Era outubro e
eu, doze
anos.
Uma rádio em Londres
ouvira sons de bip bip bip bip bip
e uma palavra seria
em dias
incorporada a todas as línguas
– Sputnik.
Ao
meu lado, meninos e meninas
de impúberes: cada um
numa carteira de escola:
dois corpos não estavam jamais
no mesmo espaço.
Tinha saudades de casa,
a casa paterna lá longe, em Goiás.
Goiás,
meu espaço, tão grande e inteiro
[em 1957!
E Caldas Novas, pequena e esquecida
num sul minúsculo.
Longínquo
Goiás ainda individido.
Caldas Novas que não sabia – talvez! –
do Sputnik e era ainda
a vida inteira da minha infância:
seis ruas de cascalho e regos
(por quê, em poesia, exigem-me regato,
se eram regos os miúdos córregos da minha
[terra?).
O
Sputnik bipava no espaço infinito e eu
disputava com Marlene
– menina sardenta, paixão estreante –
a mesma carteira na escola
de subúrbio no Rio, Capital!
4 comentários:
Boa tarde grande poeta, esse poema e mais um que me lembra da saudosa infância, muito bom.
Belo poema que nos permite retornar a infância.
O tempo passou e o SPUTNIK permanecerá para sempre em nossas lembranças.
Que menino mais lindo, gente!
Garoto sputinik 1957
����❤️
Que foto linda desse menino poeta! Amei esse Sputinik, que também fez parte da minha pré adolescência, nos tempos do colégio Maria Auxiliadora em Silvania.Desde 1957 o poeta já era danadinho.
Postar um comentário