As flores, em vez de amores
Uma oferta de amor à cidade |
“Entre as prendas com que a natureza
alegrou este mundo onde há tanta tristeza
a beleza das flores realça em primeiro lugar”
(Vinícius de Morais)
alegrou este mundo onde há tanta tristeza
a beleza das flores realça em primeiro lugar”
(Vinícius de Morais)
Os
ipês guardaram as cores, vestiram suas fardas verdes e assim ficarão até as
vésperas das chuvas, ano que vem; agora é a vez de buganvílias, resedás e da
festa flamejante dos flamboyants africanos que dominam as paisagens tropicais
brasileiras como se estivessem em casa.
Nas
ruas de Goiânia, desde os primórdios da primeira década enfeitam-nos os
outubros. Encantaram os olhos de minha saudosa Cilene Andrade, filha dileta da
virtuose pianista-chorona Tia Amélia, que chegou à nova capital de Goiás num
outubro exuberante. O avião estacionava junto à esquina das avenidas Paranaíba e
Tocantins – esta, o caminho do
aeroporto de então ao Palácio das Esmeraldas; e à noite, após uma serenata de
nunca mais se esquecer, com Júlio Alencastro Veiga ao violino, na sacada do
Grande Hotel, olhava a Avenida Goiás rumo ao Palácio, e novamente vislumbrava
aquele caminho de flores como caprichosa alcatifa erguida do solo...
E este amarelo, jovem e belo? |
Sim!
Goiânia, nesta época, engalana-se das flores de fogo; flamboyant é palavra
francesa que quer dizer flamejante. Deliciei-me de documentá-los na Praça do
Sol, oficialmente chamada Joaquim Edson Camargo, mas o populacho não sabe
sequer que esse nome era de um importante maestro e professor (do Liceu), pai
da cantora Eli Camargo. Percorri também trechos de alguns bairros, como Bueno,
Pedro Ludovico, Bela Vista e todo o percurso da Avenida Goiás Norte, desde as
palmeiras do trecho inicial (dividindo Crimeia Leste de Crimeia Oeste) até
deparar-me com as flores alegres no Urias Magalhães, até chegar ao Campus
Samambaia, da Universidade Federal de Goiás, onde a festa das chamas continua.
Pensei
que escreveria um poema. Para quê? A Natureza, agência de notícias do Pai
Criador, dá seu recado em imagens de alegria e escreve poemas em cada pétala,
embelezando este domingo já novembro de nuvens chuvosas.
Essas
flores pós ipês amarelos, rosas, roxos e brancos, que enfeitaram Goiânia em
setembro, tiraram de mim toda a tristeza que me despertou mais cedo num domingo
de não-pensar.
* * *
Um comentário:
Tem razão, Aquino. Os versos de um poema podem ser escritos utilizando apenas estas flores belíssimas que Deus nos presenteou enxergar. Abçs. Marciana Carvalho
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