Questão
de dignidade
Não sei se os meus
poucos, mas valorosos, leitores de poemas e crônicas – especialmente os das
crônicas – notaram, mas eu evito abordar temas sobre as datas festivas. É que,
ao fazê-lo, sempre corremos o risco de cometer erros bobinhos ou, pior ainda,
gafes (que nós, brasileiros, preferimos chamar de “ratas”), como o fez o
soleníssimo presidente desta malfadada República, o advogado e autor de obras
jurídicas Michel Temer.
Temer, contudo, é
muito mais conhecido como político. E como é da moda atual, ele é muito mais
hábil no jogo político do que com conceitos e palavras, motivo que faz dele o
gafeiro-mor (ou rateiro-mor) desta triste República de Floriano.
Parêntese: o
Segundo Império ia muito bem, obrigado, e o Terceiro Império, que teria como
monarca a já testada e aprovada Princesa Isabel, já estava delineado. Contudo,
alguns oficiais do Exército, aborrecidos com o butim da Guerra do Paraguai
(dizem que menor do que sua esperança), liderados pelo machão truculento
Floriano Peixoto engendrou essa República, que Deodoro, removido quase que à
força do leito em que se prostrava doente, proclamou sem querer. Resultado:
este festival de malfeitos desde 1889, que instituiu o pistolão e a corrupção.
E o “marechal de ferro”, nosso primeiro ditador, impôs seu nome para a capital
do Estado de Santa Catarina – e a história vingou-se dele, apelidando “sua”
cidade, Florianópolis, de “Floripa”. Bem sugestivo. Fecho parêntese.
Esse presidente –
que o PT jura ter escolhido “apenas” como vice, não para que assumisse a
Presidência em qualquer hipótese – empenha-se em consolidar um pacote de
malvadezas, no qual se insere a reforma da Previdência (a ponto de causar uma
relação de quase escravidão, sob a falácia de um rombo financeiro fortemente
questionado), o que se atrela a uma reforma da legislação trabalhista também voltada
para instituir o trabalho análogo ao escravo.
Se alguém, fora do
circuito de banqueiros e economistas liderados pelo tristemente goiano Henrique
Meireles, acredita que isso vem com “boas intenções”, certamente não ouviu
alguns conceitos sociais do presidente Temer, quando discursou no Dia
Internacional da Mulher. Sua fala beirou o ridículo e encaixou-se na pista
contrária das conquistas de direitos não só das mulheres – maioria na nossa
população, mas tratada, por Temer e seus similares, como minoria simplesmente
útil para criar “os filhos dos homens” e saber os preços nos supermercados.
Imagino como
discursará o presidente em eventos sobre os pretos e mulatos, sobre os índios e
os ciganos, os homossexuais e os artistas – levas humanas que, somadas,
ultrapassam a expectativa desses políticos falsos e cheios de farsas.
Aprendamos a votar, e substituiremos esses facínoras por gente da nossa
espécie, das quais cobraremos, sim, a honestidade que falta a eles e nem por
isso se envergonham!
No último dia 8 de
março, quarta-feira, prestei minha homenagem à mulher da minha terra, do meu
país e de qualquer origem com dois poemas da minha lavra – sem bajulação piegas
nem canto ideológico-partidário, porque não acredito em nada disso. Acredito,
sim, na mulher que aprendi a amar em minha mãe, avó e tias, irmãs e vizinhas e
que, no desabrochar da adolescência, na mulher digna do meu afeto voltado para
o futuro da espécie.
Essa mulher que
conheço, que idealizo, que respeito e, acima de tudo, eu amo, ela não é a
recatada-e-do-lar que “educa meus filhos”, não. Ela é a parceira para educar
comigo, para compartilhar comigo, gastar comigo e aceitar meu carinho, dando-me
em troca os mesmos sentimentos de respeito, de amor e atenção. Mas a exaltação,
esta sou eu quem lhe dá, na humildade do homem “dependente e carente”, como
cantou Erasmo.
Mas, parece-me,
Temer e seus asseclas não gostam de mulher.
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Luiz de
Aquino é jornalista e escritor, membro da Academia Goiana de Letras.
3 comentários:
O atual ocupante da Presidência da República é fruto da união espúria de duas "agremiações" políticas, que pela própria natureza jamais mereceu credibilidade. Exposição às situações ridículas nos tem envergonhado há, pelo menos, duas décadas. Não consigo vislumbrar, a curto prazo, solução. Sem Educação jamais alcançaremos "ORDEM E PROGRESSO", objetivo que, se perseguido pelos jovens, nos devolverá o respeito na comunidade internacional. Desculpe-me pela agressividade, mas política não é para idiotas!
Michel Temer ė apenas um meteoro, fugaz e passageiro, acionado na tentativa de mascarar, e não de desmascarar, a tremenda desmoralização instituída pelo PT em nossas instituições. Não podemos esperar grandes coisas dele. Aliás, querem esquecer que ele sempre esteve junto e ao lado dos que promoveram essa deslealdade com o país.
Por conta da desmoralização das nossas instituições, estamos sendo rondados pela desonra!
Não podemos mais ficar å mercê das "malvadezas ", da incompetência e corrupção. Vida longa å Lava a Jato. Precisamos de vida própria, dignidade. Assim pagaremos os nossos impostos com alegria.
Quanto aos políticos não gostarem de mulher, não sei!
Aplaudo de pé seu protesto contra a reforma da previdência. Pensamento coerente, bem informado e rebelde. Temos de nos rebelar já e não aceitar essa imoralidade. Quanto às mulheres, melhor não me arriscar, pois a raiva é maior do que a racionalidade.
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