A
História e Fidel
Em Cuba ou na Mesopotâmia, na Gália ou no
norte da África (depois, em todo o continente), nas lutas de independência e
nos golpes sazonais (a Bolívia, por exemplo, tinha, até poucas décadas atrás,
média de um golpe a cada ano-e-meio), nenhuma mudança se fez, na História da
Humanidade, sem muitas perdas, muito derramamento de sangue. Até mesmo o
símbolo maior do pacifismo Mahatma Gandhi encerrou seus dias de luta pacífica
morto por um tiro.
Fidel Castro foi duro e cruel, sim, como soem
ser todos os ditadores, mas sob a égide da democracia e "em defesa
dela" muito se matou nestes tempos contemporâneos. Além do Vietnam, os
líderes do Tio Sam inventam guerras onde as não houver, pois têm de assegurar
os negócios de sua indústria bélica. Curiosamente, e até onde alcanço, sei de
duas oligarquias que se anunciaram mas não se consolidaram na América – os
Kennedy, da década de 60 dos século XX, e os Bush, belicosos da última década
do século anterior e da primeira deste milênio.
Circula uma piadinha (inevitável, o ser
humano tem várias reações ante qualquer fato) em que se diz que Fidel viveu
suas nove décadas combatendo o capitalismo e morreu justo numa "black
friday".
Circula também - e não a título de piada –
que Bush (o filho, que prefiro chamar de Bushinho), por ter sido eleito com
minoria de votos (fato que se repete com o atual maluco da vez, o Trump), teria
negociado com Bin Laden aquele terrível atentado de 11 de setembro, em 2001,
pois ele não tinha base popular para manter-se no governo e precisava fomentar os
negócios de guerra. Ora, são muitas as contradições sobre aqueles atentados, o
que se falou sobre o avião que foi lançado contra o Pentágono, só para citar
uma das contradições, parecia não ter asas, pois o ponto atingido foi bem menor
que a envergadura da aeronave (como se um caminhão carregado de bombas fosse a
causa real).
Por outro lado, quantas mortes cuja conclusão
policial mostra uma causa simples e fútil – mas que atendem a interesses
fundamentais dos adversários (ou mesmo inimigos) dos mortos? O fato é que
muitas perguntas sempre ficam sem respostas no andar da História. A proximidade
geográfica, mais o elevado poderio financeiro, militar e de espionagem da
América foram tolerantes com Fidel por quase 60 anos – por quê? Lembremo-nos de
que, no momento em que o sistema de espias dos irmãos-do-norte se cansou de
brincar de gato e rato, Bin Laden e Muamar Al-Kadafi foram mortos – como também
Saddan Houssein.
Ou seja: não era interessante, para a América
(o país dos Estados Unidos), a morte ensaiada de Fidel Castro; melhor seria esperar
a morte natural. Os motivos de bastidores, ah! – desses eu não busco sequer
imaginar! Apenas lembro que o Brasil destes anos se incomoda com as mortes
misteriosas de petistas que contestaram diretrizes da cúpula partidária – mas
nós, brasileiros, omitimo-nos diante de mortes "do outro lado" que
também deixam no ar mistérios irrespondíveis.
Ou não?
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Luiz de Aquino é jornalista e escritor, membro da Academia Goiana de Letras.
2 comentários:
Aquino amigo...estas questões de poder e reinados me emudeceu diante da audácia de se usar armas de mistério.
Ao longo da história nos tornamos meros objetos em nos sentir sempre enganados.
Ainda bem que acredito que a vida continua...
Hoje, tempo em que pululam muitos fatos reais(que são um só) e diversas versões (que são muitas para a tender a cada interesse), as leituras/interpretações acabam passando longe das intenções secretas. Não entendemos nada do nosso quintal, pouco poderemos ter certeza sobre os desejos externos. Achei inteligente (como sempre) sua visão da morte de Fidel.
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