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Miro |
Feliz
Ano-Novo! – repetimos muitas vezes, milhares! E ao dizê-lo despertamos o
passado que, se foi feliz, há de se repetir com mais intensidade; se foi morno
ou ruim, que sustente o bom que há de vir. E sempre que falo em passado e futuro,
ocorre-me que o presente, sim, é o que importa, mas é tão pequenino o presente!
Surge e passa como paisagens na janela de um trem-bala, ou de um avião ao
decolar.
O
poeta Mário Quintana entendia bem o tempo. É dele um verso isolado que me
acompanha há décadas: “O passado não reconhece seu lugar; está sempre
presente!”. E lembrar Quintana é perambular pelas ruas históricas e boêmias de
Porto Alegre – a região da Rua da Praia, cenário da tradicional Feira do Livro,
onde reina concreto, imóvel e solene o antigo Hotel Majestic, hoje Casa de
Cultura Mário Quintana. Essa região foi também o palco da vivência e
ocorrências de outro poeta, o compositor Lupicínio Rodrigues.
Numa
das Feiras do Livro de Porto Alegre, comprei, a preço miúdo, um livro de
Lupicínio. O título é o mesmo de uma de suas canções – “Foi Assim” – e a
organização da obra, póstuma, é de Lupicínio Rodrigues Filho. Um livro de
crônicas belas, compostas assim: a crônica em si, a letra de uma das canções do
imortal autor de “Se Acaso Você Chegasse” e a frase de despedida: “E até
sábado...”. O jornal era a versão gaúcha de Última Hora, que virou Zero Hora. E
o dia, ficou claro, era o sábado, esperado com ansiedade pelos leitores. A
coluna chamava-se “Roteiro de um Boêmio” e a série começou com “O que é um
boêmio”, seguida, de imediato, de “Boêmio deve casar?”.
Vez
em quando, pinço esse livro na estante e releio um ou dois textos; devolvo-o ao
ninho para, noutra ocasião, repetir o ato e o fato. Esta semana, que começou
com os últimos dias de 2012 para abrir 2013 com cheiro e sabor de futuro,
repeti esta mania; o motivo de agora é reforçado: ganhei, dos meus amigos
Kleber Oliveira Veloso, escritor, e da minha querida colega jornalista e
editora Sueli Raul, um livro muito especial: O Jornalista, o Poeta e o Homem -
Waldomiro Santos.
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Um punhado de poemas, crônicas e outros textos jornalísticos com a chancela de um talento impecável do homem, jornalista e poeta Waldomiro Santos |
Foram
poucos minutos, o do nosso encontro nesse final de 2012! O bastante, porém,
para evocar-me uma emoção forte, como se ali estivesse também o meu colega de
tão curta temporada nos tempos do semanário Cinco de Março e do início do Diário
da Manhã. Imaginei-o ao nosso lado, em silêncio, ostentando um expressivo
sorriso observador – e critico, tenho certeza! –, como era de seu feitio.
Li
o livro, saltando trechos. Os textos de abertura, assinados por Walterli
Guedes, Javier Godinho e Kleber Veloso, seguidos das homenagens de Maria Divina
e Marcos, viúva e filho do enfocado, prenunciam o sentimento que dominará o
leitor até a última palavra – uma emoção indescritível que só se sente em
momentos especiais, como a leitura dos escritos do velho jornalista. Velho? Que
nada, morreu moço!
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Pedro Ludovico, fundador de Goiânia, entrevistado pelo repórter completo, Waldomiro Santos, para o semanário "Cinco de Março". |
Escrevi,
certa vez, e teimo nessa tese: um bom cronista contém um poeta. Waldomiro é
tido, pelos que o conheceram de perto, como o repórter perfeito. Eu diria mais:
um poeta perfeito. E um profissional dedicado ao ofício da notícia, um cidadão
exemplar como peça indispensável em sua sociedade. E um homem próximo demais da
perfeição – como colega, como amigo e, sabemos desde sempre, marido e pai. Um
boêmio perfeito, diria dele Lupicínio – caso o tivesse conhecido.
Esse
livro precisa chegar ao grande público. Goiânia, tão nova e em formação,
precisa formalizar sua História. E essa História não se escreve sem Waldomiro
Santos – que alistou-se rapidamente na reconstrução do DM, em 1987, incluindo-se entre o “punhado de sozinhos” que, com
Batista Custódio, escreveu um pedaço indelével da luta pela liberdade de
expressão nesta terra.
* * *
7 comentários:
Luiz,
sua crônica está uma maravilha....só de lembrar o Waldomiro, meu colega
no Cinco de Março, já valeu a pena....Waldomiro não foi embora....ficou
encantado....
abs,
joãomar
Caro Luiz
Muito obrigada por ter me ensinado sobre gente e coisas de Goiânia que eu desconhecia
Um grande abraço de feliz 2013.
Maria Lindgren
O livro de Lupicínio Rodrigues deve ser ótimo. A dramaticidade das suas músicas, o exagero, o passionalismo levado ao extremo, e ainda explicados os motivos pelo próprio autor, tem de ser muito interessante. Gostaria muito de lê-lo.
Meu querido Luiz,
Bom dia, futuro! que delícia, às vezes um tanto pungente! Lupicínio Rodrigues e Waldomiro Santos, talento,
boemia, poesia, com Mário Quintana por perto.
Lu, gostei muito de sua companhia nesse rasgo de tarde, a chuva caindo doce e refrescante.
Bjs.
Maria Helena
Faz-se necessário, sempre, visitar a memória daqueles que tiveram boa vereda aqui nesta terra e que com seu modo de viver e os exemplos que deixaram, legaram tão rica herança cultural.
Bela homenagem, Poeta.
ficanapaz
Cristiano Deveras
Fiquei muito feliz em ler sua cronica!
Grato pelas suas palavras tão carinhosa sobre o meu Pai!(Waldomiro dos Santos)
Na realidade o nosso projeto original na publicação do Livro foi para doações e distribuição nas bibliotecas.Se algum leitor tiver interesse em realizar uma doação para a biblioteca de sua cidade, por favor envie o seu endereço. Atenciosamente, Marcus Dias
Segue o Link para o Livro em PDF, podendo ler em Aparelhos eReader.(iPad,KOBO,ETC)
https://www.dropbox.com/sh/d8vap6pfltaa3p7/iUFMbghjmb
Fiquei muito feliz em ler sua cronica!
Grato pelas suas palavras tão carinhosa sobre o meu Pai!(Waldomiro dos Santos)
Na realidade o nosso projeto original na publicação do Livro foi para doações e distribuição nas bibliotecas.Se algum leitor tiver interesse em realizar uma doação para a biblioteca de sua cidade, por favor envie o seu endereço. Atenciosamente, Marcus Dias
Segue o Link para o Livro em PDF, podendo ler em Aparelhos eReader.(iPad,KOBO,ETC)
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