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segunda-feira, agosto 31, 2020

O homem que aluga estrelas

 





Foto: NASA

O HOMEM QUE ALUGA ESTRELAS


Eu tenho estrelas. Muitas.
Não, não sou dono de todas
as que limitam o teto da noite, não.

 

Sou rico, minha senhora!
Sou dono apenas das cintilantes luzes
que realizam desejos.

 

Não são minhas meras luzes
de clarear partículas de infinito
ou de orientar navegantes.

 

Pertencem-me as moradas da magia,
dormitórios de oráculos e duendes
e de fadas altivas e simples.

 

Minhas estrelas não existem
para formar constelações, apenas: elas
têm sintonia com corações sonhadores,

 

ansiosos e crentes, pois só mesmo
a estes é dado o dom de sonhar desejos
e fazê-los acontecer.

 

Por isso, Senhora bela e amada,
rainha de cetro e de sonhos,
aguarda a tua estrela: já se anuncia.

 

Demora que se mostre, porque é cedo
e cedo-te de gosto e prazer
a estrela que te cabe e é certa.

 

Ah! Ei-la! Ali, à margem da nuvem
que se abre no céu. É tua, essa!

Habita-a e te apossa dela.

 

Em dias próximos terás por real
o que é ainda sonho. Falta-me a paga,
que recebo adiantado.

 

E assim que me vir premiado
em moeda de fala e poesia, liberarei a luz
que te trará venturas.

 

Depois, e quando de regozijo e feliz
puderes deixar minha estrela... É fácil.
Deixa-a no céu. Saberei recolhê-la.

 


* * * * * *

Luiz de Aquino, escritor de prosa e verso

domingo, agosto 30, 2020

NADA SE PERDE


 



Nada se perde



A flor que murcha no chão 
e seca e se funde e, perpétua, 
fecunda o solo e floresce.





A água que some, evapora, 
infiltra-se ou se faz consumida, 
retorna líquida nas fontes, 



nos caudais e nas nuvens,
retornando em chuva
que rega plantas, encharca o solo, 



sacia raízes e surge outra vez
em flores de viço e cores
para em breve, caídas, 




virarem pó que bebe gotas
de chuva, sereno, orvalho...

             É vida sempre nova!


* * * * * *

 Luiz de Aquino, escritor de prosa e verso

 

 

sábado, agosto 29, 2020

BEIJO SONHADO, poema quase íntimo...

 






 

 

Falava de sonhar com um beijo,
um beijo para se sonhar levitando
e saber-me num campo,
sobre o campo verde,
pairando sobre o verdor da relva e de árvores
onde me sentir protegido
porque ao natural saberei sempre amar mais,
amar demais
e demais me entorpecer dos teus lábios.

 

 

            Um beijo, assim sonhado,
            há que ser por muito esperado
            e desejado como o desejo,
            de alma e pele,
            de hormônios e luxúria.

 




 

Um beijo para estrear-me aos teus olhos,
ao teu calor,
ébrio da tua pele
e sujeito a me queimar ante teu olhar.
Beijo de expectativa plena,
beijo de excitar sempre,
provocar o não-medo do cotidiano,
das convenções.

 

 

Despertar a inconsequência,
o non-sense, a coragem maior
de te absorver de todo,
te desejar para a eternidade do instante,
para a ternura do sempre.

 

 

Pouco importa se estamos de peles nuas,
pouco importa se meus pés buscam os teus,
que beijarei como se lábios fossem.
Pouco importam minhas mãos atrevidas
que te tocarão a pele
como uma luz varre de lume
a escuridão das noites
e faz dia sobre a têmpera
da nossa tesão comungada, somando desejos.

 

 

Meus dedos, desbravadores, acharão onde entrar,
e entrarão com carinho porque te faço altar
onde depositar sacrifícios e delírios.
Pouco importa se nossos sexos se atraem
e se buscam e se completam.
Pouco importam os orgasmos simultâneos,
os que em ti me antecedem.
Pouco importa
se o desejo satisfeito exige amanhãs.
Importa, sim, que te beijo de lábios,
te tenho em contato,
te sorvo em salivas e licores
os mais íntimos, agridoces e inesquecíveis.

