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sábado, janeiro 21, 2017

Affaire em Caldas Novas

Boteco: o lar dos poetas e de outros artistas desde o tempo em que era chamado de taberna.


Bem, começou assim:

Fui informado que um vereador de Caldas Novas, minha cidade natal – o nome é Rafael Moraes – postou em seu Facebook que eu, Luiz de Aquino Alves Neto, sou “um escritor de boteco”.
Coitado... Mal sabe que sou mesmo – tal como meu pai era um músico que gostava de botecos, como também meu querido e inesquecível parceiro José Pinto Neto (para falar de artistas da própria terra), como também milhares de grandes artistas brasileiros, como Lima Barreto, Olavo Bilac, Raimundo Menezes, Vinícius de Morais, Tom Jobim, Chico Buarque etc.
Pois bem. Procurei, na página do vereador, a tal postagem. Não a encontrei e a mesma pessoa que me avisou da “cutucada” esclareceu que “alguém deve tê-lo prevenido e ele a removeu”.
Enfim, postado foi – ou não teriam me avisado: “Chamou o senhor de escritor de boteco”.
Mas eu sou de boteco, sim, e sou de Academia. Estou, como escritor, na Enciclopédia de Literatura Brasileira, deixei a minha terra para estudar, aprender e bem servir - e tenho títulos de Cidadão Honorário de Pirenópolis e de Goiânia, POR RELEVANTES SERVIÇOS PRESTADOS a essas cidades.
Quanto a Caldas Novas, a cidade que me é berço e da qual tanto me orgulho (infelizmente, como tenho denunciado, foi monstruosamente danificada pelos invasores), também tenho excelentes serviços prestados, inclusive coube a mim, SEM AJUDA DE NINGUÉM e sob perseguição de forasteiros, salvar a Igreja de Nossa Senhora das Dores ( que é a primeira arquitetura da cidade) de ser demolida. Um Conselho Paroquial cuidadosamente formado por FORASTEIROS tentou destruí-la..
Agora, o julgamento de analfabetos não mancha a minha biografia. Esse vereador certamente pouco sabe da História da nossa terra.
Vi que o edil discorre sobre educação na cidade – espero que ele, além de ostentar a bandeira do ensino, que estude o bastante para não falar bobagens.
Sou de boteco, sim, com muito orgulho e às minhas custas! 
E ele que se poste muito bem como vereador. Que não se envolva em falcatruas, como o fizeram alguns de seus pares (ele foi reeleito? Se o foi, está entre aqueles listados no Fantástico, mas imagino que seja novo no ofício). Não quero ter o desprazer de ouvir - nos botecos e nos jornais, referências ao seu nome. 
Imagino-o forasteiro. A ira do moço decorre, certamente, a crônica que publiquei (na realidade, republiquei-a, pois é a mesma que saiu no DM no primeiro domingo de 2016). Mas diz a pessoa que me informou da postagem que “dizem ser ele nascido em Caldas Novas”.
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Se ele de fato nasceu lá, deve ser analfabeto funcional (desses que leem mas não compreendem). Ele não percebeu que eu critiquei a influência de forasteiros que não respeitam a nossa história.





Pois bem, esse foi o texto que postei no Facebook no dia 18/01, isto é, há menos de 72 horas. Recebi centenas de manifestações de amigos leitores de todo o país, da América do Norte, da Europa e até do Japão, nenhuma delas contrária a mim. 
Como se pode ver, não me senti ofendido com a qualificação, mas com a intenção ingênua do vereador Rafael Moraes.


Em apoio a ele, e levando em conta que a melhor defesa é o ataque, o secretário de Comunicação da prefeitura de Caldas Novas, publicitário João Paulo Teixeira, elaborou um artigo em duas versões - primeiro, ele publicou o rascunho no Facebook; depois, enviou ao Diário da Manhã, onde é articulista, amenizando na baixaria - mas não o bastante para ser respeitado. O artigo de João Paulo em defesa de Rafael está nesse endereço eletrônico - https://impresso.dm.com.br/edicao/20170120/pagina/22; e aqui posto o recorte de seu malfadado texto.

Contudo, o que ele publicou foi, eu disse, uma versão amaciada, amenizada, menos grosseira que o rascunho por ele próprio divulgado, publicamente, no Facebook (e cliquei "print screen" sobre tal rascunho). Eis o rascunho:

"Escrevi o artigo que disse que faria em resposta. Encaminharei, amanhã, depois de algumas revisões gramaticais que o cansaço agora não me permitem. 

