Viva
essa vagabundagem!
(Fotos colhidas na Internet, de arquivos de O Popular e TV Anhanguera)
A nação brasileira
não aguenta mais! A reforma trabalhista, sobre a qual Michel Temer diz ter
havido “um amplo debate no parlamento” é desconhecida por nada menos que 70%
dos associados à FIESP. Pasmem! A coisa foi empurrada goela abaixo, sob a
batuta do ministro que defende o sistema bancário, e os deputados votaram
conforme seu fisiologismo.
Três ministros do
STF já votaram por conceder liberdade a alguns corruptos presos em decorrência
do Mensalão e da Lavajato, Nenhuma surpresa – Gilmar, Lewandovski e Tofolli
posam de “libertários” (entre os agraciados, José Dirceu).
![]() |
Sequência de fotos mostra que cassetete de PM quebrou durante agressão ao estudante Mateus Ferreira da Silva (33 anos), em Goiás (Foto: Arquivo pessoal/Luiz da Luz) |
Há quantos anos
acompanhamos as vidas dessas pessoas? Lula e seus mais chegados; sua cria
Dilma, seu antecessor FHC com a pose principesca e o outro Fernando, o play boy brasiliense nascido no Rio,
criado em Alagoas; o clã de Sarney, que – dizem – saqueou o Maranhão (e o Amapá
deve estar incluso também), seu assecla Jucá, que espolia o menor Estado (Roraima);
o chefe da tropa-de-choque de Collor, Renan, e o escroque carioca Eduardo (o que
devemos esperar de seu sucessor, a esta altura, quando não podemos mais confiar
em ninguém?).
![]() |
Mateus é atendido pelos colegas, antes que chegassem os bombeiros |
Bem! Recebi, na
manhã deste sábado (29 de abril, 17), um texto produzido na véspera das
manifestações, pelo Professor Cássio Diniz, como se vê:
Sobre os Vagabundos
Amanhã, dia 28 de abril,
vagabundos de todo o Brasil participarão da greve geral em protesto contra as
reformas trabalhista e previdenciária. Ainda bem que existem vagabundos para
defender os seus direitos. E, claro, os meus também. Afinal, os vagabundos
tiveram papel importante na construção dos direitos em todo o mundo.
Foram vagabundos que, com as greves do início dos anos
80, forçaram os grandes empresários a apoiar a luta pela volta da democracia,
pondo fim a uma ditadura de 20 anos. Eram também vagabundos aqueles hippies que
iniciaram uma revolução cultural nos anos 60 e culminaram na emancipação
feminina e no respeito ao direito das minorias. Naquela época, lá nos Estados
Unidos, um pastor vagabundo liderou milhares de outros vagabundos pelo
reconhecimento dos direitos dos negros e pelo fim do apartheid naquele país.
Por falar em apartheid, quem não se lembra do
vagabundo que ficou preso na África do Sul por quase toda sua vida e que acabou
derrubando um regime racista com suas greves e boicotes a produtos produzidos
pelos brancos? Foram também vagabundos que, no início do século XX, iniciaram
uma onda de manifestações na Europa e na América pelo reconhecimento dos
direitos trabalhistas e pela redução da jornada de trabalho. Assim como as
vagabundas que foram queimadas em uma fábrica norte-americana chamaram a
atenção do mundo para a equiparação dos direitos femininos àqueles dos homens.
Foi em um 8 de março, mais tarde reconhecido como dia
internacional da mulher. Se eu fosse lembrar de todos os vagabundos que lutaram
e perderam a vida para que eu e você tivéssemos uma vida melhor, não bastaria
um textão na internet. Eu precisaria escrever uma enciclopédia. Portanto,
termino com uma pequena frase: ainda bem que existem os vagabundos! ” (Prof.
Cássio Diniz).
Ou seja, muitos
são os que sentem no ar um cheiro de “revolução francesa”. A classe política
não dá a mínima à opinião pública, o segmento do extremo à esquerda culpa a
imprensa, os da direita jogam tudo no colo do PT – mas a nação está magoada,
sofrida, injuriada! E essa gente desvinculada dos extremos é, sempre, quem paga
por tudo.
Dá para sentir que
o estopim está aceso. E não é, definitivamente, o cassetete de um capitão da PM
goiana que apagará essa revolta, suprimirá ideais e impingirá silêncio ao grito
que não nos cabe mais na boca.
******
Luiz de Aquino é escritor, membro
da Academia Goiana de Letras.