 

 

Importa, não, se te fecundo ou derramo em ti,
bem fundo, a seiva de vida
que divina me brota.
Importa sim que te beijo.

 

 

Eros eu era, como quero ser.
E me és Afrodite.
Os veios
do amor assim liberto
alimentam desejos e anseios
para todos os dias advindos.

 

 

Importa, sim, que, al primo incontro,
havemos de nos beijar.

 

* * * * * * *


(L.deA., in Sarau; Goiânia, 2003).

 

sexta-feira, agosto 28, 2020

Antiga manhã, aquela

 

Caldas Novas, Praça da Matriz - final da década de 1940.


Antiga manhã, aquela

 

À porta da minha casa
um homem cantava modinhas
e era feliz.

 

Minha mãe torrava café,
meu irmão andava cambaleante,
usava botinas e meias
e tinha ao pescoço uma chupeta
de borracha vermelha
que emitia um assobio – e nada mais
usava meu pequeno irmão.

 

Era manhã de sol, manhã antiga
naquele ermo ao sul de Goiás.

 

Era alegre a cantiga
de Antônio Cego, o preto
que cantava à porta.


Antônio Cego era um homem feliz.

 

* * * * * *


Luiz de Aquino, escritor de prosa e poesia

quinta-feira, agosto 27, 2020

ANTIGO EU

 

Antigo eu (*)

 


 

Eu quero estar no momento de cada um.
Não me culpem por gostar  
da exteriorização clara das idéias.
Não queiram que eu adote o simplismo  
da anuência tácita nem me conduzam ao desespero  
da espera incerta.

 

Eu quero sentir teu espírito.  
Vou estar nos teus dias a cada gesto,  
buscando perdões enquanto ofereço tudo de mim. 
Estarei à tua mesa de trabalho  
e falarei pelos sons de teus passos.  
Sentirás o meu hálito no barulho do trânsito  
e na paz dos jardins
         quando a saudade chegar.

 

Estarei no quebra-ondas e serei  
a maciez do teu sono, não te deixando esquecer.

 

Sejamos mais nós:
        ...para viver a certeza do teu silêncio;
        ...para curtir nossa vida abstrata;
        ...para morrer na certeza da gente.

Poema cartaz ilustrado por DaCruz (1977)

 * * * * * * 

(*) Este poema abriu-me a porta da União Brasileira de Escritores, Seção Goiás, em  1977, quando era presidente Miguel Jorge.

terça-feira, agosto 25, 2020

Leninha, de Ademir Hamu



            Não um, apenas: hoje trago dois poemas, escolhidos pelo poeta, biógrafo e médico nas horas severas. Ademir é amigo desde a mocidade. Gosta de poetizar e de fazer livros. E gosta, é claro da família, o que demonstra em versos e atos, como o seu livro Leninha, de 2014, que vem a ser um belíssimo álbum de fotos de sua neta em muitas poses ilustradas por seus pais e legendadas com versos vários, de muitas canções - de samba, rock e poesia. 


Leninha, a neta homenageada com um livro de fotos e versos.

    

Poeta, editor e avô amoroso.

        Outra coisa que Ademir gosta de fazer é surpresas. E surpreendeu-me com versos de dois poemas meus, nas páginas 62/63 e 102/103 - que mostrarei abaixo.



Esta é a capa de Leninha, editado em 2014.



Libertas

 

            Sê canção que se canta
            livre e enche o tempo
            sem tamanho ou fronteira.

                Sê canto de pássaro
                a voar sem planos e que,
                querendo, volta!

            Sê canção que se expande
            e encanta. Ninguém te tolhe
            o voo e a magia!




 * * *


 

Conselho

 

            Bom conselho, quem dá é o tempo.

            Dou-te ombro e ouvidos

            e mãos de carinho e compreensão.

