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sábado, maio 10, 2014

Ares do Sul

Motivo duplo: a saudade e a gratidão. Em 
outubro de 2006, a amiga Cida Chinchilha 
convidou-me para uma semana de 
contatos  
e palestras em Joinville; 
ao voltar, escrevi 
esta cônica, que saiu 
publicada em seguida. 
L.deA.



Ares do Sul


Escolhi a quinta-feira para produzir estas linhas. E o fiz de caso pensado, porque 19 de outubro é aniversário do saudoso poetinha do "Soneto da Fidelidade". Vinícius de Morais bem poderia ter chegado a festejar este ano, soprando 93 velinhas num bolo que, apropriadamente, deveria ter uma receita carioca, mas ornamentos e ingredientes de todas as regiões brasileiras. E não preciso explicar.

O dia é de festa, mas não estou em casa; encontro-me em Joinville, Santa Catarina, conhecendo pessoas e falando de coisas da vida e da poesia (lembrem-se, leitores: escrevo na quinta-feira). Já participei de palestras e concedi entrevistas a emissoras de rádio e tevê, combinei com os músicos sobre o sarau de sexta-feira; Osvaldo Júnior, cantor e apresentador de televisão, e Gaúcho, violonista, prepararam um repertório excelente de canções românticas e me cabe entremeá-lo com poemas afins. Ou seja, estou mais feliz.

Há a festa da AGL (Academia Goiana de Letras) em que Aidenor Aires, poeta e bom de prosa, prestará homenagem justamente ao meu antecessor na Cadeira 10, Carmo Bernardes. Aidenor teve o privilégio da amizade de Carmo, como Brasigóis e eu, como Bariani e Zé Mendonça, e Paulo Araújo, o livreiro; e Leonídio Caiado, e... Ah, é muita gente! Vai daí, o jeito é pedir ao poeta que me reserve uma cópia do panegírico.

Mas é 19 e festejo sozinho os aniversários também do primo André Luiz, no Rio de Janeiro; e da Marilene, comadre e vizinha. Vou tomar uma taça de bom vinho em louvor a cada um deles: Vinícius, Carmo, André, Marilene... Não, não perderei o equilíbrio por isso, felizmente. Até porque aqui, neste norte catarinense, há muita umidade no ar e um frio agradável, em contraponto às altas temperaturas da nossa terrinha (vi que Goiânia amanheceu com 23 graus e deve chover muito).

Meu amigo Edir Meireles, escriba goiano vivente na Bela Cap (quase ninguém se lembra que o Rio de Janeiro teve também esse epíteto), lançou o seu "O feiticeiro da Vila" na sede da UBE, também na quinta. Pena eu não estar aí ao menos para retribuir o carinho que ele oferece, sempre, em seus domínios: no meu sarau de agosto, entre meus colegas de Colégio Pedro II, lá estava o Edir, como sempre... Outro vinho, pois!

E vou curtindo Joinville, bem ciceroneado pela Cida (da Rede Feminina de Combate ao Câncer, entidade que me convidou para esta jornada, com apoio do Instituto Amar, que congrega entidades assistenciais). A arquitetura e outras marcas da história da colonização alemã, os eventos que agitam a cidade e superlotam hotéis, a música da fala sulista... Há muito que se ver (e aprender) por aqui. Mas uma coisa é comum à alma brasileira: a afinidade que o veterano jornalista goiano encontra nos colegas: Natanel Rocha (TV Brasil Esperança), Cacá Martins (Rádio Cultura FM), Osvaldo Júnior (da TV Cidade e titular da Machester Band) e Jota Martins (Rádio Globo).

Ah, não me escapa um fator comum a todo o Brasil: o segundo turno das eleições, com as campanhas mornas e chatas que acometem o país, tanto na disputa nacional quanto nos estados em que a eleição para governador não se fechou no primeiro escrutínio. Repete-se, também, o nível baixo das acusações de improbidade ou de incompetência, a sempre inacreditável auto-exaltação e as caras de anjo de que se travestem os caçadores de votos.

Sendo assim, a saudade da terra só se explica pelas pessoas que nos são mais próximas e caras, já que também a cara-de-pau, no Brasil, está "globalizada"

E a fila anda...






Um comentário:

Mara Narciso disse...

Talvez Vinícius de Morais não gostasse de completar 93 anos. Quanto a 23 graus, acho frio. Meu sistema sente bem apenas a partir de 24 graus. Restante para baixo é frio.