Mãos de afago
e deleite
− Que vãos? Vãos entre paredes
nas ruas desertas
de pacatas cidades?
Ou verdes vãos
entre montes solenes
da Pátria querida?
− Tenho mãos
que amansam vãos. Não esses...
− De que vãos, então, falais
senão os vãos em nada vãos
do cenário auriverde?
E como, dizei-me,
amansar o que é de natural
e não se faz feroz?
− Tenho mãos que amansam
os vãos indóceis das coxas fêmeas.
Vãos amados, bem fornidos,
carnudos e tenros,
curtidos em óleos nativos
de profunda entranha
(por isso, são doces e acres,
feito poções de boa conserva).
Amanso os cálidos vãos das fêmeas
com as mãos de afago e deleite.
Ilustrações: Poly Duarte |
& & &
Luiz de Aquino, prosador e poeta. Da Academia Goiana de Letras.
5 comentários:
Os vãos das coxas das fêmeas são abismos de êxtase. E de caos.
Ahhh..... que declaração de conhecimento do oposto onde surge a vida!!!!!
Seus poemas têm o timbre do tato, do paladar, olfato, olhar, desejos, sensualidade... Todos os sentidos, carinhos, carícias disseminam afago e deleite. Nesse poema, são as mãos que o carregam.👏🏻👏🏻
Eu quero meu livro...quantos ofereci em Lisboa e fiquei sem!... Maravilhoso. Conteúdos fortes de um poeta com uma fonte inesgotável de artes. As ilustrações desse livro também são fortes, muito bem expressivas. Abraços. Parabéns sempre, poeta!
Muito bom mesmo o poema com insinuações de palavras gestos, intenções, e também a precisão da linguagem.
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