Capa e ilustrações de Pollyanna Duarte (Goiânia, 2005) |
Figuras frutas
A polpa que apalpo (dura), por fora,
é carne e gordura a dar forma às nádegas −
ancas sobre as andas
andadeiras pernas sensuais −
guardiãs dos mistérios anais
das tardes, noites, manhãs de amor inteiro.
Navego teu corpo, tal menino de antes
a correr pomares à cata de frutas;
hoje, caço putas inocentes;
mulheres morenas,
negras ou claras, virtuosas. Transmudam-se
nas alcovas, nos parques, no milharal...
(Houve o elevador,
o avião noturno, o último banco
no ônibus quase vazio;
e o sacrilégio na sacristia
em tarde morna, o padre sonolento
a dormitar a sesta).
Pomares de adolescência, a corrida
atrás de Irene alva e rósea.
A pele tenra
feito casca de manga madura, a manga rosa
dada em paga antecipada
do amor infante.
Alcança. E toca. E tomba.
Cai a moça jovem, quinze anos feitos.
Peito arfante, cheio, túmido;
e os mamilos eriçados, túrgidos,
salientes sob o pano claro
do vestido pobre.
Férias de fim de ano, quase Natal;
menino ginasial, o dia à toa, menina-moça
com tesão e charme. Os pés, as frutas,
artelhos como jabuticabas cheias,
peitos como sapotis, densos.
As uvas figurativas de seus mamilos tenros.
Luiz de Aquino, escritor de verso e prosa.
14 comentários:
Eu li este livro inteiro. Puro deleite.
Bonito seu livro! Com belas ilustrações e a cada página um canto de amor e erotismo que prende o leitor do primeiro ao último poema.
Nonato Coelho disse...
Esse poema "herético" é quase um delito, mas é uma delícia! 🤣🤣🤣🤣
Carmem Gomes disse...
Poeta você é um craque nesse gênero de poema. Na verdade, não tem igual para endeusar qualquer imagem de mulher! Parabéns!
Miguel Jorge disse...
Puxa! Quanto erotismo nesse poema que busca as recordações de infância, flores e frutos e o verdume dos campos ornamentam as palavras que dão forma a poesia.
Geraldo Coelho Vaz disse...
Parabéns, Luiz, pelos poemas eróticos. Muito bem trabalhados, criativos e fogem do lugar comum.
Nasr Chaul disse...
Eros e Aquino, menino levado da breca. Gostei.
Itaney Campos disse...
E põe erótico nisso, moço! Que adolescente trânsfuga! 🤗🤗
Bão demais!!!
Quem não se sensualizou assim,que atire a primeira fruta. E que negue as fantasias da adolescência sem vincuula-las aos pecados de sempre.
Antônio Caldas disse...
Que lindo, Luiz, um erotismo calmo, não sendo mera apelação sexual, mas acatamento poético da sexualidade, de seu afloramento, dos arroubos da juventude. Seu poema exprime muito bem a pulsão prazerosa e prenhe de vida, o gozo advindo do encontro dos corpos e o estado das almas nesses momentos de êxtases, de explosão do ser que parece fundir-se ao todo, ao próprio universo.
Gostei, adorei, me deu tesão. Quanto mais leio e degusto seus poemas lindos e densos como os mamilos da moça, mais o admiro.
Parabéns!
Lindo!
Maria Helena Chein disse...
Do menino e as frutas dos quintais ao adolescente cheio de doçuras e êxtases, este poema é um mergulho irresistível na sedução e seus pertences.
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