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sábado, agosto 08, 2015

A que nos leva o conflito?

A que nos leva o conflito?



A casa dos últimos doze meses, pelo menos, na vida social brasileira – inclua-se aqui o futebol, a política, a economia e tudo o que resulta de bons ou maus resultados nesses tais segmentos da nossa vida – está intragável. Preocupante. Insuportável, em muitos momentos. Parece que tudo começou quando chegou o período da Copa do Mundo no Brasil e não estávamos prontos, ainda.

Não estávamos prontos no que se refere a mobilidade, ao bom acabamento das obras (dos estádios e vias de acesso), do complexo hoteleiro e... O que é pior, não estávamos preparados para jogar bola. A abertura foi um fiasco, um xouzinho de merda (desculpem, mas desde que descobri que essa palavra é vernácula e, por isso, escapa dos tais de “nomes feios” que minha mãe me proibia, perdi o pejo de dizê-la e escrevê-la), mas o pior ainda viria – aquele malfadado jogo com a Alemanha, que nos humilhou com nada menos que sete a um.

Sacudimos a poeira e voltamo-nos para a segunda paixão nacional (quando aplicamos a palavra “nacional” eliminamos o amor romântico, pois sempre achamos que isso é da nossa vida íntima e não do nosso social). Sim, a segunda – que é política. Incrível como conheço pessoas que juram odiar política, mas que se empenham com todos os esforços físicos e mentais para elaborar um melhor diagnóstico de tudo o que envolve o jogo de poder político.

Não preciso detalhar aquela campanha de baixíssimo nível. Todos nos lembramos bem das baixarias, das acusações levianas vindas de todos os lados e contra todos e, particularmente, do rol inacabável de lorotas contadas pela candidata à reeleição – mentiras essas que vieram à tona logo após sua vitória, mas antes da nova posse. E a posse se deu sob o constrangimento inevitável.

Outros sete meses mais e vemos o ministro-chefe da Casa Civil, Aloísio Mercadante, vir a público jogar água fria na fervura das mútuas acusações e xingamentos trocados, em iguais níveis, entre defensores do governo e opositores, mormente entre os sem-votos e sem-cargos, mas militantes petistas, simpatizantes de outros partidos da base (de um lado) e o adversário aquartelado em sedas e linhos, carros de luxo e portando panelas por estes jamais manuseadas antes.

Mercadante lembrou a importância dos que antecederam o PT no governo, falou de seus acertos e vitórias e lembrou que a oposição de hoje também cometeu erros, sim, mas que acumulou acertos, em seu tempo de governo. Admitiu erros cometidos “por nós” e destacou o que de fato importa agora, ante as crises – a união em defesa do bem maior, que é o Brasil, e não o confronto que só prejudica.

No decorrer de todos os meses deste ano, ao mesmo tempo em que adiciono novos nomes de prováveis amigos à minha lista de contatos nas redes sociais, venho removendo muitas pessoas. Umas pouquíssimas por razões pessoais, mas muitas por conta da radicalismo inculto e burro, esse que estimula o confronto e fomenta o xingamento, que sugere “a briga” e evoca um tal exército de sem-terras para combater literalmente os “coxinhas” ou – o que me pareceu pior – as instituições armadas da nacionalidade.

Imagino, dentro da importância que só eu me dou (sim, já que meus pais morreram), ter sido o primeiro a aceitar a paz proposta pelo ministro petista. Aliás, esperei-o candidato na sucessão de Lula, mas... Não deu.

Saúdo essa proposta com boa vontade, tal como imagino tenha ela nascido no bom-senso de Aloísio Mercadante.



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Luiz de Aquino é jornalista e escritor, membro da Academia Goiana de Letras.


2 comentários:

Pedro Du Bois disse...

Caro Aquino, talvez o Mercadante (como sempre) tenha chegado tarde ao tempo do armistício e da busca do bem comum: se o PT tivesse ativado tal tipo de conversa, ainda no final de 2014, teria maior chance de sucesso. Mas, de outro lado, considere que a tal "crise" decorre - para mim, obviamente - apenas do fato de o governo federal, leia-se Dilma, ter fechado os cofres para os achacadores de sempre: verbas parlamentares, ongs e outras coisitas do gênero. O pessoal "operador" está em pânico, visto que nem pagaram as despesas da campanha passada (cadê a grana?) e 2016 já está batendo à porta (como pagar os cabos e cabinhos eleitoreiros?). Sem dinheiro não há campanha. Abraços.

Mara Narciso disse...

A casa tem alguns tijolos podres, mas, se cair, o que será colocado lá? Eduardo Cunha? Militares? A não governabilidade nos levará ao nirvana ou ao pior caos? O desabastecimento, a hiperinflação, que tanto conhecemos serão domados caso tudo venha a ruir? Está ruim, mas temos experiência que há situações piores que agora. A era Sarney, de triste memória, poderá retornar. Não quero estar aqui para ver, assim, concordo com a proposta de Mercadante, de unificação em torno da governabilidade. E que os comprovadamente culpados em saquear a nação, que paguem por seus erros, e devolvam o nosso dinheiro.