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Ficou famosa, para o país e para a História, a resposta de Tancredo Neves, após sua eleição para o Governo de Minas Gerais, em 1982, a um de seus correligionários, ansioso por integrar a equipe, e no primeiro escalão. O homem seguia o noticiário, mas seu nome não aparecia como possível secretário ou equivalente. Às vésperas da angústia, o homem telefonou para Tancredo: “Governador, meus amigos me telefonam, outros me interpelam na rua, querem saber se vou ou não fazer parte de sua equipe; o que respondo, governador?”. E o folclórico Tancredo não titubeou: “Ora, diga-lhe que eu o convidei, mas você recusou”.
A ansiedade da população (ao menos da parcela consciente da população) é natural: todos querem saber quem dirá regras em cada segmento organizado do governo, e as especulações, nessa ocasião em torno da posse e da formação do secretariado, às vezes extrapola uma outra, a da maior paixão das massas. Refiro-me ao nome ideal (?) para técnico da Seleção Brasileira de Futebol.
Estranhamente, não se vê, nos noticiários, uma corrida a pastas estratégicas, como Fazenda, Educação, Saúde, Planejamento... Talvez essas Secretarias, por suas essências altamente técnicas, não despertem o interesse dos que buscam sinecuras. São os do “terceiro turno”: pessoas que não se manifestaram durante o governo anterior, nem durante a campanha em seus dois turnos, mas surgiram após os resultados como “velhos amigos” ou “admiradores incondicionais” do novo inquilino da Casa Verde.
Alcides Rodrigues não oculta que dará seguimento aos programas de seu governo anterior. Sim: vice-governador de Marconi Perillo nos dois mandatos, governador desde abril do ano passado e, agora, reeleito, não pretende, obviamente, modificar profundamente seus planos. A grande mudança, anunciada no segundo dia de governo, são as mudanças drásticas na área econômica. Sua equipe será alvo de mudanças à medida que se fizerem necessárias algumas adequações ou remanejamentos ocasionais.
Mas, e isso também é estranho, há um movimento nervoso e intenso de alguns renomados intelectuais, pretendentes da Presidência da Agência Goiana de Cultura Pedro Ludovico. Por oito anos, Nasr Chaul deu conta, sem falhas de monta, da missão que lhe confiaram Marconi e Alcides. Três grandes programas sacudiram o meio cultural do Estado ( O FICA, o TeNpo e o Canto da Primavera), com repercussão além-divisas e além-fronteiras, tanto quanto além-mar.
Alguns desses pretendentes chegam às raias do ridículo. Em momento algum o governador Alcides Rodrigues pôs o cargo em concurso; em momento algum ele demonstrou interesse em realizar mudanças drásticas em sua equipe; e, ainda, em momento algum ele convidou interessados e encaminharem currículos ou (pior!) abaixo-assinados.
Houve, mesmo, reunião de “líderes” (dirigentes de entidades culturais), na qual os idealizadores da tal reunião ofereceram seus nomes para, num manifesto ao governador, serem indicados para a Presidência da Agepel. Esqueceram-se de perguntar, antes, se o cargo estava vago.
Ora, nomear é um ato da exclusiva vontade do governador. Substituir o titular de qualquer Secretaria ou Agência, também. Por outro lado, oferecer-se sem ter sido convidado é, no mínimo, um ato de arrogância de tais pretendentes, vez que se consideram melhores do que o atual ocupante.
Quanto aos signatários de tais abaixo-assinados, manifestos ou seja lá qual for o nome que se tenha dado a tais expedientes, é preciso que eles, também, repensem suas atitudes, sob o risco de serem tomados, igualmente, como pretensiosos, ou petulantes.
E, de resto, é bom lembrar que tais pessoas (os pretendentes ao posto) já tiveram, sim, chances de mostrar competência. E nada fizeram que mereça destaque.
3 comentários:
Olá Luiz, maravilhosa crônica. Isto mesmo amigo, manda vê. Gosto de ver enquanto leitora, expresso por ti a verdade dita de forma clara. Na verdade tens o dom de falar por todos nós leitores. Abraços amigo.
Continue asssim...
Amarílis
Oí, Luiz, sua crônica é clara, direta e verdadeira.Sempre houve, e sempre haverá um "terceiro turno".O gevernador Alcides tem o direito de escolher quem ele achar que tem competência para fazer parte do seu governo; e com certeza fará isso com
toda segurança e acerto, o governador tem bastante experiência
no assunto.
Agora, sem que ninguém leia isso que estou escrevendo:Nós, leitores e fãns do escritor Luiz de Aquino, e eleitores de Alcides, gostariámos
muito de ver na pesidência da AGEPEl um goiano de Caldas Novas.Sem abaixo-assinado e sem envio de currículo, pois o seu já é bem conhecido e aprovado.Gostariámos de ter você Luiz de Aquino,na presidência da
AGEPEL.
Beijos,
Ana Carvalho Guerreiro
Aninha,
Agradeço a sua preferência, mas declino-me dela com base nos argumentos que expus na crônica e, mais ainda, porque me sei, hoje, voltado cada vez mais para o meu próprio sossego. Administrar é missão árdua e desgastante, e são muitos os talentosos e competentes mais moços que eu aptos para a missão - como Nasr Chaul e Laila Teixeira.
Um beijo,
Luiz de Aquino
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