Mulher
– ícone da espécie!
Agosto de seca e
ventos, redemoinhos tubos avermelhados ocre terracota do chão ao céu, razão de
susto, medo e beleza. Menos maléficos que as queimadas que dizimam o cerrado,
atingem as matas e só agradam aos que, sem escrúpulos, almejam lucros de
exportação de soja cana et cetera e
tal, transformando o cenário, empobrecendo a natureza com a erradicação
biológica de plantas e animais e, pior que tudo o mais, minguando as nascentes
neste Planalto Central das Águas Emendadas...
É isso, meu amigo
Altair Sales Barbosa! “A força da grana que ergue e destrói coisas belas”
extrapolou a metrópole que encantou Caetano Veloso. Os ventos do Sul trouxeram
os excedentes da extinção das matas das serras sulinas e fez das araucárias
imagens de saudade em folhinhas e cartões postais – coisas também extintas pelo
advento temerário da tal tê-í, ou seja, a tecnologia da informação, produto
imediato da cibernética portátil e popularizada, como o automóvel popular, o
celular e a falta de educação.
Manhã de sábado,
um médico dá entrevista a um programa matinal na Globo. No patamar dos
setent’anos, envergonho-me ao ver um médico – antes, profissionais
privilegiados pela detenção de admirável bagagem cultural – expressar-se com
dificuldade, sem compreender as funções das preposições e conjunções em seus
devidos lugares.
E por falar em
médicos, que beleza esse time feminino de futebol que – agora, sim – enverga
com dignidade o manto canarinho do que aprendemos a chamar de “a nossa
Seleção”! Os rapazes, encantados e seduzidos, contaminados mesmo, pelos
salários astronômicos e a fama nas mídias, restituíram-se sem escrúpulos. Mas a
equipe de Marta fez valer um valor esquecido nos meios esportivos em que a
pecúnia vale mais que o propósito definido em estatutos – a dignidade pessoal,
o respeito à nação torcedora e o compromisso com os símbolos desta nação.
Marta, cinco vezes a Melhor do Mundo. O que ela faz não é trabalho? |
A vitória nos
pênaltis, no comecinho da madrugada deste sábado, foi emocionante! Algo que a
rapaziada da CBF perdeu há anos, mas que as meninas da mesma Confederação
Brasileira de Futebol assumiram, tal como vemos, com naturalidade, as mães
assumirem papel de mãe-e-pai ante a fuga dos machos covardes que não sabem ser
responsáveis.
E vem aquele outro
médico (foi desse que me lembrei) dizer que os homens trabalham mais que as
mulheres. Fico por entender esses profissionais, que se creem semideuses, a
proferir tanta idiotice sem lastro de informações indispensáveis! Sou de um
tempo em que um cidadão era chamado para ser ministro por deter condições
sociais (políticas ou classistas) adequadas e conhecimentos específicos e
gerais que os tornassem aptos. Hoje, a coisa advém de trocas mesquinhas e
inconfessáveis – como isso (os da imprensa sabem sempre...) de se nomear
agiotas com poderes suprapartidários, alguns com condições “morais” sobre o chefe
a ponto tal de “responder” por todo o governo – como uma espécie de
primeiro-ministro informal.
O ministro da Saúde não sabe o que faz uma mulher com esses brinquedinhos... |
Esse doutor
Ministro da Saúde deve ter sido criado e forjado numa estrutura de mãe, avós,
tias e irmãs dondocas de pouca utilidade num contexto social – até mesmo no
núcleo familiar. Deve ser dos que acreditam que as empregadas domésticas que
conheceu não passam de fêmeas animais – ensinamentos que os oligarcas
transmitem aos filhos como aprendizados de avoengos escravistas, escravagistas.
Deve ser dos tais
que perguntam a alguém:
– Mas você só
leciona? Não trabalha?
Sim, porque
profissionais desse naipe adoram ser chamados de “professores”, mas não
reconhecem o mestre-escola como peça fundamental de seu crescimento – afinal,
ele é semideus!
Madre Tereza de Calcutá, que Deus nos cedeu por 87 anos. Ela nunca trabalhou, também? |
E este escriba,
pai e muitas vezes avô por via de meus filhos e sobrinhos, vale-se deste Dia
dos Pais para homenagear a mulher atleta, a mulher mãe, a mulher trabalhadora,
dona de casa, matriarca, namorada, parceira no lar e na sociedade, bem como as
incontáveis e sempre incompreendidas amantes!
Viva a Mulher!
Abaixo os conceitos irracionais!
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Luiz de
Aquino é jornalista e escritor, membro da Academia Goiana de Letras.
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