas. Vai-se com a comoção nacional, como o foram Garrincha,
Vinícius, Elis Regina, Clara Nunes, Nara Leão, Tom Jobim, Aldir Blanc, Elza
Soares, Jô Soares, Gal e Boldrin, Pelé... <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Nossa!...
São tantos os que nos deixaram assim!... Restam-nos a esperança e a fé na essência
de outros valores, dentre, principalmente, os moços de agora. Estamos
reconstruindo o Brasil, preparando a nação em suas altas qualidades nas
ciências – campo em que os valores não atingem o gosto das massas populares –
quanto nos esportes, nas artes, nos ofícios das mídias. Vivemos, nos últimos
dez anos, instantes políticos conturbados que resultaram em quatro anos de
estagnação e retrocesso nos processos de continuidade positiva, tendo como pano
de fundo um gênero musical que não contribui com o refinamento das
sensibilidades nem com o senso crítico. É hora, pois, de retomarmos o antigo
caminho, o rumo do horizonte de luz e estímulo à crença de que, sim, podemos
fazer melhor. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: center;"><b><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">*
* *<o:p></o:p></span></b></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: center;"><b></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhk7PQKnYvSqkp3bLOX0VsRPZETFwXuM-3ubeVoi1oKax2LA5p21_rLy5h3d10Fm2yUlsPxPRc9Czq7v2zqcGVfsmHZtqslcmaRWlmCTcLrjN502YVF5SkaEjLroitf79qeqnFnFTFXiqb3GCnFiRR63X8lAC9oXLXnnBbpdng2oSOPyHVXPLU/s308/Pessoa%20e%20eu,%20por%20Kleber%20Marques.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="308" data-original-width="308" height="308" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhk7PQKnYvSqkp3bLOX0VsRPZETFwXuM-3ubeVoi1oKax2LA5p21_rLy5h3d10Fm2yUlsPxPRc9Czq7v2zqcGVfsmHZtqslcmaRWlmCTcLrjN502YVF5SkaEjLroitf79qeqnFnFTFXiqb3GCnFiRR63X8lAC9oXLXnnBbpdng2oSOPyHVXPLU/s1600/Pessoa%20e%20eu,%20por%20Kleber%20Marques.jpg" width="308" /></a></b></div><p></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: center;"><b><i><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Luiz de Aquino, jornalista, <br />aprendiz menor.</span><span style="font-family: Times New Roman, serif; font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></i></b></p>Luiz de Aquinohttp://www.blogger.com/profile/05587861821540755577noreply@blogger.com13tag:blogger.com,1999:blog-29538497.post-66330960687610092132022-08-06T15:58:00.001-03:002022-08-06T15:58:32.164-03:00José J. Veiga visto por Ítalo Campos<p style="text-align: center;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: georgia; font-size: large; text-align: left;"><b>José J. Veiga:</b></span><span style="font-size: large; text-align: left;"> </span><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhk2PxDcxDGcURtzSAMjzfIVypbHMaOCWun6Y7_wTWNqBcepj8b1mFcseyGNIOxBeni4EKiTUfprZQsckhEEcYVZ4cflUlsEWl2BX8T60eC0p2LLXpasTlVgd1WtiftK-O6kKJR9cwPvbr-UxPiflFJzTgLDZmb-hC4ued4iBm7B7k-HOXizLo/s659/VEIGART.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="659" data-original-width="441" height="405" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhk2PxDcxDGcURtzSAMjzfIVypbHMaOCWun6Y7_wTWNqBcepj8b1mFcseyGNIOxBeni4EKiTUfprZQsckhEEcYVZ4cflUlsEWl2BX8T60eC0p2LLXpasTlVgd1WtiftK-O6kKJR9cwPvbr-UxPiflFJzTgLDZmb-hC4ued4iBm7B7k-HOXizLo/w271-h405/VEIGART.JPG" width="271" /></a></div><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: georgia;"><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div></span></span><b><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: georgia; font-size: x-large;">Um sertanejo e seu</span></span></b><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: georgia;"><span style="font-size: x-large;"><br /> universo fantástico (*)<o:p></o:p></span></span></span></b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: georgia;"><span style="font-size: large;"><br /></span></span></span></b></p>
<p align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: georgia;">Por Ítalo Campos: </span></span></i><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjjK2fOGK3bG8nF9ZKq2TjBun-4sBPVoK41SWHyoNkwUATPnZffoisKvBTUIV4NkBH15MyEmq5FRMfkNgrsED4WfAZCOCPRuFE_Gk5PArE5Mz0aLmnP4PJOjZZ7H9-zZg4-31KgAHLBDHF2cJD2YWnzgh3TBYPGyc9KhtAID9Uq1MXqbH9b2E/s426/12662734_10208690393602130_7325046157126192969_n.jpg" imageanchor="1" style="font-family: georgia; font-size: large; margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="426" data-original-width="426" height="190" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjjK2fOGK3bG8nF9ZKq2TjBun-4sBPVoK41SWHyoNkwUATPnZffoisKvBTUIV4NkBH15MyEmq5FRMfkNgrsED4WfAZCOCPRuFE_Gk5PArE5Mz0aLmnP4PJOjZZ7H9-zZg4-31KgAHLBDHF2cJD2YWnzgh3TBYPGyc9KhtAID9Uq1MXqbH9b2E/w190-h190/12662734_10208690393602130_7325046157126192969_n.jpg" width="190" /></a></p><p align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: georgia;"><br /></span></span></i></p><p align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: georgia;"><br /></span></span></i></p><p align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: georgia;">A verdade só pode ser
dita nas <br />
malhas da ficção. (Jacques Lacan) <o:p></o:p></span></span></i></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><o:p><span style="font-family: georgia;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Era o ano do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo
de 1910. Benedita Cipriano Gomes com 7 anos, nascida ali na fazenda Mozondó no
município de Pirenópolis, apresentou uma doença estranha e desconhecida. Em
estado comatoso, e já dada como morta, preparavam a extrema-unção e o banho de
defunto quando alguns familiares notaram que o corpo de Benedita, chamada de
Dica, retomara o calor, sua respiração tornara-se nítida e apresentava um suor
frio. Resolveram encompridar o velório e no terceiro dia Dica estava recuperada.
Milagre! Milagre! Pouco tempo depois esta voz ecoou pela região e iniciou-se
uma peregrinação à casa de Dica para pedir sua benção e orientação. Mocinha, já
estabelecia regras e comandava uma legião de mais de quinze mil pessoas em
torno da sua comunidade. Fazia curas, rezava missas, pregava a igualdade, a
abolição dos impostos e a distribuição de terras que, para ela, era propriedade
exclusiva do Criador, dado a todos os homens e mulheres o direito de explorá-la
e produzir todos os alimentos. Sua fazenda estranhamente não tinha cerca,
nestas atitudes libertárias ela pregava a autonomia do cidadão, da população e,
coerentemente, distribuía a produção de sua propriedade para toda a comunidade.
<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Contrariando os coronéis, grandes proprietários de
terras, que temiam o aparecimento de um novo Canudos, acionaram as autoridades
de Pirenópolis para conter as suas ações. Estas se declararam impotentes e
buscaram a participação da força policial do Estado. Em 10 de outubro de 1925 uma
guerra chamada Dia do Fogo aconteceu no sítio Mozondó. As forças policiais, com
fazendeiros e jagunços, cerca de 79 homens, se dirigiram à fazenda para prender
Dica e seus seguidores. Sorrateiramente ocuparam os pontos estratégicos do
povoado mas não conseguiram prender a Santa Dica. Balas que se resvalavam pelo
corpo da Dica, outras se alojavam no seu cabelo, uma sucuri protegia o caminho
da sua casa, são histórias que se contam deste evento. Dica foi presa após
alguns dias ao se apresentar no fórum de Pirenópolis e levada para Goiânia, e
libertada pouco tempo depois, resultado da pressão da população e por falta de
provas concretas de algum crime e inteligente defesa. Santa Dica, mais tarde,
formou um batalhão de 400 homens, sendo ela designada e nomeada cabo do
exército nacional, anos depois recebeu a patente de Capitão. Participou da
Revolução Constitucionalista de 1932, indo guerrear em São Paulo com uma tropa
de 150 homens, voltando sem nenhuma baixa. Dica morreu em 9 de novembro de 1970
e está enterrada em Lagolândia, distrito de Pirenópolis, onde nasceu.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">A poucos quilômetros dali, na fazenda Morro Grande,
dentro do município de Corumbá, em 1915, nascia José J. Veiga, apenas 12 anos
mais novo do que a Benedita, chamada ainda viva de Santa Dica. Se ela e José
Veiga não foram amigos mas certamente se conheciam e comungavam do mesmo
ambiente rústico, místico e religioso do interior de Goiás. A 150 km em linha
reta de Corumbá encontra-se Uruaçu, cidade onde nasci. Isolada dos centros
urbanos e decisórios, esta região do Brasil profundo gerou pessoas duras,
resistentes, com universo sensível povoado por mitos herdados especialmente dos
povos originários, dos negros escravizados e outros. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Uma cosmogonia própria, rica, abundante e, ainda hoje,
conservada, faz de Goiás uma referência de escritores de literatura
regionalista com doses de realismo fantástico ou, como outros chamam, realismo
mágico. São escritores sensíveis à secura do planalto, onde de repente o
insólito e o improvável acontecem.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Freud, o pai da psicanálise, foi um grande escritor,
criando os textos psicanalíticos e, por isso, foi merecedor do prêmio Goethe de
literatura. Além disso, creditava os artistas como precursores em anunciar a
existência do inconsciente em suas obras pictóricas, esculturais, estatutárias
e principalmente na literatura. Nesta, encontrava também um modo de validar, de
exemplificar suas teorias como o Édipo de Sófocles. Dizia com grande modéstia
que pelo caminho que ele trilhava com enorme trabalho e dificuldade o artista
já tinha passado. Em carta endereçada ao escritor e médico Arthur Schnitzler,
que havia enviado os cumprimentos pelo seu aniversário, escreve: “muitas vezes
me perguntei com perplexidade de onde o senhor poderia ter retirado este ou
aquele conhecimento secreto, que eu havia adquirido através de laboriosas
investigações”. A admiração e reconhecimento que Freud tem com a arte e
literatura é demonstrada em seus trabalhos que tratam de arte, literatura e
estética. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Relaciono, cronologicamente, a seguir, as obras, ou
parte delas, escritas por Freud em correspondência e artigos: Em 1897 Sobre
Édipo Rei e Hamlet, numa carta a Fliess; Em 1898 A Juíza em carta a Fliess; Em
1898 A Interpretação de Sonhos; Em 1900 Sobre Édipo Rei e Hamlet; Em 1905 Os
Chistes e sua Relação com o Inconsciente e Tipos Psicopáticos no Palco; Em 1906
Delírios e Sonhos na `Gradiva’ de Jensen; Em 1907 Contribuição a um
Questionário sobre Leitura; Em 1907 Escritores Criativos e Devaneios; Em 1910
Sobre o Sentido Antiético das Palavras Primitivas; Em 1910 Uma lembrança
Infantil de Leonardo da Vinci; Em 1913 O Tema dos Três Cofres; Em 1913 As
Reivindicações da Psicanálise ao Interesse Científico; Em 1914 O Moisés de
Michelangelo; Em 1915 Sobre a Transitoriedade; Em 1916 Alguns Tipos de Caráter
Encontrados no Trabalho Psicanalítico; Em 1917 Uma Recordação Infantil; Em 1919
O Sinistro; Em 1927 Pós-escrito a O Moisés de Michelângelo; Em 1927 O Humor; Em
1927 Dostoievski e o Parricídio; Em 1929 Carta e Reik sobre Dostoievski; Em
1930 O Prêmio Goethe; Em 1933 Prefácio a Edgar Allan Poe de Marie Bonaparte; Em
1935 Carta a Tomas Mann (Pelo seu 60º aniversário). Nesta carta Freud chama a
atenção para responsabilidade do escritor afirmando: “As palavras dos
escritores são ações”. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Um bom texto para esse ângulo de leitura e sobre a
escrita é o artigo O Poeta e o Fantasiar, de 1907/8. Este se inicia com a
inquietação do Cardeal d’Este de Ippolito perguntando ao seu protetor, o poeta
Ariosto (1474-1533), autor de Orlando Furioso, como ele conseguia despertar nos
leitores tanta emoção que não se supunha jamais sentir? Neste texto, diz Freud
que a raiz da produção poética está na infância, nas brincadeiras de criança. O
poeta é aquele que não mais brinca, mas sim fantasia. A fantasia, necessária
para a criação artística, é o substituto do brincar. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Tanto a literatura como a psicanálise
trabalham tanto com a linguagem como com os conteúdos complexos, obscuros da
alma humana e suas angústias.<span style="color: #201f1e;"> O poeta e o psicanalista traçam os
contornos em torno de formas desconhecidas, dando existência ao <i>l'Unbewusst</i>,
o insabido, o Inconsciente. "Lunáticos, amantes e poetas são iguais em sua
imaginação" disse Shakespeare. Embora os poetas e escritores sejam
considerados como antenas sensíveis do universo, Freud considerava que esta
possibilidade está para todas as pessoas "Somos poetas, e só com o último
homem morrerá o ultimo poeta", escreveu Freud em seu texto <i>Escritores
criativos e devaneio.</i><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">A escrita criativa de José J. Veiga ilustra para nós
leitores, ou melhor, provoca em nós leitores, uma fruição estética produzida
pela liberação de certos conteúdos inconscientes, fantasias recalcadas, que
estavam aprisionados pela lógica consciente, cartesiana, racionalizadora. Sua
obra também traz conteúdos políticos sociológicos e críticas à modernidade
desumanizadora, que transforma o homem em mais um objeto de uso.<o:p></o:p></span></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: #404040;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Recorrendo à internet: (10 livros de José J. Veiga
para ter na estante. By Douglas Eralldo – fevereiro, 27, 2017), trago,
esperando a paciência de vocês, o título e assunto de<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>alguns de seus livros.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"><b><span style="border: 1pt none windowtext; color: #3c4043; padding: 0cm;">1 - A Hora dos Ruminantes:</span></b><span style="color: #3c4043;"> Considerado o
romance mais importante do autor, A hora dos ruminantes conta a história da
pequena cidade de Manarairema, que vê a sua rotina alterada por acontecimentos
inexplicáveis. Primeiro uma legião de homens, de procedência desconhecida,
decide acampar na cidade. Os moradores, temendo represálias e com medo dos
visitantes misteriosos, passam a especular sobre a intenção do grupo... <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;"><span style="color: #3c4043;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"><b><span style="border: 1pt none windowtext; color: #3c4043; padding: 0cm;">2 - O Risonho Cavalo do Príncipe</span></b><span style="color: #3c4043;">: Neste livro,
Veiga coloca seus personagens – e nós leitores – em situações curiosas, que
nitidamente imaginamos e visualizamos como se tivéssemos diante dos olhos, no
cinema ou na TV, uma das mirabolantes aventuras de Indiana Jones... <b><span style="border: none windowtext 1.0pt; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm;"><o:p></o:p></span></b></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;"><span style="color: #3c4043;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"><b><span style="border: 1pt none windowtext; color: #3c4043; padding: 0cm;">3 - O Trono no Morro:</span></b><span style="color: #3c4043;"> Um bandoleiro se
torna o líder de um estranho reino, onde o inesperado pode acontecer a qualquer
momento. Neste livro, o interior do Brasil é o pano de fundo das narrativas
envolventes e humanas do autor... <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;"><span style="color: #3c4043;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"><b><span style="border: 1pt none windowtext; color: #3c4043; padding: 0cm;">4 - Os Cavalinhos de Platiplanto:</span></b><span style="color: #3c4043;"> O conto que dá
título ao livro serve como síntese da obra, como aponta o escritor Silviano
Santiago no prefácio desta edição. Para ele, a obra “consegue equilibrar a
violência que domina o mundo real com a nostalgia do paraíso que se perdeu,
somando à saudade do passado a realização do desejo”. As dificuldades da vida
adulta percorrem todo o universo narrativo do livro... <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;"><span style="color: #3c4043;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"><b><span style="border: 1pt none windowtext; color: #3c4043; padding: 0cm;">5 - Torvelinho Dia e Noite:</span></b><span style="color: #3c4043;"> Torvelinho já não
é a mesma, parece uma cidade grande; todos têm de se posicionar a respeito do
'progresso forçado' que se instala. A história se desenvolve, de emoções em
emoções, até seu desfecho. Apenas uma pergunta é deixada no ar - de que lado
estão os fantasmas?<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;"><span style="color: #3c4043;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"><b><span style="border: 1pt none windowtext; color: #3c4043; padding: 0cm;">6 - Os Melhores Contos de José J. Veiga:</span></b><span style="color: #3c4043;"> A sua obra de
ficcionista está povoada por fantasmas bonachões, nada fantasmagóricos (no
sentido usual do termo), mais capazes de encantar do que assustar, objetos que
se humanizam, mas também de casos de horror, mistério, sobrenatural, estranhos,
por vezes terríveis, quase sempre com um sentido de alegoria... <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;"><span style="color: #3c4043;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"><b><span style="border: 1pt none windowtext; color: #3c4043; padding: 0cm;">7 - Sombras de Reis Barbudos</span></b><span style="color: #3c4043;">: 'Os urubus ainda
não estavam em nossos telhados, mas as sombras deles estavam. Os primeiros
chegavam logo depois do sol, e pelo meio-dia o céu ficava coalhado deles, as
sombras caindo vertical nas ruas, nos muros, nos gramados, em toda parte
aquelas cruzes negras volteando sobre nossas cabeças'... <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;"><span style="color: #3c4043;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"><b><span style="border: 1pt none windowtext; color: #3c4043; padding: 0cm;">8 - Os Pecados da Tribo: </span></b><span style="color: #3c4043;">'A experiência de
vida que a leitura de 'Os Pecados da Tribo' nos proporcionará contém lições que
enriquecerão nossa capacidade de ver e sentir, de analisar e, tendo sorte,
sonhar. E é sonhando que o homem recria o mundo'... <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;"><span style="color: #3c4043;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"><b><span style="border: 1pt none windowtext; color: #3c4043; padding: 0cm;">9 - O Professor Burrim e as Quatro Calamidades:</span></b><span style="color: #3c4043;"> Vida de professor
não é moleza. O professor Burini não sabe mais o que fazer para que os alunos
prestem atenção nas aulas de português... <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;"><span style="color: #3c4043;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"><b><span style="border: 1pt none windowtext; color: #3c4043; padding: 0cm;">10 - O Relógio Belisário:</span></b><span style="color: #3c4043;"> Um relógio
encantado, que conta histórias em imagens. Um menino sem família, que tem o
poder de captar as imagens do relógio.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Freud escreve em 1919 no artigo Das unheimliche. Esta
palavra, após a publicação de Freud, expande a sua significação e se torna além
de uma palavra um conceito. De difícil tradução em francês, por exemplo, foi
traduzida por Inquietante Familiar. Outro traduziu por Inquietante Estrangeiro
e Inquietante somente. Em espanhol foi traduzido por Sinistro, Ominoso, em
italiano O Perturbante e em português na publicação da primeira coleção
freudiana, foi traduzida por O Estranho e atualmente, na publicação da Companhia
das Letras, foi traduzida como O Inquietante, e na edição da editora Autêntica
como Infamiliar. Termo e conceito de complexidade tal que aparecem sempre novas
traduções/interpretações. Embora fieis ao original, nenhuma tradução é
perfeita. O <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Un</i>, em alemão significa,
partícula de negação, enquanto heimliche significa partes conhecidas, íntimas,
sensíveis, familiares, ou conhecidas. Assim a “ambiguidade” presente já no
título do ensaio de Freud para descrever o processo psíquico presente em
determinado evento em alguma experiência de qualquer ser humano neurótico é o
estranhamento, a inquietação, diante de algo, ao mesmo tempo novo e antigo,
conhecido e desconhecido, estranho e familiar. Infamiliar é aquilo que nos
provoca angústia e horror, é tudo que deveria permanecer escondido, oculto e,
de repente, vem à tona. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Como outros
grandes escritores e filósofos como Schopenhauer, Freud transforma o adjetivo
em substantivos, modifica o uso de adjetivos e advérbios em um trabalho
importante com a linguagem. Assim se vê no exaustivo trabalho
filológico-lexical que Freud realiza no início do artigo citado. Mais do que
lingüista, ciência que viria a se desenvolver e firmar anos mais tarde com
Suassure, ou filósofo, que o autor não desejava ser, ele queria confirmar ou
comprovar a divisão psíquica, a existência de um outro território além da consciência.
