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sexta-feira, janeiro 28, 2011

Mensagem a Gilvane


Mensagem a Gilvane (*)


Ano novo, governos novos e muitas ideias velhas a serem resgatadas. Em resumidas proporções,  parece que viveremos, nos próximos meses, uma ‘’renascença”. É que Goiás experimentou, no período de 1999 a 2006, um expressivo crescimento econômico e social, com as marcas das atividades culturais repercutindo a cada momento. Já em 1999, tivemos o FICA – Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental, na Cidade de Goiás. Logo após, ganhamos outros dois: o Canto da Primavera (em Pirenópolis) e o TeNPo (teatro, em Porangatu; o N de “nacional” faz as vezes do M na palavra).
A meio do segundo mandato, Marconi possibilitou a Feira do Livro, que aconteceu por dois anos consecutivos; na segunda edição, adotou-se no nome Bienal do Livro. Para mim, um erro anunciado, porque a experiência anterior (em Goiás) com a bênção dessa palavra mágica resultou perdida. A primeira Bienal, com esse batismo precoce, foi a segunda, um ano depos da primeira; o governo anterior realizou a outra Bienal uma vez apenas, em quatro anos. Hoje, fala-se em continuar a Bienal, no Centro Cultural Oscar Niemeyer.
É claro que sou a favor de feiras de livros! Nelas, os que escrevem têm o prazer do leitor comum. Não é uma festa para escritores, a não ser para os que, convidados a palestrar, são agraciados com jetons satisfatórios. Participei dos primeiros esforços para a realização dessa feira que deveria ter se tornado bienal, mas caiu na lista dos eventos esporádicos. Depois, os organizadores alijaram-me e se esqueceram de convidar-me.
Foi daqueles tempos primeiros o meu aviso “profético” de que o nome Bienal (assim, com maiúsculas) seria desperdiçado. Ouviram-me apenas no primeiro evento, mas o segundo já aconteceu com o pomposo título.
Feira? A cada dois anos? Não! As pessoas gostam da palavra “bienal” –  é o argumento. Mas esquecem-se, aqui, que as bienais famosas – sejam de livros ou de artes, no Rio ou em São Paulo – acontecem a cada dois anos, mas há instituições que cuidam delas ao longo de todos os dias do intervalo. As feiras de livros são um pitéu para os livreiros (editores, industriais gráficos e comerciantes), mas é preciso dizermos aos governantes – que supõem, com ótimas intenções, que essas iniciativas valorizam e fortalecem os escritores – que a coisa não é bem assim. Mas existem soluções.
Em lugar de imitarmos Rio e São Paulo com suas bienais, fiquemos com Porto Alegre, que há meio século realiza a sua feira de livros, em vias públicas, expondo-se ao tempo e às intempéries. Melhor ainda: fiquemos com Palmas e a sua feira anual. Escritores nacionais que lá aportam para a feira têm-na como a mais bonita e movimentada do país – isso na menor e mais nova das capitais. E com a Flip – Festa Literária de Parati. O evento da bucólica cidade litorânea fluminense, em tão poucos anos, é uma referência internacional.
Precisamos mesmo, em Goiás, é de uma Festa Literária, não apenas de uma feira; e que seja anual, porque bienal é algo que acontece a intervalos capazes de sugerir esquecimento, tal como temos visto (e vivido).
A Festa Literária de Goiás podia acontecer numa cidade do interior. Eventos assim, ainda que grandes, têm pouca evidência na capital. Mas em Bela Vista ou Itaberaí, em Santa Helena ou Corumbá de Goiás, em Pires do Rio ou Itumbiara seria de grande realce. E que não haja apenas barracas para vender livros, com eventuais palestras enfadonhas de escritores notáveis; nem sempre o “homenageado” com polpudos jetons é de boa fala. Nem sejam convidados profissionais que quase sempre são estranhos no nosso ninho.
Uma Festa Literária há de reunir, sim, muitos livreiros. Mas também escritores – na mídia ou não, mas escritores. Em seu decurso, escritores e professores de literatura, bem como leitores especiais (como teatrólogos e diretores de cinema,  atores e críticos) venham ministrar oficinas. E que os autores locais tenham ampla e destacada participação – esse é o modo de valorizar escritores de casa. Que sejam bem remunerados, no mesmo patamar e ao mesmo tempo que os “escritores nacionais” visitantes (em evento no ano passado, cinco escritores goianos levaram nove meses para receber seus jetons; os visitantes receberam imediatamente; e valores muito acima que os R$ 500 destinados a cada nativo).
E que, também, se envolvam as demais áreas das artes. A literatura é ferramenta de todas elas: artes plásticas, cinema, teatro, folclore, artesanato, música... Haja ainda o indispensável concurso da área de Educação (em todos os níveis), bem como de vários municípios do Estado. Assim, indispensável é também o envolvimento da Academia Feminina de Letras e Artes, da UBE de Goiás, da Academia Goiana de Letras etc. Mas é também fundamental que participem os ativistas culturais de todos os demais segmentos.
Aí, sim, o setor literário de Goiás estará devidamente agraciado. Porque, até aqui, somente os livreiros levam vantagens.

* * *

(*) Gilvane Felipe, presidente da Agência de Cultura Pedro Ludovico, órgão gestor da política cultural em Goiás.






Luiz de Aquino (poetaluizdeaquino@gmail.com) é escritor, membro da Academia Goiana de Letras. 

domingo, janeiro 23, 2011

Niemeyer em Pirenópolis


Niemeyer em Pirenópolis

Eis uma anotação para a agenda do governador Marconi Perillo: a bucólica Pirenópolis poderá ser mais uma cidade brasileira e ostentar obra do centenário e imortal Oscar Niemeyer. Nesse sentido, três pirenopolinos – o nativo Luiz Antônio Godinho e os honorários Jorge Braga e eu – empenhamo-nos para que alguma instituição privada ou de governo adquira do casal Íbis Ferreira e Otávio Soares Brandão o projeto que, originalmente, seria aplicado em Rio Verde.

Jorge Braga
Luiz Antônio

Essa aquisição, obviamente, implica dispêndio financeiro fora das possibilidades do trio citado. Caberia à comunidade de Pirenópolis tal empenho, que, parece, não encontra eco na administração local. Mas há, contudo, manifestações pessoais de interesse na obtenção de tal projeto, com o qual o arquiteto de Brasília presenteou o casal (o maestro Otávio Soares Brandão é filho de um grande amigo, já falecido, de Oscar).

O projeto é detalhado, mas, pelo decurso de tempo entre sua concepção e as atuais tecnologias de construção carece de ajustes. A obra tem uma estimativa de curso, em termos atuais, da ordem de dez milhões de reais. Carece-se, nesta fase, de um terreno com pelo menos cinco mil metros quadrados, mais o custo da aquisição de direitos sobre o projeto.

Pirenópolis é berço de incontáveis intelectuais e artistas que deram origem ao elenco histórico dos nossos feitos em literatura, escultura, pintura, filosofia, política, música e tantos mais afazeres de espírito e talento. Hoje, como pólo turístico e catalisador de encontros e eventos, atrai olhares e interesses não só do país, como de todo o mundo. Caso se concretize esse propósito, a cidade das Cavalhadas ostentará uma obra de Niemeyer, algo à altura de sua história.  


* * *
Luiz de Aquino é escritor, membro da
Academia Goiana de Letras.





sexta-feira, janeiro 21, 2011

Leitores, escribas e gestão cultural

Leitores, escribas e gestão cultural



Dos cinco sentidos que a ciência define para o bicho sapiens, todos eles exercidos e exercitados por todo o tempo em que o animal está em vigília, o sabor e o olfato parecem-me os mais misteriosos. O que vemos, reproduzimos; o que ouvimos, também; o que sentimos na pele é alvo de boa descrição e facilmente compreensível. Os odores e os sabores exigem analogias. Mas o menos descritível, para mim, continua sendo o paladar.

Cheiro de mato nos dá uma boa ideia; cheiro de flor, cheiro de frango cozido, cheiro de churrasco, cheiro de sabonete ou de colônia, de perfume ou de batom, cheiro de sexo... Deixo de listar aqui os odores desagradáveis, prefiro evitar  o escatológico. Jorge Luís Borges, imortal poeta argentino, cultivador das línguas e dos textos, da prosa perfeita e da impecável poesia,  em palestra na Universidade de Harvard (EUA), citou:

Falando sobre o bispo Berkeley (que, permitam-me lembrar, foi um profeta da grandeza dos Estados Unidos), lembro que ele escreveu que o gosto da maçã não estava nem na própria maçã – a maçã não pode ter gosto por si mesma – nem na boca de quem come. É preciso um contato entre elas. O mesmo acontece com um livro...”. (Colhi essa pérola no livro "Esse ofício do verso", que me foi presenteado pelo professor Goiamérico).

Isso vale para o livro, a peça literária, a frase (ou verso), a música, as ditas plásticas e as artes cênicas. Vale também para o amor, porque esse gostar que transcende a razão e o que pode ser diagnosticado, também acontece quando o contato entre duas pessoas resulta em essência única, comum aos dois.

Cheguei à literatura por uma combinação de influências – de minha mãe, por ouvi-la contar contos de fadas e ler-me um livro chamado “Histórias da Carochinha”; de meu pai, pelos sons envolventes do bandolim e do violão, por estimular-me a decorar letras de valsas, boleros e canções e por levar-me como seu cantor em serenatas (um cantor de quatro anos de idade, que tremia de frio entre uma janela e outra da pachorrenta Caldas Novas daquele tempo).

Meus escritos nas páginas do DM são publicados também num blog: http://penapoesiaporluizdeaquino.blogspot.com. Leitores meus (a boca que come a maçã) escrevem-me desde frases sintéticas como “Gostei” ou “Amei” até conceitos analíticos (pela ótica sociológica) ou críticos (na visão da literatura). Eventualmente, envio-os à Sabrina Ritiely, nossa editora de opinião, para que os selecione e publique. E fica assim: se escrevo para expor ideias aos leitores, leio o que eles comentam e, assim, trocamos os sabores de nossas maçãs.

De Inhumas, cidade vizinha, chega-me, pelo Facebook, a escritora e amiga querida Helena Sebba
Olá Luiz. Tenho recebido com frequência suas publicações (e) venho lendo suas crônicas também. Gosto delas, especialmente quando contêm aquele “tonzinho um tanto ácido”, que lhe é peculiar. Parabéns por tudo, e seus escritos, eu acho, fogem do banal, da mesmice, e isto os fazem gostosos de ler, um arejamento das ideias, projetanto lucidez e realidade na babaquice que vemos na maioria das crônicas e pseudo-ensaios na imprensa goiana. Prossiga em sua batalha. Ela faz muito bem”. 
Claro, gosto de elogios, mas o que mais me move é a crítica; e Helena Sebba trouxe-me ambos.

E continua, mudando de tom: 
Você sabe dizer como anda a atuação do novo presidente da AGEPEL? espero que ele proponha maior abertura, mais modernidade à Agência, uma vez que a mesma tem andado a passos de tartaruga, e a meu ver, aquela burocracia mofada impede muita gente de seguir em frente. Comigo aconteceu um fato digno de figurar em quadro de ‘impossível acontece’. Depois eu conto".

Contou-me. Não vem ao caso, nesta crônica. O que me cabe, agora, é responder à pergunta sobre a Agência Goiana de Cultura Pedro Ludovico, a autarquia que faz as vezes de secretaria da Cultura do governo estadual. Seu novo presidente, Gilvane Felipe, trouxe para os quadros gente nova e certamente se cercará de alguns remanescentes, ou, pelo menos, do apoio de veteranos do ofício. Helena, ao meu ver, ele significa o recomeço no processo da política cultural desastradamente interrompida quando se pôs lá alguém não apenas estranha ao meio, mas com indisfarçável menosprezo à maioria dos criadores culturais. Gilvane Felipe tem bom trânsito no meio, sabe conversar e informar-se, ouve e fala, respeita artistas de todos os segmentos, está à vontade no meio acadêmico e é político. Quer dizer que saberá muito bem lidar com a gestão dos bens e de cultura e com a política da criação artística.

Estou com ele.


* * *


Luiz  de Aquino é membro da Academia Goiana de Letras.  

segunda-feira, janeiro 17, 2011

Amigos de Goiânia e proximiddes

Recebi da minha querida amiga jornalista Juliana Valim e lhes repasso:






Corrente de Solidariedade
POSTO DE ARRECADAÇÃO PARA OS DESABRIGADOS DO RJ:

Goiânia: Centro Comunitário da LBV 
End.: Rua Jamil Abrão, 645 — Setor Rodoviário 
Tel.: (62) 3531-5000

As contribuições podem ser feitas em 
— água potável; alimentos não perecíveis e os de pronto consumo (massas e sopas desidratadas, achocolatados, biscoitos, cereais) e leite em pó; colchões; roupas, calçados, agasalhos e roupas de cama e banho;  materiais de higiene pessoal (sabonete, escova e creme dental, fraldas, entre outros) e limpeza (sabão, água sanitária, desinfetante, detergente, álcool, vassoura e rodo); água mineral, alimentos de pronto consumo (massas e sopas desidratadas, biscoitos, cereais), leite em pó, além de colchões, roupa de cama e banho e cobertores.

sexta-feira, janeiro 14, 2011

O Dedo de Deus e a Casa de Cora

Panorâmica da Serra dos Órgãos 



 O Dedo de Deus e a Casa de Cora

A Casa de Cora, na margem
direita do Rio Vermelho
Cidade de Goiás, noite e dia...



Escrevo sob a perplexidade das mais novas tragédias tropicais, estas que marcam nossas vidas pela junção de fatores que só tem isso mesmo a nos oferecer. Vejamos: as serras com base de granito, capeadas por um solo sedimentado há milhões de anos, ornadas de verde permitido pelo sol, habitat de animais nativos a viver harmonicamente, tudo regido pelo Dedo de Deus – o pico simbólico que melhor marca a região serrana fluminense.


São Paulo: rua ou rio?


Dias e semanas antes, era São Paulo, a metrópole desordenada, acumulada da ânsia de sobrevida e do sonho de melhorar. Melhorar o quê? Melhorar, apenas! Melhorar já é muito, não carece predicativo. E as rodovias, as pontes, a falta da indispensável vistoria e da manutenção necessária. Córregos que transbordam e superlotam os rios, entulhos de toda natureza a obstruir galerias, a somar-se nos mananciais.

E a serra. Sempre a serra, a encosta, o íngreme talude, o desrespeito às técnicas em nome de uma redução de custos que, em lugar de benefícios, resultam em prejuízos irreparáveis para o povo e num absurdo volume em contas secretas mantidas lá longe...

Brasília; sítio escolhido desde o Século XIX

A sugestão secular que ganhou força no sonho de Dom Bosco e na teimosia de Juscelino Kubitschek mostra-se sábia. Nada de grave no Planalto Central. Os vales de rios que transbordam, bem como as montanhas das florestas que deslizam deviam ser mantidos em sua natureza virgem. Pinheiros e Tietê emporcalhados irremediavelmente; os formigueiros humanos dos morros cariocas; as casas dos ricos, da gente comum e das pessoas muito pobres, encasteladas nas encostas, desafiam a natureza e o tempo em seus dois conceitos.

Em Goiás, sei que o Rio das Almas está cheio; mas Pirenópolis dorme em paz, no recôndito de seus casarões alinhados em ruas tortas ladeira acima; mas o Rio Vermelho regurgita o excesso, transpõe a altura das pontes, lambe alicerces e ameaça a história visual. A Casa Velha da Ponte da Lapa, berço, morada e mortalha de Cora Coralina, resiste impávida. Até quando?

A casa, o rio, a ponte... Tema de muita prosa e poesia

Puxo arquivos e colho um poema. O mesmo que mostrei à poetisa Marilda Confortin, que o pôs na parede da Biblioteca Cora Coralina, na Escola São Miguel, da rede municipal de ensino de Curitiba. O poema é 

A casa nasce das águas

A casa de Aninha, a casa grande  
na beira da ponte, 
dá a mão ao tempo e espera outro século.


Mas a casa está só.  
Não há mais quem lhe varra o chão 
e espane o pó das histórias.

O tacho de cobre não coze mais doces: 
Aninha descansa em São Miguel. 
Não mais as histórias dos becos nem livro de cordel.

Doce Ana doutros anos, 
orça e voz, tempo e tempero.

Foi-se Ana, a cordeleira, cordilheira feito humana, 
canto e coro, coralina, voz menina, canto forte 
cristalina voz poesia.

A casa nasce das águas 
à beira da ponte, à beira do tempo. 
A casa escura das águas.

Rio Vermelho resmunga. 
Rio velho, triste...  
Rabugento, o Rio Vermelho.

Foto: Site Cidade de Goiás (10/01/2011)


Lá longe, na serra fluminense, a Serra dos Órgãos ostenta o pico mais famoso. O Dedo de Deus aponta o céu, mas os homens de duzentos anos não souberam ler o aviso. Invadiram a montanha, feriram a superfície, derrubaram a mata e ergueram casas, riscaram estradas, beberam as fontes dos montes, mas não louvaram o Criador. Em vez disso, desafiaram as leis naturais.

Teresópolis-RJ, Centro, antes das chuvas trágicas

Não é difícil detectar os quatro elementos em ação. Há dois mil anos, a luz noturna sobre a cratera do Vesúvio lembrava fogo; era Pompeia, o vulcão de luz e calor, pedras e pó, e a lava incandescente a sepultar tudo. Na Serra dos Órgãos, Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo repetem-se vítimas. Água e terra soterram casas, coisas e pessoas., destroem estradas e pontes, mudam o curso dos mananciais naturais.


E agora, Cora, o Brasil chora uníssono. A Serra dos Órgãos é, hoje, uma Pompeia tropical.

*  *  *

Luiz de Aquino é escritor, membro da Academia Goiana de Letras.
E-mail: poetaluizdeaquino@gmail.com.


quarta-feira, janeiro 12, 2011

Crônica do poeta Valdivino Braz

Recebi, do escritor Valdivino Braz essa jóia, apenas para agradecer-me o envio que lhe fiz de um filmeto (enviado pelo coleguinha Edmar Oliveira): http://www.youtube.com/watch?v=Gi_P8XwrSCU&feature=player_embedded. 
Vai daqui a minha admiração e a justificativa: eu apenas lhe enviei o filminho... 
Agradeço, envaidecido, seu comentário e faço já a correção (porque - por que), esclarecendo que Mary Anne, minha revisora de plantão, já o corrigira, mas ao postar passei o erro; e vi também, em sua crônica, duas ocorrências de espaços no meio de palavras (essas pequenas traições que nos fazem os computadores). 
Enfim, um elogio seu a trabalho meu! Crítico que nada assina declarou, certa feira, em entrevista, que você, eu e  Delermando Vieira vivemos trocando elogios; este é o primeiro seu que recebo, com quase dez anos desde a denúncia leviana do tal crítico; e não me recordo de tê-lo elogiado por aí afora, apesar de seus inegáveis méritos.
Abraços, meu poeta!

L.deA.



Poeta Valdivino Braz
Uma mão e um mamão

Valdivino Braz (*)


O jornalista, escritor e poeta Luiz de Aquino repassa-me e-mail com endereço eletrônico que me leva a um primor musical, um emocionante tributo a Van Gogh. Na honrosa “presença” e com a licença do possível leitor, de público me dirijo e dou retorno a Luiz de Aquino.


Caro Luiz, é, com efeito, uma belíssima música, esta que você me indica, repassando-me a chave de acesso pelo Youtube. “Vincent (Starry Starry Night)”, de Don McLean, música tocante, valendo aqui o trocadilho. Letra bem feita, profunda melodia, verdadeira e bela poesia, tendo como pano de fundo e ao mesmo tempo legendando as telas de Van Gogh, um gênio com a sua arte e sofrimento. Arte grandiosa, sofrimento de lucidez e fixação do belo; e o belo, às vezes, também machuca. Grato pelo envio da canção, dela eu não sabia, e recebo-a como um presente.

Agora visito o seu sítio (http://penapoesiaporluizdeaquino.blogspot.com) e me deparo com assuntos pertinentes, sobre os monumentos de Goiânia, sobre a educação de qualidade e sobre os bens da cultura.

A Cartilha Sodré, dos bons tempos...

Coincidência (em sua matéria sobre educação): dos nove para os dez anos de idade, fui-me do sertão para Goiatuba e daí para Uberlândia, em agosto 1950, e só em 1951 (como você) iniciei estudos primários, no Grupo Escolar Coronel José Teófilo Carneiro, mas já então lendo e escrevendo, ensinado por tia Rosa, em casa, com a “Primeira Cartilha”, do Theobaldo Miranda Santos. Isso me rendeu um adiantamento escolar: vendo-me já sabendo ler, a professora me levou até a diretora da escola e disse a ela: “Esse menino não pode ficar no primeiro ano, ele já sabe ler e escrever”. A diretora, Maria Aparecida Lomônaco, me deu para ler a “Cartilha Sodré”, de Benedicta Sthal Sodré, e fui lendo tudo, só titubeei ao ler “A vaca é malhada”, engrolei-me com o “lh”. Passei no teste, ganhei a cartilha e transferência pa ra classe mais adiantada, ou direto para o segundo ano.

Fui até o fim do quarto ano sem levar bomba, ou tinta, na gíria de hoje. Na solenidade de entrega dos diplomas, ganhei de presente o livro “A Princesa de Bambuluá”, de cuja autoria não me lembro e não sei se é o mesmo livro (deve ser), mas sei que o seu xará de prenome, Luís da Câmara Cascudo, coletou um conto com esse título e este foi editado para o público infanto-juvenil. Penso (logo...) que o livro deve ser o mesmo. Por essas e outras “proezas”, com o dom de uma saliente sapiência, é que, modéstia à parte, sem falsa modéstia e aqui mandando a subserviente humildade às favas, sempre fui um menino inteligente. Pode?! Ou, como diria o nosso humorista Nilton Pinto: Tem base? (Risos).

E aquele Luiz com cara de menino na fotografia, é a cara do Aquino. Refiro-me à fotografia de 1956, na sua matéria sobre a educação. Em tempo: já na matéria sobre os monumentos, no parágrafo em que você fala sobre “a dissonância entre o original e o atual” (perto da fotografia da Praça Latiff Sebba, com as imponentes e futuristas “agulhas” de Iris, como as chamo, e das quais gostei), você, que bem escreve, faz a seguinte pergunta: “Porque não aprender com a Europa?”. Veja bem (ide e vede), esse “Porque” aí não é separado: Por que (?). Um cochilo. Pois é. Ou sou eu que estou cochilando?

Escoteiros, e não soldados.
O mais interessante vem agora. Na matería sobre a educação, você ilustra com o antigo caderno “Avante”. Presumo que tenha lido meu romance “O Gado de Deus” e, de boa memória, sabia que que tal caderno trazia escoteiros na capa, com a bandeira brasileira, e não soldados na Segunda Guerra Mundial, como coloquei no referido livro, na parte intitulada “Caderno do menino Inocêncio de Deus Divino” (que era e sou eu, ainda). Memória minha me tem faltado feito maminha que se despenca e a contento já não alimenta. Gostou dessa? Tinha comigo que naquela capa de caderno havia soldados, e não me lembrava de nenhuns escoteiros. Caramba! Mais essa! Quero dizer que, como já vinha e venho dizendo, e para uma nova edição, “O Gado de Deus” é passível de reparos, em aspectos estruturais e de alguns excessos, cortes, ligeiros acréscimos e algo mais; rever, por exemplo, a técnica de algumas colagens que deliberei fazer no romance, consoante o espírito do mesmo, de glosa, de ironia (subliminar ou não), paródia e sátira; a tudo rever para melhor, além da malfadada revisão, cochilos meus e também culpa da editora, por razões que mal se explicam.

A confusão, Braz, é porque o escotismo, naquele
tempo, era pouco conhecido em Goiás (fui
escoteiro no Rio de Janeiro).

O bom do bom é que aquela ilustração do caderno, em sua matéria, vem-me como socorro, um reparo a mais que deverei fazer no romance em questão. Não sei se a propósito foi que, à fiel constatação de tratar-se de escoteiros e não de soldados, você colocou lá a ilustração, mas (pelo sim, pelo não) credito-lhe essa, meu amigo. Humildemente me prosto e agradeço com o meu abraço. Uma mão lava a outra, um pé imita o outro, a gente vai se ajudando e vamo-nos levando. Veja você que o destacado escritor Ronaldo Costa Fernandes, no romance “O Morto Solidário”, afirma que a ilustração do rapaz com o bacalhau nas costas é do rótulo do fortificante Biotônico Fontoura, quando na verdade é da Emulsão de Scott (o inesquecível purgante da infância), e daí publiquei, na Bula (revistabula.com), comentário crítico sobre a obra, e alertei para este detalhe. Como eu disse, ou direi agora, uma mão e um mamão. Vice-versa a mesma coisa.
Tradicional rótulo da inesqueível (rsrs) Emulsão de Scott...



* * * 


(*) Valdivino Braz é jornalista e escritor de poesia, contos, crônicas e romances.

terça-feira, janeiro 11, 2011

Goiânia Canto de Ouro

Cena do Calçadão do Choro (Grande Hotel): MPB de Goiás.

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Larrisa Moura e eu




Maria Eugênia e eu
Começa esta semana, no Goiânia Ouro (Rua 3, esquina com Rua 9, Centro) mais uma versão do Canto de Ouro, o maior evento de MPB em Goiás. Às quintas, sextas e sábados, desde o dia 13 de janeiro até o dia 16 de abril, vamos curtir o que há de melhor na MPB feita em Goiás, com inserções de peças do cancioneiro nacional.  Cantores e instrumentistas são nativos ou residentes daqui... 
Karine Serrajno
Ah, gente! Aí vai a programação, os elencos e um "release" da primeira semana. (Meus ingressos já estão reservados com o guru dos grandes feitos nessa área, meu amigo e ex-aluno dos tempos de Lyceu Carlos Brandão!).


L.deA.








PROGRAMAÇÃO

O Centro Municipal de Cultura Goiânia Ouro está pronto para receber a 4ª edição da maior festividade voltada específicamente para a Música Popular Brasileira em Goiânia. O Canto de Ouro 2011 será, sem dúvidas, a maior edição desde quando o festival começou. Acontecendo entre 13 de janeiro e 16 de abril do próximo ano, o evento englobará 13 semanas de shows com 15 elencos de artistas; entre eles 65 instrumentitas e 68 cantores e cantoas, o que resultará em 58 atrações diferenciadas.

Confira a programação completa e programe-se para fazer parte desse evento:
1º Elenco  
Data: 13, 14 e 15 de janeiro
Márcia Jácomo
Marcos Antônio
Xexéu
Nilton Rabello
Banda: Jader Steter, Bororó, Sérgio Pato, Emídio Queiroz e William Cândido

2º Elenco

Data: 20, 21 e 22 de janeiro
Wanderson Postigo
Yara de Mello
Valter Mustafé
Gilberto Correia
Banda: Moka, Bororó, Henrique Reis
, Sérgio Pato e Emídio Queiroz
3º Elenco
Data:
 27, 28, e 29 de janeiro
Milla Tulli
Grace Venturini
Senhor Blanchu
Darwinson
Banda: Guilherme Santana, Nonato Mendes, Emídio Queiroz, William Cândido e Sérgio Pato

4º Elenco

Data: 3, 4 e 5 de fevereiro
Kleuber Garcez
Anthony Brito
Larissa Moura
Laércio Correntina
Banda: Guilherme Santana, Bruno Rejan, Gleyson Andrade, Diego e Henrique Reis


5º Elenco
Data:
 10, 11 e 12 de fevereiro
César Canedo
Karine Serrano
Sabah Moraes
Débora de Sá
Banda: Guilherme Santana, Nonato Mendes, Edilson Morais, Ney Couteiro e Henrique Reis

6º Elenco
Data:
 17, 18 e 19 de fevereiro
Lucas Faria
Cristina Guedes
Tonzera
Grace Carvalho
Banda: Fred Valle, Bruno Rejan, Luiz Chaffin, Diego e William Cândido

7º Elenco
Data:
 24, 25 e 26 de fevereiro
Elisa Canuto
Grupo Essência
Cláudia Vieira
Fernando Perillo
Banda: Fred Valle, Bororó, Sérgio Pato, Front Jr. e William Cândido

8º Elenco
Data:
 10, 11 e 12 de março
Quinteto Harmoniza
Ingrid Goldfeld
Fernanda Guedes
Francisco Affa
Banda: Fred Valle, Marcelo Maia, Dimar Viana, Diego e William Cândido

9º Elenco
Data:
 17, 18 e 19 de março
Horton Macedo
Beto Cupertino
Cristiane Perné
Diego de Moraes
Banda: Guilherme Santana, Nonato Mendes, Front Jr., Sérgio Pato e Henrique Reis

10º Elenco
Data:
 20 de março
Radiografia
Gustavo Carvalho
PretoCoresPreto
Super Super
Space Truck
Ponto de Escambo
Ton Só
José Teles
Direção de elenco: Dênio de Paula

11º Elenco
Data:
 24, 25 e 26 de março
Fausto Noleto
Octávio Scapin
Henrique
TomChris
Banda: Guilherme Santana, Bruno Rejan, Henrique Reis , Edilson Morais e Luiz Chaffin

12º Elenco
Data:
 31/março, 1 e 2 de abril
Adalto Bento Leal
Fé Menina
Maíra
Gustavo Veiga
Banda: Fred Valle, Marcelo Maia, Edílson Morais, William Cândido, Luiz Chaffin

13º Elenco
Data:
 3 de abril
Kabiotó
Passarinhos do Cerrado
Gloom
Umbando

14º Elenco
Data:
 7, 8 e 9 de abril
Walter Carvalho
Taís Guerino
Luiz Augusto e Amauri Garcia
Maria Eugênia
Banda: Fred Valle, Marcelo Maia, Edílson Morais, William Cândido, Luiz Chaffin

15º Elenco
Data:
 14, 15 e 16 de abril
Bel Maia
Juraíldes da Cruz
Camila Faustino
Pádua
Banda: Fred Valle, Marcelo Maia, Edílson Morais, William Cândido, Luiz Chaffin






Release primeira semana:






Palco do Canto de Ouro, 2010...

Vem aí: Goiânia Canto 
de Ouro 2011


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A 4ª Edição do Goiânia Canto de Ouro englobará 15 elencos e acontecerá de 13 de janeiro a 16 de abril de 2011
por Caio Sena - Assessoria de Comunicação

Márcia Jácomo estará no primeiro elenco de 2011 Foto de Divulgação
O Centro Municipal de Cultura Goiânia Ouro está pronto para receber a 4ª edição da maior festividade voltada especificamente para a Música Popular Brasileira em Goiânia. OCanto de Ouro 2011 será, sem dúvidas, a maior edição desde quando o festival começou. Acontecendo entre 13 de janeiro e 16 de abril do próximo ano, o evento englobará 13 semanas de shows com 15 elencos de artistas; entre eles 65 instrumentistas e 68 cantores e cantoras, o que resultará em 58 atrações diferenciadas.

