Prof. Nion Albernaz, três vezes prefeito de Goiânia. - Foto da pág. de seu neto Thiago Albernaz, no Facebook |
Primavera,
para sempre!
Numa bonita festa
matinal, na última quinta-feira, a Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás
– Aflag – cumpriu a rotina anual de festejar o tempo, quero dizer, a mudança de
estação. Tudo começou há mais de dez anos, quando Augusta Faro presidia a
entidade e deu início a um evento, no Equinócio da Primavera, com uma atividade
na pracinha em frente à sede. Sua sucessora, Heloísa Helena de Campos, inseriu
o evento no calendário e o levou para o auditório. Ali, as acadêmicas leem
crônicas e declamam poemas acerca do tema, com ênfase para suas produções.
A prática vai se
tornando tradição, pois teve continuidade na gestão de Elizabeth Fleury e a
atual presidente, Alba Dayrell, deixa claro que, para o seu gosto e alegria de
todas, a festa ficará para a posteridade.
E eu, o que fazia
lá? Bem, fui seguindo minhas amigas Rosy Cardoso, Zanilda de Freitas e Sônia Elizabeth
(feliz, feliz, foi contemplada com o primeiro lugar no gênero Poesia, pela
Bolsa de Publicações Hugo de Carvalho Ramos, da UBE). E assim pude, com prazer,
representar a Academia Goiana de Letras e nossa presidente Leda Selma (reeleita,
na mesma quinta-feira, para novo mandato de dois anos).
As oradoras, todas
dignas de destaque pelos temas trazidos – todos alusivos à Primavera e à Árvore
– mas quero falar, em especial, do que nos disse a poetisa Sônia Ferreira. É
que, além de seu poema comemorativo, ela se manifestou no sentido de se
homenagear, naquele momento, “o jardineiro de Goiânia”, o recentemente falecido
professor Nion Albernaz – perfeito da cidade por três vezes!
Foi em seu segundo
mandato que Nion Albernaz decidiu florir a cidade. Ele chamou o arquiteto e
urbanista Ailton Lelis, que fora presidente do Country Clube. Ailton deixou, em
todos os cantos do “mais fechado” dos nossos clubes, infindáveis jardins,
apreciáveis mesmo de fora, à distância, por quem transitava pelo trecho sul da
BR-153.
Em poucas semanas
a cidade se coloria! O Departamento de Parques e Jardins ganhou um expressivo
contingente de jardineiros, que atuavam em todos os espaços – praças e
canteiros centrais das avenidas – para a alegria do goianiense. Não raramente,
algumas pessoas se atreviam a furtar plantas para seus jardins; nessas
ocasiões, um funcionário sem uniforme se aproximava, conversava com delicadeza
e ajudava a pessoa a colher as mudas. E oferecia um cartão com o nome do órgão
– cujos viveiros de mudas eram oferecidos:
– Visite nossos
viveiros, temos muitas mudas de várias espécies e será um prazer doá-las à
senhora!
Em pouco tempo os
furtos não aconteceram mais. E, contrariando os sempre insatisfeitos, as flores
chegaram à periferia. Atos de vandalismo, tão comuns naquela época (final da
década de 1980), diminuíram sensivelmente – havia uma incessante quebra de
lâmpadas, causando prejuízos enormes à prefeitura. Pois a iluminação pública
nunca esteve tão preservada quanto naquela época. E a própria Telegoiás, vítima
da depredação injustificada dos incontáveis “orelhões”, registrou expressiva
queda nas perdas de tais aparelhos.
Testemunhei tudo
isso como jornalista da Secretaria de Comunicação (Assessoria de Imprensa). Já
guardávamos, dos primeiros anos da década de 1970, o lema do prefeito de então,
Manuel dos Reis Silva: “Goiânia, onde a Primavera tem 12 meses”. O professor
Nion Albernaz fez valer aquele dístico!
Não quis escrever
sobre o seu passamento para a esfera superior, não... ando triste demais com
tantas perdas. Nion foi o prefeito mais animado com a função, demonstrava uma
alegria contagiante ao apreciar a cidade, detectar problemas e já partir para a
solução. Gostava de receber visitas – especialmente dos antigos prefeitos,
dentre eles o professor Venerando de Freitas Borges e o médico Hélio de Brito.
Festejava com largos sorridos aquelas visitas e contava caos, pedia opiniões,
escutava conselhos e valia-se deles. E aos funcionários, oferecia a mesma
fidalguia no trato.
Nion foi aquele de
quem sempre se dirá: “Um tipo inesquecível!”.
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Luiz de
Aquino é jornalista e escritor, membro da Academia Goiana de Letras.
Um comentário:
Sinestésica pela própria natureza, busco o isolamento para me satisfazer com as cores e os odores do mar e das flores. Quando saio de cena, quem me conhece sabe onde me encontrar - na praia. Aí, em Goiânia, passava horas, sozinha, num parque próximo à residência do amigo que me hospedou. Aqui, na minha casa, meu ipê amarelo lançou muitas flores sobre a grama e fez a minha manhã de ontem mais feliz. Na próxima semana, se não chover, estarei no PARNASO - Parque Nacional da Serra dos Órgãos, na companhia de amigos poetas da região. Abrace sua cidade por mim!
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