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sexta-feira, junho 11, 2021

Dia 12, zero hora

Dia 12, zero hora

 

De repente, os namorados todos
se viram assim (como nós)
olhando fundo nos olhos,
querendo cavar segredos
que os lábios não dizem.

 

E os lábios se calam
e se colam silentes
selando o momento de amor
que vê nascer esta véspera
de Santo Antônio.

***  ***  ***

Poeta Luiz de Aquino




Recato-me

 

Recato-me

 

Cada verso que brota 
desse coração letrado e leve 
(sensível) 
mostra luz, lírica e sabença.  


Houve um tempo 
em que era tentado a voltar-lhe 
outros versos, pobres (meus).

 

Bobagem! 
Poetisa plena 
dispensa a mão menor.

*  *  * 

 Poeta Luiz de Aquino

quinta-feira, junho 10, 2021

Era Cupido

 

Era Cupido

 

Do teu olhar, 
fiz esperança.

 

E, rápido, 
ela veio e me deu 
teus lábios.

 

Do teu beijo, fiz tesão 
e te amei desde então.

*   *   *

 

Poeta Luiz de Aquino


quarta-feira, junho 09, 2021

Primavera...





Era manhã e sábado, e frio
e era Primavera, estes dias.
Cinza e triste, úmida.

Era perto o mar, mas sem sol
e claridade de alumiar sorrisos;
até que chegasses.

Era um triste, aquele sábado,
em litoral distante; Manhã cinza:
mas teve o teu encanto.

*   *   *

Poeta Luiz de Aquino

terça-feira, junho 08, 2021

Noturno

 

Ilustr. por Jô Acyole

Noturno

 

A noite é sempre bonita.
A noite é sempre minha
porque não tenho horários
nem pessoas à minha espera.

 

A noite é motivo único
e derradeiro
para as mensagens todas
que eu quis mandar
e se perderam de mim mesmo.

 

A noite é sempre bonita
porque na noite eu posso encontrar
quem me veja com olhos bondosos.

 

E quando na noite você me encontrou
e me olhou desse jeito tão seu,
decidi dividir a noite
com seus carinhos.

*   *   *

 












Poeta Luiz de Aquino

domingo, junho 06, 2021

Um dia, por aí

Um dia, por aí

 

Um dia a gente se vê
por aí
e se olha nos olhos como quem não quer nada.

Um dia, depois, a gente se olha mais fundo
nos olhos
e sente uma coisa profunda a despertar desejos
de se ter.
E mutuamente a gente se entende
cúmplices
no silêncio de se amar demais, de se perder de vez
nos próprios olhos.


É então que começa na gente
esta coisa linda 
que é se querer a todo instante e compartilhar
a mesma escova de dentes.

 

De repente, um dia, sem perceber,
a gente se quer
para estar junto de vez e dividir a água
sob o mesmo chuveiro.


E é então que me encontro
pleno
porque te tenho assim
e porque te desejo pra mim
tão assim,
até misturarmos para sempre
a brancura de nossas cabeças
tão iguais.


*   *   *


Poeta Luiz de Aquino


sábado, junho 05, 2021

Nos teus dias


Página do livro De mãos dadas com a Lua  (1984),
com ilustração de Dineia Dutra.

Nos teus dias

 

Eu gosto de estar contigo
nos bares
e de caminhar contigo
pelas ruas,
de mãos dadas.

 

Eu gosto dos sons de teus passos
apressados
e faço tudo para ser constante
nos teus dias.

 

        Sou presença permanente em tua vida
        e morro de saudade em cada olhar.


 *   *   *


Poeta Luiz de Aquino, da Academia
Goiana de Letras. 

sexta-feira, junho 04, 2021

QUASE

                                                                                              Quase...

 



− Posso te fazer uns carinhos? Uma ternura... Assim, ter tua cabeça em meu colo, meus dedos em teus cabelos, a suavidade deste momento e a sensação da eternidade. O toque das peles excitantes, o eriçar do cio.

−É um poema? Você está fazendo agora? Ou já é parte de um?

− Apenas o que eu gostaria de te fazer ou dizer ao teu ouvido. Coisas de acender vontades, despertar angústias e arrematar prazeres.

− Então, por favor, pare com isso.

− Ah! Mas não me escapa a sensação de calor e textura, a cumplicidade de olhares ternos e desejos incontidos. Há um sonho, um desejo flamejante, uma ânsia de estar...

− O duro é que você fala bonito, hem, Nego! Pó parar!

− Acho que falo muito pior do que sou capaz de executar. A timidez na fala me restringe, nos atos sou mais livre. Ah, que vontade de estar aí ao teu lado!

− Mesmo? Muito lindo o poema.

− Queria sussurrá-lo ao teu ouvido.

− Arrepiei...

− Ter-te aqui, em frente! Sentir teu hálito, sorver tua saliva.

− ...Para com isso.

− Olha que eu digo o mais que imaginei... Posso?

− Eu fico sem-graça.

− Diga que não fica.

− Não prometo; posso tentar...

− Tenta... Quero beijar teus pés. Fazer de minha língua elevador em tuas pernas, sentir o calor de tua virilha, de tuas nádegas, beijar toda a tua intimidade, beber-te com a sede dos caminhantes...

 

− ...entrar em teu corpo por todas as possibilidades!

− E teve jeito de não ficar sem-graça? É íntimo demais, mas ao mesmo tempo é... lindo e gostoso de ouvir.

− Minha língua vai fazer passeio em tua pele, explorar teu corpo como uma mata virgem!

− Estou ouvindo.

− Quero encher minha boca com teus peitos, um a um, num revezamento agitado e em êxtase!

(...)

− Parou?

− Quero o calor do teu corpo, o licor de tua intimidade, tudo em mim, em minha boca... Quero o cheiro mais íntimo, minhas mãos te explorando, achando mistérios, meus dedos entrando, atrás... Fala comigo!!

− É que estou meio... Nem sei como! Perdida? Emocionada? Brava? Ofendida? Arrepiada? Nem sei...

− Molhadinha? Fica... Plis!

− ...e muito sem graça!

− Nada disso! Não vale! Toque-se... Sente como se fosse eu a te fazer excitada, molhada, querendo...

− Não dá... Tem gente aqui. Estão todos acordados!

− Que pena... Beijos mil! Mas beijos para te fazer sentir onde ficar melhor. Estou pensando em te beijar no íntimo, entre os pelos  do púbis, no pulsar do clitóris, sorvendo teu néctar de amor e desejo.

− Você está querendo fazer o quê comigo? Para com isso!

− Quer mesmo que eu pare? De coração?

− De coração? Você me pega, hem? Mas quero, sim; tenho medo de estragar muita coisa. Inclusive eu.

− Não vamos estragar. Vamos deixar fluir essa torrente de desejos. Fico te olhando em fotos e te desejando! Sonho com o momento de te raptar, te isolar do mundo e te amar muito!

− Você me deixou molinha de todo!

− Quero ter-te comigo, levar-te à plena realização do sexo, do desejo, tudo com muito amor...

− Não espere isso, por favor!

− Deixemos que o futuro cuide da gente. As coisas podem acontecer. Muitas vezes independem de nós.

− Sei disso, mas procuro ficar bem distante para evitar. Mandei um mail, não sei se vai chegar...

− Vai chegar! Gosto de te curtir assim.

− Eu também...

− Gostaria de ouvir-te...

− Primeiro, eu estou meio assustada; depois, perdida... não sei o que dizer. Só sei que não consigo desligar essa joça nem deixar de olhar para a tela!

− Me conta uma coisa; é íntima, mas gostaria de saber. Você fica muito excitada?

− Sim, mas mais arrepiada!

− Que gostoso! Quero te arrepiar com minha língua, quero passear com ela pelo teu corpo todo, beijar cada centímetro...

− Não, vamos parar... Eu vou dormir, tá?

− Quero saber coisas do teu corpo... Teus seios, coxas, nádegas...

− Vou dormir, tá? Preciso! Um grande beijo...

− Vai não...

− Vou sim; deixa...

− Por favor... Responde.

− Estou respondendo! Me deixa ir dormir.

− E os segredos do teu corpo? Mas tudo bem. Vai dormir, amor! Te quero muito!

− Boa noite. Durma bem. Até amanhã...

 

Poeta Luiz de Aquino


 *   *   *


 

 

 

quinta-feira, junho 03, 2021

Convite ao cio

 

Convite ao cio


Brincava de olhar,
de rir, de tocar.
Brincava de amar
mas brincava de sexo
(sem querer, eu acho).

 

Tinha um cheiro, a menina;
um cheiro maneiro
feito pele morena, quente
e de pelos.

 

Era algo rápido
a sacudir o sangue
e me erguia o falo pulsante, 
pensante (evidente) na concha molhada 
e quente, também; e convidativa.


                  Ah, mulher! Dá pra mim, vai!


*   *   *










Poeta Luiz de Aquino

quarta-feira, junho 02, 2021

meus gritos

 

Não sei onde andam meus gritos

 

Não sei onde andam meus gritos
nem os procuro na noite passada.
Não sei o que fiz
dos meus enganos
nem se os deixei ficar
por aí,
num canto de quarto.

 

Não sei o que fiz de meus problemas,
mas sinto que os esqueci
como quem não mais se lembra
de um parente morto.

 

Na noite,
o cintilar de estrelas vale mais
que a lua distraída,
perdida num céu, esquecida
da própria vista.

 

Não sei mais de nós dois,
mas encontro os espaços
do desencanto
e não lamento estar agora
tão leve de tudo.

 


*   *   * 
Poeta Luiz de Aquino


terça-feira, junho 01, 2021

A Musica em MIM Maior

SOBRAS

 SOBRAS




Eu queria te ver 

me amando outra vez  

como quando nos tínhamos

só pra nós dois. 



No fundo da gente nasce um inverno

      sem frio nem neve,

              sem ventos.


*   *   *
Poeta Luiz de Aquino