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quarta-feira, junho 02, 2021

meus gritos

 

Não sei onde andam meus gritos

 

Não sei onde andam meus gritos
nem os procuro na noite passada.
Não sei o que fiz
dos meus enganos
nem se os deixei ficar
por aí,
num canto de quarto.

 

Não sei o que fiz de meus problemas,
mas sinto que os esqueci
como quem não mais se lembra
de um parente morto.

 

Na noite,
o cintilar de estrelas vale mais
que a lua distraída,
perdida num céu, esquecida
da própria vista.

 

Não sei mais de nós dois,
mas encontro os espaços
do desencanto
e não lamento estar agora
tão leve de tudo.

 


*   *   * 
Poeta Luiz de Aquino


6 comentários:

Lídia Afonso disse...

Lindas poesias!
Sinto identificação com Sobras Sobras e com
Meus gritos.
Parabéns!

Zanilda Freitas disse...

Lindo poema! Imagino que todos nós encontramos , vez ou outra, " os espaços do desencanto".

Marly Paiva disse...

Bela poesia!

Maria Helena Chein disse...


“Não sei onde andam meus gritos”
Belo e pungente poema, em que se perde os gritos, os problemas e o próprio encontro de amantes que são, e, ao final, sentir-se leve e bem. É o sentimento do sentir-se pleno depois das perdas.

Xexéu (cantor e compositor) disse...

Belo, Amigo!

Sônia Elizabeth disse...

Todos gritamos. Gritos se perdem.