Assim também era seu propósito no artigo Sobre o Sentido Antitético das
Palavras. Como nos dizem Gilson Ianini e Pedro Heliodoro Tavares no texto Freud
e o Infamiliar, um dos capítulos do livro da editora Autêntica, chamado
justamente O Infamiliar, referem-se ao texto de Freud: “Este texto que o leitor
tem diante de si é uma das mais ricas demonstrações de como a psicanálise opera
com sua mais fundamental ferramenta: a língua cotidiana, com suas camadas e sua
história. Aqui Freud demonstra de modo inequívoco como se entrelaçam na própria
escrita os registros teóricos e estéticos, como a linguagem científica e
literária se interpenetram, ou ainda como o vivido e o fantasiado tecem
relações complexas”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Freud, com sua formação médica, desejava que suas
descobertas em psicanálise se situassem no campo das ciências para depois
descobrir que estas rejeitavam, desprezavam, justamente o que ele descobria,
verificava e teorizava a partir da sua clínica, o inconsciente. Na filosofia
ele também não encontrou<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>ressonâncias,
mostrando uma distinção epistemológica da psicanálise com outros saberes. No
entanto o diálogo, a troca, importante se faz entre a psicanálise e a
matemática, com os novos conhecimentos como a topologia e a lingüística, a história,
a lógica e com a antiga aliada, a literatura e as artes em geral.<o:p></o:p></span></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: #404040;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">No ensaio Unheimliche (Infamiliar) Freud recorre a
uma novela para ilustração do fenômeno que ocorre no aparelho psíquico. O
internauta Lucas Furlan, formado em Comunicação Social, resumiu assim a novela
utilizada por Freud <strong><i><span style="border: 1pt none windowtext; font-weight: normal; padding: 0cm;">O Homem da areia</span></i></strong>,
publicada em 1816.<o:p></o:p></span></span></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: #404040;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Nela, <strong><span style="font-weight: normal;">E. T. A. Hoffmann
(Ernst Theodor Amadeus Hoffman) Hoffman</span></strong> narra a crescente
insanidade do personagem <strong><span style="font-weight: normal;">Natanael</span></strong>,
graças ao seu medo da figura folclórica do Homem da Areia (<i><span style="border: none windowtext 1.0pt; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm;">Der Sandmann</span></i>, no original alemão). Em uma versão da
lenda, ele é apenas o responsável por jogar um pouco de areia nos olhos das
pessoas, fazendo com que elas fiquem com sono e adormeçam; em outra, ele é um
ser maligno que arranca os olhos das crianças que não querem dormir, e as leva
para servir de alimento para a sua família que vive na lua. É esta segunda
versão que Natanael, ainda criança, ouve de sua babá.<o:p></o:p></span></span></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: #404040;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">O pavor que o garoto sente do Homem da areia aumenta
quando ele começa a acreditar que a criatura está convivendo com sua família,
disfarçada como o advogado <strong><span style="font-weight: normal;">Coppelius</span></strong>.
Depois que uma tragédia acontece, Natanael passa a ter certeza que O Homem da Areia/Coppelius
tem como objetivo impedir sua felicidade. Essa idéia ganha força quando o
protagonista, já crescido e estudando fora, reconhece seu inimigo usando outra
identidade. Em <i><span style="border: none windowtext 1.0pt; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm;">O Homem da areia</span></i>, Hoffmann trabalha
com temas caros ao Romantismo, como o conflito entre loucura (representada
através de Natanael) e razão (personificada em <strong><span style="font-weight: normal;">Clara</span></strong>, a noiva do
protagonista), e paixões fulminantes e proibidas. Mas a história, ao mesmo
tempo, é muito original: ela começa como uma novela epistolar (ou seja, narrada
através de cartas) e depois muda para um relato em terceira pessoa. O autor
também insere um elemento inesperado, que se tornaria recorrente na ficção
científica tempos depois. O <i><span style="border: none windowtext 1.0pt; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm;">Homem da areia</span></i> não
chega a dar medo, mas é uma leitura muito relevante e que se tornou
extremamente influente com o passar dos anos. <o:p></o:p></span></span></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"><span style="color: #404040;">Entre os admiradores de Hoffmann estão autores como
Edgar Allan Poe, Dostoiévski, o brasileiro Álvares de Azevedo e até Sigmund
Freud, que, como disse, utilizou o texto do autor alemão como referência para o
seu ensaio<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"> </b></span><a href="https://amzn.to/31hKp5w" target="_blank"><i><span style="border: 1pt none windowtext; color: #0178a4; padding: 0cm;">O
Infamiliar</span></i></a><i><span style="border: 1pt none windowtext; color: #404040; padding: 0cm;">”</span></i><span style="color: #404040;">. No romance o horror, a incerteza que se apossa da criança
Nathanael acontece quando o oculista ambulante G. Coppola lhe oferece óculos.
Ele compra um binóculo para avistar o apartamento do professor Spalanzani, cuja
bela filha é<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Olímpia sempre imóvel e
misteriosa e objeto da paixão de Nathanael. Por ai continua a novela num
intrincado desenvolvimento entre associações, condensações, deslocamentos,
alucinações, interpretações, retorno do recalcado, que dão à novela seu caráter
fantástico, infamiliar. Freud, textualmente destaca que o infamiliar da ficção,
da criação literária é muito mais rico do que o infamiliar vivido já que neste
abrange-se toda a totalidade e pode, com a liberdade literária, ser mais
extensamente apresentado sem necessidade da prova de realidade. As vezes o bom
texto literário nos faz reagir às suas ficções tal como reagiríamos à nossas
próprias vivencias e quando nos damos conta já é tarde demais. Quanto frio na
barriga, quanto estranhamento já me aconteceu com a literatura, ou com outras
criações como o cinema e até mesmo um quadro, uma pintura.<o:p></o:p></span></span></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: #404040;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">A idéia de fantástico como uma literatura de fantasia
está coerente com as afirmações da psicanálise, que dizem que nosso aparelho
psíquico apresenta diferentes dimensões no acesso e na apreensão da realidade.
Lacan as nomeou de Real, Simbólica e Imaginária. Aquilo da realidade que não é
apreendido é ficcionalizado. Lacan considera a fantasia como uma escrita do
real e esta enodura o desejo com a realidade, o imaginário com o simbólico.
Portando a fantasia, ao mesmo tempo vela e desvela o real. Esconde e apresenta
o desejo. A literatura do gênero fantástico produz movimentação do afeto de
angústia possibilitando uma fruição estética. E abrindo caminhos para novas
criações, dando passagem a conteúdos desconhecidos. Assim, os estudiosos
apontam a aproximação do fantástico com o inconsciente. A condição para o
nascimento da literatura fantástica está no iluminismo, que suplanta uma idéia
teocêntrica do mundo, condições também que vão possibilitar a criação da
psicanálise freudiana no inicio do século XX, incorporando os elementos
desprezados pelo pensamento científico e cartesiano, os restos diurnos, os
sonhos, os equívocos, os enganos, as desrealizações, a loucura e a desrealização
de elementos que eram incluídos ou, mesmo matéria, da literatura fantástica.<o:p></o:p></span></span></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: #404040;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">A literatura fantástica, para os pesquisadores, se
inicia no final do século XVIII na Inglaterra, quando o aristocrata e
romancista Horace Walpole (1717-1797), lança em 1764 o livro<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> O Castelo de Otranto</i>, considerado pelos
teóricos da literatura como o primeiro livro do gênero fantástico, ou pelo
menos com as sementes deste gênero. O cenário é lúgubre e escuro de um Castelo
medieval na Itália, povoado de entidades sobrenaturais da Idade Média, sem, no
entanto, abandonar uma certa racionalidade já presente na Idade Moderna. Dois
outros livros em diferentes países publicados pouco tempo depois seguem e
desenvolvem este gênero. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Diabo
Apaixonado</i>, do francês Jacques Cazzote (1719-1772), publicado em 1792, foi
um grande marco neste gênero de literatura, explorando o “sobre natural”. O
autor, monarquista, foi guilhotinado pela revolução de 89. Outro marco
literário, considerado uma novela policial é <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Manuscrito Encontrado em Saragoza</i>, do polonês Jan Potocki
(1761-1815), lançado em 1805, é considerado uma obra prima. Um romance
picaresco, soturno, com cenas eróticas, policiais e rasgos filosóficos, enfim,
muitas narrativas num único livro. <o:p></o:p></span></span></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: #404040;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Especialistas ensinam que a literatura fantástica
não se constitui num gênero autônomo, se misturando, se apresentando com outros
gêneros com os quais pode se confundir. Ele se situa entre o maravilhoso e o
estranho. O maravilhoso é considerado aquele em que o sobrenatural é aceito
como real, e o estranho tem o seu conteúdo sobrenatural explicado. Estes
estudiosos apontam a existência de subgêneros transitivos: estranho-puro,
estranho-fantástico, fantástico-puro, fantástico-maravilhoso, maravilhoso-puro.
No Brasil nosso manancial fantástico está no anedotário, nas lendas, no
folclore, misturando e trançando elementos culturais europeus, africanos e
indígenas, formando um universo, uma cosmologia específica que acho, a Semana
de Arte Moderna acontecida em 1922 quis valorizar.<o:p></o:p></span></span></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: #404040;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Fizemos uma aproximação da psicanálise com a
literatura fantástica mas é importante destacar que são campos diferentes. Um
de seus pontos de contato é a preocupação estética nos modos de sentir e
pensar. O objetivo da psicanálise no meu entendimento não é apenas poético ou
estético, mas sim ético. Ambos trabalham no campo da linguagem. Lacan, lendo
Freud, deduz que o inconsciente é estruturado como linguagem. O advento da
linguística, que aconteceu simultaneamente Freud, veio clarear o que este dizia
a respeito da condensação, deslocamento, metáfora, metonímia e outros conceitos
que a nova ciência nos ensinou para melhor ler a psicanálise freudiana e os
fenômenos psíquicos. Por tudo isso Lacan dedica todo um seminário para a obra
de Joyce, o Ulisses. Neste seminário riquíssimo, Lacan mostra como a escrita
estrutura J. Joyce. Esta força estruturante, reparadora e “curadora” da escrita
já tinham sido identificadas por Freud em Goethe ao escrever a sua obra
mundialmente conhecida: Os Sofrimentos do jovem Werther.<o:p></o:p></span></span></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: #404040;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"><br /></span></span></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4K6maghaiHD0fQK9Z7d-p_W-28m04OkoD_Wj87q6gpByhF1QqPqLEyJF6R7SeSFbxAlsBtnN5gStFQpx0Knt8KKD4qFj7qE5hsbqrUNa2pBADOkHSv2mpB24tjrAM3iBPypaEuONFN8_XDj8bLNi4ic8vfyHlpDXzaMaDXMf3Mq-T-RCdcaY/s543/1982%20Veiga%20e%20eu.jpg" imageanchor="1" style="font-family: georgia; font-size: large; margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center; text-indent: 0px;"><img border="0" data-original-height="355" data-original-width="543" height="209" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4K6maghaiHD0fQK9Z7d-p_W-28m04OkoD_Wj87q6gpByhF1QqPqLEyJF6R7SeSFbxAlsBtnN5gStFQpx0Knt8KKD4qFj7qE5hsbqrUNa2pBADOkHSv2mpB24tjrAM3iBPypaEuONFN8_XDj8bLNi4ic8vfyHlpDXzaMaDXMf3Mq-T-RCdcaY/s320/1982%20Veiga%20e%20eu.jpg" width="320" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: x-small;">José J. Veiga e Luiz de Aquino</span></td></tr></tbody></table><p style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: #404040;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Quem me apresentou o grande escritor goiano, pois eu
tinha lido apenas dois dos seus livros, foi o militante cultural, escritor e
poeta, membro da Academia Goiana de Letras, Luiz de Aquino Alves Neto, que usa
o nome artístico de Luiz de Aquino. É ele, o amigo a quem José J. Veiga deixou
seu acervo e biblioteca para que dela fosse o guardião. Cumprindo a promessa o
amigo perenizou o acervo de mais de mil e duzentos livros, incluindo em outros
idiomas. Luiz de Aquino conquistou um espaço exclusivo e apropriado no SESC-Goiânia,
inaugurado em 2007 – Espaço José J. Veiga –, que está aberto à visitação, consulta
e pesquisa. No Espaço se encontra um busto do autor e uma duplicata se encontra
no espaço cultural Oscar Niemeyer em Goiânia. Luiz de Aquino foi o primeiro
escritor goiano a utilizar o meio eletrônico para divulgação da arte literária
com o blog:HTTP://penapoesiaporluizdeaquino.blogspot.com. Senhor de múltiplas
atividades, é jornalista, colaborando com vários jornais e revistas, assessor
de imprensa de vários órgão em Goiás. Ele nasceu nas águas quentes de Caldas
Novas, talvez por isso tenha se graduado em Geografia pela PUC-Go. Este
generoso conterrâneo foi minha fonte de informações dos aspectos curiosos e
biográficos do José J. Veiga. <o:p></o:p></span></span></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: #404040;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Ele nasceu José Veiga, vindo ao mundo no dia de
Iemanjá do ano 1915, em pleno verão seco e quente do Centro-Oeste do Brasil.
Seu primeiro choro para a vida aconteceu numa fazenda perto de Corumbá-Goiás ao
lado da estrada que levava a Pirenópolis, Go-225, que hoje leva o seu nome:
Rodovia Estadual José J. Veiga.<o:p></o:p></span></span></p>
<p style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"><span style="color: #404040;">José J. Veiga era filho de Luis Pereira Veiga e de
Maria Marciana Jacinto Veiga. O pai o registrou com José Veiga. Ficou órfão de
mãe muito cedo aos 12 anos indo com isso morar com parentes na capital do que
era chamada Vila Boa de Goiás, hoje denominada Cidade de Goiás. Aos vinte anos
vai para a capital federal o Rio de Janeiro, onde fez o curso de direito.
