A capa: o biografado, na visão do genial retratista Amaury Menezes. |
Frederiquinho
Jayme em livro
O
escritor Nilson Jaime, mestre e doutor em Agronomia, tem como forte marca da
puberdade a prática da entrega de jornais de casa em casa na sua bucólica e
histórica Palmeiras de Goiás. Quando estudante universitário, praticou com
indiscutível paixão a política estudantil, opondo-se ao regime militar, que já
anunciava estertores naquele final da década de 1970.
Praticou
o jornalismo e o ensino em escolas médias, antes de se graduar nas ciências do
campo – de que também foi professor. Estimulado por adultos com pendores para a
melhor formação de meninos e jovens, descobriu valores de realce na própria
família, levando em conta o peso do nome Jaime, instituído como sobrenome pelo patriarca
de sua grei, o padre Luiz Gonzaga de Camargo Fleury.
Rememorando:
o padre Luiz Gonzaga foi o primeiro jornalista de Goiás: era o redator e editor
da Matutina Meiapontense (era assim que se escrevia, mas o termo certo, hoje, é
“meia-pontense”), jornal pioneiro em todo o Centro-Oeste brasileiro, informativo
oficial das províncias de Goiás e Mato Grosso. Manteve com Sá Genu (Genoveva
Maria da Soledade) uma relação amorosa pelo tempo suficiente para gerarem sete
filhos – o primogênito foi João Gonzaga Jaime de Sá.
Nilson
Jaime intrigou-se, quando adolescente ou mesmo nos tempos de jornaleiro, com o
fato de seu parente Jarbas Jayme, um dos maiores genealogistas brasileiros, ter
omitido a descendência mestiça da segunda família do “Vô Jaime”, o primeiro
Jaime. Decidiu-se por corrigir essa falha do registro histórico e nos trouxe, no
final de 2016, o seu volumoso Família
Jaime/Jayme – genealogia e história, do qual me orgulho por ter participado
como revisor e prefaciador (assumo os erros de revisões, pois não pude fazer
sequer uma segunda leitura, em virtude do tempo, e de um errinho bobo no
prefácio, quando disse que entre mim e os Jaime/Jayme não havia parentesco.
Descuidado, confesso que não sabia que o primeiro dos Aquino de Pirenópolis,
Luiz Tomás de Aquino, meu trisavô, era irmão de Sá Genu – Genoveva Maria da
Soledade – a mãe de “Vô Jaime”.
Frederico Jayme Filho e o primo (e autor) Nilson Jaime, num dos encontros para a feitura do novo livro. |
Encantei-me,
desde o início, com a tenacidade, o senso criterioso da pesquisa, a dedicação
impecável e o propósito gigantesco do primo Nilson Jaime: ele arrolou pouco
mais de oito mil e quinhentos descendentes do Vô Jaime! E compreendo hoje, um
ano e quatro meses após trazer a lume a história dos Jaime/Jayme, o que motivou
Nilson a pesquisar, escrever e publicar esta nova obra: Frederico Jayme Filho – 50 anos de vida pública.
A
festa no Salão Dona Gercina, no Palácio das Esmeraldas, reuniu uma multidão de
escritores, políticos e, inevitavelmente, membros das famílias Jaime/Jayme e
outras afins. Poeta e político, Fausto Jayme observou: “O Nilson juntou aqui
segmentos da direita e da esquerda”, obviamente referindo-se a si mesmo e a opositores
históricos, com o ex-governador Irapuã Costa Júnior. O governador Marconi
Perillo, ao saudar as autoridades, enfatizou a própria esposa – Valéria Jaime
Peixoto Perillo – e não vacilou em dirigir-se aos Jaime e Jayme presentes como
“meus queridos primos”.
Frederico
Jayme Filho não ocultava a alegria redundantemente feliz – sorria e distribuía
atenções e abraços. Orgulhosamente, seu pai também festejava o momento, e sem o
perceber liderava a alegria de tantos parentes naquele destacado salão de eventos
culturais – desta vez compartilhado também pela comunidade política.
Colhi
o autógrafo do autor; não consegui o do biografado, mas irei ao seu encontro
para, após concluir a leitura, depositar o livro em lugar de honra na estante.
Afinal, a vida de Frederiquinho Jayme – como a ele se referem os parentes –
confunde-se com a história de Goiás no último meio século, e Nilson conta, na
obra, como foram os governos de nosso Estado desde 1947.
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Luiz de
Aquino é escritor e jornalista, membro da Academia Goiana de Letras.
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