Amanhece
Eu sei
de mim,
que me furto nos copos
em bares menores da noite.
Eu sei
de meus gritos
íntimos
quando sinto o silêncio dum olhar
qual mortalha de tudo
o que seria nosso.
São
gritos perdidos
num peito enorme,
de coisas estranhas que se expandem
na solidão das noites.
De nada
vale o trinar do pardal
na manhã:
a noite foi longa
e só.
* * *
Luiz de Aquino, poeta.
9 comentários:
Bonito demais. Fechou com chave de ouro a última estrofe.
São gritos íntimos da alma de um poeta martirizado pelo ardor da paixão.
Poeta muito lindo!
Estou gritando assim.
Tocou-me. Toco-te, comentando.
Um boêmio perdido nas madrugadas dos versos embriagadores. Adorei principalmente o "bares menores da noite".
Luiz, a sensação que tenho é de que você vem encontrando seu dizer mais próprio. Envelhecer nos traz isso de sínteses luminosamente enxutas, no osso.
Em tempo: AMO a palavra "velho". Adolescente, li "O Velho e o Mar", fascinada pelo título, em primeiro lugar. Mas não sei se "O Idoso e o Mar" me atrairia, qualquer que fosse a fase da vida. Beijo, e parabéns!
A bohemia e companheira da poesia. Sempre foi. Belos versos.
Nossa, amanheci❣️
Nem precisamos de bares para estarmos com copos vazios de esperança... Gritar para quê? Ouvidos moucos e uma solidão sem esperança. Belicismo.
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