Apesar de um pouco tímido e comedido faz amizades no meio literário e se
prepara intelectualmente. Aos trinta anos de idade vai para Londres trabalhar
como interprete na rádio BBC uma das mais importantes do ocidente por seu
alcance e tradição, onde fica por cinco anos e retorna ao Rio de Janeiro,
ingressando no jornalismo no ano de 1950. Publica seu primeiro livro Cavalinhos
de Platiplanto em 1959, livro que havia ganhado o segundo lugar num concurso
literário. Bem mais tarde, já amigo de João Guimarães Rosa, foi convencido por
ele a adotar um nome cujo resultado apontado pela numerologia, antiga “ciência”,
lhe traria bons agouros. Em seu estudo da numerologia Guimarães pegou os nomes
completos dos pais e não aproveitou o Pereira do pai, nem o Jacinto da mãe e
acrescentou apenas um J no nome do escritor e assim ficou. Talvez influenciado
pelas superstições de Guimarães Rosa, ele passa a adotar os títulos dos seus
livros preferencialmente com quatro palavras. Inusitado, como são as obras de
Veiga, é como começou sua amizade com Guimarães. Conta-se que a amizade
aconteceu não por motivos intelectuais ou literários mas, fantasticamente ao
estilo veiguiano, por causa de um animal, o gato. Aracy esposa de Guimarães
Rosa e Clérida, esposa de José J. Veiga, tinham um veterinário comum. Certa
feita, a Aracy procurou o veterinário que se encontrava doente e não podendo
atender recomendou que ela procurasse a Clérida Veiga que tinha um bom
conhecimento para cuidar deste animal. O gato da dona Aracy se salvou e a
amizade entre o casal foi consolidada. Apesar de certa timidez do goiano passaram
a se freqüentar semanalmente e a dividir gatos e literatura. José J. Veiga é detentor
do prêmio Machado de Assis da Academia Brasileira de Letras e do prêmio Jabuti
com o livro De Jogos e Festas, que contém três novelas e outros. Traduzido para
vários idiomas, José J. Veiga escreveu dezenas de livros que ainda estão
desconhecidos do grande público.</span><span style="color: #3c4043;"><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;"><span style="color: #3c4043;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Veiga publicou mais de vinte títulos,
além dos já citados antes, que foram objeto de estudos acadêmicos e que
resultaram em dissertações e teses em diversas universidades pelo país afora,
algumas encontráveis na internet. Um trabalho de pesquisa muito interessante e
profícuo é o de Irene Severina Rezende, em sua tese de doutorado defendida na
Universidade de São Paulo em 2008, cujo título é<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O Fantástico no contexto sócio-cultural do
século XX: José J. Veiga (Brasil) e Mia Couto (Moçambique). Um trabalho de
fôlego publicado em mais de 241 páginas, afirma no seu momento de conclusão”.
Mia Couto e José J. Veiga assumem posições claras quanto ao que defendem:
países livres de opressões, de guerras, de proibições e inseridos no mundo que
detém as grandes decisões. Os dois optam por narrativas fantásticas, diferentes
da narrativa trivial, e constroem suas histórias impregnadas de potencial
filosófico e ideológico. Há em suas obras uma mostra do anseio das sociedades
de cada época. Em José J. Veiga, um jeito brejeiro do goiano e bem brasileiro
de todos nós, mas de uma maneira universal; em Mia Couto, nas descrições
originais, a presença do homem em suas relações umbilicais com a terra”. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;"><span style="color: #3c4043;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">A temática dos contos de José J.
Veiga é a relação do sujeito com a realidade. A opressão provocada pelos modos
e instrumentos da atualidade são metáforas sutis que o autor utiliza para falar
da subjugação, da alienação a que, discreta ou explicitamente, nos submetemos.
A introdução da modernidade destruindo os valores e modos até então vigentes.
Os heróis dos seus contos, na maioria são anti-heróis que passam por processos,
às vezes, penosos, para chegar à tomada de consciência e decisões. A realidade
na sua literatura vai além da realidade sensível e observável, introduzindo
motivações ocultas, elementos históricos conscientes ou inconscientes que influenciam
no destino das pessoas e por isto da comunidade que o cerca. Passagens bruscas,
cenários que se modificam, descrições físicas detalhadas que colocam o leitor
dentro do ambiente, uma trama bem elaborada e envolvente enquanto desliza o
enredo fazendo com que o leitor fique agarrado ao texto, se faça também personagem
literário na medida em que o autor vai mexendo suas varinhas (mágicas ou,
chamamos estilo) particulares para colocar o leitor em outro nível de
consciência. Até que ele, o leitor, se pegue surpreendido por algo em si mesmo
que é aceito e praticado pelos personagens como também se identifica com
aspectos renegados, recalcados em si próprios. Ao retirar o leitor da ilusão do
comando da realidade concreta, ao demonstrar que seus próprios atos realizados,
através dos personagens, fornecem ao lado de certo conforto psíquico um
incremento no caminho da humanização e civilização.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Interessante é destacar que muitos estudiosos
têm discutido sobre o gênero literário produzido por este goiano. Apesar da
extensa contribuição à literatura ficcional brasileira não há um consenso se
seus livros seriam fantásticos, góticos, estranhos, maravilhosos, realismo ou
apenas recheados de alegorias. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Apesar
desta questão que, acho puramente formal e acadêmica, a sua obra, em formato de
novelas, contos, livros chamados infantis, e textos de consumo rápido como os
jornalísticos, José J. Veiga revela, na sua capacidade e estilo em utilizar o
ambiente, o ar, os elementos regionais e vivências infantis para trazer, refletir,
apontar, denunciar, as grandes causas mundiais, os dramas humanos que acontecem
e estão presentes em qualquer lugar do planeta. Utilizando de recursos da
estrutura do sonho, da distorção onírica, do humor, da ironia, da paródia,
prendendo o leitor, revela a sua habilidade de escritor. Tudo isso faz de José
J. Veiga não apenas um grande escritor, mas um escritor atemporal e universal.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="color: #3c4043;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #3c4043;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Referências Bibliográficas<o:p></o:p></span></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="color: #3c4043;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="color: #3c4043;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Lacan, J.M.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Outros Escritos – Rio
de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2003 (Campo freudiano no Brasil)<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="color: #3c4043;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Lacan, J.M. Escritos – Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1998 Campo
freudiano no Brasil).<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="color: #3c4043;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Freud, S. O Infamiliar e outros escritos. Belo Horizonte, Autêntica
Editora, 2019 (Obras incompletas de Sigmund Freud).<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="color: #3c4043;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Ibid<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Zahar Editores.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O Estranho, Volume 17.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="color: #3c4043;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Ibid<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Zahar Editores. O Premio
Goethe, volume 21.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="color: #3c4043;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Ibid <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Zahar Editores.
Pronunciamento a Thomas Mann em prefácio a Vida e obras de E. Allan Poe: Uma
interpretação psicanalítica de Marie Bonaparte.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="color: #3c4043;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Vicentini, Albertina - O Sertão e a Literatura – Revista Sociedade e
Cultura, Jan-Jun, 1998.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="color: #3c4043;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="color: #3c4043;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt; vertical-align: baseline;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjV6SK4hiBh_KRGn9DGr1-IULXfl76Bia0FaXzS6pWOoDcuw0u561SFKucJ3BGnoSlFVFQP5VjpGoOF6rb7znsotHvCmKulwg035n3hW6Q3tAfvU-A4iX8sEPuzp1h1q55txYeBOdoPf2gRqbhWkcpJa97_jv48vPFP1q6EA6FUM6mmlL9ojyY/s1436/13029688_10209336578836357_4155667052760326975_o.jpg" imageanchor="1" style="background-color: transparent; font-family: georgia; font-size: large; margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="1436" data-original-width="1436" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjV6SK4hiBh_KRGn9DGr1-IULXfl76Bia0FaXzS6pWOoDcuw0u561SFKucJ3BGnoSlFVFQP5VjpGoOF6rb7znsotHvCmKulwg035n3hW6Q3tAfvU-A4iX8sEPuzp1h1q55txYeBOdoPf2gRqbhWkcpJa97_jv48vPFP1q6EA6FUM6mmlL9ojyY/s320/13029688_10209336578836357_4155667052760326975_o.jpg" width="320" /></a><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #3c4043;">Ítalo
Campos</span></b><span style="color: #3c4043;"> <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt; vertical-align: baseline;"><span style="color: #3c4043;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">– <i style="mso-bidi-font-style: normal;">psicanalista,
poeta, Membro da Escola Lacaniana de Psicanálise de Vitória; Membro das
Academias Espírito-santense e Uruaçuense de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico
do Espírito Santo</i>. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt; vertical-align: baseline;"><span style="color: #3c4043;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt; vertical-align: baseline;"><span style="color: #3c4043;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt; vertical-align: baseline;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 14.0pt;"><span style="font-family: georgia;">*
Palestra proferida na Academia de Letras de Vila Velha, em julho 2022.<o:p></o:p></span></span></i></p>
<p style="margin-bottom: 18.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #404040; font-size: 14pt;"><o:p><span style="font-family: georgia;"> </span></o:p></span></i></p>Luiz de Aquinohttp://www.blogger.com/profile/05587861821540755577noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-29538497.post-58163721259014909282022-02-24T16:37:00.006-03:002022-02-24T16:37:36.127-03:00<p><i style="background-color: white; color: #050505; font-family: georgia; font-size: 18.75px; white-space: pre-wrap;">Mais uma trajetória premiada, que enche nossos olhos de felicidade.</i></p><div dir="auto" style="background-color: white; color: #050505; font-size: 18.75px; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: georgia;"><i>Nosso poeta, @poetaluizdeaquino teve sua trajetória reconhecida pelo Governo do Estado de Goiás, através da Lei Aldir Blanc.</i></span></div><div dir="auto" style="background-color: white; color: #050505; font-size: 18.75px; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: georgia;"><i>Que a cultura goiana seja abraçada e reconhecida por sua plena importância. </i></span></div><div dir="auto" style="background-color: white; color: #050505; font-size: 18.75px; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: georgia;"><i>Viva, poeta!</i></span></div><div dir="auto" style="background-color: white; color: #050505; font-size: 18.75px; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: georgia;"><i>(Laila Santoro)</i></span></div><div dir="auto" style="background-color: white; color: #050505; font-size: 18.75px; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: georgia;"><i><br /></i></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgSh0Cv2E_03vJkbnzR4nnw-2Gu-cSmaV54w5qw7K3_MmHEzUHPwZxWMyECFq7SldOv3zo7ALFvRYIklBYBHIR9Edoay4MkD8-8Y2nlPg7G-sTz4hHTdRpmBZ8VG1zWp7mDvTwR7FXomj0SNkH3pmEUuhoT7D8nr-VFrllezClE7ESGiCf4Au8=s1080" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1080" data-original-width="1080" height="624" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgSh0Cv2E_03vJkbnzR4nnw-2Gu-cSmaV54w5qw7K3_MmHEzUHPwZxWMyECFq7SldOv3zo7ALFvRYIklBYBHIR9Edoay4MkD8-8Y2nlPg7G-sTz4hHTdRpmBZ8VG1zWp7mDvTwR7FXomj0SNkH3pmEUuhoT7D8nr-VFrllezClE7ESGiCf4Au8=w624-h624" width="624" /></a></div><br /><div dir="auto" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 18.75px; white-space: pre-wrap;"><br /></div>Luiz de Aquinohttp://www.blogger.com/profile/05587861821540755577noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-29538497.post-1081808479039316842022-02-19T13:57:00.001-03:002022-02-19T14:12:45.563-03:001922 Leo Lynce e a Semana de Arte Moderna<div><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEidqwsJcn02xmI5w4DCoaJqB_Uk1DMEeXy-M35R-9rqDiCUOSdwRMGJvE46b-dpGohF7W0Ea1rRMpowgcdc-VwbHXS52UE9TMW3heXsa_oU-WMNBFOXOhhwIEFR3RusX3wXoo3fo83KGv0zYZTqX_NwIjceZp2xK5mt40MT_eHWV8FngKAi1x4=s1280" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1280" data-original-width="957" height="420" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEidqwsJcn02xmI5w4DCoaJqB_Uk1DMEeXy-M35R-9rqDiCUOSdwRMGJvE46b-dpGohF7W0Ea1rRMpowgcdc-VwbHXS52UE9TMW3heXsa_oU-WMNBFOXOhhwIEFR3RusX3wXoo3fo83KGv0zYZTqX_NwIjceZp2xK5mt40MT_eHWV8FngKAi1x4=w314-h420" width="314" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: xx-small;">Maria Clara, entre mim e o padrinho e tio Pedro <br />Nolasco, da estirpe de Leo Lynce.<br /><br /></span></td></tr></tbody></table><br /><div style="text-align: justify;"><span style="text-align: left;"><b>NOTA DO AUTOR:</b> <i>Ao tempo em que dou notícias do lançamento da antologia "Contos de 22", informo que notei, no texto aqui publicado e no livro em referênciua (no parágrafo que começa "Contudo, o movimento não..."), um erro que há de ser corrigido: a palavra "diagrama" em lugar de "anagrama". Assim, renovo a publicação, com o texto devidamente corrigido, com o meu pedido de desculpas ao leitor. A festa foi prestigiada por quase todos os autores e expressiva presença de nossos convidados, com a luxuosa apresentação do conjunto vocal Fé Menina. Fui surpreendido com um gesto emocionante de Maria Clara (bisneta de Leo Lynce e afilhada de seu tio Pedro Nolasco), que me ofertou um belo bouquê, com aroma e cores de despertar lágrimas neste autor, ato esse que ela disse ser "em nome da família" pelo meu texto, com foco no notável poeta pioneiro do modernismo em nossa terra. </i></span></div><div style="text-align: center;"><span style="text-align: left;"><br /></span></div><div style="text-align: center;"><span style="text-align: left;"><br /></span></div><div><br /></div><div><h3 class="post-title entry-title" itemprop="name" style="font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 22px; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-weight: normal; line-height: normal; margin: 0.75em 0px 0px; position: relative;"><a href="http://penapoesiaporluizdeaquino.blogspot.com/2022/02/para-comemorar-o-centenario-da-semana.html" style="color: #15bcec; text-decoration-line: none;">Semana de 40 anos</a></h3><div class="post-header" style="font-size: 10.8px; line-height: 1.6; margin: 0px 0px 1.5em;"><div class="post-header-line-1"></div></div><div class="post-body entry-content" id="post-body-4353125370147032964" itemprop="description articleBody" style="line-height: 1.4; position: relative; width: 716px;"><p style="font-size: 13.2px;"> </p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-align: center;"></p><div style="font-size: 13.2px;"><span style="font-family: georgia;"><i>Para comemorar o centenário da Semana de Arte</i><br /><i>Moderna (13 a 18 de fevereiro de 1922), a União</i><br /><i>Brasileira de Escritores de Goiás convidou 22</i><br /><i>associados a escrever contos sobre o evento na</i><br />Pauliceia Desvairada (epíteto de Mário de Andrade <br /><i>para a capital paulista).</i></span></div><div style="font-size: 13.2px;"><i><span style="font-family: georgia;">Este é o meu:</span></i></div><p style="font-size: 13.2px;"></p><p align="center" class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-align: center;"><b><i><span style="font-family: georgia;"><span style="font-size: x-large;"><br /></span></span></i></b></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: center;"><b><i><span style="font-family: georgia;"><span style="font-size: x-large;">A Semana de 40 anos!</span><span style="font-size: large;"><o:p></o:p></span></span></i></b></p><p align="right" class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-align: right; text-indent: 35.45pt;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><i><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></i></p><i style="font-size: 13.2px;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="background: rgb(255, 255, 255); border: 1px solid rgb(242, 242, 242); box-shadow: rgba(0, 0, 0, 0.1) 1px 1px 5px; color: #5d5d5d; margin-bottom: 0.5em; margin-left: auto; margin-right: auto; padding: 5px; position: relative;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhhyXNBWxg3XyXO6LN-yZaD8FQjTpPPP4xl6sPkJAzlxY2lpXQchrV4glFP6IVlBJk371XszJCJZcaQ2d7VfAjZ8RZHxJt1WvzBSj7_CzgGidflPAjwxmPd1NyOtekTNK6WvXSo9Qkd3EhNFmrUP4sNeb1hAij90i0EcAkT1Bfoft2tgkE1WNE=s1024" imageanchor="1" style="color: #15bcec; margin-left: auto; margin-right: auto; text-decoration-line: none;"><img border="0" data-original-height="1024" data-original-width="697" height="428" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhhyXNBWxg3XyXO6LN-yZaD8FQjTpPPP4xl6sPkJAzlxY2lpXQchrV4glFP6IVlBJk371XszJCJZcaQ2d7VfAjZ8RZHxJt1WvzBSj7_CzgGidflPAjwxmPd1NyOtekTNK6WvXSo9Qkd3EhNFmrUP4sNeb1hAij90i0EcAkT1Bfoft2tgkE1WNE=w291-h428" style="background: transparent; border: none; box-shadow: rgba(0, 0, 0, 0.1) 0px 0px 0px; padding: 0px; position: relative;" width="291" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="font-size: 19.2px; text-align: center;"><i style="font-family: "Times New Roman"; text-indent: 47.2667px;"><o:p><span style="font-family: georgia;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; border: 1px solid rgb(242, 242, 242); box-shadow: rgba(0, 0, 0, 0.1) 1px 1px 5px; color: #5d5d5d; font-size: x-large; margin-bottom: 0.5em; margin-left: auto; margin-right: auto; padding: 5px; position: relative;"><tbody><tr><td class="tr-caption" style="font-size: 24px; text-align: center;"><span style="font-size: xx-small;">O moço Cylleneo em 1914. É o nosso<br />primeiro poeta modernista.