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sexta-feira, abril 29, 2016

Até já, Adriana!



Adriana Leão: na última foto, a alegria incontida - apesar das dores.
 
Cansado de cantar adeuses


De uns tantos anos para cá, a humanidade do Brasil inventou muitas coisas esdrúxulas. Muitas palavras mudaram de conceito, muitos hábitos ditos por bons foram esquecidos, adotaram-se procedimentos – estranhos uns, agradáveis outros. Sob alguns aspectos, a humanidade brasileira melhorou – noutros, bestificou-se, barbarizou-se.

Pessoas ligadas às filosofias – ou, às vezes, pessoas apenas doutas – referem-se à perda ou ao vilipêndio de valores antes considerados nobres. A gentileza ficou esquecida, o trato interpessoal ganhou aspectos de selvageria, as agressões físicas nunca desapareceram, o cavalheirismo ficou démodé porque – dizem os trogloditas – a mulher inventou o feminismo e as etiquetas sociais desapareceram.

A humanidade de Pindorama foi engarrafada, asfixiada, silenciada e confinada ao longo de 25 anos, mais ou menos, numa versão contemporânea da Idade Média que, séculos atrás, asfixiou a Europa. As chamadas Grandes Navegações ensejaram o surgimento da tal Idade Moderna, inaugurada com um nome romântico – Renascimento. A humanidade tupiniquim teve o seu, que temos chamado de “redemocratização”, no período que sucede o fim do quinto dos revezadores da ditadura militar.

Essas lembranças ruins fazem sentido em mim. Não pela ignorância que quer de volta os militares na cúpula política ou que entendem que a resistência à ditadura também cometeu tortura. As pessoas que hoje registram seu primeiro meio século de vida (dizem que já nasceu quem chegará aos 150 anos) não sabem da onda de otimismo e liberdade dos anos que antecederam a sanha de poder que marcou duas vitórias seguidas em Copas do Mundo, o nascer da Bossa Nova e as transformações a que chamaram de “revolução sexual”, simbolizada na pílula anticoncepcional e na minissaia.


Natasha e Amanda com a mãe, Adriana. Três lutadoras
confiantes e incansáveis.
Tenho contado os meus adeuses – essas lágrimas incontidas que nos aliviam quando tampamos as urnas mortuárias de corpos queridos. Muitos de septuagenários, octogenários e nonagenários – mas há também os dos jovens que são lembrados como filhos e irmãos. Dói-nos chorar avós e pais e tios vetustos, mas a dor ante a juventude interrompida é terrível!

O Estado de Minas, 21/6/15: a persistência na luta pela vida.

Esta semana, após alguns anos de luta heroica contra o câncer, foi-se a nossa Adriana, irmã caçula de Mary Anne. Ainda sob efeito do luto pela perda da mãe, de um dos cunhados e do marido, minha cunhada constatou que portava um tumor. Outros foram detectados em tempos posteriores, e o auge desse martírio deu-se no decurso do ano passado, agravando-se nos últimos seis meses.

Adriana nasceu já sob o arbítrio (outubro, 1964), não viveu os tempos felizes de que falei. Era menina (13 anos) quando perdeu o pai, após sete anos de tratamento similar (também câncer), período em que teve por cuidadores os irmãos mais velhos (Roseanna, Mary Anne, Flávia e Sérgio Augusto). Casou-se aos 19 anos, justo aquele tempo em que começava a nossa Renascença. Ela pôde curtir amizades de infância, amigas escolares, adolescentes ruidosas (redundância, hem?) e uns poucos namoros. Gerou duas lindas filhas, moças bem-educadas e adoráveis sobrinhas, Natasha e Amanda.





A imagem brutalmente transformada não
lhe tirou a alegria
Adriana dedicou os últimos dias, quando as dores davam breves pausas, às despedidas. E despediu-se devagar das filhas, recebendo recomendações valiosas – calcadas naqueles valores que a nossa tal “renascença” escolheu suprimir – e orientações sobre a amizade, a família, os maridos (ambas casadas, respectivamente com Márcio e André) e a união, riqueza inadiável, inalienável, inesquecível para que a felicidade se faça presença, mesmo após a partida da nossa amada Adriana.


