Árvore de tarde e memória
Luiz de Aquino
Há um sentir, a
começar de um sentimento fugaz
e comum, olhar:
é identidade, afinidade e...
Ah, algo assim como um caminho,
começa e prossegue...
Lembra-me uma tarde,
calor e muito encanto...
Descobri coisas.
– Lembra? Havia uma
árvore, solene e só,
como esquecida e sem dona, alheia ao tempo
e aos comuns, que não a notam nem quando,
sôfregos e cansados, confortam-se da sombra.
Ah, e me conta que
está florida! Preciso vê-la;
lembro-me que a fiz presente
do aniversário de logo antes,
Sexta e treze e Santa.
Aquela tarde...
Inesquecível, ela! Contou-me coisas
novidades... Quais?
– Ah!, que sou capaz
de antevisões e sentidos e
de me multiplicar dos sonhos,
como aquilo de te amar tantas vezes quanto
as sardas do teu corpo e
sob a luz do teu olhar severo e doce;
e de me enfeitiçar
de beijos, os teus e
os exóticos que te dei
em "mares nunca dantes navegados"
e de despertar vulcões ainda virgens
da minha curiosidade
e achar-me feliz porque o êxtase se fez
e eu queria mais, e quero mais...
e te amo demais; e mais; muito mais.
Ela chora outra vez; como antes e quando era
novo.
Achei que tinha perdido essa mania de chorar
pelas palavras que lhe escolho
e toco.
– Chora comigo;
quero beber tua lágrima
de mulher e feliz. Quero a música
ritmada do seu soluço feito como marcação
do meu samba emergente,
do meu tango triste e ansioso e
da minha valsa de alegria e esperança;
e tua voz me soará bolero de voltas
e amor romance.
* * * * * * * * *
Luiz de Aquino, da Academia Goiana de Letras.
5 comentários:
Lindo!
Como sempre seus versos transbordam beleza, poeta. Em tempos tão áridos sua poesia é maná fresco a descer do céu...
Ter um amor assim. Sem lágrimas enfim. Um amigo poeta. Por fim. Admiração!
Luiz, inocentemente olhei para a beleza do Ipê. Parei de olhar, comecei a ler;perdi gostosamente minha inocência. Abraços, meu amigo.
Luiz, inocentemente olhei para a beleza do Ipê. Parei de olhar, comecei a ler;perdi gostosamente minha inocência. Abraços, meu amigo.
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