</span><br /><br /></td></tr></tbody></table> </span></o:p></i></td></tr></tbody></table></span></i><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><i><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></i></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><i><span style="font-family: georgia; font-size: large;">De um ponto favorável, ou seja, não sendo visto nem sentido com clareza pelas pessoas, acompanho a vida de um pacato lugarejo no Sul de Goiás. Isso faz de mim um espectador privilegiado e, ao meu modo, sei como e quando interferir em favor de melhores condições nesse povoado.<o:p></o:p></span></i></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><i>Contarei, a seguir, aspectos de seu cotidiano, numa realidade carente de recursos e iniciativas – daí os meus palpites, cada um como mola a ativar algum movimento.</i><i><o:p></o:p></i></span></p><p align="center" class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><b><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></b></p><p align="center" class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><b><span style="font-family: georgia; font-size: large;">1920 – Caldas Novas e a ponte São Bento<o:p></o:p></span></b></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Manhã cinzenta, esta, de céu fechado e chão lamacento. Faz frio e o chão é mole, baboso, escorregadio. As ruas cheias de poças, algumas alongadas pela trilha das carroças com roda de madeira. Tem também os caminhões e dois automóveis, que têm rodas de borracha chamadas de pneus, mas esses carros com máquinas não levam vantagem sobre as carroças e charretes, as máquinas atolam mais – porém, os caminhões que passam às vezes por aqui não ficam presos na lama, porque nos tempos de chuva colocam correntes nas rodas e assim escapam do grude dos atoleiros. Os caminhões levam sacas da produção de arroz, feijão, mandioca e milho para Ipameri, onde tem a estação do trem e de lá essa carga segue para Minas e São Paulo. Na volta, os caminhões trazem produtos das fábricas de São Paulo ou dos portos do Rio de Janeiro e de Santos para as lojas daqui e de Morrinhos.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><i><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></i></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><i>Minha presença é pouco notada. Aliás, ninguém me olha, ninguém me vê. A bem de ser justo e sincero, sou quase imperceptível: alguns me ouvem, não em som aberto e nítido, claro, límpido: costumo soprar sugestões e conselhos, ou apenas palpites ocasionais e determinantes ao ouvido dos seres, em especial dos capazes de impor decisões por novos</i><i> </i><i>atos e feitos que venham em favor da melhoria de vida da comunidade.</i><i><o:p></o:p></i></span></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">O coronel Bento de Godoy pediu ao governo que fizesse uma ponte no Corumbá, na divisa de Caldas Novas com Ipameri, mas o presidente do Estado disse que não tem recurso para a ponte, por isso o coronel mudou o pedido e trouxe de lá a concessão para construir e aplicar pedágio para recuperar o investimento. A ponte está em construção, estão fazendo as cabeceiras dos dois lados, em alvenaria forte para aguentar o peso. Um engenheiro estrangeiro falou numa ponte pênsil, que vai levar madeira de lei e cabos de aço. Ele explica que não vai ter colunas dentro d´água porque a garganta onde se constrói a ponte é muito estreita e de grande profundidade, por isso a tal de ponte pênsil – que será sustentada por fortes cabos de aço. Por enquanto, os caminhões e carroças grandes levam a produção das roças até a beira do rio e passam para o outro lado na balsa; quando a ponte estiver pronta, vão passar direto, vai ser só pagar o pedágio e seguir viagem.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><i><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></i></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><i>Incomoda-me tanta chuva. Mas, dirão as senhoras e os senhores leitores, se não me molho nem sinto frio, porque me incomodo com a chuva? Simples: muitos são os entraves, os incidentes e mesmo os acidentes em que minha presença, minha quase imperceptível presença, se faz necessária e, não raro, decisiva. Estimulo a criatividade dos que acodem, inspiro força física aos que dela necessitam para solucionar determinados impasses – como uma carroça atolada, alguém ferido que necessite de remoção e não tem condição individual para isso </i>et cetera<i>.<o:p></o:p></i></span></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">O dia está terrível! Ninguém aguenta tanta chuva! Os caminhões que vêm de Ipameri trazem também doentes e viajantes curiosos para tratar ou apenas conhecer as águas. Chegam cheios de dúvidas, não acreditam que há minas d’água quente no leito e nas margens do córrego das Lavras. Este nome é por causa da mineração. Quando chegaram aqui, os bandeirantes batiam bateias pelo aluvião do córrego procurando ouro. Acharam um pouco, pouco mesmo; a riqueza da terra é a temperatura das águas.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><i><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></i></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><i>Cheguei a vê-los, naqueles primórdios, no afã de bamburrar, colhendo muito de ouro em pó ou, eventualmente, uma expressiva pepita. Deliciavam-se, mesmo, no prazer do banho quente à margem, relaxando a musculatura cansada e sentindo aumentar o desejo sexual, para saciá-lo com a parceira costumeira, com um rapazola</i> <i>que ainda não tivesse sua definição e preferência ou, ainda, dando vazão solitária ao imaginário.<o:p></o:p></i></span></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Gosto de ver a chegada dos caminhões e carroças trazendo produtos da indústria e viajantes para os banhos. Como disse, uns vêm pela saúde, outros pela curiosidade. Os primeiros são chamados de pacientes, os outros de turistas que, dizem, é algo que vai acontecer muito no futuro. Sei não... Fosse para receber tanta gente aqui e se isso fosse render dinheiro para a cidadezinha, o trem teria vindo p’ra cá, mas preferiram manter a rota e levar a linha para os rumos do Roncador. Estão fazendo lá a estação e já surge por lá um povoado, uma cidade nova. Por isso o coronel Bento teima com a tal ponte; afinal, Ipameri está a umas dez ou doze léguas, nem é tão longe – o problema é o Corumbá.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Viajantes que vêm de Minas e de São Paulo costumam trazer jornais. Ipameri também tem jornal. E todos são interessantes, como o Lavoura e Comércio, de Uberaba, além dos que chegam da capital de São Paulo e da capital federal, o Rio de Janeiro. Comerciantes gostam dos jornais para, depois de lidos por eles e clientes que frequentam suas lojas para os dedos de prosa de todas as manhã, servirem de papel de embrulho.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Em Caldas Novas, os doentes pobres acomodam-se em ranchos simples num alinhamento novo chamado de Rua da Palha, por causa da cobertura dessas casinhas com folhas de palmeiras, que são muitas na região. Os mais afortunados hospedam-se na pensão que tem no largo da Matriz. E é ali, no salão de entrada, que os viajantes vindouros costumam deixar jornais, que leram durante a viagem de vinda. Cadernos e folhas são separados e passam de mão em mão para a leitura de todos, ávidos de novidades e de assuntos para as conversas naquele ermo: um povoado pequeno que, menos de dez anos atrás, ganhou foro de município.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="background: rgb(255, 255, 255); border: 1px solid rgb(242, 242, 242); box-shadow: rgba(0, 0, 0, 0.1) 1px 1px 5px; color: #5d5d5d; font-size: 13.2px; margin-bottom: 0.5em; margin-left: auto; margin-right: auto; padding: 5px; position: relative;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjPMMAFCFzhG1Ehui4SFOlOjvdZTlTnTa3-0nzgeaEbq7Ris1oCVE-zFrfad0PvEU7M-8FYrCrON6IXUvCI9TAA-DVQ7yNlbu7SdVu_8t-n4IRQ4WLNHLgGM-HxPr6VfBoJM49nEvSmWFy1OvEDloIbRFljZOl3pZqKPcRS2KLuXzNOzqGI8C8=s960" imageanchor="1" style="color: #15bcec; margin-left: auto; margin-right: auto; text-decoration-line: none;"><img border="0" data-original-height="691" data-original-width="960" height="270" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjPMMAFCFzhG1Ehui4SFOlOjvdZTlTnTa3-0nzgeaEbq7Ris1oCVE-zFrfad0PvEU7M-8FYrCrON6IXUvCI9TAA-DVQ7yNlbu7SdVu_8t-n4IRQ4WLNHLgGM-HxPr6VfBoJM49nEvSmWFy1OvEDloIbRFljZOl3pZqKPcRS2KLuXzNOzqGI8C8=w376-h270" style="background: transparent; border: none; box-shadow: rgba(0, 0, 0, 0.1) 0px 0px 0px; padding: 0px; position: relative;" width="376" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="font-size: 10.56px; text-align: center;"><span style="font-size: xx-small;">Ponte São Bento (sobre o rio Corumbá,<br />entre Caldas Novas e Ipameri, em 1920).</span></td></tr></tbody></table><span style="font-size: 13.2px;"> </span><br /><p style="font-size: 13.2px;"></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></o:p></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><i>Gostei das ações, das agitações e das reuniões que anteciparam e coincidiram com a outorga legal que fez do arraial de Caldas Novas um município autônomo, em 1911. Fiz zumbidos oportunos e saudáveis nos ouvidos internos do coronel Bento, de seu sobrinho José Teófilo, do coronel Orcalino Lopes de Morais e outros notáveis da pequenina comunidade chamada, na época, de </i>caldense<i>; com o tempo,</i> <i>fez-se necessário aplicar-se o gentílico apropriado, diferenciado de outras localidades que se valiam do mesmo termo, por isso a mudança foi necessária e oportuna, corrigido para caldas-novense.<o:p></o:p></i></span></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><i><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></i></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">E nestes tempos, seu prefeito é um engenheiro civil, sobrinho do coronel Bento, nascido em Estrela do Sul, em Minas, e formado no Rio de Janeiro. Esse moço é filho de importante figura do Triângulo Mineiro, Teófilo de Godoy, o pioneiro que buscou na Índia uma raça exótica de bovinos, o zebu. O engenheiro José Teófilo só ostentava o nome civil em documentos, como seus autos e lados profissionais, além da papelada da Prefeitura, pois, para toda a cidade, e até sua morte, seria conhecido como Juca. Juca de Godoy, engenheiro e poeta.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Um ano depois dessa invernada de chuvas persistentes, deu-se a inauguração da ponte, no ponto em que o rio Corumbá se estreita e – dizem – torna-se mais profundo o seu leito; o local é chamado de Rochedo, referência óbvia às colunas de pedras escolhidas como alicerces para as cabeceiras da ponte pênsil. Seu nome, Ponte São Bento, é uma evocação ao santo de que o coronel Bento de Godoy é devoto.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></p><p align="center" class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><b>1922 – A Semana de Arte Moderna e uma nova cidade na ponta da linha</b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><i><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Neste ano de 1922, no salão da Pensão Central, no largo da Matriz, diverti-me com os comentários entre sorrisos dos leitores de um exemplar do Correio Paulistano. Era uma reportagem interessante, falando numa tal “arte moderna” que um grupo de escritores, músicos e artistas da pintura e da escultura e outros promoveriam na Pauliceia. E seria no mês que vem, quero dizer, fevereiro. Eu não preciso de ler o jornal, pois basta que estejam próximos e já me informo de seu conteúdo; os leitores na pensão, porém, ficaram curiosos: o que é arte moderna? Se um quadro foi pintado hoje, ou se uma música foi composta ontem, é claro que é moderna. Sei não... – pensavam, intrigados, esses leitores.<o:p></o:p></span></i></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Um dos recém-chegados, justo o portador do grande jornal paulistano, resolveu esclarecer o tema. O homem, aparentando 30 anos, apresentou-se como “advogado e beletrista”, e começou a discorrer sobre o que vinha a ser a tal arte moderna: nas letras, o escape das formas tradicionais – na poesia, por exemplo, caiu o rigor das métricas e acentuações tônicas, como também as rimas seriam ignoradas ou até mesmo abolidas. No conteúdo, uma drástica transformação na contística, nos romances e também nos versos; qualquer assunto passa a ser interessante e digno da arte das belas letras. No desenho e na pintura, como na escultura, as formas seriam mexidas de modo radical! A figuração perderia muito de sua importância, as cores viriam intensas nos tons e nas variedades, o artista passa a desfrutar de sua plena liberdade criadora etc. e tal, e na música muita novidade viria, também, pois o admirado maestro Heitor Villa-Lobos era um dos mais animados dentre os participantes do importante evento.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Não faltou quem questionasse: mas isso vai continuar se chamando arte? O beletrista, em defesa de sua adesão ao tema, afirmava que sim; e como advogado, evocava o direito às liberdades da criação, pelo fim dos rigores escravagistas que cerceiam os voos da imaginação e exaltava “o abuso dos sonhos em seus voos sem limites”.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><i><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Esse beletrista doutor em leis e processos foi meu escolhido nesse fim de tarde, comecinho de noite. Ele próprio surpreendeu-se por tão espontânea e eficaz inspiração, buscando palavras apropriadas e de modo a ser bem compreendido por aquele público, no qual, sem dúvida, haveria pessoas sem alcance acurado ante um discurso pomposo; era preciso falar claro, de modo a ser bem compreendido e, convenhamos, era esse um dos propósitos nos argumentos de Oswald de Andrade.<o:p></o:p></span></i></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Na capital do Estado, a antiga Vila Boa que, agora, se chama Goiás (na escrita da época, Goyaz), uns poucos letrados destacam-se por seus feitos estampados em parcos jornais locais. Nos primeiros anos do século, por volta de 1905, circulava até mesmo um jornal feminino, <i>A Rosa, </i>no qual destacavam-se duas meninas-moças, Leodegária (de Jesus) e Aninha (Ana Lins dos Guimarães Peixoto), poetisas.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Em 1922, poucos letrados – quase sempre advogados e alguns farmacêuticos, que, por extensão e necessidade da sociedade, eram também professores – praticavam as letras. Poucos eram também os artistas plásticos em lides de escultura e pintura; um grau de artesanato marcava os afazeres de costureiras, alfaiates e finalizadores das construções civis.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Lá em São Paulo, capital de província – depois Estado – importante na política e na economia desde os tempos coloniais, a vida cultural se agitava sob ações dos escritores Oswald e Mário, ambos de Andrade (sem parentesco), Menotti Del Picchia e Guilherme de Almeida, entre outros. Também de realce era a participação de vários artistas plásticos, como Anita Malfatti, Di Cavalcanti, <span style="background: white;">Victor Brecheret e Tarsila do Amaral. O maestro</span> Heitor Villa-Lobos há de ter sido a maior referência entre os músicos.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></p><p align="center" class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><b><span style="font-family: georgia; font-size: large;">1922 em Goiás: um poema diferente, fora dos prumos românticos e parnasianos<o:p></o:p></span></b></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Contudo, o movimento não atingiu Goiás. Soube-se do acontecido, comentou-se a novidade. A mudança – como toda mudança – amedronta; e amedrontou. Tanto é que, seis anos depois, o juiz de Direito Cylleneo de Araújo, ao publicar seu único livro (em vida), <i>Ontem</i>, foi tido como o pioneiro do modernismo em Goiás. Cylleneo, em seu ofício de poeta, construiu um codinome com um anagrama de seu prenome: Leo Lynce.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;"></span></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="background: rgb(255, 255, 255); border: 1px solid rgb(242, 242, 242); box-shadow: rgba(0, 0, 0, 0.1) 1px 1px 5px; color: #5d5d5d; font-size: x-large; margin-bottom: 0.5em; margin-left: auto; margin-right: auto; padding: 5px; position: relative;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhI6jrcTRfrr4ZKU0pOZ9u8SsmVA0hbkWuRwsKnZD84X8xbHwr8hMxVHSoswR3ed_SrF030tNNKa0oG4O4xLhKi_gXvF_ZwvfSPVH_t0uHKPmI7oC-n9UTSKesWBfaL1I380ByWSlKVunCYprQE6rJDThXM7ZPOLGki0yONa3c0NTkSLdEkuLM" style="color: #15bcec; margin-left: auto; margin-right: auto; text-decoration-line: none;"><img alt="" data-original-height="768" data-original-width="1024" height="289" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhI6jrcTRfrr4ZKU0pOZ9u8SsmVA0hbkWuRwsKnZD84X8xbHwr8hMxVHSoswR3ed_SrF030tNNKa0oG4O4xLhKi_gXvF_ZwvfSPVH_t0uHKPmI7oC-n9UTSKesWBfaL1I380ByWSlKVunCYprQE6rJDThXM7ZPOLGki0yONa3c0NTkSLdEkuLM=w385-h289" style="background: transparent; border: none; box-shadow: rgba(0, 0, 0, 0.1) 0px 0px 0px; padding: 0px; position: relative;" width="385" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="font-size: 24px; text-align: center;"><span style="font-size: xx-small;">Obelisco - marco de fundação de Pires do Rio, Goiás, 1922.</span></td></tr></tbody></table><br /><br /><p style="font-size: 13.2px;"></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Nascido em Pouso Alto, recebeu o nome de Cylleneo Marques de Araújo Valle. No ano de completar o décimo aniversário é internado no Seminário de Ouro Fino, pequena e importante localidade bem próxima a Vila Boa, capital do Estado. Em breve o seminário era transferido para Uberaba, em Minas; o menino segue para Bela Vista de Goiás, nova residência de sua família após a morte do pai. O menino – ele diz isso em um poema – teria herdado da mãe os dons que o levaram à escrita literária.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><i><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Caldas Novas voltara a um estressante marasmo após a inauguração, em 31 de janeiro de 1921, da Ponte São Bento, que a aproximava da estação ferroviária de Ipameri. Alguns jovens como Oscar e Celso, liam notícias sobre os artistas modernistas de São Paulo, mas não tinham nada a fazer senão trocar ideias entre si. E o coronel Bento, por volta de 1925, procurou seu adversário político Luís José Pereira e propôs-lhe uma sociedade, uma empresa para construir uma usina hidrelétrica que, em 1927, iluminaria a pequenina cidade das termas. E eu, na existência etérea, troquei o foco; percebi a inquietação daquele Cylleneo e não o perdi em minhas observações.