Língua e sabença
É que te tenho sempre na lembrança
e na saudade. E vêm-me algo de sabor e saber,
vertentes coincidentes das coincidentes línguas.
Assim: porque nos chega em cascata isso de quereres,
dizeres
e sabores de nós. E os saberes e sabores valem-se sempre
da Língua e da língua
E agrada-me à vertigem o ouvir-te e o provar-te:
é descobrir valores e verdades e saber
em sabor o efeito das nossas línguas cúmplices.
Agrada-me sentir que a língua que falamos
é prazer de dizer e ouvir, e a ela
é dado o sublime de nos comungar.
Em beijo e ternura, ando pleno de carinhos,
todos para o feito e o efeito
de quando nos unimos.
Encanta-me o falar e o ouvir
e é bom o odor que me atrai e o sabor
que nos sobe dos ventres às bocas.
Bom o sabor e o saber da língua:
a sua que me fala – e é a mesma
que me beija.
* * *
Poeta Luiz de Aquino
6 comentários:
Outro poema quente do nosso grande poeta.
O jogo de palavras e significados mostra os segredos. O poema deixa cair cada som das terminações silábicas, concreta-se aí a magia da compreensão entre o real e o sentimento fixado na memória... Que perfeito!
Muito bom o poema, o jogo de língua e linguagem.
Língua e Sabensa
Quando o saber e o sabor se misturam, e há integração da Língua com a língua, então é o céu na terra. Lindas, as imagens, belos versos. Gostei do início, tão íntimo “é que te tenho sempre na lembrança e na saudade.”
Sempre a sensualidade a transbordar...
Bravo6!
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