Marco Antônio: jornalista, executivo e gestor público, duas vezes juiz e duas vezes desembargador. |
Nosso
Dia da Imprensa
(E a posse de Marco Antônio Silva
Lemos)
Hoje é 5 de
março, um dia que os legisladores regionais já deviam ter consagrado como o Dia
da Imprensa – em Goiás, sim, mas igualmente em todo o Centro-Oeste... E já
justifico: neste dia, há 185 anos, circulou pela primeira vez a Matutina
Meiapontense (meia-pontense, escreveríamos hoje). Esse veículo de comunicação
foi criado em Meia-Ponte (Pirenópolis) pelo comendador Joaquim Alves de
Oliveira.
Pois é... 5 de
março de 1830! E o novo informativo tornou-se, imediatamente, oficial das
províncias de Goiás e Mato Grosso – dois imensos territórios cujos limites
constituíram, até a promulgação da Constituição de 1988, o que se convencionou
ser a Região Centro-Oeste (com a nova Constituição, o espaço que é hoje o
Estado de Tocantins passou a integrar a Região Norte).
O jovem desembargador do Amapá, no início da década de 90. |
O jornal
pioneiro circulou até 1834, sendo veiculadas 526 edições, tendo como redator (o
que hoje chamaríamos de editor-geral) o padre Luiz Gonzaga de Camargo Fleury,
destacado político, religioso e homem de letras que enaltece nossa História,
inclusive pela numerosa prole de sobrenomes nobres na genealogia goiana.
Na terça-feira,
3 de março, fui a Brasília. Meu amigo e colega Marco Antônio Silva Lemos (jornalista
sob cujas ordens e orientações atuei como repórter no Cinco de Março e no Diário
da Manhã) foi empossado desembargador do Distrito Federal e Territórios. Precocemente,
ele se aposentou no mesmo cargo do então recém instalado Estado do Amapá, no
início da década de 90. Decidiu-se por reiniciar a carreira jurídica, logo após
a aposentadoria.
É uma situação
inédita! Nenhum outro brasileiro, em toda a História, ocupou duas vezes esse
mesmo cargo. Goianiense (do bairro de Campinas, isto é, obviamente atleticano),
Marco Antônio é o terceiro goiano, em apenas dez meses, a ser empossado
desembargador no Distrito Federal. Encontrei lá alguns raros colegas dos nossos
tempos de 70 e 80, mas, estranhamente, ninguém que representasse o Tribunal de
Justiça nem o governo de Goiás... Aliás, nem mesmo a Associação Goiana de
Imprensa dignou-se a prestigiar o velho companheiro.
Mas estivemos
lá, uns raros companheiros: Djalba Lima e Wilson Silvestre (também do CM e do DM), para citar os daqueles tempos, e Euler Belém. Na volta, ouvi
no rádio os resumos do dia... Renan Calheiros, esse que sempre cito como
exemplo de não se ser político, comete um ato admirável – devolve uma Medida
Provisória à Presidência da República – para enfatizar a independência do
Legislativo (até Aécio Neves o elogiou por isso); e o ministro Teori Zavascki
recebe relatório do Procurador Geral da República, com pedido de publicação dos
nomes de 54 investigados da Operação Lava-Jato.
Na manhã de
quarta-feira, o deputado acreano Sibá Machado fala à imprensa com a impostação
de paladino da ética e dos direitos individuais para exigir que os nomes dos
políticos sejam mantidos em sigilo: “Não podemos julgar por conta do clamor
popular”, argumentou ele.
Pensei, de
imediato, o que comentaríamos numa reunião de pauta no saudoso Cinco de Março ou no DM dos primórdios. Veio-me à memória o
riso sarcástico de Marco Antônio Silva Lemos sobre as mudanças de tons e de
argumentos conforme o cidadão deputado estivesse na oposição ou no poder. E
recordei também o inconfundível tom de voz de Djalba Lima a enfatizar: “Não há
nada mais parecido com um conservador que um liberal no poder. Substituam
liberal por MDB e conservador por ARENA e a medida se aplica com justeza” (eram
essas as palavras, ou era esse o sentido delas; e na solidão da viagem de volta
não contive um riso... substituindo liberal por PT e conservador por PSDB).
Meu abraço
orgulhoso ao velho amigo Marco Antônio e um breve remorso por não termos
aproveitado para, ao menos, marcarmos uma ligeira reunião daqueles tempos, mas
com cada um de nós 35 anos mais vividos, mais experientes e, sem dúvida, mais
competentes!
* * *
Luiz de
Aquino é jornalista e escritor, membro da Academia Goiana de Letras.
Um comentário:
Gostei bastante dessa aula de História e do pioneirismo desses jornalistas de então. Grandes desbravadores em 1830. Inacreditável!
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