<o:p></o:p></span></i></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><i><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></i></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><i><o:p></o:p></i></p><div class="separator" style="clear: both; font-size: 13.2px; text-align: center;"><i><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhXKJ96BSV-cj1NtJEk9TlwpPhY3oAwgYX_OHaqwyjm_NLZBD1sIaU-WMXjsgwRDvTCjYIZLtDljCXqGDODwpCAGfga8D_VOF3G8-vEyr2baO9iJ11pYF-jLo7VIKK52ZCK6yoYSQFiQA7B_jreDmvFG9naS2K-8GH6SuYl608GPuZmdHl3DEs=s960" imageanchor="1" style="color: #15bcec; margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-decoration-line: none;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="540" height="368" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhXKJ96BSV-cj1NtJEk9TlwpPhY3oAwgYX_OHaqwyjm_NLZBD1sIaU-WMXjsgwRDvTCjYIZLtDljCXqGDODwpCAGfga8D_VOF3G8-vEyr2baO9iJ11pYF-jLo7VIKK52ZCK6yoYSQFiQA7B_jreDmvFG9naS2K-8GH6SuYl608GPuZmdHl3DEs=w207-h368" style="background: rgb(255, 255, 255); border: 1px solid rgb(242, 242, 242); box-shadow: rgba(0, 0, 0, 0.1) 1px 1px 5px; padding: 5px; position: relative;" width="207" /></a><i style="text-indent: 35.45pt;"><o:p>Leo Lynce por</o:p></i><i style="text-indent: 35.45pt;"><o:p><i style="text-indent: 35.45pt;"><o:p> Amaury Menezes</o:p></i></o:p></i></i></div><p style="font-size: 13.2px;"></p><div style="font-size: 13.2px;"><i><o:p><i style="text-indent: 35.45pt;"><br /></i></o:p></i></div><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><i><o:p><span style="font-family: georgia;"><br /><br /><span style="font-size: large;"> </span></span></o:p></i></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Aos 15 anos, publica seus primeiros versos. Nesse mesmo ano, 1900, o jornalzinho de sua estreia deixa de ser desenhado e entra na fase impressa; Cylleneo cria um Grêmio Instrutivo, com rapazes (como ele) ávidos de conhecimentos; e passa a ser publicado nos jornais <i>Araguari</i>, <i>Gazeta de Uberaba</i> e <i>Lavoura e Comércio </i>(também de Uberaba). Fez-se, ao fim da adolescência um peregrino sem receios, pronto a deslocar-se e adaptar-se a novos sítios e ares. Tais andanças por Goiás (ele gosta de escrever Goyaz) e outras terras, umas meio distantes, outras distantes demais, rendem-lhe um valoroso conhecimento – o que se tem por autodidatismo. E o natural, em tais casos, é um aprendizado espontâneo, processo que assegura, mais que a memorização, a fixação indelével do que se viu (e se assimilou). Antes dos 20 anos, é nomeado Juiz Municipal para a Comarca de Bela Vista – que cobria uma grande área no Sul de Goiás, um Estado cujo território supera os 700 mil quilômetros quadrados e uma extensão superior a dois mil km, de Norte a Sul. Funcionário hábil em questões de terras, assume direções de jornais aos 21 anos e abrevia seu nome para Cylleneo de Araújo. Ato contínuo, adota o nome literário pelo qual se faz conhecido – Leo Lynce (anagrama de seu nome). Envolve-se em política, é perseguido, muda-se para o Rio de Janeiro, depois para Uberaba, retorna a Goiás e vive em várias cidades (Jataí, Palmeiras de Goiás, Catalão; elege-se deputado e, na capital (Cidade de Goiás), começa o curso de Direito. Vive, por curto tempo, em Campos de Goitacazes, no Estado do Rio, retorna a Goiás.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Vida muito ativa, pois, com intensa atividade no jornalismo e na Instrução. Em 1922, empolga-se com as notícias acerca da Semana de Arte Moderna – é nesse mesmo ano que produz o poema Goyaz (que não pode ter seu título mudado para a grafia Goiás, pela exaltação do Y na terceira estrofe. O poema, com estrofes ora de seis versos, ora de cinco e, ainda, com sete versos, tem nítida integração com os propósitos dos literatos do movimento, em especial com as ideias dos Andrade – Mário e Oswald.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></p><p align="center" class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><b><span style="font-family: georgia; font-size: large;">1945 – Resolvi nascer, que a vida<br />etérea impedia-me de praticar <br /></span></b><b style="text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">a escrita com grafite ou <br /></span></b><b style="text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> tinta sobre o papel</span></b></p><p align="center" class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><b style="text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></b></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><i><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Viriam outros tempos tediosos: um golpe político em 1930, uma efervescência em 1934, muito barulho em 1937 e. no final da década, uma guerra por demais sangrenta na Europa, com reflexos inevitáveis no Novo Mundo. O conflito teve reflexos amplos, chegando a perturbar a paz dos pachorrentos sertões de Goiás. Por tantas assim, decidi por outra coisa – materializar-me por estes cerrados e veredas, com prioridade para as tépidas águas das Caldas – as Velhas, as Novas e as de Pirapitinga.<o:p></o:p></span></i></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><i><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Nasci, então.<o:p></o:p></span></i></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Alguns estudiosos entendem como marco da modernidade literária em Goiás com sendo 1928, ano da publicação do único livro, em vida, pelo autor: <b>Ontem</b>. O poema <i>Goyaz</i>, porém, foi escrito em 1922, nas proximidades de 9 de novembro – data de fundação da cidade de Pires do Rio, nascida em torno da nova estação “no fim da linha” da Estrada de Ferro Goiás.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Aqueles seis anos de intervalo entre <i>A Semana</i> e a publicação de <b>Ontem</b> foram ignorados pelos poetas locais, ainda fixados nas marcas do Romantismo e do Parnasianismo.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></p><p align="center" class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-align: center;"><b><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Apenas 41 anos...<o:p></o:p></span></b></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">E a Semana de Arte Moderna, em São Paulo, refletiu-se em 1922 na pena sensível de Leo Lynce, quando um pequeno grupo se reunia em torno de um obelisco para marcar o surgimento de uma nova cidade em ponta de linha férrea, nestes confins de Goiás; críticos e pesquisadores precisaram de um livro em 1928 para saber dessa estreia, que só encontra eco, de vez, a partir de 1963, com a surpreendente revoada de versos livres por um bando de jovens impertinentes que se identificavam como Grupo de Escritores Novos.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="background: rgb(255, 255, 255); border: 1px solid rgb(242, 242, 242); box-shadow: rgba(0, 0, 0, 0.1) 1px 1px 5px; color: #5d5d5d; font-size: 13.2px; margin-bottom: 0.5em; margin-left: auto; margin-right: auto; padding: 5px; position: relative;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgW195vQ6tJjKSHPqHDrnClRjq_Y7nLMYnZ9tFlD0G_0-XXfKuKQs4PtcP8WmpkPVurjraKU94GVjuTPzfa2dQrKmfXTHe8thOTYTiWd0Bwu-Kz-7oDC0fFxsL5vuMB1cWjX1TyyNpLyrQAkb1CMaWsmYtFbUdZegUd47u7E_FYePCySiLIogw=s1600" imageanchor="1" style="color: #15bcec; margin-left: auto; margin-right: auto; text-decoration-line: none;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1196" height="416" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgW195vQ6tJjKSHPqHDrnClRjq_Y7nLMYnZ9tFlD0G_0-XXfKuKQs4PtcP8WmpkPVurjraKU94GVjuTPzfa2dQrKmfXTHe8thOTYTiWd0Bwu-Kz-7oDC0fFxsL5vuMB1cWjX1TyyNpLyrQAkb1CMaWsmYtFbUdZegUd47u7E_FYePCySiLIogw=w311-h416" style="background: transparent; border: none; box-shadow: rgba(0, 0, 0, 0.1) 0px 0px 0px; padding: 0px; position: relative;" width="311" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="font-size: 10.56px; text-align: center;">Leo Lynce em livros, <i>ad imortalitatem!</i></td></tr></tbody></table><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span><p style="font-size: 13.2px;"></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Ainda assim, e ainda desde 1963, não são raros os prosadores que insistem num linguajar anacrônico, com palavras em desuso desde os antecessores de Machado e Lima Barreto. Também ainda surgem poetas que elaboram uma narrativa curta o bastante para não passar de cinco linhas de prosa que, a esmo, são cortadas em supostos versos e espalhados na página – muitos deles, em nome de uma modernidade personalíssima que nada tem a ver com modernismo, sem pontuação e sequer com o uso de maiúsculas.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">E a estes, surpreendentemente, retornam comentários e críticas feito <i>alvíssaras</i> em tons de <i>retardos</i>, expondo críticos sem lastro intelectual nem apego à arte das letras. Menos ainda a princípios os mais <i>comezinhos</i> da Última Flor do Lácio, conceito que tais <i>beletristas</i> podem bem atribuir a Bandeira – ou a Neruda, sabe-se lá!<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></p><p align="center" class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-align: center;"><b><i><span style="font-family: georgia;"><span style="font-size: x-large;">* * *</span><span style="font-size: large;"><o:p></o:p></span></span></i></b></p><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-align: center;"><i></i></p><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="background: rgb(255, 255, 255); border: 1px solid rgb(242, 242, 242); box-shadow: rgba(0, 0, 0, 0.1) 1px 1px 5px; color: #5d5d5d; font-size: 13.2px; font-weight: bold; margin-bottom: 0.5em; margin-left: auto; margin-right: auto; padding: 5px; position: relative; text-align: center;"><tbody><tr><td><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgtgp8wv3_jfqtyR466iEgDhUJtTWycGhaNpTXceC6Yyqtk7dH6nlYnY4QyoajtsSu2GLWWmes1zIP0HD35TLNfPVgq3HKJgLd1sscPdW2Q7emBB4Km0C8cra7SCj82N9lRx45oPaWGaTuwdNmreICF4x3yFQJ3JC5IiMtJkPcqI7iicw2X59k=s1280" style="color: #15bcec; margin-left: auto; margin-right: auto; text-decoration-line: none;"><img border="0" data-original-height="1280" data-original-width="890" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgtgp8wv3_jfqtyR466iEgDhUJtTWycGhaNpTXceC6Yyqtk7dH6nlYnY4QyoajtsSu2GLWWmes1zIP0HD35TLNfPVgq3HKJgLd1sscPdW2Q7emBB4Km0C8cra7SCj82N9lRx45oPaWGaTuwdNmreICF4x3yFQJ3JC5IiMtJkPcqI7iicw2X59k=s320" style="background: transparent; border: none; box-shadow: rgba(0, 0, 0, 0.1) 0px 0px 0px; padding: 0px; position: relative;" width="223" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="font-size: 10.56px;"><span style="font-size: x-small;">Retrato por Rosy Cardoso, 2021</span></td></tr></tbody></table><p style="font-size: 13.2px;"></p><div style="font-size: 13.2px; text-align: right;"><i><span style="font-weight: 700;"><br /></span></i></div><i style="font-size: 13.2px; text-align: right; text-indent: 47.2667px;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"><b>Luiz de Aquino</b>, </span></i><i style="font-size: 13.2px; text-align: right; text-indent: 47.2667px;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">da Academia Goiana de Letras.<b> </b></span></i><p class="MsoNormal" style="font-size: 13.2px; line-height: normal; text-align: right;"><br style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px;" /></p></div></div>Luiz de Aquinohttp://www.blogger.com/profile/05587861821540755577noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-29538497.post-43531253701470329642022-02-17T13:14:00.003-03:002022-02-17T13:21:39.195-03:00Semana de 40 anos<p> </p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: center;"></p><div style="text-align: left;"><span style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: georgia;"><span><i>Para comemorar o centenário da Semana de Arte </i><br /><i>Moderna (13 a 18 de fevereiro de 1922), a União </i><br /><i>Brasileira de Escritores de Goiás convidou 22 </i><br /><i>associados a escrever contos sobre o evento na </i><br />Pauliceia Desvairada (epíteto de Mário de Andrade <br /><i>para a capital paulista).</i></span></span></span></div><span style="mso-bidi-font-weight: normal;"><div style="text-align: left;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: georgia;"><span>Este é o meu:</span></span></i></div></span><p></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: georgia;"><span style="font-size: x-large;"><br /></span></span></i></b></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: georgia;"><span style="font-size: x-large;">A Semana de 40 anos!</span><span style="font-size: large;"><o:p></o:p></span></span></i></b></p>
<p align="right" class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: right; text-indent: 35.45pt;"><br /></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></i></p><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhhyXNBWxg3XyXO6LN-yZaD8FQjTpPPP4xl6sPkJAzlxY2lpXQchrV4glFP6IVlBJk371XszJCJZcaQ2d7VfAjZ8RZHxJt1WvzBSj7_CzgGidflPAjwxmPd1NyOtekTNK6WvXSo9Qkd3EhNFmrUP4sNeb1hAij90i0EcAkT1Bfoft2tgkE1WNE=s1024" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1024" data-original-width="697" height="428" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhhyXNBWxg3XyXO6LN-yZaD8FQjTpPPP4xl6sPkJAzlxY2lpXQchrV4glFP6IVlBJk371XszJCJZcaQ2d7VfAjZ8RZHxJt1WvzBSj7_CzgGidflPAjwxmPd1NyOtekTNK6WvXSo9Qkd3EhNFmrUP4sNeb1hAij90i0EcAkT1Bfoft2tgkE1WNE=w291-h428" width="291" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><i style="font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-style: normal; text-indent: 47.2667px;"><o:p><span style="font-family: georgia;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="font-size: x-large; margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: xx-small;">O moço Cylleneo em 1914. É o nosso <br />primeiro poeta modernista.</span><br /><br /></td></tr></tbody></table> </span></o:p></i></td></tr></tbody></table></span></i><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></i></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">De um ponto favorável,
ou seja, não sendo visto nem sentido com clareza pelas pessoas, acompanho a
vida de um pacato lugarejo no Sul de Goiás. Isso faz de mim um espectador
privilegiado e, ao meu modo, sei como e quando interferir em favor de melhores
condições nesse povoado. <o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Contarei, a
seguir, aspectos de seu cotidiano, numa realidade carente de recursos e
iniciativas – daí os meus palpites, cada um como mola a ativar algum movimento.
</i><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><o:p></o:p></i></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></b></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">1920
– Caldas Novas e a ponte São Bento<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Manhã
cinzenta, esta, de céu fechado e chão lamacento. Faz frio e o chão é mole,
baboso, escorregadio. As ruas cheias de poças, algumas alongadas pela trilha
das carroças com roda de madeira. Tem também os caminhões e dois automóveis,
que têm rodas de borracha chamadas de pneus, mas esses carros com máquinas não
levam vantagem sobre as carroças e charretes, as máquinas atolam mais – porém,
os caminhões que passam às vezes por aqui não ficam presos na lama, porque nos
tempos de chuva colocam correntes nas rodas e assim escapam do grude dos
atoleiros. Os caminhões levam sacas da produção de arroz, feijão, mandioca e
milho para Ipameri, onde tem a estação do trem e de lá essa carga segue para
Minas e São Paulo. Na volta, os caminhões trazem produtos das fábricas de São
Paulo ou dos portos do Rio de Janeiro e de Santos para as lojas daqui e de
Morrinhos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></i></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Minha presença é
pouco notada. Aliás, ninguém me olha, ninguém me vê. A bem de ser justo e
sincero, sou quase imperceptível: alguns me ouvem, não em som aberto e nítido,
claro, límpido: costumo soprar sugestões e conselhos, ou apenas palpites
ocasionais e determinantes ao ouvido dos seres, em especial dos capazes de
impor decisões por novos</i><i style="mso-bidi-font-style: normal;"> </i><i style="mso-bidi-font-style: normal;">atos e feitos que venham em favor da melhoria de
vida da comunidade.</i><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><o:p></o:p></i></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">O
coronel Bento de Godoy pediu ao governo que fizesse uma ponte no Corumbá, na
divisa de Caldas Novas com Ipameri, mas o presidente do Estado disse que não
tem recurso para a ponte, por isso o coronel mudou o pedido e trouxe de lá a
concessão para construir e aplicar pedágio para recuperar o investimento. A
ponte está em construção, estão fazendo as cabeceiras dos dois lados, em
alvenaria forte para aguentar o peso. Um engenheiro estrangeiro falou numa
ponte pênsil, que vai levar madeira de lei e cabos de aço. Ele explica que não
vai ter colunas dentro d´água porque a garganta onde se constrói a ponte é
muito estreita e de grande profundidade, por isso a tal de ponte pênsil – que
será sustentada por fortes cabos de aço. Por enquanto, os caminhões e carroças grandes
levam a produção das roças até a beira do rio e passam para o outro lado na
balsa; quando a ponte estiver pronta, vão passar direto, vai ser só pagar o
pedágio e seguir viagem. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></i></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Incomoda-me
tanta chuva. Mas, dirão as senhoras e os senhores leitores, se não me molho nem
sinto frio, porque me incomodo com a chuva? Simples: muitos são os entraves, os
incidentes e mesmo os acidentes em que minha presença, minha quase
imperceptível presença, se faz necessária e, não raro, decisiva. Estimulo a
criatividade dos que acodem, inspiro força física aos que dela necessitam para
solucionar determinados impasses – como uma carroça atolada, alguém ferido que
necessite de remoção e não tem condição individual para isso </i>et cetera<i style="mso-bidi-font-style: normal;">. <o:p></o:p></i></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">O
dia está terrível! Ninguém aguenta tanta chuva! Os caminhões que vêm de Ipameri
trazem também doentes e viajantes curiosos para tratar ou apenas conhecer as
águas. Chegam cheios de dúvidas, não acreditam que há minas d’água quente no
leito e nas margens do córrego das Lavras. Este nome é por causa da mineração.
