O
que PX Silveira não disse
Li o artigo
intitulado “Raquel Teixeira”, do ativista cultural PX Silveira. Gosto de ver
suas críticas aos procedimentos das autoridades culturais, concordando com
algumas delas e prevenindo-me ante outras. Contudo, nesse texto do último 5 de
setembro ele falhou na apreciação dos feitos da professora Raquel Teixeira,
especialmente no que toca à gestão do segmento cultural para o Estado.
A redução de vinte
e tantas secretarias estaduais para apenas dez, no início do quarto mandato de
Marconi Perillo (2015), foi um imperativo – ele, PX Silveira, bem definiu isso
– ante a crise que já mostrava suas garras e urros em todo o país e resultou no
quadro político dantesco que temos agora.
Sintetizando ao
máximo: estranhei que, ao fim, o articulista bafejasse loas à ex-secretária da
Educação, Cultura e Esporte justo após execrá-la como má gestora de Cultura –
mas conclui admitindo que Raquel Teixeira terá seu voto nas eleições de outubro
próximo e, caso seja da intenção dela, numa futura eleição para a Prefeitura de
Goiânia.
Bem: ignorando o
contraditório, e atento às críticas de PX à Lei Goyazes (não gosto desse nome,
acho estranho esse plural e a grafia) e ao Fundo de Arte e Cultura, fui atrás.
Corri ao Centro de Cultura Marieta Teles Machado e conversei com Sacha Eduardo
Witkowski Ribeiro de Mello, o gestor do Fundo (não consegui falar com Vera
Quixabeira, a atual gestora do programa de incentivo Lei Goyazes; ela estava em
missão fora do prédio).
Deixo, então,
informes sobre a lei de incentivo à cultura e destaco, aqui, o que colhi do
competente Sacha. Não foi difícil nem demorado saber da realidade do FAC: ele é
o “principal mecanismo de fomento e difusão da produção cultural do Estado”, o que
permitiu um grande avanço na política cultural goiana, tornando-a mais
democrática e plural.
O primeiro edital
de fomento do Fundo Cultural ocorreu em 2013. De lá para cá foram 64 editais
lançados, com 1.310 projetos aprovados, num montante de 108 milhões, 890 mil
reais, atingindo mais de 100 municípios.
Vejamos o quadro
das realizações antes que a Cultura passasse para a tutela da SEDUCE e os
feitos sob a gestão de Raquel Teixeira:
Antes - 53 municípios
atingidos; hoje - 108 municípios. Antes: 11 editais específicos; hoje: 22 editais
específicos. Antes: pouco acesso da população; hoje: vários canais de
atendimento e propagação (site próprio do FAC, reuniões sistemáticas e cinco
e-mails para atendimento aos interessados, com média de 2.500 e-mails por mês).
Antes: inscrição de projetos no módulo físico (papel); hoje: inscrição
totalmente on-line, inclusive a prestação de contas.
Existe
financiamento para toda a cadeia produtiva, desde o jovem artista inédito (edital
de Novos Artistas) até o edital de Grandes Obras (Artistas Consagrados). Nos
últimos dois anos, o FAC financia espaços culturais do interior e da capital:
Moda, Gastronomia, Temática LGBT, Matriz Africana e vários outros. E somos o
terceiro estado a ter Edital de Juventude.
E vem, então, o
que o amigo PX Silveira cita como problema: o repasse é feito pela Secretaria
da Fazenda, o que implica atrasos, conforme o fluxo financeiro. Mas, disse-me
Sacha, “temos um olhar apurado para diminuir este impacto, e a SEDUCE determinou
estudos junto à SEFAZ para propor um repasse nos moldes da Lei Goyazes – um
fluxo mensal da verba que racionaliza a cobertura financeira”.
Sacha é artista da
dança, produtor cultural e gestor. Formado em dança pela UFG, tem 20 anos de
carreira na área. Iniciou na gestão cultural e pública no Colegiado Nacional da
Dança e no Conselho Estadual de Cultura (GO). Ele conta: “Gestionei vários
projetos e palestras sobre gestão cultural. Tenho amplo trânsito no setor
cultural, tudo por causa da minha atuação no Conselho Estadual de Cultura”.
Em 2015, o
interior do Estado participava em pouco mais de 20% de todo o recurso. Hoje,
essa faixa é de 45% dos recursos do FAC, por determinação do governador Marconi
na época e efetivado na gestão atual. O FAC é um dos quatro maiores fundos de
cultura do país.
Gostei do artigo
de PX e gostei ainda mais de estar com Sacha. Obtive esses esclarecimentos e,
sem dúvida alguma, posso assegurar que o maior mérito de Raquel Teixeira o PX
não citou – a competência em montar sua equipe. Constato isso com a ação de
Sacha no FAC e com a nomeação recente de PX Silveira para a Superintendência
Executiva de Cultura – da qual ele renunciou em função da designação de seu
irmão, o competente e sempre bem realizado Flávio Peixoto, para titular da
SEDUCE.
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Luiz de Aquino é escritor, membro da Academia Goiana de
Letras.
4 comentários:
Oi luiz, obrigado!
Não sou ninguém gabaritado para tecer crítica a artigo escrito por vc, que é um mestre.
Humildemente digo, em primeira vista, fiquei atento a parte em que escreve sobre minha participação no FAC, mas depois percebi a intenção, a de justificar a excelente gestão da professora Raquel. Outra vista é, foi muito boa a interação de criticar a postura nos escritos do PX com elogios da intenção do primeiro artigo dele.Contraponto maravilhoso. Penso que a professora ficará muito feliz e agradecida. Eu, fiquei lisonjeado com seu artigo e com a confiança dela em meu trabalho. Obrigado!
Que rica fonte de informação para os goianos, meu querido!Mais uma vez, parabéns!
Ainda que não conheça os personagens, gostei das ações e análises, e, especialmente do seu estilo em contar. Um bom acréscimo, com certeza.
Ainda que não conheça os personagens, gostei das ações e análises, e, especialmente do seu estilo em contar. Um bom acréscimo, com certeza.
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