Motivo duplo: a saudade e a gratidão. Em
outubro de 2006, a amiga Cida Chinchilha
convidou-me para uma semana de
contatos
e palestras em Joinville;
ao voltar, escrevi
esta cônica, que saiu
publicada em seguida.
L.deA.
Ares do Sul
Escolhi a quinta-feira para produzir estas linhas. E o
fiz de caso pensado, porque 19 de outubro é aniversário do saudoso poetinha do
"Soneto da Fidelidade". Vinícius de Morais bem poderia ter chegado a
festejar este ano, soprando 93 velinhas num bolo que, apropriadamente, deveria
ter uma receita carioca, mas ornamentos e ingredientes de todas as regiões
brasileiras. E não preciso explicar.
O dia é de festa, mas não estou em casa; encontro-me
em Joinville, Santa Catarina, conhecendo pessoas e falando de coisas da vida e
da poesia (lembrem-se, leitores: escrevo na quinta-feira). Já participei de
palestras e concedi entrevistas a emissoras de rádio e tevê, combinei com os
músicos sobre o sarau de sexta-feira; Osvaldo Júnior, cantor e apresentador de
televisão, e Gaúcho, violonista, prepararam um repertório excelente de canções
românticas e me cabe entremeá-lo com poemas afins. Ou seja, estou mais feliz.
Há a festa da AGL (Academia Goiana de Letras) em que Aidenor Aires, poeta e bom de
prosa, prestará homenagem justamente ao meu antecessor na Cadeira 10, Carmo
Bernardes. Aidenor teve o privilégio da amizade de Carmo, como Brasigóis e eu,
como Bariani e Zé Mendonça, e Paulo Araújo, o livreiro; e Leonídio Caiado, e...
Ah, é muita gente! Vai daí, o jeito é pedir ao poeta que me reserve uma cópia
do panegírico.
Mas é 19 e festejo sozinho os aniversários também do
primo André Luiz, no Rio de Janeiro; e da Marilene, comadre e vizinha. Vou
tomar uma taça de bom vinho em louvor a cada um deles: Vinícius, Carmo, André,
Marilene... Não, não perderei o equilíbrio por isso, felizmente. Até porque
aqui, neste norte catarinense, há muita umidade no ar e um frio agradável, em
contraponto às altas temperaturas da nossa terrinha (vi que Goiânia amanheceu
com 23 graus e deve chover muito).
Meu amigo Edir Meireles, escriba goiano vivente na
Bela Cap (quase ninguém se lembra que o Rio de Janeiro teve também esse
epíteto), lançou o seu "O feiticeiro da Vila" na sede da UBE, também
na quinta. Pena eu não estar aí ao menos para retribuir o carinho que ele
oferece, sempre, em seus domínios: no meu sarau de agosto, entre meus colegas
de Colégio Pedro II, lá estava o Edir, como sempre... Outro vinho, pois!
E vou curtindo Joinville, bem ciceroneado pela Cida
(da Rede Feminina de Combate ao Câncer, entidade que me convidou para esta
jornada, com apoio do Instituto Amar, que congrega entidades assistenciais). A
arquitetura e outras marcas da história da colonização alemã, os eventos que
agitam a cidade e superlotam hotéis, a música da fala sulista... Há muito que
se ver (e aprender) por aqui. Mas uma coisa é comum à alma brasileira: a
afinidade que o veterano jornalista goiano encontra nos colegas: Natanel Rocha
(TV Brasil Esperança), Cacá Martins (Rádio Cultura FM), Osvaldo Júnior (da TV
Cidade e titular da Machester Band) e Jota Martins (Rádio Globo).
Ah, não me escapa um fator comum a todo o Brasil: o
segundo turno das eleições, com as campanhas mornas e chatas que acometem o
país, tanto na disputa nacional quanto nos estados em que a eleição para
governador não se fechou no primeiro escrutínio. Repete-se, também, o nível
baixo das acusações de improbidade ou de incompetência, a sempre inacreditável
auto-exaltação e as caras de anjo de que se travestem os caçadores de votos.
Sendo assim, a saudade da terra só se explica pelas
pessoas que nos são mais próximas e caras, já que também a cara-de-pau, no
Brasil, está "globalizada"
E a fila anda...
Um comentário:
Talvez Vinícius de Morais não gostasse de completar 93 anos. Quanto a 23 graus, acho frio. Meu sistema sente bem apenas a partir de 24 graus. Restante para baixo é frio.
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