MÃE NÃO MORRE...
Mãe não morre, diviniza-se.
Transmuta-se em estrela,
e se faz sol na escuridão.
Mãe não morre, poetifica-se.
E, no vaivém das lembranças,
se torna saudade e silencia o vazio.
Mãe não morre, apenas,
repousa no sonho
e acorda beija-flor.
AS MÃES
Mães são manhãs
a colher lembranças
deixadas nas frestas
de tantos silêncios.
São fios de noites
a cerzir saudades
nos beirais do vento.
MÃE
Nas pegadas de sol
escondidas nas teias
onde doem silêncios,
fecundam lembranças
e sorriem sonhos
de tantas marias:
Maria das graças,
Maria das dores,
marias tão santas,
marias sem mantos,
da vida, mundana,
do perdão, dos amores.
Mãe das saudades,
das sinas, caminhos,
onde brincam estrelas,
sossegam temores,
dormem silêncios,
despertam manhãs.
POEMA DO AMOR MAIOR
Lêda Selma
Teu peito tão cheio
de maternos recheios
acalenta teu filho
guloso de amor.
E ele se aninha
em teu colo de nácar,
te suga o carinho
e divide contigo
tão silente prazer.
Teu peito tão cheio
de sonhos e alentos
te faz tão gigante
na mística do encontro
em que inteira te dás.
E mesmo se a pressa
do tempo arredio
rondar-te os passos,
cercar-te os olhos
e com tortos desenhos
– disformes, esgarços –
riscar rudes traços
em teu rosto de Vênus,
serás sempre a fada
dos condões de carinho.
E mesmo se as dores
murcharem teu peito
e nesgarem teu riso,
serás sempre a trilha
de sonhos infantes,
o canto da estrela
a encantar os caminhos.
DOURADAS PÉTALAS
Lêda Selma
Altiva, a haste,
nem as dores vergaram.
Na face, silêncios,
outrora, balbúrdia;
nos olhos, saudades,
outrora, folia.
Na voz, fios de seda;
nos passos, sono de brisa;
no riso maduro,
lembranças traquinas.
Na devoção a Maria,
a fé timoneira.
Dos sonhos, sementes;
das lutas, vitórias;
da vida, floradas
de amor e de dores.
E em teu rosto inda fulge
um sol encantado
de douradas pétalas.
Eis que é esta a vez primeira em que lhe concedo o circunflexo, tal como lhe grafou o nome o escrivão de Urandi, Bahia. Lêda Selma, poetisa e contista, contadadora de causos em linguagem de crônica e de conto, amiga querida, ativista cultural de estirpe e de garra. Mãe e filha, é também dona das dores em ambos os ofícios, com a indelével e incontrolável dor da perda.
À Leda, o meu carinho.
L.deA.
9 comentários:
Maravilha.Poemas de uma grandeza sem fim.
Rosamábile
Simplesmente adorei o poema "Mãe não morre..." é de uma simplecidade imensa e de uma profundidade grandiosa!
Lindos os textos da Leda Selma. Como sempre. Não é por acaso que ela frequenta o seu blog, divulgada por você. Lá , você dá visibilidade aos que produzem textos que são do seu agarado.
Abração, Sônia
Poemas ainda maiores e mais lindos que o amor materno. Pecado ficarem guardados ou lidos por poucos. É preciso torná-los populares com a divulgação maciça. O seu blog, Luiz, é um bom começo.
E por fim, finalmente... os poemas da Leda para as mães ou da Leda para a mãe da Leda pelo amor às mães ficaram maravilhosos! Palavras suaves como o coração mole das ditas homenageadas!
Luiz,
em seu blog, li os poemas de Lêda Selma. Com sua dor, ela
homenageia a mãe, a querida D. Lousinha. E todas as mães.
Publicando-os,
você nos propicia uma leitura terna e amorosa dos versos de
nossa grande amiga.
Beijos.
Maria Helena
Mais uma vez me emociono com os poemas, seus Luiz ou de amigos, simplesmente lindos.É uma maravilha,venho sempre aqui quando quero fazer uma boa leitura,parabéns.
Com carinho, Maria Moreira
Luiz, obrigada por divulgar meu trabalho com tanta ternura e amizade. Aos leitores do seu blog, obrigada pelas generosas manifestações de carinho! Fiquei contente e emocionada, até porque encontrei aqui amigas queridas como Maria Helena Chein e Mara Narciso, e "conheci" outras pessoas igualmente sensíveis. A todos, meu beijo. Lêda (com circunflexo!). Ah! obrigada por grafar corretamente meu nome.
Pois é, a poesia entrelaça emoções e sensibilidades, e nos iguala em sentimentos.
Belíssimos poemas. Impossível escolher aquele que expressa melhor o que é a mãe.
Parabéns à autora e um abraço a ambos
M. Esther Torinho
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