Quando chegaram aqui, os bandeirantes batiam bateias pelo aluvião do córrego
procurando ouro. Acharam um pouco, pouco mesmo; a riqueza da terra é a temperatura
das águas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></i></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Cheguei a
vê-los, naqueles primórdios, no afã de bamburrar, colhendo muito de ouro em pó
ou, eventualmente, uma expressiva pepita. Deliciavam-se, mesmo, no prazer do
banho quente à margem, relaxando a musculatura cansada e sentindo aumentar o
desejo sexual, para saciá-lo com a parceira costumeira, com um rapazola</i> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">que ainda não tivesse sua definição e
preferência ou, ainda, dando vazão solitária ao imaginário. <o:p></o:p></i></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Gosto
de ver a chegada dos caminhões e carroças trazendo produtos da indústria e
viajantes para os banhos. Como disse, uns vêm pela saúde, outros pela
curiosidade. Os primeiros são chamados de pacientes, os outros de turistas que,
dizem, é algo que vai acontecer muito no futuro. Sei não... Fosse para receber
tanta gente aqui e se isso fosse render dinheiro para a cidadezinha, o trem
teria vindo p’ra cá, mas preferiram manter a rota e levar a linha para os rumos
do Roncador. Estão fazendo lá a estação e já surge por lá um povoado, uma
cidade nova. Por isso o coronel Bento teima com a tal ponte; afinal, Ipameri
está a umas dez ou doze léguas, nem é tão longe – o problema é o Corumbá. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Viajantes
que vêm de Minas e de São Paulo costumam trazer jornais. Ipameri também tem
jornal. E todos são interessantes, como o Lavoura e Comércio, de Uberaba, além
dos que chegam da capital de São Paulo e da capital federal, o Rio de Janeiro.
Comerciantes gostam dos jornais para, depois de lidos por eles e clientes que
frequentam suas lojas para os dedos de prosa de todas as manhã, servirem de
papel de embrulho.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Em
Caldas Novas, os doentes pobres acomodam-se em ranchos simples num alinhamento
novo chamado de Rua da Palha, por causa da cobertura dessas casinhas com folhas
de palmeiras, que são muitas na região. Os mais afortunados hospedam-se na
pensão que tem no largo da Matriz. E é ali, no salão de entrada, que os viajantes
vindouros costumam deixar jornais, que leram durante a viagem de vinda.
Cadernos e folhas são separados e passam de mão em mão para a leitura de todos,
ávidos de novidades e de assuntos para as conversas naquele ermo: um povoado
pequeno que, menos de dez anos atrás, ganhou foro de município. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> <table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjPMMAFCFzhG1Ehui4SFOlOjvdZTlTnTa3-0nzgeaEbq7Ris1oCVE-zFrfad0PvEU7M-8FYrCrON6IXUvCI9TAA-DVQ7yNlbu7SdVu_8t-n4IRQ4WLNHLgGM-HxPr6VfBoJM49nEvSmWFy1OvEDloIbRFljZOl3pZqKPcRS2KLuXzNOzqGI8C8=s960" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="691" data-original-width="960" height="270" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjPMMAFCFzhG1Ehui4SFOlOjvdZTlTnTa3-0nzgeaEbq7Ris1oCVE-zFrfad0PvEU7M-8FYrCrON6IXUvCI9TAA-DVQ7yNlbu7SdVu_8t-n4IRQ4WLNHLgGM-HxPr6VfBoJM49nEvSmWFy1OvEDloIbRFljZOl3pZqKPcRS2KLuXzNOzqGI8C8=w376-h270" width="376" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: xx-small;">Ponte São Bento (sobre o rio Corumbá, <br />entre Caldas Novas e Ipameri, em 1920).</span></td></tr></tbody></table> <br /></span></o:p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Gostei das
ações, das agitações e das reuniões que anteciparam e coincidiram com a outorga
legal que fez do arraial de Caldas Novas um município autônomo, em 1911. Fiz
zumbidos oportunos e saudáveis nos ouvidos internos do coronel Bento, de seu
sobrinho José Teófilo, do coronel Orcalino Lopes de Morais e outros notáveis da
pequenina comunidade chamada, na época, de </i>caldense<i style="mso-bidi-font-style: normal;">; com o tempo,</i> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">fez-se
necessário aplicar-se o gentílico apropriado, diferenciado de outras
localidades que se valiam do mesmo termo, por isso a mudança foi necessária e
oportuna, corrigido para caldas-novense. <o:p></o:p></i></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></i></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">E
nestes tempos, seu prefeito é um engenheiro civil, sobrinho do coronel Bento,
nascido em Estrela do Sul, em Minas, e formado no Rio de Janeiro. Esse moço é
filho de importante figura do Triângulo Mineiro, Teófilo de Godoy, o pioneiro
que buscou na Índia uma raça exótica de bovinos, o zebu. O engenheiro José
Teófilo só ostentava o nome civil em documentos, como seus autos e lados
profissionais, além da papelada da Prefeitura, pois, para toda a cidade, e até
sua morte, seria conhecido como Juca. Juca de Godoy, engenheiro e poeta. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Um
ano depois dessa invernada de chuvas persistentes, deu-se a inauguração da
ponte, no ponto em que o rio Corumbá se estreita e – dizem – torna-se mais
profundo o seu leito; o local é chamado de Rochedo, referência óbvia às colunas
de pedras escolhidas como alicerces para as cabeceiras da ponte pênsil. Seu
nome, Ponte São Bento, é uma evocação ao santo de que o coronel Bento de Godoy
é devoto.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">1922
– A Semana de Arte Moderna e uma nova cidade na ponta da linha </b><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Neste ano de
1922, no salão da Pensão Central, no largo da Matriz, diverti-me com os
comentários entre sorrisos dos leitores de um exemplar do Correio Paulistano.
Era uma reportagem interessante, falando numa tal “arte moderna” que um grupo
de escritores, músicos e artistas da pintura e da escultura e outros
promoveriam na Pauliceia. E seria no mês que vem, quero dizer, fevereiro. Eu
não preciso de ler o jornal, pois basta que estejam próximos e já me informo de
seu conteúdo; os leitores na pensão, porém, ficaram curiosos: o que é arte
moderna? Se um quadro foi pintado hoje, ou se uma música foi composta ontem, é
claro que é moderna. Sei não... – pensavam, intrigados, esses leitores. <o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Um
dos recém-chegados, justo o portador do grande jornal paulistano, resolveu
esclarecer o tema. O homem, aparentando 30 anos, apresentou-se como “advogado e
beletrista”, e começou a discorrer sobre o que vinha a ser a tal arte moderna:
nas letras, o escape das formas tradicionais – na poesia, por exemplo, caiu o
rigor das métricas e acentuações tônicas, como também as rimas seriam ignoradas
ou até mesmo abolidas. No conteúdo, uma drástica transformação na contística,
nos romances e também nos versos; qualquer assunto passa a ser interessante e
digno da arte das belas letras. No desenho e na pintura, como na escultura, as
formas seriam mexidas de modo radical! A figuração perderia muito de sua
importância, as cores viriam intensas nos tons e nas variedades, o artista passa
a desfrutar de sua plena liberdade criadora etc. e tal, e na música muita novidade
viria, também, pois o admirado maestro Heitor Villa-Lobos era um dos mais
animados dentre os participantes do importante evento. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Não
faltou quem questionasse: mas isso vai continuar se chamando arte? O
beletrista, em defesa de sua adesão ao tema, afirmava que sim; e como advogado,
evocava o direito às liberdades da criação, pelo fim dos rigores escravagistas
que cerceiam os voos da imaginação e exaltava “o abuso dos sonhos em seus voos
sem limites”. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Esse beletrista
doutor em leis e processos foi meu escolhido nesse fim de tarde, comecinho de
noite. Ele próprio surpreendeu-se por tão espontânea e eficaz inspiração,
buscando palavras apropriadas e de modo a ser bem compreendido por aquele
público, no qual, sem dúvida, haveria pessoas sem alcance acurado ante um
discurso pomposo; era preciso falar claro, de modo a ser bem compreendido e,
convenhamos, era esse um dos propósitos nos argumentos de Oswald de Andrade.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Na
capital do Estado, a antiga Vila Boa que, agora, se chama Goiás (na escrita da
época, Goyaz), uns poucos letrados destacam-se por seus feitos estampados em
parcos jornais locais. Nos primeiros anos do século, por volta de 1905,
circulava até mesmo um jornal feminino, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">A
Rosa, </i>no qual destacavam-se duas meninas-moças, Leodegária (de Jesus) e
Aninha (Ana Lins dos Guimarães Peixoto), poetisas. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Em
1922, poucos letrados – quase sempre advogados e alguns farmacêuticos, que, por
extensão e necessidade da sociedade, eram também professores – praticavam as
letras. Poucos eram também os artistas plásticos em lides de escultura e
pintura; um grau de artesanato marcava os afazeres de costureiras, alfaiates e
finalizadores das construções civis. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Lá
em São Paulo, capital de província – depois Estado – importante na política e
na economia desde os tempos coloniais, a vida cultural se agitava sob ações dos
escritores Oswald e Mário, ambos de Andrade (sem parentesco), Menotti Del
Picchia e Guilherme de Almeida, entre outros. Também de realce era a
participação de vários artistas plásticos, como Anita Malfatti, Di Cavalcanti, <span style="background: white;">Victor Brecheret e Tarsila do Amaral. O maestro</span>
Heitor Villa-Lobos há de ter sido a maior referência entre os músicos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">1922
em Goiás: um poema diferente, fora dos prumos românticos e parnasianos<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Contudo,
o movimento não atingiu Goiás. Soube-se do acontecido, comentou-se a novidade.
A mudança – como toda mudança – amedronta; e amedrontou. Tanto é que, seis anos
depois, o juiz de Direito Cylleneo de Araújo, ao publicar seu único livro (em
vida), <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ontem</i>, foi tido como o
pioneiro do modernismo em Goiás. Cylleneo, em seu ofício de poeta, construiu um
codinome com um diagrama de seu prenome: Leo Lynce. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="font-size: x-large; margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhI6jrcTRfrr4ZKU0pOZ9u8SsmVA0hbkWuRwsKnZD84X8xbHwr8hMxVHSoswR3ed_SrF030tNNKa0oG4O4xLhKi_gXvF_ZwvfSPVH_t0uHKPmI7oC-n9UTSKesWBfaL1I380ByWSlKVunCYprQE6rJDThXM7ZPOLGki0yONa3c0NTkSLdEkuLM" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="" data-original-height="768" data-original-width="1024" height="289" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhI6jrcTRfrr4ZKU0pOZ9u8SsmVA0hbkWuRwsKnZD84X8xbHwr8hMxVHSoswR3ed_SrF030tNNKa0oG4O4xLhKi_gXvF_ZwvfSPVH_t0uHKPmI7oC-n9UTSKesWBfaL1I380ByWSlKVunCYprQE6rJDThXM7ZPOLGki0yONa3c0NTkSLdEkuLM=w385-h289" width="385" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: xx-small;">Obelisco - marco de fundação de Pires do Rio, Goiás, 1922.</span></td></tr></tbody></table><br /><br /></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Nascido
em Pouso Alto, recebeu o nome de Cylleneo Marques de Araújo Valle. No ano de
completar o décimo aniversário é internado no Seminário de Ouro Fino, pequena e
importante localidade bem próxima a Vila Boa, capital do Estado. Em breve o
seminário era transferido para Uberaba, em Minas; o menino segue para Bela
Vista de Goiás, nova residência de sua família após a morte do pai. O menino –
ele diz isso em um poema – teria herdado da mãe os dons que o levaram à escrita
literária. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Caldas Novas
voltara a um estressante marasmo após a inauguração, em 31 de janeiro de 1921,
da Ponte São Bento, que a aproximava da estação ferroviária de Ipameri. Alguns
jovens como Oscar e Celso, liam notícias sobre os artistas modernistas de São
Paulo, mas não tinham nada a fazer senão trocar ideias entre si. E o coronel
Bento, por volta de 1925, procurou seu adversário político Luís José Pereira e
propôs-lhe uma sociedade, uma empresa para construir uma usina hidrelétrica
que, em 1927, iluminaria a pequenina cidade das termas. E eu, na existência
etérea, troquei o foco; percebi a inquietação daquele Cylleneo e não o perdi em
minhas observações. <o:p></o:p></span></i></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><o:p></o:p></i></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhXKJ96BSV-cj1NtJEk9TlwpPhY3oAwgYX_OHaqwyjm_NLZBD1sIaU-WMXjsgwRDvTCjYIZLtDljCXqGDODwpCAGfga8D_VOF3G8-vEyr2baO9iJ11pYF-jLo7VIKK52ZCK6yoYSQFiQA7B_jreDmvFG9naS2K-8GH6SuYl608GPuZmdHl3DEs=s960" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="540" height="368" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhXKJ96BSV-cj1NtJEk9TlwpPhY3oAwgYX_OHaqwyjm_NLZBD1sIaU-WMXjsgwRDvTCjYIZLtDljCXqGDODwpCAGfga8D_VOF3G8-vEyr2baO9iJ11pYF-jLo7VIKK52ZCK6yoYSQFiQA7B_jreDmvFG9naS2K-8GH6SuYl608GPuZmdHl3DEs=w207-h368" width="207" /></a><i style="mso-bidi-font-style: normal; text-indent: 35.45pt;"><o:p>Leo Lynce por</o:p></i><i style="mso-bidi-font-style: normal; text-indent: 35.45pt;"><o:p><i style="mso-bidi-font-style: normal; text-indent: 35.45pt;"><o:p> Amaury Menezes</o:p></i></o:p></i></i></div><p></p><div><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><o:p><i style="mso-bidi-font-style: normal; text-indent: 35.45pt;"><o:p><br /></o:p></i></o:p></i></div><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><o:p><span style="font-family: georgia;"><br /><br /><span style="font-size: large;"> </span></span></o:p></i></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Aos
15 anos, publica seus primeiros versos. Nesse mesmo ano, 1900, o jornalzinho de
sua estreia deixa de ser desenhado e entra na fase impressa; Cylleneo cria um
Grêmio Instrutivo, com rapazes (como ele) ávidos de conhecimentos; e passa a
ser publicado nos jornais <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Araguari</i>, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Gazeta de Uberaba</i> e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Lavoura e Comércio </i>(também de Uberaba). Fez-se, ao fim da
adolescência um peregrino sem receios, pronto a deslocar-se e adaptar-se a
novos sítios e ares. Tais andanças por Goiás (ele gosta de escrever Goyaz) e
outras terras, umas meio distantes, outras distantes demais, rendem-lhe um
valoroso conhecimento – o que se tem por autodidatismo. E o natural, em tais
casos, é um aprendizado espontâneo, processo que assegura, mais que a
memorização, a fixação indelével do que se viu (e se assimilou). Antes dos 20
anos, é nomeado Juiz Municipal para a Comarca de Bela Vista – que cobria uma
grande área no Sul de Goiás, um Estado cujo território supera os 700 mil
quilômetros quadrados e uma extensão superior a dois mil km, de Norte a Sul.
Funcionário hábil em questões de terras, assume direções de jornais aos 21 anos
e abrevia seu nome para Cylleneo de Araújo. Ato contínuo, adota o nome
literário pelo qual se faz conhecido – Leo Lynce (anagrama de seu nome).
