![]() |
Leandra Felipe. Antevejo muitas novidades, em prosa e verso - obras que virão para enriquecer o acervo brasileiro do imaginário e das letras. |
Leandra Felipe,
jornalista,
estreia em poesia
A jornalista Leandra Felipe,
goiana de nascimento, criação e formação intelectual e acadêmica, repórter do
DM que, em dado momento, mudou-se para Brasília e atualmente é correspondente
de importantes veículos brasileiros em Bogotá (Rádio CBM e Globo News), tirou
de seus segredos de menina o talento para os versos. E marca este dezembro já
com duas noites de autógrafos – uma em São Paulo, na primeira semana, e outra
em Goiânia, na segunda-feira, 17,
na FNAC (Flamboyant Shopping Center).
Tive o privilégio de ler os
poemas de Avesso antes que se tornasse livro; e o privilégio maior de prefaciá-lo,
com o pecado a minha emoção.
![]() |
Um autógrafo para eu me orgulhar dele... |
A seguir, o meu texto,
antecipando a delícia da leitura de alguns poemas do livro:
![]() |
O livro: a peça escrita é criação; a obra em forma, papel e tinta, é produto e excelente presente natalino... |
Traços de afeto ao livro feito feto
A
autora deste livro, minha amiga e colega Leandra Felipe, desenhou o seu próprio
prefácio ao conceber essa bela prosa poética:
Carta
de um poema ao seu poeta
Caro
poeta,
Peço-te
que não me guardes em refratário. Não me deixes ficar presa no vácuo entre seu
desejo e sua mania de ficar contido. Libere-me, por favor. Não quero ficar
guardado no vasilhame dos seus pensamentos soltos e das suas palavras
solitárias.
Por favor,
querido poeta, não prendas este dom que tens, que bens sabes ser eu mesmo. Não
me prenda em lugares isolados, ou pior, não deixes de pensar em mim. Não me
evite em seus momentos de conflito. Lembre-se: Sou poderoso nos conflitos,
criativo nos amores, reflexivo em tempos de inércia.
Meu
querido poeta, não me sufoques, antes disso, produza-me. Escreva-me. Dê-me asas
para voar. Deixa-me ter a chance de ser lido, deixa-me mostrar aos outros quem
tu és. Deixa-me colocar encantamento nos olhos daqueles que me lerem. É claro,
querido, que irão me julgar, irão me classificar. Mas estou pronto para
julgamentos. Os louros e as críticas serão colhidos por nós dois.
Não
te detenhas mais. Escreve-me. Estou pronto.
Com
amor,
Teu
poema
. . . . . . .
Continuei a leitura com
o espírito ativo de quem sabia que as surpresas continuariam a chegar, e chegam
a cada página que se vira. Em O chamado do vento, encantei-me dessa
estrofe:
Já era tarde quando o vento soprou
Antes
do tempo de sua chegada
Mas
lá fora ele dizia que ficaria
Como
um outono fora de hora
Tempo, vento e
horários; lugar e estação – marcas geográficas na poesia de Leandra. E chegam
também marcas da história, tal como em Virtual:
Inauguram já faz um tempo
A
categoria do virtual
Amor
virtual, amigo virtual
Gente
virtual, paixão virtual
Sexo
virtual, crime virtual
Tudo
isso levanta a intriga
Se
uma coisa ocupa tanto espaço
Se
toma tanto tempo
Ela
já não é real?
E meandros de
sabedoria ponteiam nas pautas de poemas outros, assim:
Obtuso
(...)
No
universo da língua
Sou
adjetivo do incapaz,
do
inadequado, do ineficaz
Com
frequência qualifico
o
rude, o confuso, o grotesco
Mulher de seu tempo,
Leandra estende sentimento e talento, erudição e informação profissional ao
conceituar-se e, no mesmo empenho, louvar suas iguais lutadoras de modo
autêntico, sem pieguice nem radicalismo inútil e estéril:
Mulheres
poetas
Não
tenho o retrato de Clarice
Nem
seu olhar distante
[…]
Não
tenho o mistério de Cecília
Nem
sua tristeza doce
[…]
Não
tenho a sabedoria de Cora
Nem
sua simplicidade complexa
[…]
Eu
tenho minhas vontades
Minha
ânsia por saber expressar
O
que falando não sei dizer
[…]
E tempo há de se posar
em casa, no íntimo do lar e na nobreza da procriação. Quem, poeta, não terá
feito versos aos filhos? Louvamos amados e amadas, pais e mães, reverenciamos
irmãos e amigos. Mas filhos, estes fermentam da criatividade e os sentidos,
frutos que são dos sentimentos e da essência que se estende do sacro ao animal.
A nossa poetisa não seria diferente!
![]() |
Luísa em seu ensaio de cores. |
Luísa
De que
planeta veio
esse sorriso arteiro
De onde veio?
De onde
vem
o olhar inquieto
que explora o mundo?
Como pode
em tão pouco tempo
Ocupar todo esse espaço
dentro
da gente?
Ora:
Leandra Felipe é fruto de Goiás – o Planalto Central revestido de cerrado, chão
vermelho coberto de mangaba, pequi e jabuticaba, frutos aromáticos da flora
incomparável que dá à nossa pele o cheiro da roça. E Goiânia, berço de sua formação,
tem forma e cheiro de poesia e os poetas atropelam-se nas esquinas e nas noites
– em comunidade ou na solidão do ofício das leituras e escritas. Ser poeta em
Goiânia não é razão de surpresa. Antes, de felicidade coletiva!
Faz
um tempo, já, que o silêncio entremeia nossos meses e anos. Vez por outra,
alguma notícia ágil como quem apenas quer contar que sobrevive. Há que se viver
e a luta é contínua, horária! Crescemos a cada frase nova, a cada informação
colhida, a cada notícia feita e divulgada. Renovamo-nos em novas edições nos
noticiosos impressos ou eletrônicos. Nascemos todos os dias como um novo
profissional que se arquiva ao adormecer para renascer aos novos albores. É o
ofício!
E
aí, vem para nós o desenho do futuro: o jornalista quer ir além de cada amanhã;
e o jornalista é fruto do poeta, eu sei. Não basta, pois, fazer jornais e
noticiários falados, é preciso alongar a existência de cada frase, de cada
verso. É preciso virar livro – talvez seja esse o sonho de cada jornal.
É
assim, com este sentir, que acolho a gestação deste Avesso, da Leandra Felipe. E espero-o formatado entre capa e
contracapa, enfeitado de desenho e cores, peça de boa leitura para já, adorno
íntimo em minha estante logo após. Espero com a ansiedade dos familiares em
torno da grávida. O tempo de maturação se abrevia, expira-se breve.
E
seja bem-vindo, pois! O mundo é seu!
Luiz
de Aquino Alves Neto, poeta e jornalista
(membro da Academia Goiana
de Letras).
Em 31/10/2012.
5 comentários:
Cada um derramou no outro um rio de poesia, para o nosso deleite e admiração.
valeu, Poeta! e adorei o xópin!
Bj
Mirian
Obrigada, mais uma vez!
Mais uma vez, obrigada! 4
Meu querido Luiz,
Conheci um pouco da poeta, também jornalista, Leandra Felipe (Avesso), graças à sua crônica.
Vou adquirir o livro, porque a amostra dos poemas me agradou demais. Sou fascinada pela boa
poesia.
Lu, gostei muito de sua companhia nesse rasgo de tarde, a chuva caindo doce e refrescante.
Bjs.
Maria Helena
Postar um comentário