A vida, porém, recomeça todos os dias. E assim acontece também para nós – um septuagenário irreverente como eu ou um sóbrio e solene nonagenário ou, ainda, um jovem focado no aprendizado que lhe dará futuro.

Contudo, ando cansado de tantos adeuses. Assim, prefiro concluir com um “Até já, Adriana!”.


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Luiz de Aquino é jornalista e escritor, membro da Academia Goiana de Letras.

terça-feira, abril 26, 2016

Rodovia José J. Veiga: Agetop não repõe placas



Em 1999, posei ao lado da novíssima placa. Todas desapareceram e a Agetop não atende aos meus apelos.


Rodovia José J. Veiga: 

Agetop não repõe placas



Lidar com a memória desperta saudades. Saudades boas, claro. Os fatos ruins, aprendi a transformá-los em lembranças risíveis – ou, quando é o caso, flashes de perdões. E aprendi também a considerar saudade somente o que nos recorda alegrias. O despertar para esta crônica levou-me a abrir uma coletânea encadernada do semanário Gazeta de Goiás, que editei por um ano e meio, entre colegas de admiráveis talentos e dedicação, como Amilton Carvalho, Maristina Andrade, Sálvio Juliano, Eleusa Menezes, Nilson Gomes, Dorothy Menezes, Rose Mendes e o virtuoso programador visual Carlos Sena, além de Alessandro Carrijo... os esquecidos perdoem-me, assumo as falhas de memória

Já se completaram 17 anos de uma viagem inesquecível ao Rio de Janeiro. Propus-me a realizar três eventos – assistir à defesa de tese de doutorado, na PUC, do amigo poeta Goiamérico Felício, na tarde do dia 2 de março. A manhã do mesmo dia, aproveitei-a nos outros dois itens – visitar o poeta Afonso Félix de Sousa e o contista e romancista José J. Veiga, dois goianos exponenciais no ofício literário. Entrevistei-os, obviamente, valendo-me do indispensável oportunismo jornalístico.

Mexido pelas lembranças, fui às páginas do semanário Gazeta de Goiás. A entrevista com Afonso, transformei-a na matéria jornalística com que homenageamos o Dia Nacional da Poesia (14 de março), naquele ano, e a de Veiga, guardei-a (ainda tenho a fita e o minigravador).

Hão de perguntar-me, alguns, a razão de não ter publicado tal entrevista e haverá quem suponha ser um capricho meu etc. Pode ser, não sei. Hei de, a qualquer momento, desgravar tal entrevista e trazê-la ao conhecimento – vamos ver. Fato é que, na última página da edição de 2 a 8 de maio de 1999 da Gazeta de Goiás (Ano II, nr. 95), publicamos (o editor de Cultura era o competente jornalista, artista plástico e professor Sálvio Juliano) matéria que tomou quase toda a página – “Rodovia José J. Veiga” (era o título).

Era o fim de uma jornada. Quando presidi a União Brasileira de Escritores de Goiás, solicitei ao saudoso deputado Professor Luciano que propusesse a homenagem ao autor de Sombra de Reis Barbudos dando seu nome ao curto trecho rodoviário entre Corumbá e Pirenópolis. A Assembleia Legislativa aprovou e o governador Helenês Cândido sancionou a Lei (dezembro de 1998). Coube ao governador Marconi Perillo, em maio de 1999, mandar instalar as placas nas duas margens da rodovia, com o nome oficial do trecho.


A placa atual, na cidade de Pierenópolis, omite o nome do homenageado.
Por volta de 2009, as placas desapareceram. Encaminhei pedidos à Agencia Goiana de Tramsportes e Obras Pública - Agetop, envolvi alguns secretários de Estado para apoiarem-me e recorri ao próprio governador Alcides Rodrigues, mas, pelo visto, suas ordens já não eram mais cumpridas. Com o retorno de Marconi Perillo ao governo, em 2011, voltei a insistir, e continuei sem respostas. Mobilizei espaços do DM (Ulisses Aesse publicou pelo menos duas vezes o mesmo pedido), recorri a parentes do presidente da Agetop, mas de nada adiantou.

Bem! Resta-me implorar ao governador Marconi Perillo que determine a reposição dessas placas. O homenageado deixou seu nome fortemente marcado em nossa história e recuso-me a aceitar o descaso do Sr. Jayme Rincon. Ele deve saber que existe uma lei nesse sentido.


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Luiz de Aquino é jornalista e escritor, membro da Academia Goiana de Letras.



segunda-feira, abril 18, 2016

Nesta terça-feira, 19/04/16, às 19 hoas, no Centro Basileu França, em Goiânia.


Literatura Goyaz 2015



A inciativa é do poeta Adalberto de Queiroz (ele é também jornalista, empresário e ativista cultural, em todas essas atividades, põe muito de si, num ímpeto de paixão e perfeccionismo – ou seja, é um tenaz realizador)! Da ideia, partiu para a ação. Em pouco tempo ele reuniu o poetariado próximo, sob seu crivo severo – o homem é muito exigente, mas quando se trata de poesia, o nível de exigência sobe mais.

O lado interessante é que à medida que o meu amigo Beto juntava poetas, o fato ficava mais conhecido. A mídia –boca-a-boca (nunca entendi bem... devia ser boca-a-ouvidos) cumpriu seu desiderato e o grupo confirmou presença, oferecendo seus rascunhos, ou rabiscos, ou alfarrábios, ou gavetas – metáforas para “textos originais”, ainda que já tivessem perdido a originalidade, se levarmos em conta o vício genérico de os escritores reescreverem tudo a cada nova leitura.

Entre o final de novembro e meados de dezembro, os primeiros impressos desapareceram, tamanha foi a procura pelos próprios autores, o que inviabilizou uma festa de lançamento. O jeito foi providenciar outra impressão. E o Beto, novamente perfeccionista, exigiu releituras sobre a primeira tiragem, ao que alguns autores responderam com informes específicos, solicitando alterações em face de prováveis erros de revisão ou de impressão e ainda alguns retoques (ainda!).

Enfim, pronto! O livro saiu de novo, com a mesma capa, os mesmos poemas e contos, as mesmas minibiografias dos autores – tudo sob o rigor de cada autor. Assim, o passo seguinte foi escolher o local, marcar data e horário e, obviamente, informar a cada um para que a festa de autógrafos múltiplos acontecesse.

E acontecerá, sob as graças de Deus, a partir das 19 horas do dia 19 deste abril, a próxima terça-feira, no Centro Cultural Basileu França (ah, gosto do nome inteiro – Basileu Toledo França!). O ponto certo é a sala ao lado do Teatro, e o endereço é Avenida Universitária, acima da Praça (nas proximidades do SESC e da Saneago).


Como entrei nessa história? Bem, primeiro o Adalberto de Queiroz chamou-me para integrar o time de poetas e prosadores que tomaram assento nessa nave. Depois, pediu-me que o auxiliasse, revisando todos os originais apresentados. E novamente mobilizou-me para uma releitura – agora, do livro impresso. Minhas anotações, em boa parte, coincidiram com as indicações dos autores. Desculpei-me devidamente com o nosso organizador, meus olhos andam já cansados – precocemente, pois! Tenho apenas 70 anos, uai! – E devo admitir que a capacidade de concentração também se esvai, aos poucos.

Tentei, nos dois momentos, fazer a minha parte, isto é, cumprir com a missão que me atribuiu o velho amigo. Volto hoje ao tema – afinal, na época em que o livro ficou pronto, falei sobre ele. Portanto, a história de hoje é apenas uma atualização, ou as andanças pelo capricho e a auto exigência do poeta Beto.
E arrematando, porque história boa não deve ser alongada, estou escolhendo a camisa para fazer bonito nessa festa. Ando com saudade de autografar, e dar autógrafos em grupo é algo inebriante! Fiquem, pois, com a capa da Literatura Goyaz 2015 – a antologia do Beto, mas que digo nossa no conceito de mero co-autor, muito feliz por enfileirar-me entre tantos bons poetas e contistas!


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Luiz de Aquino é jornalista e escritor, membro da Academia Goiana de Letras


sexta-feira, abril 15, 2016

Poesia na Rádio 730 - neste sábado, 16/4, às 21h30min.

Amigos meus, gente que ama a poesia (gente que se casou com a poesia, os que apenas a namoram, os amantes ou os apenas ficantes...)! Adalberto de Queiroz, Edival Lourenço e eu, sob a coordenação do jornalista Paulo Rolim (também poeta), como virtuoso acompanhamento ao violão de Manuel de Almeida, estaremos na noite deste sábado na Rádio 730...

Anotem, pois: sábado, 16 de abril, das 21h30min em diante, falaremos de muita poesia e um repertório dos mais refinados (especialmente para quem já curtiu serenatas e cantoria dos tempos em que música era coisa fina). O nome do programa é quase uma prece - A poesia nossa de cada dia.
Confiram:

Presentes na mesa de debates do programa o presidente da União Brasileira de Escritores - seção de Goiás, Edival Lourenço, o consagrado jornalista, escritor e poeta Luiz de Aquino e o inquieto literato Adalberto Queiroz, acompanhados ao violão pelo talentoso Manuel de Almeida. Participam ainda a pre…
PORTAL730.COM.BR|POR VINÍCIUS TONDOLO

terça-feira, abril 12, 2016

Apreciação da poetisa acerca de "Sob o signo da Lua (Concerto de boêmios)"



Sônia Prado, poetisa, comenta meu livro de crônicas e saudade vária. 

"...creio que os espíritos afins se separam momentaneamente, apenas... voltam sempre a se encontrar em algum lugar, aqui e além. Esse é o consolo" (Sônia Prado).

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Bom dia, Luiz!

Aproveitei o repouso por conta de uma gripe para ler “Sob o Signo da Lua”. Que leitura envolvente! Só consegui parar quando o livro terminou...... rsrsrs. Foi uma viagem a um tempo em que conscientemente eu não vivi, mas que está presente em mim em inexplicáveis reminiscências... O tempo das serenatas. Sobre isso já lhe falei.

A vida de três boêmios - meu avô Luiz de Aquino
Alves, meu pai Israel e nosso parceiro comum
José Pinto Neto. Ou a minha vida, em torno deles.

Identifiquei-me com cada personagem: Luiz Aquino Alves, Israel, Dona Lilita com a sua visão de futuro - percebendo os dons do filho mais velho, não hesitou em mandá-lo para o melhor colégio, onde adquiriu base sólida para ser o escritor que hoje é - e Zé Pinto, espíritos elevados que deixaram uma forte marca nas pessoas com as quais conviveram, e também no tempo.

Impressionou-me a amizade pura e sincera entre Israel e Zé Pinto, e a musicalidade que os envolvia. Bastava um violão para a festa começar. Nessa parte, lembrei-me de mim em outras épocas. Onde havia um violão, só saía quando o violeiro ia embora.  Um dia, o Artur, irmão do Chico, e eu cantamos das 10h às 23h, sem parar. A Bernadete fez um prato de comida para nós, o qual permaneceu intocável... rsrsrs.
A edição original...



Emocionei-me em vários momentos do livro... o relato das homenagens recebidas, por você e por seus entes queridos, as tantas perdas... inexplicáveis ao nosso coração, que tão longe está de desvendar os mistérios que envolvem a existência humana na face da terra.  Mas creio que os espíritos afins se separam momentaneamente, apenas... voltam sempre a se encontrar em algum lugar, aqui e além. Esse é o consolo.

Enfim, adorei o livro! Muito mais teria para dizer, mas o tempo... Ah! O tempo... O tempo está curto.

Abraço fraterno,

Sônia

sábado, abril 09, 2016

O deslize de Itamar Franco com Lílian Ramos... (Carnaval, 1993).

Essa foto, colhi-a no próprio Facebook e o site a censurou. 

