Itaney Francisco
Campos
Academia Goiana de Letras empossa
novo imortal
Luiz de Aquino, especial para o DM
A presidente da Academia Goiana de Letras entrega o diploma de Membro Efetivo ao poeta Itaney Francisco Campos |
Em Sessão
Magna de Posse, como prevê seu estatuto, a Academia Goiana de Letras, sob a
presidência da escritora Leda Selma de Alencar, empossou o novo membro do
sodalício – o poeta Itaney Francisco Campos. Ele foi eleito para a Cadeira 37,
que se vagou com o falecimento do dicionarista e pesquisador Mário Ribeiro
Martins.
Membros da Academia Goiana de Letras |
Desde julho,
a sede da Academia Goiana de Letras passa por reformas. Em virtude disso, e
sendo o novo membro da AGL desembargador, a solenidade aconteceu no auditório
do Pleno do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás.
Em bela peça
literária, o acadêmico Eurico Barbosa dos Santos enfocou a biografia e a obra
do poeta e historiador que, naquele momento, acolhia nos umbrais da AGL. Contou
de seus estudos e do ofício de juiz, de seus autores prediletos e de sua
poesia, mas discorreu também sobre a Casa – não a edificação, mas a entidade
Academia Goiana de Letras. Para tanto, viajou aos primórdios da fundação, em
1939. Falou do modelo que inspira as academias de letras no Brasil – a Academia
Brasileira de Letras e a casa mater,
ou seja, a Academia da França.
Eurico Barbosa discursou recebendo o novo imortal |
Eurico
Barbosa exaltou a qualidade literária do admirado homem de leis, leu um de seus
poemas e avaliou, com propriedade, o peso sóbrio do juiz no fazer poético, bem
como do homem poeta no ofício do julgamento.
De minha
parte, como escritor e jornalista, ao me propor à elaboração de uma matéria
desta natureza, dispenso os procederes de repórter e vasculho a memória e algum
papel, seja jornal, seja livro. Deixo de expor aos leitores uma reportagem, mas
oferto-lhes as minhas impressões acerca de uma figura humana, um magistrado da
nossa Alta Corte de Justiça no Estado – o desembargador Itaney Francisco
Campos. Esse jurista, que assim se formou e aprimorou, é, porém, poeta – e isto
ele o é de nascença, teima e muita leitura. Soube dele, pelas primeiras
referências, em tempos idos há três décadas, quando a Assessoria Especial de
Cultura da Prefeitura de Goiânia, na pessoa de sua titular, profª Yara Araújo
de Souza, possibilitou a edição de seu livro Notícias Históricas do Bairro de Campinas (1985). Depois, muito
tempo depois, fui agraciado com seu volume de poemas Inventário do Abstrato (2009, Prefeitura de Goiânia / PUC Goiás /
Kelps) e, por último, alcancei Orações no
Templo da Justiça (2015, Gráfica e Editora Bandeirante).
O poeta Itaney Francisco Campos, ao discursar tomando posse na Cadeira 37 |
O poeta e
magistrado Itaney Francisco Campos nasceu em Uruaçu, no centro-norte de Goiás
antes do desmembramento do território do Estado de Tocantins. Filho do promotor
e, depois, procurador de Justiça Cristovam Francisco de Ávila. É de sua lavra
um excelente compêndio intitulado A
Família Fernandes e a Fundação de Uruaçu – Reminiscências. E seu irmão
Ítalo Campos é poeta, morador de Vitória e membro da Academia Espírito-Santense
de Letras. Sua presença tem sido constante nos eventos artísticos-literários da
cidade e, não raro, também no interior. Sua poesia é alvo preferido de tantos
os que dela tomam conhecimento.
Leila Regina (mulher) e Raquel (filha), figuras proeminentes na carreira e na obra do novo acadêmico. |
A fala do novo acadêmico
Sugere a
tradição acadêmica que o empossando discorra sobe o Patrono de sua Cadeira e,
também, o último ocupante – mas é também da tradição discorrer sobre antecessores
remotos. No caso da AGL, a Cadeira 37 tem por patrono Crispiniano Tavares,
engenheiro e escritor, baiano de nascimento, formado pela Escola de Minas de
Ouro Preto e que atuou por tempos em Goiás, falecendo em Rio Verde. Sua obra
(contos) só foi publicada após sua morte precoce (envolveu-se num romance com a
mulher de um auxiliar; o flagrante resultou na agressão do marido traído, que
feriu de morte o rival; este, mesmo ferido, buscou uma arma e matou a tiros o
agressor, falecendo horas após).
A Cadeira 37
teve, porém, apenas um ocupante, o Promotor e Procurador de Justiça Mário
Ribeiro Martins, autor de vasta obras enciclopédicas sobre academias goianas e
seus membros. Itaney Francisco Campos fez o histórico de seu patrono e o
panegírico de seu antecessor, “como manda o figurino”, mas foi farto ao expor
sua satisfação e seu agradecimento pela nova situação. E não esqueceu de
valorar o empenho e a solidariedade em família, em especial de sua mulher,
Leila Regina, e Raquel, sua filha e também escritora – sem, contudo, esquecer
de se referir aos filhos distantes: Marlon, diplomata, servindo em Maputo
(Moçambique), e Matheus e Ana Laura que, com o primeiro neto, Lauro Wollmer,
vivem em Hamburgo (Alemanha).
Um poema do acadêmico Itaney Francisco Campos |
Expressão espontânea de
boas-vindas
Aidenor Aires,
poeta e acadêmico da AGL, aposentou-se na seara das leis, tendo sido, tal como
o pai de Itaney, Promotor e Procurador de Justiça. Apreciou com alegria
incontrolável a festa de ingresso do irmão de versos Itaney F. Campos na Casa
Colemar Natal e Silva. Eis o que ele postou nas redes sociais, horas após a
solenidade:
Aidenor Aires, poeta e acadêmico. |
"Entre tantos eventos dolorosos, entre tantas agressões à
sensibilidade e às boas criações humanas, ontem, de tarde à noite, participamos
de um momento de beleza e exaltação da vida. Foi a posse do poeta Itaney Campos
na Academia Goiana de Letras. Itaney tem uma vida bem construída, educação e
princípios invejáveis.
Em todo o tempo de nossa convivência, as vezes em que
estivemos próximos sempre foi para mim de enriquecimento com sua inteligência e
humanidade. É um escritor preocupado com a
carpintaria do poema, adestrando versos e disciplinando palavras. Não obstante
haver críticas (fundadas) às academias, algumas vezes o sodalício acerta em sua
escolha. Este é um momento em que a AGL acerta o alvo.
Ytaney soma. Agrega seus atributos de pessoa
excelente e de intelectual digno. Mais diria sobre ele. Longe de mim a rasgação
de seda. Por isso, sua recepção foi concorrida no auditório do TJ, e depois, em
um descontraído jantar, sem pompa ou ostentação, mas com a acolhida delicada e
cortês dele e de sua família. Até seus colegas de profissão, que ali
compareceram, deixaram suas sisudas togas para um momento de amável
confraternização - alguns juízes e desembargadores.
Conheço todos que lá estiveram. Não citarei
nomes para não dar à minha memória estragada a oportunidade de me pregar mais
uma peça. Todos ficamos felizes com a festa de Itaney. Tenha ele vida longa.
Não confie na imortalidade acadêmica. Produza muito. Produza bem. Assim se cava
a longevidade literária”.
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