Centro Cultural Oscar Niemeyer, Goiânia. |
Menosprezo,
descaso ou deboche!
Excelente
o comentário, ontem, da jornalista Cileide Alves na tarde de ontem, na CBN,
sobre o anúncio feito pelo governador Ronaldo Caiado de transferir a TBC de sua
sede para o Centro Cultural Oscar Niemeyer. Ela faz duas perguntas (e já as
responde): “Que plano tem o governador para a TBC e a Rádio? Que plano tem o
governador para a Cultura? Pelo visto – disse ela – Caiado vê o CCON e a
cultura como que numa tabela de Excel, ou seja, a visão de um tecnocrata que só
enxerga números; tomar do complexo RBC - TBC a sua sede histórica, a edificação
feita para aquele próprio fim para ali sediar a Secretaria da Saúde é algo
inexplicável.
Havemos
de concordar: Caiado não tem nem teve, até agora, plano algum para a Cultura
nem para o complexo de comunicação do Estado, o que, para ele, é uma ferramenta
de autopromoção, apenas. A TBC não é para isso, muito menos apenas para isso;
ela tem um papel social que sempre foi muito bem exercido, desde os tempos de
sua criação dentro do antigo CERNE – Complexo das Empresas de Radiodifusão e
Notícias do Estado. O propósito não pode ser outro senão inviabilizar esse
equipamento para as futuras gestões.
Também
para a Cultura, Caiado não mostrou, em momento algum, um plano de governo.
Aliás, nesse mesmo comentário a jornalista demonstrou que o único ser político,
além dele próprio, que tem força em seu governo é sua mulher, Gracinha Caiado,
que tem força (não por ter votos, é digno de nota) em áreas como a Educação e a
Cultura, indicando nomes e controlando o andamento dessas pastas a seu prazer –
mas nenhum deputado, estadual ou federal, como nenhum senador, nem mesmo o
vice-governador (e como ocorreu com o vice de seu primeiro mandato) tem peso
político no governo de Ronaldo Caiado – somente a primeira-dama.
E
mais (agora, da minha panorâmica): Caiado recriou a SECULT, mas não deu à pasta
a dignidade de que se carece; nomeou um escritor, então presidente da UBE de
Goiás, mas substituiu Edival Lourenço sem qualquer marca de respeito à pessoa
do secretário, ao que ele representa para o nosso segmento, sem respeito a
qualquer das áreas de cultura e artes, designando interinamente um
secretário alheio aos nossos temas e, em seguida, também de caráter interino,
designou o secretário da Retomada Econômica para o posto (secretário esse
também da 'caixinha' da primeira-dama).
O
CCON já esteve na mira de Maguito Vilela, que o teria transformado em sede para
as pastas de interesse do agronegócio, caso tivesse vencido a eleição para o
governo; a Cultura o retomou e, sob a superintendência de Nasr Chaul, vimos a
ocupação gradual de todo o espaço para atividade de cultura. Faltou suprir os
andares destinados a Bibliotecas. O projeto original teria os nomes de Bernardo
Élis e José J. Veiga; mas Marconi, na emoção da morte de Isanulfo Cordeiro,
determinou o nome do jornalista para "a Biblioteca” do CCON – o que,
parece-me, não ocorreu porque não se constituiu "essa uma" Biblioteca
(pelo visto, os dois mais amados contistas da história de Goiás foram
desbancados por uma canetada autocrática do ex-governador, idealizador e
construtor do Centro).
A antiga sede do Legislativo de Goiás: por lei, destina-se a abrigar entidades de cultura e artes, mas o governador quer agradar o TCM para ceder vaga a um correligionário... |
Depois,
Caiado estimulou o propositura de um gaúcho, político paraquedista que presidiu
a Assembleia, desrespeitando a Lei que destinava o antigo Palácio Alfredo
Nasser para o segmento cultural do Estado, mudando sua destinação para que a antiga sede viesse a servir o
Tribunal de Contas dos Municípios. Não agimos com a força que o caso requer e
estamos pagando caro: agora, ele nos toma o Oscar Niemeyer para ali instalar a
TBC, em total desrespeito para com a televisão estatal e mais uma agressão ao
segmento cultural.
Quisera
eu ter apenas vinte anos menos: eu poderia ser preso, ter meu carro sabotado,
ser "vítima de um assalto" para levar uns sopapos ou facadas, uns
tiros para me tirar de circulação por dias ou ainda me eliminar – mas eu não
deixaria barato essas arbitrariedades de "sua excelência" (desprovido
de qualquer coisa parecida com excelência; ele está mais para
"majestade", considerando ser esse o tratamento para os déspotas
alheios ao ambiente democrático).
Luiz
de Aquino, escritor, membro da AGL e do IHGG, do ICEBE e da UBE.
2 comentários:
No que este país se transformou, não se tem mais respeito pela cultura, pelo patrimônio histórico, cultural.
Kesia Leonardo
Aidenor Aires:
Você falou tudo. É o que todos sentimos. Mas vivemos num país de moucos.
Aqui, então, nem se fala. Parabéns, bravo texto. Vou compartilhar.
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