L.de.A, 1987. Retrato pelo saudoso Roos. |
Consolo
(das lágrimas)
Sem
que me esforce por isto
e sem querer que aconteça,
o pranto me sobe aos olhos
deixando conforto no poço do peito.
Arranco com os olhos
a mágoa e o medo,
a dor e o enfado
que crescem depressa
como os vergéis
sob as águas de setembro.
Estas
lágrimas
temperam-me a voz e jogam pra fora
o gosto amargoso de tantos fracassos.
Estas lágrimas
passeiam na pele como o resquício
das sensações que me assustam.
Decerto me fazem
menos tristonho,
aliviam tensões.
Sem
que me esforce por isto
às vezes choro à mera menção
de uma frase
ou ao gesto de afeto —
que toca os cabelos e amacia-me os sonhos.
Vem
daí uma paz e,
sem que eu queira,
nascem de novo
as lágrimas de sempre,
quando me sinto bem,
porque te sei próxima
e tão invadida
de mim.
Luiz de Aquino, poeta, da Academia Goiana de Letras.
9 comentários:
.........porque te sei próxima e tão invadida de mim .....
Que amor mais lindo! Gratificante!
O que a memória ama, fica eterno (roubei) parabéns, lindo poema!! 😘
Coisa linda isso de, o pranto deixar conforto no poço do peito! Belo poema, como sempre, grande Poeta.
Lindo🌷 e triste... será que seu consolo vem do latim con (junto) solari (reconfortar) ou do sentimento Con (junto) solo (sozinho)??
Sua alma está estampada nesse poema.
De onde surge tanta sensibilidade descrita em palavras tão profundas, que nos tocam e sensibilizam? Luiz, Poeta e homem maravilhoso! Orgulho ser sua amiga. Fantástico esse dom, essa fonte inesgotável de poesia, lucidez própria de seres muito especiais!
Belo, sentido, doído, real.
Primeiramente saúdo o retrato feito pelo eterno amigo Roos. O seu poema é feito com afeto puro que sai das profundezas do peito para escorrer pelas faces. Assim ,tão assim a tua sensibilidade, poeta! Parabéns!
Deus te abrilhantou com esse dom maravilhoso ❤️
É a sensibilidade do poeta à flor da pele; as lágrimas que correm por dentro são mais fortes e doem mais. Parabéns, caro poeta!
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