 

            Dou-lhe paz, se precisar,

            e retalhos de filosofia vã,

            conceitos vulgares de vida.

 

            Coisas de mim, homem ou menino, 

            capazes, porém, de acalentar-te a dor

            e despertar sorrisos.

 

 * * * * * * *

 

 



  

segunda-feira, agosto 24, 2020

Menina-flor, menina-estrela!

 


Recorte da capa do livro Água Marinha, de Lourdes Teodoro


Menina-flor,
menina-estrela!


 

    Não lhe falarei de carinho assim como ontem
    e nos dias de sempre antes.
    Guardo a imagem do Sol que se põe
    e das estrelas a vir.
    Há momentos em que não sei da luz
    que vejo em você; será o Sol
    que acabou de nascer ou o Sol
    que manda despedir-se o dia?

        Você me conduz a escrever poemas.
        Ando preguiçoso para a poesia.
        Será você o Sol, a flor da azaleia
        ou uma Alfa de constelação solene
        a quem devo reverências
        quando a noite se completar? 



    Menina-flor! Menina-estrela!
    Fica bonito, isso... Menina-estrela
    de brilho cintilante, surpresa aos meus olhos
    após o Sol se apagar
    porque o rico em minha vida é a Noite,
    que mais rica se faz com o seu cintilar.

        É por isso que beijo seus olhos (por eles,
        beijo-lhe a alma). E beijo-os
        para que adormeça em paz,
        tranquila e sonhadora enquanto te abraço,
        minhas mãos cruzadas sobre os seios,
        as costas no meu peito e as nádegas
        nos meus quadris e pés
        a acariciar os seus.



    E para acordá-la, murmuro carícias
    ao seu ouvido e beijo-lhe a boca com doçura
    a lhe dizer “bom-dia, já é sol”.



* * * * * * * * *


Luiz de Aquino, escritor de prosa e verso

 

 

domingo, agosto 23, 2020

VOZ VIOLADA

 

VOZ VIOLADA

 

O escritor Bento Fleury divulgou (hoje, 23 de agosto, 2020) no grupo dos membros do Instituto Cultural Bernardo Elis, ICEBE, em fac-símile, o poema abaixo, que escrevi em 1979:

 






Sem Máscara

 

Meus pecados,  

eu os trago nos ombros 

e sei como pesam.  

Não me importa  

que olhares indiscretos me censurem  

por mostra-los assim,

nem me cuido 

para que não os vejam.

 

Um dia, serei pó  

e terei sobre a tumba  

as marcas todas dos meus erros  

que são iguais aos teus.

 

* * * * * * * *

 

Hei de contar que, em 1981, meu amigo Flávio Bambu, jovem poeta e entusiasta, aliado a Ariston Araújo - seu igual pela descrição que lhe fiz – decidiu produzir uma revista a que chamaram de Voz Violada. Juntaram poemas de 40 autores, quase todos inéditos, e conseguiram publica um número da sonhada revista.



Aqui estão a capa e o expediente da revista (esqueceram de listar os poetas ali publicados). A capa é de Jorge Braga, mal entrado na casa dos vinte anos; a ilustração do meu poema é de um cantor então emergente, o Pádua – que conheci como cartunista e surpreendi-me, prazerosamente, ao descobrir que moço era também cantor dos ótimos, coisa que o tempo cuidou de nos mostrar.



Jorge BragaPádua (as fotos são daquele tempo...

Quanto a Jorge Braga, já desfrutava de plena fama em Goiás e – também já – rompera a barreira que é o Rio Paranaíba, sendo conhecido e respeitado pelo mundo do cartum brasileiro.

 

Obs.: Hão de notar os leitores que o poema, na revista referida, está em sua concepção original. Em publicações posteriores, cuidei de revisá-lo, com o devido zelo de mexer na forma sem prejuízo do texto. L.deA.


*************

 

Luiz de Aquino, escritor de prosa e poesia

 



sábado, agosto 22, 2020

Antônio Almeida, mestre-livreiro

             Minha fala na Câmara Municipal de Goiânia,
quando da 
concessão do titulo de Cidadão Honorífico a Antônio Almeida, presidente da Editora Kelps, em 24/11/2011 (L.deA.).

