Páginas

quarta-feira, setembro 27, 2023

As águas e a Região Metropolitana de Goiânia

 





O confrade Ademir Hamu postou, no grupo da Academia Goiana de Letras, o seguinte texto:

 


O cerrado em Goiânia, já em deterioração pela ação humana.


 Região Metropolitana de Goiânia:

só restam 18,66% de Cerrado.

 

O Censo demográfico de 2022, realizado pelo IBGE, aponta que a área urbana da Grande Goiânia (dez municípios), foi a de maior crescimento populacional, entre os anos de 2010 e 2022, em todo o território nacional.

A Região Metropolitana de Goiânia (RMG) é banhada pelas bacias hidrográficas dos Rio dos Bois, Corumbá e Meia Ponte, que integram a grande bacia do Rio Paraná.

A bacia do Rio Meia Ponte se destaca, no contexto da Grande Goiânia, em função de abarcar 65,49% do total da área da RMG e por conter a maior parte do processo de captação de água para abastecimento urbano da região.

No ano de 2017, a bacia do Meia Ponte integrou a lista das vinte regiões hidrográficas brasileiras com maior quantidade de área irrigada, com 179 pivôs centrais em uma área de 10.035 hectares. 

Estação Cora Coralina, de captação, em época das águas...

Segundo a Agência Nacional de Águas (ANA), a irrigação representou 49,8% do total de consumo de água no país, seguida pelo consumo humano (24,3%) e atividade industrial (9,7%).

Nos municípios que compõem a RMG, predomina a agropecuária como atividade de maior ocupação de terras (72 38%), a exceção de Goiânia e Aparecida de Goiânia, que tem, majoritariamente, suas terras ocupadas com manchas urbanas.

O município de Abadia de Goiás, entre 1985 e 2020, quintuplicou sua área urbana, passando de 95 hectares para 592 hectares.

Aparecida de Goiânia, no mesmo período, duplicou sua área urbana (de 6.501 para 13. 923 hectares). A totalidade de áreas urbanizadas é de 9% na RMG, tendo as Paisagens Naturais ocupando apenas 18,66% da área total. 

... e a mesma estação, quando da estiagem.

Observando o Valor Agregado por Preços Básicos (VAB), conclui-se que o setor de serviços e a administração pública são os mais importantes componentes da estrutura do PIB dos municípios que compõem a RMG.

A agropecuária, resultante da retirada da vegetação nativa do Cerrado, apesar de ocupar a maior parte da área (72,38%), tem baixo valor agregado e elevadíssimos custos sociais e ambientais.

Repensar o uso do solo na Região Metropolitana de Goiânia, é uma necessidade imperiosa.

Texto: Águas do Cerrado (GWATÁ- UEG)
Fonte: BARBOSA. O.M; SOUZA, J.C; MARTINS. P.T.A. Análises Ambientais do Cerrado. Anápolis, editora Universidade Estadual de Goiás. 2023.

 

* * *


Para soja ou cana, essa solitária árvore também desaparecerá.


Respondi assim:

A cada novo censo, as revelações são bombásticas! A massa (a que chamamos de opinião pública) é iludida pela inconsequência da mídia que noticia sem provocar o senso crítico - e a opinião pública festeja a explosão demográfica, os números do PIB (Produto Interno Bruto), a expansão das áreas urbanas, os arranha-céus, a impermeabilização do solo, o desaparecimento do cerrado (que a arrasadora maioria entende ser uma "paisagem feia") e festeja o sorriso artificial do governante que comemora "o fim da violência" (hem?), as mudanças dos nomes das unidades de saúde (sem acrescentar melhorias às já existentes), regozija-se com os números da Educação (percentuais fictícios com base em resultados de vestibulares) sem considerar a qualidade que resulta em elevação vergonhosa da faixa que se inclui, dentre os diplomados, como "analfabetos funcionais" (isso começa com o não conhecimento do uso da pontuação, somado às falhas na aplicação de regência, concordância e flexão de verbos).

Em suma: não basta trocarmos os governantes; isso só se conserta se trocarmos a população - fenômeno possível de se aplicar, mas depende exclusivamente do aprimoramento no ensino da língua e disciplinas acessórias (filosofia e sociologia, sobretudo), de modo a dispormos de um senso crítico que estimule o povo a raciocinar alguns degraus acima das cores das camisas dos times de futebol e também acima de dogmas ideológicos.

Infelizmente, nossa gente ainda tem medo de comunismo e – pasmem!  de ateísmo; se bem observarem encontrarão os melhores exemplos de comportamentos cristão entre os que se dizem ateus, e não entre os que se carimbam de cristãos e evocam critérios do Gênesis, do Êxodo e outras antiquarias quase que desnecessárias.

E para o futuro em seu todo: as ações governamentais escolhem não ouvir a ciência. Estamos matando nossos rios.

 

* * *

Luiz de Aquino, membro da
União Brasileira de Escritores
de Goiás e da Academia
Goiana de Letras.


 

Nenhum comentário: