Esta crônica foi publicada em
maio de 2006, antes da Copa
do Mundo e logo após aquela bravata de Evo Morales ao invadir
a Petrobrás na Bolívia,atitude que intimidou o governo Lula
(em 2013, a presidente Dilma também mostrou temer o índio que
governa o promissor vizinho mediterrâneo).Republico-a porque
gostei de relê-la. L.deA.
do Mundo e logo após aquela bravata de Evo Morales ao invadir
a Petrobrás na Bolívia,atitude que intimidou o governo Lula
(em 2013, a presidente Dilma também mostrou temer o índio que
governa o promissor vizinho mediterrâneo).Republico-a porque
gostei de relê-la. L.deA.
Jindungo no mutungo do gajo é sumo
Amanheço mais tarde que o Sol. Afinal, não tenho
compromissos com a aurora. Amo a madrugada, mas somente em sua primeira metade,
pois que a segunda se reserva aos da lida dos campos, especialmente os da
ordenha, ou dos trabalhadores padeiros, motoristas de transporte coletivo e de
carga, pilotos de aviões conforme a escala de trabalho, os da saúde e tantos
mais. Meu ofício de escriba induz-me, ultimamente, a um estar solitário e a
alegria do convívio elejo-a em encontros marcados em grupos pequenos.
Em matéria antecipada sobre a Copa da Alemanha, fico
sabendo que dentre os males do nazismo os alemães vivem, há sessenta anos, uma
espécie de recalque: não se demonstram patriotas nem nacionalistas senão quando
“os nacionais” entram em campo. “Os nacionais” é como eles lá se referem á sua
seleção de futebol. Aí, pintam-se nas cores da bandeira, embora o uniforme dos
“nacionais” seja branco; cantam o hino; gritam “Dóite! Dóite” (Deutsch! Deutsch!), ou seja, “Alemanha! Alemanha!”.
A
diferença? A cor da pele, a língua e as cores das flâmulas tremulantes. Entre
nós, o verde-e-amarelo brilha mais belo, mas “Brasil, Brasil!” soa tão
emocionante quando “Dóite, Dóite!”. E, entre nós, as discussões infindáveis
sobre as mazelas que nos chegam pelos canais de notícias implicam, sim, um
patriotismo renascente. Graças a Deus!
E
é aí que entra a Bolívia de Evo Morales. Evo... Será que primeira-dama de lá se
chama Adã, hem? Deve ser... Bem, Evo Morales é filho político híbrido (tomara!)
de Lula com Chávez e, parece, afilhado de Fidel. Lula tenta uma reeleição e,
nisso, segue mais uma vez o passo trocado de “Fernando II, o Henrique,”
infelizmente. Aliás, Lula tenta reviver JK (coitados... de Lula porque jamais
atingirá a condição do último estadista brasileiro; de JK, porque Lula pensa
mesmo que o repete), mas consegue reproduzir o neoliberalismo que tanto
condenou em seu antecessor, omite-se como Sarney diante de denúncias do óbvio
e, ainda que não se tenha dado conta, faz-se clone do marechal Castelo Branco
na questão da Varig: Castelo mandou fechar, arbitrariamente, a Panair do
Brasil. Se depender do governo, fecha-se a Varig.
E
lá vem o Evo... Culpamos Lula? Sim, pelo desfecho; mas a cagada vem de FHC, que
pôs aquele francês de nome impronunciável na presidência da Petrobrás (não
estou errado, não; em respeito à Língua Portuguesa, evoco a primeira marca, que
conheci criança e insisto no assento). Um investimento bilionário na Bolívia,
sem garantias? Que história é essa? E não venha a esquerda descendente do muro
de Berlim alegar “princípios ideológicos” para acatar o prejuízo, não. Alguns
mal-formados dizem que há cinqüenta anos gritamos “o petróleo é nosso” e, por
coerência, temos de entregar a rapadura aos bolivianos. Não, senhor! Nossos
presentes à Bolívia já são o bastante: a presença da Petrobrás na Bolívia eleva
substancialmente a qualidade de vida local; Lula já perdoou dívida deles; e,
por fim, embora absolutamente ilegal, ponho o dedo na ferida e digo que nosso
imenso território tem servido de escoamento para a cocaína produzida ali.
Então,
tolerantes leitores meus, não tenho receio em dizer, mais uma vez, que sou
patriota, sim. Sou nacionalista, sim. E não engulo passivamente esse golpe do
marido da “Adã”. O populista da coca que se enrede no chá e no pó que lhe rende
divisas escusas, mas que respeite a Petrobrás.
No
mais, atentem para o título: notem que é uma frase de língua portuguesa, mas
com palavras de linguagem angolana (não sei de que tribo, mas foi o Oto quem me
ensinou), que se traduz, em bom “brasileiro”: pimenta no cu do outro é
refresco.
* * *
2 comentários:
Eu não gosto de palavrão, ainda que em alguns casos seja necessário, mas gosto menos ainda de ver o Brasil ser enganado, e isso virou rotina. Revolta-me pagar impostos abusivos e ver o nosso dinheiro voar, sem receber nem um centavo em troca. Nem consigo indignar-me mais. Deixo aos outros esta função.
Mara Narciso
Mesmo sendo um texto de 2006, infelizmente, digo isso porque realmente sinto muito, está perfeitamente atual. ..... Adorei rs
Postar um comentário