A foto erótica com o Presidente



Queridos amigos leitores, que semana! Três rapazes vazios, dois deles com suas namoradas que imagino também bobíssimas, passaram num luxuoso Corola pelas ruas do Marista, no circuito dos bares de jovens, provocando transeuntes. Um deles responde ao xingamento e paga caro – morre a tiros.

Nossa principal mandatária não muda o tom de palanque em seus discursos desprovidos de conteúdo e lógica, repetindo pateticamente “é golpe!” – para a alegria da militância impensante (acho que isso é redundância). O PMDB começa a se alegrar, o senador Serra já fala como possível ministro de um mandato-tampão de Michel Temer.

Existe hoje, no país uma legião imensa de antipatizantes dos dois lados, pessoas que não querem mais o PT no governo, mas não querem também PMDB nem PSDB. E menos ainda o DEM ou, nos degraus mais abaixo, os múltiplos partidos de aluguel que, por se alinharem com o poder, são chamados de “base aliada”.

Cansei dessa discussão estéril. Esse impeachment repete 1992, com a oposição se regozijando e o alvo do processo falando em golpe. A diferença é que, naquele tempo, tínhamos um vice-presidente que não tinha ranços de más atitudes. Como o vice de Lula, José Alencar. Agora, porém, são a farinha, a massa, a liga e o cheiro do PMDB que contaminam o futuro. Tivéssemos um herdeiro de Pedro Simon no PMDB, ou um legítimo seguidor de Mário Covas no PSDB, respiraríamos aliviados.

Então, veio-me à memória o presidente Itamar Franco. O vice sem vícios nem amarras, para completar o mandato de Fernando Collor – e o fez com dignidade e respeito, com maestria e competência. Veio dele a solução para o nosso crônico e antigo problema da inflação – e FHC apareceu dizendo-se o pai da obra. Ora, sei...

Itamar exerceu com dignidade, eu disse. Mas era um homem, um ser humano sujeito a pequenos deslizes. Não o vimos em saques sorrateiros à Petrobrás, à Eletrobrás ou ao BNDES ou à Caixa Econômica, ou ainda aos cofres do INSS e do FGTS. O que nos ficou foi aquela foto ao lado de uma moça, que saíra de um desfile no carnaval de 1993. Um fotógrafo oportunista (faz parte do ofício, eu sei; meu registro jornalístico é de RF, ou seja, Repórter Fotográfico) documentou a alegria do presidente que, naquele momento, não sabia (ainda, talvez) que a moça não usava a mais íntima das peças íntimas da indumentária feminina. E sua genitália ilustrou a foto mais badalada daquele carnaval, foi capa de revista e muitos veículos da mídia impressa em todo o mundo a divulgou.

Bem: eu achei a foto e a postei no Facebook. Dois ou três dias depois, fui informado que a Rede Social removeu a minha postagem – mas a mesma foto rolava em páginas de outras pessoas; eu postei um texto criticando quem denunciou aquela foto (que já tem 23 anos) por excesso de purismo, de religiosidade, por implicância pessoal ou, sendo masculino, por não gostar da coisa; e sendo feminino, por não ter desfrutado do privilégio de ser mostrada ao mundo naquelas circunstâncias. Em poucas horas, já eram centenas os comentários sobre o tema.

Ora... teoricamente, o Facebook é para maiores de 18 anos. A genitália à mostra estava em situação de inocência; o presidente da República, de mãos dadas com a moça, não saberia, naquele momento, que seu provável “objeto de consumo” estava por tornar-se famoso. Mas passei por um quase-constrangimento ao ser tratado como alguém que abusou da imagem de alguém.

O que eu quis demonstrar, queridos leitores e bons amigos, foi que os grandes escândalos também se modificam conforme a época. Na de Itamar, era a xereca da moça que ele decidiu paquerar. Na de FHC, as misteriosas e jamais claramente explicadas privatizações. Na de Lula e Dilma, tudo isso que não posso listar por falta de espaço e por notoriedade.

Durma-se com uma confusão dessas!...


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Luiz de Aquino é jornalista e escritor, membro da Academia Goiana de Letras.