Será
nuvem, será?
– Será?
– Uma bala abala-lhes moléculas ou
cristais de vapor d'água, apenas, e sequer lhes afetam as formas, porque as
nuvens têm qualquer forma. E para mim – especialmente para mim – você virou
nuvem. Bonito de se ver e tanto mais bonita quando mais distante. Frias na
intimidade, perigosas quando resolvem agir.
– Que analogia, hein?!
– Já notou o quanto elas (as nuvens) nos
parecem carinhosas? Não dá vontade de ser abraçado, acolhido por elas?
Nas horas em que lhe olho os olhos
brilho-me de luz, a sua luz. Quando feliz, tem um tom de mel, castanho claro a
sugerir doçura. Se nervosa, lembra o verde de mar raso, translúcido – mas de
mistérios indecifráveis. E há os tons de nuvens...
– Nuvens?
–Sim, as nuvens... aquelas que aparecem
em tempos de céu azul, azul demais, são claras e muitas, feito manada de
nelore. Mas não se unem, espalham-se no céu e são chatas, como se postas sobre
um tampo vítreo, incolor e plano em mesmo nível. E há Estratos – aquelas que
lembram escumilha, filó...
– E as de chuva!
– Terríveis! Assustadoras, essas. São as
de tom escuro, cinza e chumbo, trágicas e indevassáveis. Feito os olhos de
Stela: taciturnas, casmurras, sorumbáticas e tristes.
* * *
Poeta Luiz de Aquino
3 comentários:
As nuvens do poeta nos ensina da vida.
Os olhos de chuva de Stela choveu no coração do poeta?
Os olhos de chuva de Stela choveu no coração do poeta?
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