Eu, por Almir (1993). |
...E me basto!
Não preciso sussurrar num confessionário,
escrever nos jornais nem publicar poemas.
O Criador dos bichos sabe quem sou.
Não dou entrevistas nem me visto de sedas:
minha nudez é leve
e as palavras já foram ditas.
Das mãos que passeiam em minha pele,
dos dedos que serpenteiam nos meus cabelos,
não preciso.
Tenho tristeza e pureza, minhas essências.
Não preciso de palavras: penso.
Aprendi que nem preciso pensar. Sei sentir
(sentir dói, sangra, incomoda, suja,
mancha lençóis. Saudade que se remove
com água e sabão, cala na alma e mente).
Não preciso dos teus olhos azuis,
lembrando o céu de abril e o mar
na costa sul
(azul de fazer festa nos meus castanhos).
Só preciso morrer devagar, deixar as luzes,
os sons, as dores tolerantes.
Virão comigo o gosto e odores
pra se criar outro jeito de amar.
11 comentários:
Primo, vejo no teu poema uma homem decidido que não precisa de palavras pra saber quem de fato és!
Totalmente leve, simples assim!
Abraços 👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼
Azul de fazer festa nos meus castanhos.
👏👏👏👏
Que beleza de poema, Luiz, vindo do fundo da alma e arrastando consigo todos os sentimentos.
Mais uma vez o poeta deixa a alma vadiar por seus sentimentos,desnudando-se como Rosa desabrigada.
Carregado de muito sentimento.Incisivo! Bravo!👏👏👏
Como disse o Miguel Jorge, poema "vindo do fundo da alma e carregando consigo todos os sentimentos". A sociedade impõe aos indivíduos uma busca incessante, algo em que nem sempre parece ter sentido. O isolamento contra o vírus que, neste 2020, trouxe a pandemia, dá a cada um a oportunidade para revisão dos motivos da pressa e da insatisfação crônicas.
Todo o seu jeito de ser, não é ,mano?Lindo poema!Bjs!
O mistério e descobrir quem balançou tanto... e de olhos azuis? isso é para poeta.
E Me Basto...
Que poema mais belo, tão profundo, mas tão leve, aquela leveza de poeta que se desnuda, porque sabe que não agride, não corrompe. O poeta veste-se de si mesmo, porque se conhece e sabe do que precisa. Belíssimo! Parabéns por essa valiosa joia!
Nudez atemporal. Quem lê, vai ajustando cada palavra ao cenário. Recria o que o autor sofreu. Ponto para Luiz!
Maravilha de poema! Senti-me abraçada por inteiro e por mim mesma. Brilhou, poeta.
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