O confrade Ademir Hamu postou, no grupo da Academia Goiana de Letras, o seguinte texto:
O cerrado em Goiânia, já em deterioração pela ação humana. |
só
restam 18,66% de Cerrado.
O Censo demográfico de 2022, realizado
pelo IBGE, aponta que a área urbana da Grande Goiânia (dez municípios), foi a
de maior crescimento populacional, entre os anos de 2010 e 2022, em todo o
território nacional.
A Região Metropolitana de Goiânia (RMG) é
banhada pelas bacias hidrográficas dos Rio dos Bois, Corumbá e Meia Ponte, que
integram a grande bacia do Rio Paraná.
A bacia do Rio Meia Ponte se destaca, no
contexto da Grande Goiânia, em função de abarcar 65,49% do total da área da RMG
e por conter a maior parte do processo de captação de água para abastecimento
urbano da região.
No ano de 2017, a bacia do Meia Ponte
integrou a lista das vinte regiões hidrográficas brasileiras com maior
quantidade de área irrigada, com 179 pivôs centrais em uma área de 10.035
hectares.
Estação Cora Coralina, de captação, em época das águas... |
Segundo a Agência Nacional de Águas (ANA),
a irrigação representou 49,8% do total de consumo de água no país, seguida pelo
consumo humano (24,3%) e atividade industrial (9,7%).
Nos municípios que compõem a RMG,
predomina a agropecuária como atividade de maior ocupação de terras (72 38%), a
exceção de Goiânia e Aparecida de Goiânia, que tem, majoritariamente, suas
terras ocupadas com manchas urbanas.
O município de Abadia de Goiás, entre 1985
e 2020, quintuplicou sua área urbana, passando de 95 hectares para 592
hectares.
Aparecida de Goiânia, no mesmo período,
duplicou sua área urbana (de 6.501 para 13. 923 hectares). A totalidade de
áreas urbanizadas é de 9% na RMG, tendo as Paisagens Naturais ocupando apenas
18,66% da área total.
... e a mesma estação, quando da estiagem. |
Observando o Valor Agregado por Preços
Básicos (VAB), conclui-se que o setor de serviços e a administração pública são
os mais importantes componentes da estrutura do PIB dos municípios que compõem
a RMG.
A agropecuária, resultante da retirada da
vegetação nativa do Cerrado, apesar de ocupar a maior parte da área (72,38%),
tem baixo valor agregado e elevadíssimos custos sociais e ambientais.
Repensar o uso do solo na Região
Metropolitana de Goiânia, é uma necessidade imperiosa.
Texto: Águas do
Cerrado (GWATÁ- UEG)
Fonte: BARBOSA. O.M; SOUZA, J.C; MARTINS. P.T.A. Análises Ambientais do
Cerrado. Anápolis, editora Universidade Estadual de Goiás. 2023.
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Para soja ou cana, essa solitária árvore também desaparecerá. |
Respondi assim:
A cada novo censo, as revelações são
bombásticas! A massa (a que chamamos de opinião pública) é iludida pela
inconsequência da mídia que noticia sem provocar o senso crítico - e a opinião
pública festeja a explosão demográfica, os números do PIB (Produto Interno Bruto),
a expansão das áreas urbanas, os arranha-céus, a impermeabilização do solo, o
desaparecimento do cerrado (que a arrasadora maioria entende ser uma
"paisagem feia") e festeja o sorriso artificial do governante que
comemora "o fim da violência" (hem?), as mudanças dos nomes das
unidades de saúde (sem acrescentar melhorias às já existentes), regozija-se com
os números da Educação (percentuais fictícios com base em resultados de
vestibulares) sem considerar a qualidade que resulta em elevação vergonhosa da
faixa que se inclui, dentre os diplomados, como "analfabetos
funcionais" (isso começa com o não conhecimento do uso da pontuação,
somado às falhas na aplicação de regência, concordância e flexão de verbos).
Em suma: não basta trocarmos os
governantes; isso só se conserta se trocarmos a população - fenômeno possível
de se aplicar, mas depende exclusivamente do aprimoramento no ensino da língua
e disciplinas acessórias (filosofia e sociologia, sobretudo), de modo a
dispormos de um senso crítico que estimule o povo a raciocinar alguns degraus
acima das cores das camisas dos times de futebol e também acima de dogmas
ideológicos.
Infelizmente, nossa gente ainda tem medo de comunismo e – pasmem! – de ateísmo; se bem observarem encontrarão os melhores exemplos de comportamentos cristão entre os que se dizem ateus, e não entre os que se carimbam de cristãos e evocam critérios do Gênesis, do Êxodo e outras antiquarias quase que desnecessárias.
E para o futuro em seu todo: as ações
governamentais escolhem não ouvir a ciência. Estamos matando nossos rios.
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Luiz de Aquino, membro da
União Brasileira de Escritores
de Goiás e da Academia
Goiana de Letras.