Sobre
o ler e o escrever
Esta
semana – terça-feira, dia 12 – estive no Colégio Vicare, em Hidrolândia (a
minha cidade atual) para um bate-papo com professores, pais de alunos e
estudantes, a convite dos dirigentes Sirlene Xavier e Luiz Fernando Martins. Ser
apresentado à plateia, formada por vários amigos, tive de Luiz Fernando a graça
de uma lição rica e feliz: a leitura (sintetizando) é a atividade que ativa
todo o cérebro, desde a ação motora até a criatividade, com todas as etapas de
tal caminho – se assim posso dizer.
Falei-lhes
da minha própria experiência: os primeiros anos de vida, sendo acalantado pela
voz da mãe que nos lia Histórias da Carochinha e os acordes do pai, ao violão
ou ao bandolim, ao realizar saraus com os companheiros, ocasião em que eu
aprendia a cantar canções maviosas – para usar uma expressão que poucos
conhecem hoje.
O
Vicare é um colégio dotado das mais modernas técnicas educacionais e equipado
com tecnologia de ponta, sob o exemplo de instituições internacionais. Com as
práticas de Meditação (publiquei matéria sob o título “Colégio adota meditação escolar”,
em março de 2017).
É
sempre muito bom, é salutar conversar com pais de crianças e adolescentes, e
muito importante renovar com os professores esse tema, indispensável no processo
de aprendizagem e, sem exagero, de melhorias nas práticas profissionais de
quaisquer dos ramos das atividades humanas. Pessoas que leem relacionam-se
melhor, compreendem melhor o próximo e, como resultado final, vivem melhor.
Ainda
que, entre os menos esclarecidos, a palavra museu exerça certo mal-estar,
insisto em contar que não há visita melhor a se fazer do que a esses
verdadeiros templos que, ao pé da letra, significam “casa de musas” – e musas,
qualquer néscio sabe bem, são as deusas que inspiram poetas e outros artistas.
As bibliotecas são, ao seu modo, uma espécie de museu: museu dos livros e,
naturalmente, museu das letras e das línguas faladas e escritas pelo mundo
afora.
Mostrei
aos ouvintes fotografias de duas grandes bibliotecas instaladas no Rio de
Janeiro – o Real Gabinete Português de Leitura e a Biblioteca Nacional. E
vali-me de estar em Hidrolândia, berço de José Mendonça Teles, recentemente
falecido, e de Marieta Teles Machado, que se foi em 1987, precocemente. Ela foi
a pioneira da biblioteconomia em Goiás, deixou-nos um legado de livros de
excelentes histórias e a lembrança de um tempo feliz, enriquecido pelo sorriso
sempre presente num rosto amigo e muito amado. Infelizmente, o atual prefeito
hidrolandense mandou encaixotar os livros da Biblioteca Marieta Teles Machado,
prejudicando a saúde intelectual da cidade e a boa formação das crianças
locais. Em compensação, em Goiânia ela é uma escola estadual, a biblioteca
municipal da Praça Universitária e um Centro Cultural na Praça Cívica – uma das
primeiras três arquiteturas goianienses, ao lado do Palácio das Esmeraldas.
Enfatizei,
para professores e pais, bem como para os alunos ali presentes, a importância
do exemplo a se dar. Pais que leem estimular, por seus atos, os filhos no bom
caminho. Professores que usam livros para ilustrar suas aulas e mostrar aos
pequenos como se pesquisa, estes se tornam os mestres inesquecíveis, e um aluno
que assim se desenvolva será, no futuro, um bom exemplo para filhos, discípulos
e “tutelados”.
Destaquei
algumas frases: “Uma casa sem livros é um corpo sem alma” (Cícero, orador e
senador romano); “Um país se faz de homens e livros” (Monteiro Lobado, escritor
paulista); “Bendito o que semeia livros, livros à mão cheia, e faz o povo
pensar; o livro caindo n’alma é germe que faz a palma, é chuva que faz o mar”
(Castro Alves, poeta baiano); e, ainda, “Ler é mais importante que estudar”
(Ziraldo, escritor e humorista mineiro).
Despedi-me
a contragosto, pois o tempo era, naturalmente limitado e eu diria mais, muito
mais, por tudo o que gosto de contar e pela alegria de estar novamente entre
professores amigos e alguns alunos remanescentes dos poucos dias em que atuei
ali, no Colégio Vicare. Contudo, a vida se repete sempre, ainda que em novas
cores, ambientes e sentimentos – e hei, sim, de renovar bons sentimentos
sempre, se cercado de pais, mestres e estudantes.
Obrigado,
Sirlene e Luiz! Até já, professores queridos!
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Luiz de Aquino é jornalista e
escritor, membro da Academia Goiana de Letras.
Um comentário:
Muito importante a aproximação de grandes escritores, como o nosso poeta goiano Luiz De Aquino Alves Neto, motivando e incentivando o hábito da leitura å nossa juventude estudantil! Parabéns ao Colégio pela iniciativa e ao nosso querido escritor pela excelente palestra!
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