Rua Direita |
Oração
madrigal
Rua do Rosário |
Ladeira calçada de pedra:
Rosário, Bonfim, Aurora -
ruas
distantes na infância,
seculares sob rodas
de carros de bois, cantantes, sofridas.
Agora, o macio das rodas
pneumáticas
sugere saudade.
Um bobo das ruas sorri
e me faz triste: ele é feliz
e me incomoda.
Na Rua do Rosário, escrevo um poema.
Bonfim me leva rua acima,
é procissão de Alvorada.
Fiéis descem a Aurora
e Aurora, a moça, joga-me um beijo
desde a janela.
Rua Aurora |
Cachoeira no Rio das Almas, Pirenópolis. |
* * * * * *
14 comentários:
Lindo poema...❤️❤️❤️
Um bobo da rua sorri..Isso me faz triste...Ele é feliz e me incomoda.. Lindo isso.❤️
Esse poema me leva à Rua Aurora, a minha infância na minha Pirenópolis querida!
Lindo poema meu pai!
Élia de Aquino Ala
Miguel Jorge disse...
Beleza de visão poética de Pirenópolis em paisagem panorâmica, tudo se casando perfeitamente com os sentimentos do poeta. Parabéns, Luiz!
Sandra Queiroz disse...
Luiz, quando leio poesia (diferentemente de quando leio prosa), minha primeira reação é imediata, é quase uma facada no peito. A sensação do gostar intenso eu sinto neste momento, meio que irracional. Assim como o oposto, ou, mesmo, assim como a indiferença. O espírito crítico só opera depois. Minha pós-graduação em crítica literária/teoria da literatura é um outro departamento, mais técnico, mais racional, mas não menos prazeroso. É óbvio que um interfere no outro, mas são momentos diferentes. Um é o impacto do sabor; o outro é o degustar.
Já li muitas poesias suas (desde que ganhei seu livro, abro-o aleatoriamente com regularidade) para afirmar, com ambas as convicções, a da surpresa e a da análise, que você é um GRANDE POETA. Amo sua poesia e isto é tudo. Abraço, amigo.
Pirenópolis das pedras. Foi do ouro. Das festas religiosas e profanas. Das ruas direitas e tortas. Das madrigais, saraus e serestas. Das almas do rio, dos vivos, dos mortos. Auroras, galos, badaladas, entardeceres. Das ladeiras, picos, cachoeiras, vales, encostas. Pirenópolis dos doces, do charque, rapadura, paçoca. Dos engenhos, boiadas, tropeiros, carreiros, carroças. Terra de gente festeira, de gente receptiva. Ora algazarra, ora silêncio. Hoje, como bem expressou nosso nobre poeta Luiz de Aquino, "o macio das rodas pneumáticas sugere saudade". Saudades de um tempo e de um espírito que ainda vivem nos filhos deste arraial, vila, outrora sonhada cidade de agora. E o sonho foi futuro. E o presente é saudade.
Bravo! Bravíssimo! Conseguiu o poeta nos mostrar a alma pirenopolina.
Poeta você é imagem e emoção.
Carmem Gomes disse...
Também sou uma das amantes de Pirenópolis. Vivi por lá quatro anos, fazendo a Faculdade de História. As ladeiras calçadas de pedras das ruas do Rosário, Bonfim e Aurora calçaram também o meu peito. Mas a minha predileta era o anoitecer na Rua do Lazer. Daí, amei o seu poema quando diz:
-O meu coração ora em silêncio. E o Rio murmura "amém"!
Prof. Cosme Juares disse...
Poema dinãmico e com presença de antíteses.
👏👏👏👏👏
Sua poesia me encanta e sempre me surpreende pela beleza da construção dos seus versos. É gratificante ler um poeta como você. Parabéns! Pirenopolis deveria te reverenciar a cada homenagem recebida pela sua poesia.
Estas saudades loucas nos maltratam, mas a doçura do seu poema transforma dor em deleite.
Piri por si só é letra e música. Nós versos de Luiz Aquino transcende: vira magia.
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