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quarta-feira, abril 21, 2021

Química morena

 

Química morena

 

Semeio meu beijo em tua língua.
Plantas em mim a seiva doce
que segregas, os olhos azuis
semicerrados: eriçam-me a pele
e os pelos e nos temos nos braços.


Amamos. Teu ventre, seara fértil;
meu sêmen é flor, pólen que colhes
para “reeditar o mundo”. (*)
Virá, ao tempo e à luz,
a morenidade que me antecede.


Virá o azul nos olhos,
como os que semicerras
desde o primeiro beijo
para eternizar-se por nós e pelo tempo
muito além de nossas rugas.


 *  *  *

Poeta Luiz de Aquino


  (*) "Reeditar o mundo": de Antônio Ioris, poeta gaúcho. 

3 comentários:

Adriano Curado disse...

Esse poeta sabe ser especial, pois salpica cores quentes no poema mas sempre com pinceladas românticas.

Maria Helena Chein disse...

Química Morena
O amor que prende o poeta é o mesmo que o solta para compor esses versos de azuis e morenez, que se eternizam em nossa sensibilidade.

Sônia Elizabeth disse...

A embriaguez da cor morena...e o poeta aprecia.