Aquino: Caldas Novas evoluiu

Li o artigo do jornalista Luiz de Aquino republicado na edição do dia 18 de janeiro no caderno de opinião do jornal Diário da Manhã. Aquino é um filho ilustre de Caldas Novas, muito admirado por todos aqueles que militam nas letras e nas artes, que são às centenas aqui na “Cidade da Família”. 

É bem verdade que o bem lustrado Aquino muito conhece do passado da bela terra das águas quentes, mas, no artigo republicado no dia 18, cometeu as incongruências típicas daqueles que, há anos a fio, não vistam demoradamente a terra natal. Passam, assim, por ela, como balaços, rápidos e descuidados. 

É notório que Caldas Novas vem seguindo em passos amplos e firmes para a preservação do patrimônio histórico e da imagem da cidade. Um deles é o slogan de turismo familiar, que, somado à ações concretas da Prefeitura e do Governo do Estado, trouxeram os turistas de volta à cidade, mesmo na maior das crises econômicas. Praticas assim mantiveram a economia local em alta, consolidando em 2016 (ano do artigo) como o município goiano que mais gerou empregos em Goiás, conforme manchete de capa do jornal O Popular do dia 31 de janeiro daquele ano. 

Antes de adentrar o mérito das análises, é preciso-lhes submeter-se às jurisprudências. Sabe-se, de antemão, que Aquino é crítico das gestões de Magal desde tempos imemoriais. Denota desde a época de legislativo estadual, quando o atual prefeito era deputado e líder de governo. Mas, o direito de não gostar é inerente à Aquino. Há quem o diga que o faz por apoio deliberado aos setores oposicionistas. Eu, particularmente, não creio. Acredito que discorda pelo simples gosto primário de contrariar. 

Ainda assim, aquele Aquino ferino e desvairado de outrora se manteve com uma fagulha de lucidez ao prever no texto (foi inicialmente publicado em janeiro de 2016, mais de um ano atrás), a vitória de Magal, que se reelegeu pelo voto livre e via sufrágio democrático para a gestão do quarto mandato.

Sabe-se que ninguém anódino chega a façanha de governar a maior cidade turística de Goiás por tanto tempo. O fez por que tem méritos reconhecidos em áreas importantes, como a saúde, a educação, a infraestrutura, o turismo e a preservação da história de Caldas Novas. 

A administração pregressa e sua atual continuação anotou avanços sólidos, como pode, à larga, enumerar, detalhar, simplificar e, quiçá, desenhar, a amiga de Luiz Aquino, a professora emérita da Pontifícia Universidade Católica e atual secretária de Cultura, Gabriela Azeredo. 

A própria Gabi, como é carinhosamente chamada, é filha de Mauro Santos, neta de Oscar Santos, patrimônios morais da cidade. Ela por muito coordenou, seja na Cultura ou na Educação, pasta que já ocupou, ações de desenvolvimento e pacificação da ordem urbanística. Marcos históricos da cidade receberam completa restauração, observando cuidadosos métodos arquitetônicos. 

O próprio Casarão dos Gonzaga está hoje como era quando aqui chegaram os tropeiros e, antes deles, os bandeirantes vindos de São Paulo e de Minas Gerais há quase 300 anos. Restaurado, belo, organizado, recebendo atrações sociais e turísticas de todo o País. No campo da literatura, prosperou as bibliotecas públicas, em muitos embaladas pelo ímpeto de Magal e da Gabi ao oferecer os clássicos nacionais e internacionais das letras aos estudantes e moradores locais. 

Rebrotou aqui, caso não saiba, Aquino, a Biblioteca Josino Bretas, batizada com o nome de um dos maiores professores destas terras. Aqui está também a Biblioteca Bernardo Elis, complexo amplo e aberto ao público que leva o título do Machado de Assis de Goiás, o bastião de obras memoráveis como “O Tronco”, “A Enxada” e “Veranico de Janeiro”. 

Na baila, brotaram junto com as águas quentes o Balneário Municipal, hoje completamente revitalizado e revivido na gestão de Magal. Estava parado no tempo há 20 anos, sujeito às intempéries da natureza e a força marginal do homem. O complexo que foi inaugurado em meados de 1950 com JK recebeu em 2016 comitiva de gestores, Marconi entre eles, o senador Wilder, Magal à frente, conduzindo as torneiras que jorram o liquido preciso que saem das fendas profundas da Serra de Caldas. 

