Lembretes
para 2018
Mesmice. É o que
se vê em todos os janeiros... O rádio, veículo preferido da grande massa, está
contaminado pela impressionante falta de exigência no recrutamento de
profissionais. Assim, teima em preconizar que “o ano só começa após o
carnaval”. E nesse diapasão corre atrás de novos “cientistas”, os que se
identificam como autores de autoajuda para o segmento empresarial. Esses novos
gurus, em português deprimente, recomendam (com propriedade) que quem deixar
para agir após o carnaval surpreender-se-á com o concorrente que acreditou
noutra coisa: ano começou algumas semanas antes do réveillon.
Este primeiro
lembrete vem, pois, para o empresariado. O que se mostra “novo” somente após o
carnaval é o lado mais falso de outro segmento – o político. Na moita, na
calada das noites, na surdina ou ainda a portas fechadas e com os telefones
desligados, os políticos maquinam sempre suas ações de autodefesa e de assaltos
ao Erário, tudo de modo a bem ludibriar o contribuinte e o eleitor que, a
rigor, são sempre a mesma pessoa – o cidadão brasileiro anônimo. Este é outro
lembrete, pois – que nos lembremos disso na hora de votar.
Um outro aviso vai
para os jovens. E é, também, repetitivo, justo por ser inevitável: acreditem em
si mesmos, apostem na sua capacidade de descobrir e aprender, escorem-se nos
bons conselhos de pais e avós, pois a vida já começou, o processo de formação
do futuro se faz a cada segundo e vocês já estão nele há muito tempo. A vida conta
conosco (todos nós) e pode bem exigir muito, sempre. Se bem atendermos às
exigências, construiremos para o próximo e para o futuro, e o passo seguinte é
a vitória, os louros e se colher. Só não podemos comemorar por muito tempo, o
período da ressaca já nos deixa atrasados para as novas iniciativas. É aquela
velha história de se matar um leão por dia.
De cada um a vida
cobra algo – e a cobrança é diretamente proporcional e orientada para o que
escolhemos fazer. Em suma, cada um de nós sabe o caminho dos nossos feitos e
cria metas a atingir. Como não somos de ferro nem infalíveis, paremos para
festejar e interagir, para sorrir e desfrutar das cores e das luzes. São
direitos de todos nós e se bem nos renovarmos após cada conquista melhor
estaremos na próxima empreitada.
De minha parte,
sou dos que fazem muitos planos. Dedico-me a alguns deles – os que se mostrarem
mais viáveis. Nem sempre alcanço bons resultados em todos os empreendimentos,
mas sei bem que desistir de algum projeto é algo a se fazer em tempo hábil. E
como todo “animal social” aristotélico, tenho parceiros e colaboradores, bem
como atendo igualmente a vários chamados. Certo ou errado, foi assim que
cheguei a esta etapa da vida.
E antes que me
esqueça, existe um lembrete para mim mesmo, que levarei aos 38 confrades da
Academia Goiana de Letras já na primeira reunião deste novo 2018: sinto que
devemos comemorar os 80 anos, em Goiânia, do bom e velho Paulistinha – o
escritor e pesquisador de folclore Waldomiro Bariani Ortêncio.
Ele chegou a Goiânia
em 1938. Tinha de 14 anos e no primeiro domingo por aqui, após o almoço, ouviu
foguetes e sons de muitas vozes não muito longe da nova morada, no bairro de
Campinas. Saiu de casa e chegou a um campo de futebol, era o “palco” do
Atlético Clube Goianiense. O técnico do time era um fotógrafo apelidado de
Parateca, que mais tarde foi prefeito da nova capital.
Parateca (que se
chamava João de Paula Teixeira Filho) queixava-se por não poder contar com o goleiro,
que amanheceu doente.
– Eu sou goleiro,
posso jogar no seu time? – Ofereceu-se o adolescente chegante:
– Quem é você? De
onde vem? – Indagou o técnico. O menino respondeu:
– Sou Waldomiro e
vim do interior de São Paulo” – e Parateca o aceitou dizendo:
– Dá a camisa-um
pro Paulistinha aqui.
O menino fechou o
gol, o Atlético venceu o jogo e ganhou um goleiro que atuou na equipe por mais
de dez anos; a cidade ganhou um comerciante que nominou sua loja com o novo
apelido (Bazar Paulistinha); e Goiás ganhou o escritor e acadêmico a quem quero
homenagear pelos seus 80 anos de goianidade.
******
Luiz de
Aquino é jornalista e escritor, membro da Academia Goiana de Letras.
Nenhum comentário:
Postar um comentário