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domingo, fevereiro 11, 2018

De novo a GO-225 e o descaso da Agência Goiana de Transportes e Obras Públicas

Foto em matéria da jornalista Carla Borges / jornal O Popular


GO-225: Agetop destaca Eunício 

Oliveira e omite José J. Veiga


Há três semanas, em matéria curta e objetiva, contei nas páginas deste Diário da Manhã da minha sugestão, acolhida pelo saudoso deputado Professor Luciano, de nomear o trecho pavimentado da GO-225 (Pirenópolis – Corumbá de Goiás) como Rodovia Estadual José J. Veiga. A proposta virou lei, ou seja, foi aprovada pela Assembleia Legislativa e sancionada pelo governador, em dezembro de 1998, poucos dias antes da posse de Marconi Perillo para seu primeiro mandato.

Esta denominação se deu por força de lei - mas a Agetop prefere bajular o presidente do Senado.
Em 2010, dei por falta das placas em que aparecia o nome do homenageado. Cobrei isso da Agência Goiana de Transportes e Obras Públicas (Agetop), que não me atendeu. Aguardei a mudança de governo, com o retorno do governador Marconi Perillo, mas o titular da Agência de Obras, sr. Jayme Rincón, bem ignorando solenemente meus pedidos. Não nos conhecemos, nunca tive um contato direto com ele, mas vali-me de intermediários importantes (membros do atual governo) que o presidente da citada Agência rejeito, também.

Colegas jornalistas publicaram minhas súplicas ao engenheiro Jayme Rincón – debalde! E a minha cobrança mais recente teve chamada de capa no DM – mas o que vejo como reação foi uma notícia publicada em O Popular – o outro trecho da GO-225 – de Corumbá de Goiás a Alexânia – leva o nome do presidente do Senado, Eunício Oliveira, que é proprietário de uma fazenda à margem da rodovia em questão. E o nome do senador, que é investigado pela Justiça por malfeitos na vida pública, está solenemente entronizado nas placas.

Ou seja, o sr. Jayme Rincón deixa claro sua preferência por um político poderoso em troca de cumprir o que determina uma lei estadual e homenageia o representante de outra unidade federativa. Mas o escritor goiano que levou o nome de nosso Estado a mais de 40 países de pelo menos 17 idiomas é omitido, ignorado e lançado na vala dos comuns.

Levarei, nos próximos dias, esta inquietação ao seio das principais entidades culturais de Goiás, como a Academia Goiana de Letras, a União Brasileira de Escritores, a Associação Goiana de Imprensa e ao Instituto Histórico e Geográfico de Goiás.

Um servidor público, ainda que na solenidade de uma presidência, deve respeito às leis e satisfações ao povo. Um artista consagrado e divulgado, como o foi José J. Veiga, é um símbolo intocável de nossa história, de nossa identidade, de nossa cidadania. O poder momentâneo é rapidamente olvidável, mas as marcas das artes, não. Quem era a grande autoridade das obras públicas em Londres nos anos de vivência de William Shakespeare, naquele distante Século XVI? O nome de Da Vinci e Michelangelo ecoam muito mais através dos séculos do que o do Papa que encomendou a este último os afrescos da Capela Sistina.

Ou seja, José J. Veiga vai muito além de Eunício Lopes de Oliveira, caríssimo Jayme Rincón! E finalizo com o mesmo parágrafo derradeiro com que encerrei a matéria aqui publicada em 20 de janeiro último:

“Bem! Resta-me implorar uma vez mais ao governador Marconi Perillo que determine a reposição dessas placas. O homenageado deixou seu nome fortemente marcado em nossa história e recuso-me a aceitar o descaso do Sr. Jayme Rincón”.

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Luiz de Aquino é jornalista e escritor, membro da Academia Goiana de Letras.

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