Uma festa de
prazer e justiça – a sessão da Academia Goiana de Letras em homenagem ao poeta
e crítico literário Gilberto Mendonça Teles, filho de Bela Vista de Goiás (sim,
não é só Geraldinho, o contador de causo, que abrilhanta a pequenina urbe nas
cercanias de Goiânia), estudante e mestre em Goiás e referência de destaque
internacional, com moradia no Rio de Janeiro, a eterna Belacap.
O mais destacado
dentre os intelectuais goianos vivos está no Rio de Janeiro há mais de 40 anos,
expulso deste Planalto Central por força das perseguições do sistema de
repressão da ditadura, acionado – sem dúvida – por falsos amigos, colegas
invejosos.
O mal que lhe quiseram fazer transmudou-se em benefícios imensuráveis. E aquele moço que, em 1961, empossou-se imortal na árcade goiana, é hoje o nosso decano. Para homenageá-lo, reunimo-nos (seus confrades e amigos), com uma expressiva participação de amigos literatos e mestres das letras.
Gostei particularmente da manifestação da poetisa Beth Abreu, editora, há alguns anos, da Oficina Literária que se dá todos os domingos, com poemas e ilustrações por notáveis artistas. Membro da Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás (Aflag), Beth Abreu lembrou que GMT é, também, por escolha daquela confraria feminina, o Príncipe dos Poetas goianos – e, nesse momento, a presidente Leda Selma, da Academia Goiana Letras, reagiu com inefável felicidade:
– E as princesas?
Isso disparou na
minha pobre imaginação uma fila bela e expressiva, puxada pela primeiríssima
poetisa goiana, a caldas-novense Leodegária de Jesus, pouco lembrada por tantos
do meio das letras e ignorada pela mídia, bem como pelas escolas.
Findo o ato
solene, puxei de lado a querida confreira Beth Abreu e lhe sugeri, com um monte
de palpites mais, que se institua uma premiação às poetisas goianas com o nome
da autora de Coroa de Lírios (1906) e Orquídeas (1928). Afinal, esses dois
livros da lavra de Leodegária são os primeiros na hoje imensa lista da produção
poética das mulheres goianas. A ela seguiram-se Regina Lacerda (1954) e Yeda
Schmaltz (1964) – e as demais seguiram-lhes as pegadas.
Disse-lhe mais –
que leve meus pitacos, aprimorados pela sua cuidadosa capacidade criadora, às
confreiras aflagueanas. Antevejo os louros legítimos às poetisas de ontem, mas
sobretudo e especialmente, o reconhecimento temporal às mulheres (não são
poucas, não!) que enfeitam nossas vidas com seus versos.
Grande será,
obviamente, a alegria das poetisas conterrâneas, as de nascimento e as
adventícias. E são senhoras da minha geração, mescladas às moças de ontem e
anteontem, bem como as meninas que despontam com seus conceitos atuais da
poesia – a gente as vê nas escolas, nas livrarias, nas bibliotecas... E muitas
são as mulheres já portadoras das cãs do tempo (quase sempre cobertas com as tinturas
que também lhes dão encantos) que se demoraram a revelar-se autoras, além de
musas.
Que a presidente
Alba Dayrell, da Aflag, acolha esta minha humilde ideia, que ganhará o primor
dos tratos de Beth Abreu, e que também a nossa AGL, capitaneada pela também
poetisa Leda Selma, irmane-se às autoras membros da Casa de Rosarita, Nelly e
Ana Braga para, então, promovermos algum certame ou evento sob a tutela imortal
de Leodegária de Jesus e possamos, a cada ano ou biênio, sei lá, eleger as
princesas dos versos nesta terra dos goiases!
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Luiz
de Aquino é escritor, membro da Academia Goiana de Letras.
3 comentários:
Como é agradável ler você!
Para lembrar dos versos em saias é preciso despir-se da vaidade masculina. Embora não conheça as musas, fico feliz por elas, que representam a alma das mulheres especialmente sensíveis, já que você as nomeia.
Luiz De Aquino Alves Neto, caro poeta, cumprimento-o pela crônica de ontem no Jornal Diário da Manhã, em apoio a Leda Selma, com relação a questão da homenagem para as princesas da poesia. Sim, realmente homens e mulheres que fazem boa literatura precisam mesmo ser homenageados, reconhecidos. Temos em Goiás grandes escritoras e escritores.Um abraço, pois.
Estimular a literatura sempre, incansavelmente. Um bom caminho de se fazer jogando flores pela estrada.
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