 

O artista plástico Malaquias Belo molda a mão de Antônio para um monumento em referência aos 78 anos de Goiânia (outubro de 2011).


O tempo e a teima


O tempo é o mais justo, perfeito e, por isso mesmo, previsível ingrediente de nossas vidas. Ou, talvez, o homem, animal que costumo qualificar como “bicho sapiens”, tenha conseguido medir o tempo com uma exatidão quase que irreparável.


Mas até mesmo no tempo – esse tempo com que se faz a história, não o tempo do sol e das chuvas, do frio e da canícula – esse “bicho sapiens” interfere!


Ao tempo dos nossos pais, o tempo era grande, disponível, preguiçoso... Hoje, mal nos damos conta de como crescem as crianças e como se tornam, muito rapidamente, ágeis operadores da parafernália eletrônica!


Nós, os que passamos dos cinquenta anos, sabemos que a vida mudou muito nas últimas décadas! Vivemos as infâncias sofridas e sem muitos recursos de lazer fabricado, como os brinquedos vários que, a este grande sertão do Planalto Central, demoravam para chegar. Então, restava-nos a criatividade de transformar mangas, chuchus, pontas descartadas dos carpinteiros e até mesmo carretéis vazios em peças de invencionice infantil.


Era um tempo em que as crianças se tornavam mão-de-obra bem cedo, auxiliares dos serviços gerais de pais e mães. Em muitos casos, aquelas crianças viviam somente para repetir as vidas de seus pais e mães; e em uns casos poucos, as crianças sonhadoras, ambiciosas, curiosas e inquietas fugiam da rotina que lhes era imposta, procuravam outras terras e fusos, costumes e falas...


Ah! A história dos homens está cheia de exemplos.


E entre estes há os que sequer precisaram se aventurar em terras distantes, muito estranhas. São os que, num dado momento da vida, escolhem a mudança imediata, geralmente para uma cidade próxima ao seu rincão de origem – quase sempre a capital do  Estado.


Foi o que fez Antônio Almeida. Deixou que os sonhos criassem asas, mas dominou-os de modo a permitir-lhes o voo possível, sempre. A migração foi de curta monta – de Palmeiras de Goiás para Goiânia. O tempo, esse forte elemento de todas as vidas, exigiu trabalho; muito trabalho. E o crescimento aconteceu de modo especial, as providências exigindo pressa.


A atividade profissional sempre foi intensa para o presidente da Editora 
Kelps e a porta de sua sala nunca foi fechada durante o expediente.


Família grande, de muitos irmãos; os pais regendo a vida de modo a não permitir a dispersão “dos meninos”; o empenho pela sobrevivência mas, também, a garra, a determinação: sobreviver era pouco; crescer se fazia indispensável!


A pequena Gráfica Pirâmide, realizando trabalhos de encomenda como cartões e “santinhos” de candidatos, ou panfletos e notas fiscais, um dia atreveu-se a publicar livros. E já se vão quase trinta anos desde aquela remota aventura – o livro Travessia de Gente Grande, do poeta Ademir Hamu; em seguida, aconteceu o meu De Mãos Dadas com a Lua. E de lá para cá, centenas, milhares de novos títulos, colocando Goiânia como uma das cidades onde mais se publicam livros.


A hoje Editora Kelps é uma referência nacional, com repercussão em vários pontos do mundo.


E isso, analisando agora, porque um dia o jovem Antônio Almeida – que a gente prefere chamar de Antônio da Kelps – sonhou que devia crescer.


Cresceu e, com ele, cresceram também os  irmãos, porque seus pais nunca permitiram que se soltassem das mãos uns dos outros; cresceu, cresceram e ajudaram incontáveis escribas – sejam eles ensaístas, ficcionistas ou poetas – a crescerem juntos.


