No SESC, há 10 anos...
Foram quase oito
anos de andanças e pedidos, de portas-na-cara e más-vontades de todas as
nuanças. Eu cuidava, desde os primeiros dias após seu desenlace, de instalar
com dignidade e boa evidência os livros e objetos que constituem o acervo
literário do amigo e autor exemplar José Veiga (para o mundo, há um jota-ponto
no meio), como era de sua vontade.
José J. Veira, na pena talentosa de Almir |
Dona Clérida, a companheira de meio século! |
Viagens e mais
viagens, visitas e consultas, audiências e conversas informais... uma canseira!
E um receio incômodo de “morrer com o mico”, como no antigo jogo infantil. Até
que, num flash, naquele abril de 2007, ao deixar o Lucas (então com quase 12
anos) no Colégio SESC Cidadania, eu disse à Mary Anne: “Já sei onde instalar o
acervo do Veiga”. E apontei a belíssima estrutura arquitetônica que, mais que isso,
era aquela escola que homenageia o saudoso Elias Bufáiçal.
Chegando à casa,
liguei para o número de José Evaristo, presidente da Fecomércio goiana.
Atendeu-me sua alma-gêmea, a poetisa admirável e amiga especial Sônia Maria
Santos. Falei-lhe de minha ideia e já ganhei seu apoio. Liguei para o marido,
que já saíra para o trabalho. “Luiz, não sou eu quem lhe dará a resposta, mas
você a terá em 15 minutos”. Foram apenas quatro minutos, e ligou-me o Diretor
Geral do SESC em Goiás, o também amigo Giuglio Cysneiros:
– É verdade que
você quer nos dar um presente?
No dia seguinte,
reunimo-nos, Giuglio e eu, na Casa Altamiro, da AGL. Ele se fazia acompanhar da
equipe de bibliotecários. Avaliaram o que viam, anteciparam sua anuência em
receber o presente, e assim se fez. Em pouco mais de 24 horas, a solução
começava a ganhar forma.
Foram menos de
cinco meses. Em dias finais de agosto daquele 2007, ligou-me o Cysneiros para
contar que “está tudo pronto”, mas que estava proibida a minha visita ao local
antes da inauguração. Fui ao Rio, convidei o imortal (da Academia Brasileira de
Letras) Antônio Olinto – o primeiro crítico de Veiga, em 1959 – para vir a
Goiânia e presidir a solenidade. Ele veio, com sua inseparável secretária Beth
Almeida. Dênia veio de Belo Horizonte. Ajudaram-nos a acolhê-los o secretário
municipal de Cultura, meu confrade e amigo, irmão e padrinho Kleber Adorno, e o
prefeito Iris Rezende Machado regozijou-se por poder receber Olinto, seu velho amigo.
Na noite de 5 de
setembro, na Biblioteca do SESC na Rua 19, deparei-me com a surpresa: a
montagem da sala que se chamou Espaço José J. Veiga ficou impecável! E para meu
regozijo, uma bela placa contava, sumariamente, a razão de tudo aquilo.
Hoje, a Biblioteca
está em novo espaço, na Rua 15, ao lado do Teatro SESC, ainda mais bonita e,
com ela, o Espaço José J. Veiga. E já beiramos o décimo aniversário. Há dois
anos, e justamente ali, recebemos Carla e Gabriel Martins, sobrinhos herdeiros
do escritor, para os festejos do Centenário de José.
Sou grato ao SESC
e seus dirigentes, meus amigos diletos, pois foi ali que encontrei guarida, com
zelo e competência – e isso justifica a presente memória. E estou certo de que
Veiga e Antônio Olinto também, de onde estiverem, abrem-se em sorrisos de
gratidão.
*****
Fotos do meu acervo.
Luiz de Aquino é jornalista e escritor, membro da Academia Goiana de Letras.
2 comentários:
Li, encantada, a crônica de hoje. Lamento não ter conhecido o Espaço, esperando que seus conterrâneos saibam valorizar o resultado do árduo trabalho. Parabéns, meu amigo!
Fico feliz em ter contribuído com pelo menos um pouco. Parabéns!!
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