Goia e Márcio Veiga, músicos; acadêmicas Alba Dairell e Elizabeth Fleury; L.deA. e Zanilda Freitas.
Manhã
feliz na Aflag
O convite veio da
presidente Maria Elizabeth Fleury Teixeira – eu deveria ir à Academia Feminina
de Letras e Artes de Goiás para um repeteco da minha fala sobre José Sisenando
Jayme, há alguns meses, na Academia Goiana de Letras.
Repeteco? Estou
antigo mesmo... deveria dizer “replay”? Neste ponto estou mais para Ariano
Suassuna do que para os que inventam palavras como “empreendedorismo”.
Estranhei demais o neologismo e deduzi que o nome foi concebido com uma sílaba
a mais – deveria ser “empreenderismo”. Mas, convenhamos, inventa-se muito
nestes tempos, sobretudo na área das “ciências do comércio”, como “acabativa”
(como contraponto de “iniciativa”), “proativo” para quem tem iniciativa e garra
– e por aí vai!
Mas quero contar
de minha ida à AFLAG. A casa, é bastante sabido entre nós, foi criada pela
“proatividade” de três grandes damas do segmento cultural de Goiás, quais sejam:
- Rosarita Fleury
(escritora talentosa, detentora de prêmios de realce, como o Prêmio Júlia Lopes
da Almeida, da Academia Brasileira de Letras, com seu romance “Elos da Mesma
Corrente”);
- Nelly Alves de
Almeida, professora de incontáveis referências e crítica literária de extenso
fôlego, admirada por dez entre dez autores locais e a quem muitos dos mais agraciados
autores goianos tanto devem por sua orientação segura e análise literária
destemida e sábia;
- e a incansável
Ana Braga (única sobrevivente desse admirável trio), hoje na vetusta e premiada
casta dos nonagenários, professora e ativista política, tendo sido uma das duas
pioneiras vereadoras goianienses num tempo em que a presença masculina nesse
meio era ainda muito mais marcante.
Leda Selma, presidente da AGL, Beth Fleury, pesidente da Aflag, e eu. |
Poucos dias antes
da data combinada, liga-me a acadêmica Ana Maria Taveira Miguel e sugere-me
expandir o tema – discorrer não somente sobre o meu mestre (na Universidade
Católica, a hoje PUC de Goiás) José S. Jayme... Gostei da ideia! Escolhi,
então, discorrer sobre os feitos literários de nossa amada terra Goiás, mesmo
sob o risco do inevitável erro pela omissão – e omiti muita gente, por
esquecimento, por ignorância e também pelo tempo exíguo.
A presidente Beth
Fleury, como a chamamos carinhosamente, designou minha querida amiga de
décadas, a poetisa e acadêmica Placidina Lemes de Siqueira para apresentar-me
ao seleto público composto pelas que integram a nobre e aprazível casa de
Rosarita (mãe da atual presidente) e por convidados especiais, dentre estes
alguns membros da AGL (em especial, ao menos um membro das duas casas, a
professora Lena Castelo Branco).
A evidência no
decurso da fala não me intimida, aprendi a exercê-la quando professor e nas
incontáveis vezes (milhares, por certo) nas visitas a escolas para a mesma
prática – falar a professores e estudantes sobre coisas do mundo das letras. E
a coragem para enfrentar a plateia de notáveis escritores e artistas vem das
minhas interrupções nas sessões das academias de que participo.
Falei de José Sisenando
Jayme; discorri brevemente sobre Bernardo e Carmo, finalizei com José J. Veiga.
Foram uns raros, mas limitados, minutos de se exercer saudades. Gosto muito de
praticar essas lembranças, de pensar, sentir e, principalmente, rir (para doer
menos) das coisas que me veem à mente sempre que evoco esses nossos notáveis
vultos, hoje centenários, orientadores do nosso ofício – e incluo também aqui o
inesquecível e sempre mestre Eli Brasiliense.
Foi, para mim, uma
das mais curtas manhãs, aquela de 6 de setembro neste 2016. Gostei tanto que
espero ter cumprido o propósito que norteou a razão do convite. E prometo
empenhar-me para lá estar outras vezes: sempre será muito bom estar entre as
mulheres goianas que fazem versos e artes – as sonoras e as visuais.
*****
Luiz de
Aquino é membro da Academia Goiana de Letras, da Academia Letras e Artes de
Caldas Novas, da Academia Pirenopolina de Letras, Artes e Música e da Academia
Aparecidense de Letras. Foi presidente da União Brasileira de Escritores, Seção
de Goiás.
Um comentário:
Encantada com a sua performance, equilíbrio e lucidez, sem puxar para lado algum, num equilíbrio admirável. Tinha umas semanas que eu não vinha e precisei vir para me iluminar. Foi bom estar aqui.
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