É assim, meu caríssimo Antônio Almeida, que te vejo esta noite: o dono dos sonhos que voaram em bando, uma revoada de sonhos vários. Hoje, Antônio, Goiânia lhe traz o gesto de gratidão, o diploma da cidadania honorífica, que a Câmara lhe outorga e que, se fosse possível, traria as assinaturas de todos os editados pela sua... ou melhor, a nossa Editora Kelps.


Deus te guarde!

 


* * * * * * * * *

Luiz de Aquino, da Academia Goiana de Letras

 

sexta-feira, agosto 21, 2020

Encontro, talvez

 

Encontro, talvez

Luiz de Aquino

 


                    Olhos entrões, 

                    bisbilhoteiros, esses seus
                    (feito os meus).


                    Buscaram meu olhar
                    (que te esperava) ,
                    acenderam rojões.


                    Tomei-te as mãos,
                    vieram fáceis
                    e ágeis (muito ágeis).


                    Propus silêncio,
                    ganhei afagos;
                    fechei a porta.


                    Apago a luz.
                    Fica em festa o tato,
                    sabor e olfato.


                    Lábios e língua,
                    dedos e pele;

                                e os ouvidos
                                de ouvir delícias!


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Luiz de Aquino, da Academia Goiana de Letras
 

quinta-feira, agosto 20, 2020

Renda em fibra de coco

 


RENDA EM FIBRA DE COCO
(Luiz de Aquino)

 


Evoco palavras, estendo-as no varal das linhas

num caderno imaginário e as prendo

uma a outra, em frases versos de frente

e soslaio, como quem flerta em silêncio.

 

O coco verde, pesado,

bilro de rendeira em sítio nordeste

tilintante e certeiro dispõe as letras linhas

nas paralelas do caderno.

 

Um ponto, um nó; uma trança, vírgula.

Exclamo em sinal de ponto e reta,

indago em curva e ponto, aguardo

respostas de feitos alvos de linha fina.

 

Sorvo a suave seiva do coco,

energizo-me da água fria e doce

e costuro minha renda ao rés do chão

de sua casa de caule e folhas.

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Luiz de Aquino, da Academia Goiana de Letras

quarta-feira, agosto 19, 2020

Árvore de tarde e memória, de L.deA.

Árvore de tarde e memória

 Luiz de Aquino

 

Há um sentir, a começar de um sentimento fugaz
e comum, olhar:
é identidade, afinidade e...
Ah, algo assim como um caminho,
começa e prossegue...

 

            Lembra-me uma tarde,
            calor e muito encanto... Descobri coisas.

 

– Lembra? Havia uma árvore, solene e só,
como esquecida e sem dona, alheia ao tempo
e aos comuns, que não a notam nem quando,
sôfregos e cansados, confortam-se da sombra.

 

Ah, e me conta que está florida! Preciso vê-la;
lembro-me que a fiz presente
do aniversário de logo antes,
Sexta e treze e Santa.

 

Aquela tarde... Inesquecível, ela! Contou-me coisas
novidades... Quais?

 

– Ah!, que sou capaz de antevisões e sentidos e
de me multiplicar dos sonhos,
como aquilo de te amar tantas vezes quanto
as sardas do teu corpo e
sob a luz do teu olhar severo e doce;

 

e de me enfeitiçar de beijos, os teus e
os exóticos que te dei
em "mares nunca dantes navegados"
e de despertar vulcões ainda virgens
da minha curiosidade
e achar-me feliz porque o êxtase se fez

 

            e eu queria mais, e quero mais...

            e te amo demais; e mais; muito mais.

 

Ela chora outra vez; como antes e quando era novo.
Achei que tinha perdido essa mania de chorar
pelas palavras que lhe escolho
e toco.

 

– Chora comigo; quero beber tua lágrima
de mulher e feliz. Quero a música
ritmada do seu soluço feito como marcação
do meu samba emergente,
do meu tango triste e ansioso e
da minha valsa de alegria e esperança;
e tua voz me soará bolero de voltas
e amor romance.


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Luiz de Aquino, da Academia Goiana de Letras.