Mars, martis
Eu beijo o amanhecer:
além do esquadro de vidro e ferro
vem-me a luz que é nova e dia.
A luz acorda-me
como o estrondo de canhões e assusto-me
ao tiquetaquear de um relógio frio.
Não sei por que me levanto assim
se não tenho compromissos de ponto
nem alguém à minha espera.
Ergo o corpo, espreguiço músculos e forço
a retina à aceitação do dia.
Ando à toa.
Autômato, vou à máquina; ligo-a em dois botões
e espero a tela alumiar-se de cor
e leio correios quentes, rápidos.
Um nome vindo de Marte
indica-me aurora e rotina.
Alegro-me: serei feliz sob o sol.
4 comentários:
Belo poema. Meus parabéns.
Aurora e rotina. Vida.
Parabéns pelos poemas!
Está virando o pão nosso de cada dia! Não como oração, mas provocação... instigante! Muito bom!
Fecho inteligente que só os bons poetas conseguem fazê-lo tão bem.
Postar um comentário