Canto de Ouro foi concebido pelo secretário de cultura Kleber Adorno com a realização da Prefeitura Municipal de Goiânia através da Secretaria de Cultura. A produção fica por conta do compositor e jornalista Carlos Brandão, já a direção musical é de Luis Chaffin.
FlashBack
Goiânia Canto de Ouro começou com o pé direito no ano de 2008, quando inovou ao produziu 8 semanas ininterruptas de Música Popular Brasileira com vários artistas goianos. Em 2009 o evento foi ampliado para 10 semanas. No ano passado, além de preencher o palco do Centro Cultural com 12 semanas de música, o festival se expandiu para o Café Cultura com mais 12 artistas.
Desde a primeira edição, o Canto de Ouro teve como objetivo aproveitar a diversidade cultural principalmente de artistas goianos, oferecendo uma atração de qualidade para quem fica em Goiânia durante as férias e até mesmo turistas que pretendem visitar a cidade no primeiro semestre do ano.

Horizontes
Nas edições passadas o festival acontecia de quinta-feira a sábado. Em 2011 foram adicionadas duas semanas especiais com atrações também aos domingos. O primeiro acontecerá dia 20 de março com Ton Só, Gustavo Carvalho, PretoCoresPreto, José Teles, Ponto de Escambo e Super Super. Todos esses artistas foram dirigidos por Dênio de Paula quando participaram do CD Radiografia (um trabalho que de ganhou muita visibilidade no cenário goiano) e que acabou sendo selecionado pela curadoria do Canto de Ouro para este primeiro domingo especial.
O segundo domingo extra acontecerá dia 3 de abril, nesse dia, quem comanda o palco são os grupos: Passarinhos do Cerrado, Kabiotó, Gloom e Umbando. Os grupos selecionados possuem instrumentistas próprios que fazem parte do eixo central da banda, compondo a identidade. Tal fato deixou as quatro bandas com um registro musical diferente do que normalmente aconteceu nas últimas edições do Canto de Ouro. "Na 4ª edição, criamos dois elencos paralelos para ampliar ainda mais a programação do festival", explica o produtor Carlos Brandão.

Primeiro Elenco 2011

O elenco da primeira semana de 2011 já está definido. Abrirão o palco nos dias 13, 14 e 15 de Janeiro os músicos Marcos Antônio, Xexéu, Nilton Rabello e Márcia Jácomo. Acompanharão os cantores em cima do palco uma banda formada por Jader Steter, Bororó, Sérgio Pato Emídio Queiroz e William Cândido.

Marcos Antônio: Cantor, compositor e instrumentista. Marcos é bastante conhecido nas noites goianienses e em todo interior de Goiás e Tocantins. Começou a cantar aos 10 anos de idade no extinto programa da Tv Anhanguera "O mundo é das crianças".
No seu percurso profissional passou por diversas bandas de baile até chegar a carreira solo em 1985, quando participou de diversos festivais em Goiás, seguindo mais tarde para outros estados.
Lançou seu primeiro disco em 1996, com o título "Quero ter você pra mim", nele o músico colocou composições próprias e uma regravação de "Pra você não ir embora" de Benito di Paula.
Márcia Jácomo: Iniciou a carreira musical na década de 1980 no "CORAL DA CIDADE" sob regência de Luiz Graciliano Salles. Por lá a artista permaneceu 12 anos, sendo solista. Durante esse tempo se apresentou em Goiânia, Anápolis, Brasília, Belo Horizonte e arredores.
De 1999 a 2003 morou na Georgia (USA), época em que representou o Brasil acompanhada pelo violonista Ednaldo Queiroz.
Durante sua carreira fez vários Shows sobre o Dia Internacional da Mulher; Consciência Negra e foi backing vocal de Gustavo Veiga e Tonzera. Recentemente participou do FICA na cidade de Goiás e canta em bares e shoppings na noite Goiana.
Nilton Rabello: Cantor e compositor, Nilton Rabello atua desde 1977, e toda sua experiência pode ser percebida em Nação, CD de 2006 que aponta diferentes estilos, desde baladas românticas como Por VocêAlarmes e Navegante; músicas mais balançadas como Toda Forma e Cigana; bossas como Saudade Boa; rock, pop, funk e dance emVocê Me Entende.
O primeiro disco veio em 1985. Era um compacto simples, com duas composições que marcaram época: Avesso, um dos principais hits goianos, e Céu Goiano. Ao longo da carreira, gravou ainda o CD Minha Luz, de 1995, e o CD A Trilha, do grupo formado por Rabello, Henrique, Luiz Augusto e Marcos Morgado, em 2000. Em 2002, foi lançadoFaço Tudo Pra Te Conquistar, um passeio por bossas, sambas e outros ritmos brasileiros, que confirmava a abrangência da obra de Nilton.
Serviço:
4ª Edição do Goiânia Canto de Ouro
Data: 13 de Janeiro a 16 de Abril de 2011
Local: Centro Municipal de Cultura Goiânia Ouro
Endereço: Rua 3, esquina da Rua 9, Centro