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domingo, abril 04, 2021

Língua e sabença


Língua e sabença


 

É que te tenho sempre na lembrança
e na saudade. E vêm-me algo de sabor e saber,
vertentes coincidentes das coincidentes línguas.

 

Assim: porque nos chega em cascata isso de quereres, dizeres
e sabores de nós. E os saberes e sabores valem-se sempre
da Língua e da língua

 

E agrada-me à vertigem o ouvir-te e o provar-te:
é descobrir valores e verdades e saber
em sabor o efeito das nossas línguas cúmplices.

 

Agrada-me sentir que a língua que falamos
é prazer de dizer e ouvir, e a ela
é dado o sublime de nos comungar.

 

Em beijo e ternura, ando pleno de carinhos,
todos para o feito e o efeito
de quando nos unimos.

 

Encanta-me o falar e o ouvir
e é bom o odor que me atrai e o sabor
que nos sobe dos ventres às bocas.

 

Bom o sabor e o saber da língua:
a sua que me fala – e é a mesma
que me beija.

 

*  *  *

Poeta Luiz de Aquino

6 comentários:

Adriano Curado disse...

Outro poema quente do nosso grande poeta.

Nunes Rosilda disse...

O jogo de palavras e significados mostra os segredos. O poema deixa cair cada som das terminações silábicas, concreta-se aí a magia da compreensão entre o real e o sentimento fixado na memória... Que perfeito!

Miguel Jorge disse...

Muito bom o poema, o jogo de língua e linguagem.

Maria Helena Chein disse...

Língua e Sabensa
Quando o saber e o sabor se misturam, e há integração da Língua com a língua, então é o céu na terra. Lindas, as imagens, belos versos. Gostei do início, tão íntimo “é que te tenho sempre na lembrança e na saudade.”

Sônia Elizabeth disse...

Sempre a sensualidade a transbordar...

Sônia Elizabeth disse...

Bravo6!