Envolve-se em política, é perseguido, muda-se para o Rio de Janeiro, depois
para Uberaba, retorna a Goiás e vive em várias cidades (Jataí, Palmeiras de
Goiás, Catalão; elege-se deputado e, na capital (Cidade de Goiás), começa o
curso de Direito. Vive, por curto tempo, em Campos de Goitacazes, no Estado do
Rio, retorna a Goiás. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Vida
muito ativa, pois, com intensa atividade no jornalismo e na Instrução. Em 1922,
empolga-se com as notícias acerca da Semana de Arte Moderna – é nesse mesmo ano
que produz o poema Goyaz (que não pode ter seu título mudado para a grafia
Goiás, pela exaltação do Y na terceira estrofe. O poema, com estrofes ora de
seis versos, ora de cinco e, ainda, com sete versos, tem nítida integração com
os propósitos dos literatos do movimento, em especial com as ideias dos Andrade
– Mário e Oswald. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">1945
– Resolvi nascer, que a vida <br />etérea impedia-me de praticar <br /></span></b><b style="text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">a escrita com grafite ou <br /></span></b><b style="text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> tinta sobre o papel</span></b></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><b style="text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Viriam outros
tempos tediosos: um golpe político em 1930, uma efervescência em 1934, muito
barulho em 1937 e. no final da década, uma guerra por demais sangrenta na
Europa, com reflexos inevitáveis no Novo Mundo. O conflito teve reflexos
amplos, chegando a perturbar a paz dos pachorrentos sertões de Goiás. Por
tantas assim, decidi por outra coisa – materializar-me por estes cerrados e
veredas, com prioridade para as tépidas águas das Caldas – as Velhas, as Novas
e as de Pirapitinga.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Nasci, então. <o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Alguns
estudiosos entendem como marco da modernidade literária em Goiás com sendo
1928, ano da publicação do único livro, em vida, pelo autor: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Ontem</b>. O poema <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Goyaz</i>, porém, foi escrito em 1922, nas proximidades de 9 de
novembro – data de fundação da cidade de Pires do Rio, nascida em torno da nova
estação “no fim da linha” da Estrada de Ferro Goiás. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Aqueles
seis anos de intervalo entre <i style="mso-bidi-font-style: normal;">A Semana</i>
e a publicação de <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Ontem</b> foram
ignorados pelos poetas locais, ainda fixados nas marcas do Romantismo e do
Parnasianismo. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Apenas 41
anos...<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">E
a Semana de Arte Moderna, em São Paulo, refletiu-se em 1922 na pena sensível de
Leo Lynce, quando um pequeno grupo se reunia em torno de um obelisco para
marcar o surgimento de uma nova cidade em ponta de linha férrea, nestes confins
de Goiás; críticos e pesquisadores precisaram de um livro em 1928 para saber
dessa estreia, que só encontra eco, de vez, a partir de 1963, com a
surpreendente revoada de versos livres por um bando de jovens impertinentes que
se identificavam como Grupo de Escritores Novos. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgW195vQ6tJjKSHPqHDrnClRjq_Y7nLMYnZ9tFlD0G_0-XXfKuKQs4PtcP8WmpkPVurjraKU94GVjuTPzfa2dQrKmfXTHe8thOTYTiWd0Bwu-Kz-7oDC0fFxsL5vuMB1cWjX1TyyNpLyrQAkb1CMaWsmYtFbUdZegUd47u7E_FYePCySiLIogw=s1600" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1196" height="416" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgW195vQ6tJjKSHPqHDrnClRjq_Y7nLMYnZ9tFlD0G_0-XXfKuKQs4PtcP8WmpkPVurjraKU94GVjuTPzfa2dQrKmfXTHe8thOTYTiWd0Bwu-Kz-7oDC0fFxsL5vuMB1cWjX1TyyNpLyrQAkb1CMaWsmYtFbUdZegUd47u7E_FYePCySiLIogw=w311-h416" width="311" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Leo Lynce em livros, <i>ad imortalitatem!</i></td></tr></tbody></table><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Ainda
assim, e ainda desde 1963, não são raros os prosadores que insistem num
linguajar anacrônico, com palavras em desuso desde os antecessores de Machado e
Lima Barreto. Também ainda surgem poetas que elaboram uma narrativa curta o
bastante para não passar de cinco linhas de prosa que, a esmo, são cortadas em
supostos versos e espalhados na página – muitos deles, em nome de uma
modernidade personalíssima que nada tem a ver com modernismo, sem pontuação e
sequer com o uso de maiúsculas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">E
a estes, surpreendentemente, retornam comentários e críticas feito <i style="mso-bidi-font-style: normal;">alvíssaras</i> em tons de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">retardos</i>, expondo críticos sem lastro
intelectual nem apego à arte das letras. Menos ainda a princípios os mais <i style="mso-bidi-font-style: normal;">comezinhos</i> da Última Flor do Lácio,
conceito que tais <i style="mso-bidi-font-style: normal;">beletristas</i> podem
bem atribuir a Bandeira – ou a Neruda, sabe-se lá!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: georgia;"><span style="font-size: x-large;">*<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>*<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>*</span><span style="font-size: large;"><o:p></o:p></span></span></i></b></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: center;"><i></i></p><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="font-weight: bold; margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgtgp8wv3_jfqtyR466iEgDhUJtTWycGhaNpTXceC6Yyqtk7dH6nlYnY4QyoajtsSu2GLWWmes1zIP0HD35TLNfPVgq3HKJgLd1sscPdW2Q7emBB4Km0C8cra7SCj82N9lRx45oPaWGaTuwdNmreICF4x3yFQJ3JC5IiMtJkPcqI7iicw2X59k=s1280" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1280" data-original-width="890" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgtgp8wv3_jfqtyR466iEgDhUJtTWycGhaNpTXceC6Yyqtk7dH6nlYnY4QyoajtsSu2GLWWmes1zIP0HD35TLNfPVgq3HKJgLd1sscPdW2Q7emBB4Km0C8cra7SCj82N9lRx45oPaWGaTuwdNmreICF4x3yFQJ3JC5IiMtJkPcqI7iicw2X59k=s320" width="223" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: x-small;">Retrato por Rosy Cardoso, 2021</span></td></tr></tbody></table><p></p><div style="text-align: right;"><i><span style="font-weight: 700;"><br /></span></i></div><i style="text-align: right; text-indent: 47.2667px;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"><b>Luiz de Aquino</b>, </span></i><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: center;"><span style="text-align: right; text-indent: 47.2667px;"><i><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">da Academia Goiana de Letras.<b> </b></span></i></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: right;"><br /></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> </span></o:p></i></b></p>Luiz de Aquinohttp://www.blogger.com/profile/05587861821540755577noreply@blogger.com14tag:blogger.com,1999:blog-29538497.post-73055120389382711252021-12-07T12:06:00.007-03:002021-12-07T12:07:30.729-03:00Pérsio Forzani, em encantamento<p><span style="font-family: georgia; font-size: x-small;"><i>Pérsio Forzani, o mais expressivo e decantado artista plástico de Pirenópolis, despediu-se da matéria ontem, 6 de dezembro, 2021. A notícia bateu como um murro de baixo pra cima, feito um murro no queixo para arrancar a cabeça; lembrei-me de de um dos nossos últimos encontros. Aqui está a crônica, enfeixada por um poema especial para a festa aí narrada e que, caso eu me disponha a produzir um novo livro de poemas, este não será olvidado. </i></span></p><p><i style="color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px; text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 27px; font-weight: bold;"><br /></span></i></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiqlbnnn_pDhXVpz4Ge_FpjVsuXmjPtoyNZxPyuWLI1kDTuy4YmEYuQDXHuXoPcx7j-FA8Uq9eQEsx4QXNgpimkmpiRx2t9dcwsvHdaGxUd2iT3bgx3Nh8TQcKgAGvYONvHRlA7DQWDtQtuGBFNF-vU088rbqlrpWQsSl4np6bATvY7sqF6sCQ=s390" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="325" data-original-width="390" height="295" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiqlbnnn_pDhXVpz4Ge_FpjVsuXmjPtoyNZxPyuWLI1kDTuy4YmEYuQDXHuXoPcx7j-FA8Uq9eQEsx4QXNgpimkmpiRx2t9dcwsvHdaGxUd2iT3bgx3Nh8TQcKgAGvYONvHRlA7DQWDtQtuGBFNF-vU088rbqlrpWQsSl4np6bATvY7sqF6sCQ=w354-h295" width="354" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia; font-size: xx-small;">Quando a Tocha Olímpica passou por Pirenópolis (2016), <br />Pérsio foi um dos indicados a portá-la, com solenidade...</span></td></tr></tbody></table><p><i style="color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: bold;"></span></i></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjxaRvPTIDk15D7Cln9mfzV6omhrXvKZoqMiJHzGM20FMBkka3T8q0npzX0_2qdHiwmZBQcltvRGSlRmpW3k_8VL81YAH6FrQr_mE3FxE6XB9KOnUE9JjRPJX_X_UeGnrwAl6KZiwO-oJoBPvH8IVzZTzAdLVJCPZvWEDXeDp_7-6Tn-i0MraI=s321" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="304" data-original-width="321" height="333" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjxaRvPTIDk15D7Cln9mfzV6omhrXvKZoqMiJHzGM20FMBkka3T8q0npzX0_2qdHiwmZBQcltvRGSlRmpW3k_8VL81YAH6FrQr_mE3FxE6XB9KOnUE9JjRPJX_X_UeGnrwAl6KZiwO-oJoBPvH8IVzZTzAdLVJCPZvWEDXeDp_7-6Tn-i0MraI=w352-h333" width="352" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: xx-small;">As mãos, sem firmeza, pediram ajuda; o sobrinho <br />Jerônimo, solícito, acudiu.</span></td></tr></tbody></table></div><i style="color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; text-align: center;"><span style="font-size: xx-small;"><br /></span><span style="font-size: x-large;"><br /><br /><div style="text-align: center;"><i><span class="Apple-style-span"><span style="font-size: x-large;">Pérsio, o de Pirenópolis</span></span></i></div></span></i><p></p><div align="center" class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px; text-align: center;"><span style="font-size: 20pt;"><o:p></o:p></span><br /><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 27px;"><b><br /></b></span></span><br /><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 27px;"><b><br /></b></span></span></div><div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px; text-indent: 36pt;"><br /></div><div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px; text-indent: 36pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-large;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 19px;"><br /></span></span></div><div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px; text-indent: 36pt;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Imagino que quase todos os jornalistas tiveram, ao escolher o ofício, o mesmo estímulo que eu: a curiosidade ante o fato e o desejo de contá-lo. Mas isso, feito sem o efeito da boa escrita, é coisa de fofoqueiros. A diferença está justamente no amor ao texto.<o:p></o:p></span></div></div><div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px; text-indent: 36pt;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Desculpem-me os leitores por essas costumeiras divagações quando me ponho a escrever. Produzir uma crônica é um dos meus grandes prazeres e não posso simplesmente imaginar que um gol é apenas um pênalti, sempre o concebo como uma articulação demorada, ziguezague que começa lá na área de defesa, evolui-se no meio do campo e se conclui na área adversária, no excitante desafio a zagueiros e goleiro, no balé de corpos e pernas, no malabarismo improvisado em frações de segundo para ver balançar a rede e erguer-se a torcida... (Poxa! Até para pedir desculpas eu divago; tudo bem, a culpa é da Copa do Mundo!).<o:p></o:p></span></div><span class="Apple-style-span" style="font-size: large;"><br /></span></div><div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px; text-indent: 36pt;"><span style="font-size: large;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvf-EkV0sAU0mRWm2QWgRsr2U56-BMY5MkDU8X9vI-kUmUWSeCKUdfbFlHItjweL9Jsqn8g83WnIyGQUzPycux2pXuOxmx4w5o8XtZ97pznv_das1f6sez1FsfEngYoTde3jfU/s1600/P%C3%A9rsio+foto.jpeg" style="clear: left; color: #15bcec; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-decoration-line: none;"><img border="0" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvf-EkV0sAU0mRWm2QWgRsr2U56-BMY5MkDU8X9vI-kUmUWSeCKUdfbFlHItjweL9Jsqn8g83WnIyGQUzPycux2pXuOxmx4w5o8XtZ97pznv_das1f6sez1FsfEngYoTde3jfU/s200/P%C3%A9rsio+foto.jpeg" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; border: 1px solid rgb(242, 242, 242); box-shadow: rgba(0, 0, 0, 0.1) 1px 1px 5px; padding: 5px; position: relative;" width="200" /></a></span><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">O que me motiva, hoje, é Pérsio Forzani, artista plástico com documentos que nos mostram um homem de 79 anos. Na sexta-feira, dia 4 deste junho de 2010, Pérsio foi homenageado em Pirenópolis, sua cidade de nascer e viver sempre. Não se tratou, porém, de uma festa antecipada das oito décadas, mas dos setenta anos em que Pérsio se dedica à arte de desenhar e pintar. Luiz Antônio Godinho, ao telefone, passa-me um recado:</span></div><span style="font-size: large;"><o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px; text-indent: 36pt;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">– Você também está escalado para saudar Pérsio...<o:p></o:p></span></div></div><div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px; text-indent: 36pt;"><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: large;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Quem exigia? José Nominato Veiga, idealizador da festa que envolveu desde este poetinha até o prefeito Nivaldo Melo, passando por pessoas de destaque na cidade, como o artista Elder Rocha Lima e o desembargador Joaquim Henrique de Sá.<o:p></o:p></span></div></div><div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px; text-indent: 36pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: large;"><br /></span><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: large;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi71GgFjCALNAK1k96HGJ511_lizLAhOolhT-4kxmZOiOmbbyHFHCn9Tin7EPR79UrrsutiDZenFYWdUQmEiujQNVM46yY95DDLWP48zjKeY6JGAhyphenhyphenwB6oU55A8nyodOTS0D0QH/s1600/Persio+2.jpg" style="color: #15bcec; margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-decoration-line: none;"><img border="0" height="140" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi71GgFjCALNAK1k96HGJ511_lizLAhOolhT-4kxmZOiOmbbyHFHCn9Tin7EPR79UrrsutiDZenFYWdUQmEiujQNVM46yY95DDLWP48zjKeY6JGAhyphenhyphenwB6oU55A8nyodOTS0D0QH/s200/Persio+2.jpg" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; border: 1px solid rgb(242, 242, 242); box-shadow: rgba(0, 0, 0, 0.1) 1px 1px 5px; padding: 5px; position: relative;" width="200" /></a></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: large;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: large;">Pois é! Pérsio, de tanta vivência, tem no olhar um brilho instigante: é a luz da juventude. As pernas, imobilizadas e contidas pela pólio na tenra infância, não o impediram de jogar futebol quando menino, como contaram os amigos e o vice-prefeito Tassiano Brandão, companheiros naquela infância. Falou-se lá em outros números: são mais de três mil telas espalhadas pelo mundo, a maior parte mostrando Pirenópolis. Num só projeto, há cerca de vinte anos, Pérsio reproduziu quatrocentas casas históricas da cidade. A encomenda foi do saudoso professor José Sizenando Jaime para sua obra em dois volumes sobre as vetustas construções da antiga Meia-Ponte do Rosário.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: large;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: large;"><br /></span></div></div><div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px; text-indent: 36pt;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-OXBJNtFXpr57UmkC8OE-BpbuRnmWJOrYDJ9wLDOF9fK0PRqg__JvDke1ZluJ2gN8Qr7C-H-ZmqrhEIjjiKfGCJNkC7-bgSSBosUid2RnR1HVY-9qZcKJKTVSfph_jt_OKS9J/s1600/P%C3%A9rsio+casa.jpeg" style="clear: right; color: #15bcec; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em; text-decoration-line: none;"><img border="0" height="206" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-OXBJNtFXpr57UmkC8OE-BpbuRnmWJOrYDJ9wLDOF9fK0PRqg__JvDke1ZluJ2gN8Qr7C-H-ZmqrhEIjjiKfGCJNkC7-bgSSBosUid2RnR1HVY-9qZcKJKTVSfph_jt_OKS9J/w309-h206/Pérsio+casa.jpeg" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; border: 1px solid rgb(242, 242, 242); box-shadow: rgba(0, 0, 0, 0.1) 1px 1px 5px; padding: 5px; position: relative;" width="309" /></a></span><span style="font-size: large;">E eu, movido pela emoção ao ser convocado, juntei camisa, calça e outras peças numa maleta, convidei a cantora Regina Jardim a acompanhar-me à terra de seu tataravô Veiga Vale e, antes de sair, concebi um poema em homenagem ao amigo e ídolo, assim: </span><br /><br /><br /><br /><br /><span style="font-size: 14pt;"></span><br /><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></div></div><div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px; text-indent: 36pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-large;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 19px;"><br /></span></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px; text-align: center;"><span style="font-size: large;"><b><i>Pérsio Forzani (o homem que pinta poesia)<o:p></o:p></i></b></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px; text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: large;"><span class="Apple-style-span"><b><i><br /></i></b></span></span></div><div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;"><span style="font-size: large;"><br /></span></div><div style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px; text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: large;"><i>Espalho-me ao tempo </i></span></div><div style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px; text-align: center;"><span style="font-size: large;"><i>ao sol que define os dias, </i></span></div><div style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px; text-align: center;"><span style="font-size: large;"><i>à Lua que benze as noites.</i></span></div><span style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: large;"><i><o:p></o:p></i></span><br style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px;" /><div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;"><span style="font-size: large;"><br /></span></div><div style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px; text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: large;"><i>Nos anos mais verdes, </i></span></div><div style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px; text-align: center;"><span style="font-size: large;"><i>colhi serenatas plantadas nas ruas</i></span></div><div style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px; text-align: center;"><span style="font-size: large;"><i>de pedras, sem régua ou compasso.</i></span></div><span style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: large;"><i><o:p></o:p></i></span><br style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px;" /><div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;"><span style="font-size: large;"><br /></span></div><div style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px; text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: large;"><i>Ouvi versos cantantes </i></span></div><div style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px; text-align: center;"><span style="font-size: large;"><i>e acordes dolentes; vi moças bonitas</i></span></div><div style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px; text-align: center;"><span style="font-size: large;"><i>nas janelas, silentes...</i></span></div><span style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: large;"><i><o:p></o:p></i></span><br style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px;" /><div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;"><span style="font-size: large;"><br /></span></div><div style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px; text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: large;"><i>Era um tempo de estrelas </i></span></div><div style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px; text-align: center;"><span style="font-size: large;"><i>e risos sem censura. A gente vivia</i></span></div><div style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px; text-align: center;"><span style="font-size: large;"><i>vertigens, e era feliz.</i></span></div><span style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: large;"><i><o:p></o:p></i></span><br style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px;" /><div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;"><span style="font-size: large;"><br /></span></div><div style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px; text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: large;"><i>Sol, luar, orvalho! </i></span></div><div style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px; text-align: center;"><span style="font-size: large;"><i>No verde, mais luz; mais vida</i></span></div><div style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px; text-align: center;"><span style="font-size: large;"><i>sob os astros.