Para sair das obras físicas, que são abundantes e pacificadas, Aquino arremessou à época contra à Câmara Municipal, que acusou blasfemadamente de ter apenas "um nascido em Caldas Novas”, como se tal escolha popular fosse crime mortal. Não é, claro, por que é a força migratória ajuda a crescer Caldas Novas, Goiás e o Brasil. Ainda que falasse da legislatura 2013-2016, Aquino também errou. Compunha, e se reelegeu, reservas morais como o progressista Otaviano da Cruz, figura tradicionalíssima e querida na cidade. 

No Poder Legislativo de hoje, não há o que se questionar. Existem naquela tribuna oito filhos de papel passado de Caldas, muitos outros naturalizados, que vivem aqui há mais de 30 anos, e ainda aqueles que chegaram e já deram suas contribuições significativas à municipalidade. 

Aquino mexeu num vespeiro e será digladiado pelo jovem de 29 anos e aguerrido vereador Rafael Moraes, do PTB, líder de Magal na Câmara e eleito com mais de 1100 votos. A luta será firme, forte e selvagem, sempre no campo das letras e das ideias, como é de praxe para Rafael e para Aquino também. 

A mim, fica o meu humilde pedido ao colega de tribuna do Diário da Manhã Luiz de Aquino, ou de Equino, como alguns chamam nas alcovas: não deixe que a raiva lhe turve o coração. Use a lógica e os fatos. Não faça que a malfadada alcunha equestre transpasse da anedota para a crua realidade. 

João Paulo Teixeira

Publicitário pela UFG, pós graduado em marketing pela FGV. Atual secretário de Comunicação de Caldas Novas".

Respondi a esse moço, que se sentiu num pedestal ou palanque para me atacar - e nivelar-me por baixo, na altura de seu pífio olhar.
Atentem para o final: "...
Luiz de Aquino, ou de Equino, como alguns chamam nas alcovas". Ele não sabe o que é alcova, e de imediato esclareci que ninguém, nas alcovas, me chamou de equino, pois minha anatomia íntima nada tem em comum com os cavalos (coitado desse publicitário secretário; fosse eu seu chefe, demiti-lo-ia somente pelo nível baixo desse artigo)!


Enviei ao DM o artigo que publico abaixo:






João Paulo & Rafael – uma dupla desafinada

Eu tento muito não tomar conhecimentos dos desmandos acontecidos em Caldas Novas. É que sofro demais com a agressão ao visual da cidade, que demoliu fachadas históricas, que jogou ao chão o imóvel que se fez na década de 1920 para ser o Grupo Escolar (construção realizada pelo professor Josino Bretas, em ação descrita com finura e amor por seu filho, o também professor Genesco Bretas) para dar lugar ao Banco do Brasil – como se, ao tempo, faltassem imóveis vazios para se erguer a filial do BB. Em 1981, sendo eu repórter da Folha de Goiás, consegui, lutando sozinho, evitar que jogassem por terra a Igreja de Nossa Senhora das Dores, como o queriam alguns forasteiros que um padre mal-intencionado juntara num conselho paroquial em que nenhum caldas-novense tinha assento.
Em 1990, ou logo após, vi desaparecerem o bucólico Hotel Avenida, e também um belo casarão verde, com reboco pontilhado de partículas de malacacheta (ou mica), feito purpurina. Na esteira, dezenas de saudosos casarões desapareceram para dar lugar a galpões comerciais, como a casa onde viveu meu bisavô Donato Rispoli.
Na praça Mestre Orlando, o último imóvel a ser desfigurado foi a casa de meus tios Filadelgo Ríspoli (Dedeco) e Maria das Dores (Dorinha) – ela, filha de Mestre Orlando Rodrigues da Cunha. E o trecho de rua entre a histórica casa de Ilídio Lopes e a de Mestre Orlando (todas as seis casas desfiguradas para se tonarem imóveis comerciais) desapareceu, com a prefeitura permitindo o “aproveitamento” da rua como espaço livre de bares e restaurantes.
Isso, o secretário de Comunicação da Prefeitura, João Paulo Teixeira, entende ser “evolução”.
Não quero entrar no mérito das administrações de Evandro Magal. Conheci-o na privacidade da casa de meus pais, que o acolheram como a um parente próximo, pois tanto meu pai quanto minha mãe traziam, de suas famílias, o hábito de acolher parentes e amigos. Tenho ene críticas a ele, mas nunca as publiquei, esperava que ele entendesse minhas razões. Mas vejo que não. Agora, faço a segunda crítica a Magal – a primeiro foi com a demora na reforma do Balneário, que redigi e publiquei no meu espaço tradicional aqui no DM, a pedido da professora e minha querida amiga Beatriz Tupá (na ocasião, falava-se numa verba federal de 500 e tantos mil reais cujo destino era ignorado). Magal tapou o sol com a peneira.
Mas não vou criticá-lo, não é o caso. Interessa, agora, apenas dizer que ele não prima pela boa qualidade de suas gestões, considerando a qualidade de pessoas que o representam – como o vereador Rafael Moraes e esse secretário João Paulo Teixeira.
Lamentavelmente, ele modificou o final de seu artigo. Ele postou, ontem (e cuidei de salvar essa página) dizendo, entre outras sandices, que “nas alcovas” eu sou conhecido como “Equino”. Respondi-lhe estranhando, porque nunca ouvi, nas alcovas, nenhuma parceira chamar-me de equino pois, ao contrário, não há na minha anatomia íntima semelhanças com os exageros penianos dos equinos.
Em seu artigo publicado ontem (“Aquino: Caldas Novas evoluiu”, https://impresso.dm.com.br/edicao/20170120/pagina/22) ele modificou o final, certamente orientado por alguém com melhor domínio da Língua, dirigindo o antigo trocadilho à minha petulância em não engolir desaforos, nem mesmo de um profissional rasteiro e mal preparado, mais conhecido em Caldas Novas como “o japa dos fakes”, pois é de seu hábito exercer a comunicação com recursos falsos. No artigo publicado nesta sexta-feira no Opinião Pública, ele preferiu me chamar de equestre – de novo dá mostras de não conhecer nossa rica Língua.
Já o vereador que ele enaltece por ter 29 anos e ser “aguerrido”, ao contrário do que define João Paulo, não tem competência para um debate de ideias. É um sujeito entrão, atrevido e despreparado que, em apenas 19 dias (como alguém postou ontem no Facebook) já conseguiu aumentar o descrédito de que desfruta entre os pensantes da minha amada cidade.
Tentando ser fino, diz João Paulo que mexi num vespeiro. Eu esperava, francamente, uma reação civilizada e fundamentada, e não esse relatório fajuto em que ele evoca nomes respeitáveis e tenta envolver pessoas do meu gostar. Bobagem! Nestes tempos de duplas sem qualidades, João Paulo e Rafael já começam desafinados – vejam que centenas de comentários e curtidas, de vários pontos do Brasil, referendam-me na contestação à qualidade do vereador de 1.100 votos (tem ponto, sim; milhar sem ponto, só em datas) carreados de segmentos que se dizem religiosos cuja meta é a mesma do edil – “só querem se arrumar”.
Não pretenda, pois, João Paulo, nivelar-me com Rafael Moraes senão por um quesito – ambos nascemos em Caldas Novas. No mais, somos tão diferentes que eu jamais envergonharia minha cidade, como vocês dois o fazem, confirmando o dedo podre de Magal para escolher auxiliares.


Luiz de Aquino Alves Neto, escritor de boteco

Apreciei o epíteto e adoto-o a partir de hoje, assinando como recomenda o
vereador Rafael Moraes, edil caldas-novense que conta com a cobertura (?)
 de João Paulo, o comunicólogo de poucas letras.






3 comentários:

Rosy Cardoso disse...

Aquino meu querido,leio e releio para me mestrar em tamanha lealdade,você,à tão querida Caldas Novas,à nossa língua portuguesa e também ao que se pode dispensar à ética e respeito.
Aquino,você como Mestre conduziria assim com dignidade e altivez.
Estou com você.
RosyCardoso

Tatiane disse...

Simplesmente o máximo! Esse boteco te fez muito bem meu tio lindo! Suas palavras, textos, poemas e livros são fantásticos, assim como a sua capacidade de responder brilhantemente com classe, a um sujeito sem classe alguma. Acho que ele não entenderá 90% das palavras que escreveu. Amo você!

Mara Narciso disse...

Uma boa briga entre a audácia, truculência e desrespeito e a inteligência corajosa de Luiz de Aquino.