</i></span></div><span style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: large;"><i><o:p></o:p></i></span><br style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px;" /><div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;"><span style="font-size: large;"><br /></span></div><div style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px; text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: large;"><i>Meus olhos desenham os morros, </i></span></div><div style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px; text-align: center;"><span style="font-size: large;"><i>perfis sob azul infinito, moldados </i></span></div><div style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px; text-align: center;"><span style="font-size: large;"><i>aos traços das línguas dos rios.</i></span></div><span style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: large;"><i><o:p></o:p></i></span><br style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px;" /><div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;"><span style="font-size: large;"><br /></span></div><div style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px; text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: large;"><i>A ponte, o amor clandestino. </i></span></div><div style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px; text-align: center;"><span style="font-size: large;"><i>Carmo, Bonfim, Matriz do Rosário, </i></span></div><div style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px; text-align: center;"><span style="font-size: large;"><i>Lembranças de eu-menino...</i></span></div><span style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: large;"><i><o:p></o:p></i></span><br style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px;" /><div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;"><span style="font-size: large;"><br /></span></div><div style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px; text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: large;"><i>Meus olhos colheram paisagens, </i></span></div><div style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px; text-align: center;"><span style="font-size: large;"><i>Memória transforma em saudade, </i></span></div><div style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px; text-align: center;"><span style="font-size: large;"><i>Pincel faz arte e riqueza.</i></span></div><span style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: large;"><i><o:p></o:p></i></span><br style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px;" /><div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;"><span style="font-size: large;"><br /></span></div><div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px; margin-bottom: 0cm;"></div><div style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px; text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: large;"><i>Terra e gente meia-pontense:</i></span><br /><span class="Apple-style-span" style="font-size: large;"><i>Hino e presépio, história em imagem:</i></span></div><div style="background-color: white; text-align: center;"><i><span style="color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, Palatino Linotype, Palatino, serif; font-size: medium;">Obras de Pérsio, joias da terra.</span></i></div><div style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px; text-align: center;"><span style="font-size: 14pt;"><br /></span></div><div style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; font-size: 13.2px; text-align: center;"><span style="font-size: 14pt;"><br /></span></div><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><br /><br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEg708szcUtLsgwgAPvgbhvRI0XjdAHDht1UgrE2FDVLH1m7YOkCPOwB6WY2KZuL7UNs20fIqDhbKvcbNwzmDUoBLNfbIzL0VgA4e6ijr-6tvcLhXaQJN9x7FP5MLV-AtDHrdtKVg9H7xfOO7WrF2Sc1BIhymK2e9FkohioyVIkkFYj54fFExOU=s200" imageanchor="1" style="background-color: transparent; clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="200" data-original-width="145" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEg708szcUtLsgwgAPvgbhvRI0XjdAHDht1UgrE2FDVLH1m7YOkCPOwB6WY2KZuL7UNs20fIqDhbKvcbNwzmDUoBLNfbIzL0VgA4e6ijr-6tvcLhXaQJN9x7FP5MLV-AtDHrdtKVg9H7xfOO7WrF2Sc1BIhymK2e9FkohioyVIkkFYj54fFExOU" width="145" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif;"><span style="font-size: xx-small;">Luiz de Aquino, poeta e<br />admirador, esperançoso<br />de reencontrá-lo no<br />outro Plano.</span></div><div class="separator" style="clear: both;"><br /></div></td></tr></tbody></table><div style="background-color: white; color: #5d5d5d; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; text-align: center;"><span style="font-size: x-large;"><b><i>* * *</i></b></span><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div>Luiz de Aquinohttp://www.blogger.com/profile/05587861821540755577noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-29538497.post-16450692402276456982021-11-02T15:03:00.003-03:002021-11-02T15:03:32.975-03:00Não "Risque... meu nome do seu caderno..."<p> <i><br />Há um ano, isto é, a 2 de novembro de 2020, publiquei meu poema "Dói de Dentro" (https://penapoesiaporluizdeaquino.blogspot.com/2020/11/doi-de-dentro.html) neste blog; e o evoquei hoje, como um pequeno texto a homenagear nossos idos. <br />A professora e poetisa SANDRA QUEIROZ (da Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás, AFLAG) comentou-o com um anexo, de sua lavra, que estampo aqui: <br /></i><br /></p><p><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCla-jklX5Pra86nLNxgbJYMmxuLn6koBGsgSKautQ23hltaN5gVgzZX9tSOAEnRkLDLCMppK1tiQDFxQOFrYyjNfQQk5fM_bX4WAB71CDiW-RC3L2PqudVrMBFPnFUEOoCunrAQ/s1110/87f684df-963c-43e5-bba5-c8b7a6f5be2a.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1110" data-original-width="687" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCla-jklX5Pra86nLNxgbJYMmxuLn6koBGsgSKautQ23hltaN5gVgzZX9tSOAEnRkLDLCMppK1tiQDFxQOFrYyjNfQQk5fM_bX4WAB71CDiW-RC3L2PqudVrMBFPnFUEOoCunrAQ/s16000/87f684df-963c-43e5-bba5-c8b7a6f5be2a.jpg" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><i><span style="font-size: large;">Não "Risque... meu nome do seu caderno" <br /></span></i></b>(Canção e melodia de Ary Barroso)</td></tr></tbody></table></p>Luiz de Aquinohttp://www.blogger.com/profile/05587861821540755577noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-29538497.post-35041948549594917812021-10-20T13:02:00.000-03:002021-10-20T13:02:13.330-03:00Intimidades literárias<p style="text-align: center;"> <table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpasW5C63LhM2yWj_mo5u9ceEbH-MT-oQa0U-_1LZ2ok8HjKWfzrCNga5ob07Ab6KD0N1qn4NviW2MZbWw55EieD7QZ5IaxQDvIHE2IGBZ6_0QT0sRo6vy4BM114LGrPV0Y2kuyg/s768/Os-amantes-de-Ren%25C3%25A9-Magritte-227819.webp" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="434" data-original-width="768" height="328" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpasW5C63LhM2yWj_mo5u9ceEbH-MT-oQa0U-_1LZ2ok8HjKWfzrCNga5ob07Ab6KD0N1qn4NviW2MZbWw55EieD7QZ5IaxQDvIHE2IGBZ6_0QT0sRo6vy4BM114LGrPV0Y2kuyg/w579-h328/Os-amantes-de-Ren%25C3%25A9-Magritte-227819.webp" width="579" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="background-color: rgba(0, 0, 0, 0.05); color: grey; font-family: "open sans", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; font-style: italic;">Os amantes, de René Magritte</span></td></tr></tbody></table><br /></p><p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: trebuchet; font-size: x-large;"><br /></span></span></b></p><p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: trebuchet; font-size: x-large;">Intimidades
literárias<i><o:p></o:p></i></span></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 245.0pt;"><span style="line-height: 107%;"><o:p><span style="font-family: trebuchet; font-size: large;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: trebuchet; font-size: large;"><i>O homem é mais,
muito mais, que um ser semovente, pensante e inquieto. Busca sempre os espaços,
muitos espaços, e, com igual frequência, aglomera-se, associa-se, organiza-se,
faz o bem e faz o mal. É um ser de dois gêneros – e suas variáveis – que
primordialmente vive para a reprodução, ciente de que sua vida tem um começo e
uma única determinante – a morte.<o:p></o:p></i></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: trebuchet; font-size: large;"><i><br /></i></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: trebuchet; font-size: large;"><i>Entre o nascer e
o desenlace, é-lhe dado todo o direito às escolhas. E o ser humano, em ambos os
gêneros, faz tais escolhas todos os dias, a cada instante, motivado por fatos
adjacentes ou por suas ideias – ou por ambos, concomitantemente. E, nesse
fazimento de novos caminhos, comete feitos lícitos e alguns nem tanto, que ele,
esse ser, mulher ou homem, busca preservar sob a pecha de “a minha intimidade”.<o:p></o:p></i></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: trebuchet; font-size: large;"><i><br /></i></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: trebuchet; font-size: large;"><i>Aos escritores,
como a outros artistas, é dado o direito à escolha de evidenciar seus
‘bem-feitos”, sem que se lhe cobrem a vida íntima, que, por óbvio, é do
interesse exclusivo dos que compartilham dessa tal intimidade.<o:p></o:p></i></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: trebuchet; font-size: large;"><i><br /></i></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: trebuchet; font-size: large;"><i>Ocorre-me um
escritor. Um dos muitos que li com avidez, com quem aprendi muito por lê-lo e,
para minha felicidade, de cuja companhia me enriqueci e pude considerar amigo;
não porque eu tivesse algo a propiciar-lhes, mas por desfrutar de um
aprendizado pessoal, com a liberdade de mostrar-lhes meus escritos e colher
opiniões. <o:p></o:p></i></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: trebuchet; font-size: large;"><i><br /></i></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: trebuchet; font-size: large;"><i>Goiânia,
naqueles 1960 e tantos, era ainda uma cidade pequena. E seu pequenino universo
literário, minúsculo. Era comum espalharem-se os escritores – e seus leitores –
pelas calçadas que circundam o quarteirão do Grande Hotel. As quatro faces
dessa quadra – as avenidas Goiás e Ahanguera e as ruas Três e Sete – eram os
pontos mais agitados da cidade sob a luz solar. Além do primeiro hotel da nova cidade,
tido ante a História como “uma das cinco primeiras arquiteturas”, ali estavam a
companhia telefônica, o Banco do Estado, o Hotel Lord e seu afamado salão de
barbeiros, o Café Central – ponto de efervescência pela aglutinação de
políticos, comerciantes e fazendeiros, além de uma turba de aspecto duvidoso,
tido pela boca-miúda como pessoas contratáveis para serviços escusos e
condenáveis – pela moral vigente e pelas autoridades constituídas. Havia ali,
também, no trecho da Rua Sete – a dos fundos do Grande Hotel – a sede de uma
importante livraria, a Cultura Goiana. Chegou a ter três lojas no mesmo quarteirão
– as demais estavam na Rua Três e na Avenida Goiás, ao lado do famoso hotel
pioneiro. Por isso, a aglomeração de escritores e leitores naquelas calçadas.
Essa massa de intelectuais espalhava-se também para os rumos da esquina da
Avenida Anhanguera com a Rua Seis e o lado oposto da avenida Goiás, em frente
ao famoso hotel já referido – as duas lojas do Bazer Oió, a única livraria
fechada pela ditadura de 1964 a 85 em todo o país. <o:p></o:p></i></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: trebuchet; font-size: large;"><i><br /></i></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: trebuchet; font-size: large;"><i>Pronto! O
ambiente está demonstrado – ao menos o ambiente urbano em que praticávamos
nossa vida social à luz do dia. Então, é hora de falar da personagem. Usava um
boné de pala curta, modelo comum na Europa de ingleses, portugueses e
italianos; dificilmente era visto em “mangas de camisa” ou sem dois ou três
livros sob o braço. De pouca conversa, ligeiramente gago, não recusava prosa.
Nesse modo de ser, acolhia também os moços curiosos, ansiosos da atenção de
alguém famoso – e esse autor era, sim, já famoso: os jornais contavam de suas
correspondências com grandes vultos do Brasil das Letras, da publicação de um
conto seu num jornal alemão, do interesse de uma grande editora do Rio de
Janeiro interessada em publicar suas obras.<o:p></o:p></i></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: trebuchet; font-size: large;"><i><br /></i></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: trebuchet; font-size: large;"><i>Contista exímio,
capaz de narrativa encantadora, desses que nos prendem desde a primeira frase
até o suspense ao final, quando a mente continuava a supor os momentos após o
ponto. Uns tempos após a estreia, com alguns livros de contos já por demais
divulgados, aqui e além do rio Paranaíba, atreveu-se ele a um romance – e
repetiu o sucesso que o marcou na jornada dos contos. Houve uma experiência em
versos, mas não foi tão feliz na forma poética: voltou à prosa, tão rica de
imagens e construções poéticas que os leitores o perdoaram pela tentativa nas
sendas de Bilac, Bandeira e Drummond. <o:p></o:p></i></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: trebuchet; font-size: large;"><i><br /></i></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: trebuchet; font-size: large;"><i>Aos poucos,
inteirei-me de sua vida; soube da tentativa de viver na antiga capital federal,
entre o mar e o maciço da Tijuca, ou num subúrbio da Zona Norte; importante
mesmo seria estar na efervescência dos notáveis das Letras. Não conseguiu viver
longe do cerrado, dos rios Corumbá e das Almas, Vermelho e Paranaíba. A
escrita, porém, persistiu no seu tempo – afinal, desde sempre era de sua
essência, de seu propósito de vida. Fez-se servidor público municipal, depois
professor, escreveu para jornais, orientou principiantes, atendeu sempre ao
apelo de professores de todos os níveis para falar aos jovens e às crianças. <o:p></o:p></i></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: trebuchet; font-size: large;"><i><br /></i></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: trebuchet; font-size: large;"><i>Gostar dele
sempre foi muito fácil. Era gentil com as pessoas, ouvia críticas – uma
elogiosas, outras nem tanto – e a elas respondia como quem esclarecesse algo;
tinha muito a ensinar, mas preferia conduzir o leitor à descoberta.<o:p></o:p></i></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: trebuchet; font-size: large;"><i><br /></i></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: trebuchet; font-size: large;"><i>Discreto sempre,
cuidava de isolar-se para as leituras e as escritas – como fazemos todos os que
trabalhamos textos. Nessas ausências e silêncios, nem todo o tempo era
consumido no ofício – algo de peraltice (ou de pecado) estava nas preferências
do meu herói de causas literárias. O nosso ídolo mantinha, com a possível
discrição, um miúdo apartamento num grande edifício ao lado do Mercado Central.
Morei ali por cinco anos, e foi por isso que descobri dele algumas peraltices
(quase falei “levadices”). Gostava muito, meu velho amigo, de dois tipos de
mulheres – as negras e as loiras. Não se interessava pelos tipos indígena,
morena ou oriental, mas sim pelas “escandinavas” e as do “navio negreiro”. <o:p></o:p></i></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: trebuchet; font-size: large;"><i><br /></i></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: trebuchet; font-size: large;"><i>– O preconceito
de cor foi criado pela mulher branca, quando percebeu que a preta lhe era
superior – dizia ele.<o:p></o:p></i></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: trebuchet; font-size: large;"><i><br /></i></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: trebuchet; font-size: large;"><i>Morava eu no
mesmo andar da garçonière do velho
escriba. Certo dia, sabia eu que ele estava em casa (o tapetinho com a
inscrição Bem-vindo estava do lado de fora). Ao sair do elevador, vi uma mulher
jovem e bonita, ligeiramente gorda; batia na porta, insistia, teimava... Entrei
em casa; a moça continuava batendo na porta e tocando a campainha; saí de novo
e decidi “informar”: <o:p></o:p></i></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: trebuchet; font-size: large;"><i><br /></i></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: trebuchet; font-size: large;"><i>– Moça,
desculpe-me, devia ter dito antes, ele viajou. <o:p></o:p></i></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: trebuchet; font-size: large;"><i><br /></i></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: trebuchet; font-size: large;"><i>A mulher me
olhou com desdém: abaixou a cabeça, empurrou o pequeno capacho com a ponta do
pé e desistiu: caminhou para o elevador sem me olhar nem dizer tchau. Mais
tarde ele passou por mim, junto à portaria; contei-lhe sobre quem chamava à
porta e ele: “Não podia mesmo atender, estava com uma escandinava”.<o:p></o:p></i></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: trebuchet; font-size: large;"><i><br /></i></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: trebuchet; font-size: large;"><i>Este foi um caso
que presenciei; e, aos poucos, habituou ele a confidenciar-me algumas histórias.
Havia as pitorescas e as complicadas, como a de uma “aventura catalana”, no
dizer dele mesmo. Sempre que se via liberto, por dias ou semanas, das amarras
do casamento, enviava dinheiro para a namorada que, no decurso de uma noite,
tomava o trem para Goiânia. Ele não a esperava na estação, seria arriscado
expor-se, mas a moça tinha consigo a chave do “rendez-vous” particular do
contista. <o:p></o:p></i></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: trebuchet; font-size: large;"><i><br /></i></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: trebuchet; font-size: large;"><i>Pois bem!
Aconteceu, para surpresa do rái soçaite
local, a separação, que logo virou divórcio, conforme a evolução das leis. A
moça do interior alimentou esperanças, mas o amado decidiu-se por outra
alternativa. Foi então que ela, incitada por invejosos e estimulada por um
jornalista desses que, à falta de notícia, inventa uma polêmica – ou um
escândalo – publicou um livro, contando particularidades de suas vindas
secretas a Goiânia. E lá, do meio para o final da obra, em texto sofrível, a
traída contou das lembranças: <o:p></o:p></i></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: trebuchet; font-size: large;"><i><br /></i></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: trebuchet; font-size: large;"><i>– Você com seu
bonezinho típico, as pontas dos cabelos escapando dos beirais do chapéu, totalmente
nu passeava pelo apartamento com minha calcinha dependurada no... <o:p></o:p></i></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: trebuchet; font-size: large;"><i> </i></span></o:p><i style="font-family: trebuchet; font-size: xx-large; text-align: center;"><b>* * *</b></i></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: right; text-indent: 35.45pt;"><span style="text-align: center;"><span style="font-family: trebuchet; font-size: x-small; font-style: italic;">Este conto integra a coletânea </span><span style="font-family: trebuchet; font-size: x-small;"><b>O escritor como <br />personagem</b></span><span style="font-family: trebuchet; font-size: x-small; font-style: italic;">, idealizada e coordenada pelo <br />jornalista Euler Belém e pelo escritor Ademir <br />Luiz, presidente da União Brasileira de Escritores <br />de Goiás, e foi publicado em 18 de outubro <br />de 2021 no</span><span style="font-family: trebuchet; font-size: x-small;"><b> JornalOpção</b></span><span style="font-family: trebuchet; font-size: x-small; font-style: italic;">, de Goiânia.</span></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: right; text-indent: 35.45pt;"><i style="font-family: trebuchet; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><b style="font-size: xx-large;"><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEheM66o0qipMrpVkqt9Bq2MTjidDg9-tOxemmtb6RGZjGF1M4P61jcEsot7ETGIAnNdlNr5v0FcY1-rv2s4gJtJNBaG2FX0Tirse4mmHS1wl9UB6PAEo4J1EYhOm7obkdr3qnjhZA/s552/L.deAquino.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="552" data-original-width="552" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEheM66o0qipMrpVkqt9Bq2MTjidDg9-tOxemmtb6RGZjGF1M4P61jcEsot7ETGIAnNdlNr5v0FcY1-rv2s4gJtJNBaG2FX0Tirse4mmHS1wl9UB6PAEo4J1EYhOm7obkdr3qnjhZA/w320-h320/L.deAquino.jpg" width="320" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><i>Luiz de Aquino</i></td></tr></tbody></table><br /></b></i></p>Luiz de Aquinohttp://www.blogger.com/profile/05587861821540755577noreply@blogger.com0